1

Prêmios, recompensas e castigos

Posted by Cottidianos on 21:27

Segunda-feira, 11 de outubro

 

"Da janela vê-se o Corcovado

O Redentor que lindo

Quero a vida sempre assim

com você perto de mim

Até o apagar da velha chama"

(Corcovado – Tom Jobim)



 Vamos começar o texto de hoje falando de coisas boas?

A começar da genialidade de Tom Jobim, apresentando acima uma das joias da coroa da música popular brasileira por ele escrita, Corcovado, morro carioca onde fica o Cristo Redentor.

E esse Cristo sempre de braços abertos sobre a Guanabara, enfim, chega aos 90 anos, nesta terça-feira, 12. Com seu olhar misericordioso ele olha para a Cidade Maravilhosa, e para todo o Brasil. De abraços abertos ele irradia sua luz para o mundo todo, e atrai pessoas de todo o planeta.

O monumento foi uma ideia na cabeça de muita gente que pelo Rio passou, mas que se tornou realidade apenas em 1931. Foram cinco de anos de construção iniciada em 1926. Desde a sua inauguração ele se tornou cartão postal do Rio de Janeiro e referência de arquitetura brasileira, tão rápido como fogo em pólvora. Em 2007, foi nomeado como uma das sete maravilhas do mundo.

O santuário se tornou ao longo dos anos muito mais que um símbolo de fé, e monumento religioso. Números de um estudo da FGV citados em reportagem do Jornal Nacional nos dão conta de que o Cristo Redentor gera uma renda de quase R$ 1,5 bilhão para a cidade do Rio de Janeiro. Além disso, é responsável por 21 mil empregos diretos e indiretos numa cadeia de atividades que envolvem guias turísticos, funcionários de hotéis, motoristas, dentre outros.

Ainda segundo a FGV, o monumento é o mais visitado pelos turistas estrangeiros. Cerca de 35% dos estrangeiros visitam o Cristo. Outros 44% visitam o santuário vindo de outras partes do Brasil. Apenas 8% dos cariocas visitam o monumento.

O Brasil e o mundo atravessam por tempos tão turbulentos que é sempre bom que lá no alto, não necessariamente do Corcovado, há sempre um Cristo, de braços abertos e olhar misericordioso olhando e protegendo a todos nós.

Outra notícia boa foi a concessão do prêmio Nobel da Paz para dois jornalistas. O fato foi bastante celebrado por jornalistas de todo o mundo que, em meio ao avanço das fake news, se preocupam em levar aos seus leitores, ouvintes, e telespectadores notícias de qualidade e fundamentadas na verdade dos fatos. Os profissionais do jornalismo comemoraram o prêmio como se eles próprios estivessem sendo premiados com o Nobel da Paz.

                                                                            Maria Ressa e Dmitry Muratov

O prêmio Nobel da Paz deste ano de 2021 foi para os jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov. O Comitê norueguês do Nobel premiou os dois jornalistas, na sexta-feira, 8, por seus esforços na defesa da liberdade de expressão. “A Sra. Ressa e o Sr. Muratov estão recebendo o Prêmio da Paz por sua corajosa luta pela liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia. Ao mesmo tempo, são representantes de todos os jornalistas que defendem esse ideal em um mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas”, informou o comitê. Profissionais de outras categorias também foram agraciados com o prêmio.

Ressa é uma jornalista filipina que usa os meios de comunicação para denunciar o abuso de poder, o uso da violência, e o crescente autoritarismo nas Filipinas. Em 2012, ela atuou como cofundadora da Rappler (rappler.com), uma empresa digital de jornalismo que se dedica ao jornalismo investigativo no país.

O russo Dmitri Muratov é um dos fundadores do jornal independente Novaya Gazeta ((novayagazeta.ru). Desde a sua fundação em 1993, foram seis os jornalistas assassinados que trabalhavam para o Novaya. Todas as mortes ocorreram depois que Vladmir Putin chegou ao poder. Apesar do assassinato dos colegas e das pressões sofridas pelo jornal, Muratov se recusou a abandonar a linha independente do jornal.

Um jornal que nasceu com vocação e a missão de revelar a corrupção, a violência policial, as prisões arbitrárias, fraudes eleitorais, e o uso das forças militares russas, dentro e fora do país, não podia mesmo se acovardar diante da ameaça dos poderosos. Até porque mais poderosa que os poderosos é a verdade.

Maria Ressa, nas Filipinas, e Dmitri Muratov cumprem seus papeis como jornalistas que se recusam a esconder a verdade em baixo dos tapetes da hipocrisia. Em um mundo no qual o radicalismo avança, e o mundo da notícia é invadido pelo pseudo jornalismo que espalha fake news e destrói reputações, a merecida premiação que eles receberam servem como incentivo não apenas para eles, mas para todos aqueles comprometidos na busca da verdade, da correta apuração dos fatos, e em levar a todos, um jornalismo de qualidade.

No Brasil, não chegamos ainda ao ponto de o governo estar envolvido em assassinato de jornalistas, mas as agressões aos profissionais de imprensa, em especial, as mulheres, vem sofrendo uma escalada desde que Jair Bolsonaro chegou ao poder.

As agressões à jornalistas feitas por Bolsonaro têm sido tão frequentes que, em julho, a Repórter sem Fronteiras, uma das mais respeitadas organizações internacionais que defendem a liberdade de expressão, colocou o presidente Jair Bolsonaro, juntamente com outros chefes de Estado ou de governo, na lista de “predadores da liberdade de imprensa.

A organização diz que Bolsonaro difama e humilha jornalistas por causa das críticas que eles fazem ao governo, e que esses ataques se tornaram ainda mais frequentes durante a pandemia. Na lista dos “predadores de imprensa” estão outras figuras bastante conhecidas como por exemplo, Nicolas Maduro, presidente Venezuelano, Vladmir Putin, da Rússia, Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, e os ditadores Kim Jong-um, e Bashar Al-Assad, da Corea do Norte e da Síria, respectivamente.

                                                                                     CPI da Covid

No Congresso, a CPI da Covid entra na reta final. Os depoimentos eram para terminar na semana que passou, mas os membros da CPI resolveram convocar, pela terceira vez, o ministro Marcelo Queiroga. Segundo o presidente da CPI, o senador Omar Aziz, o calendário do colegiado na reta final é o seguinte: “Dia 18 deste mês, segunda-feira, vamos ouvir Marcelo Queiroga. Dia 19, Renan Calheiros vai ler o relatório. Com certeza haverá pedido de vista coletiva. E dia 20 vamos votar o relatório”, disse ele.

Na quinta-feira, 07, estava prevista uma reunião da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS (Conitec). Nesta reunião estaria em discussão um documento contraindicando o uso hidroxicloroquina, cloroquina e a azitromicina no tratamento precoce contra a Covid-19.

Como é sabido por todos, menos pelos negacionistas, esse medicamento não possui nenhuma eficácia comprovada contra a Covid-19.  Apenas o presidente Jair Bolsonaro, garoto propaganda do medicamento no Brasil, e seus aliados, veem o medicamento como milagroso no combate ao vírus.

Vimos, durante a CPI da Covid, as tramoias na compra de vacina, os contratos fraudulentos com atravessadores para obtê-los. Aquilo não tinha de nada interesse em salvar vidas, poderia até ter, mas a questão principal era financeira, obter lucros indevidos, colocando em risco a saúde da população.

Pois bem, a insistência do presidente e de seus aliados em um medicamento que a ciência já comprovou que não tem eficácia contra a doença, apenas nos leva ao mesmo raciocínio: o de que não há nada de nobre nessas intenções, mas algum interesse financeiro por trás de tudo isso. Sim, porque há gente ganhando dinheiro com medicamentos ineficazes contra a Covid-19. Muito dinheiro. O assunto é tão importante para o presidente que ele chegou até mesmo a defender o uso do medicamento em seu discurso deste ano na Assembleia Geral da ONU.

Voltando a reunião do Conitec. Tudo pronto para ela acontecer, e eis que, de repente, Carlos Carvalho, médico da USP, escolhido para o cargo de coordenador do Conitec pelo ministro Marcelo Queiroga, retirou da pauta da reunião o item 12 que tratava da ineficácia dos medicamentos contra a Covid. Detalhe a ser observado: Carlos Carvalho é contra o uso da cloroquina e defensor do distanciamento social e do uso de máscaras.

Ao saber que reunião seria tratado esse assunto uma luz vermelha acendeu no Palácio do Planalto, pois as consequências políticas e jurídicas, caso fosse barrado o uso da cloroquina, poderia ser desastrosa para o governo. Os integrantes da CPI poderiam usar o documento, avalizado por um orgão técnico ligado ao ministério da Saúde, como mais uma prova dos desastrosos erros do governo durante a pandemia.

Esse foi o principal motivo da nova convocação de Queiroga. Houve uma clara interferência política no Conitec, e os senadores querem saber mais a respeito do assunto. Outro detalhe a ser observado é que em junho deste ano, quando esteve depondo à CPI, Marcelo Queiroga disse aos senadores que iria esperar uma posição do Conitec sobre o uso de medicamentos não comprovados contra a Covid-19 para então tomar uma decisão sobre o assunto. Os senadores também querem ouvir Queiroga sobre o Plano Nacional de Vacinação para o ano que vem, sobre que medidas estão sendo tomadas nesse âmbito.

Nós não podemos terminar esta CPI sem a Conitec dar uma posição clara sobre a ineficácia de cloroquina. Nós não podemos terminar esta Comissão Parlamentar de Inquérito com uma briga de interesses entre Mayra Pinheiro [secretária do Ministério da Saúde conhecida como "Capitã Cloroquina"] e Marcelo Queiroga no âmbito do Ministério da Saúde e sem nenhuma resposta sobre a vacinação de brasileiros no ano que vem, nenhuma resposta! Enquanto a ciência toda, o planeta se prepara para a vacinação, não tem nenhuma resposta. Nós não podemos terminar esta CPI sem uma resposta sobre a vacinação de adolescentes e crianças”, disse o senador Randolfe Rodrigues, em sessão plenária da CPI da Covid.

A lógica dos bolsonaristas, inclusive do próprio presidente Jair Bolsonaro, parece ser a lógica do absurdo. Para eles o objetivo principal em meio a uma pandemia, e por consequência em qualquer outra situação de saúde, é deixar a doença reinar soberana, e criticar os remédios que servem para curá-la.

Durante a pandemia, o Brasil já teve quatro ministros da Saúde, incluindo o atual Marcelo Queiroga. Os dois primeiros não aceitaram se submeter aos caprichos do presidente e de seus sombrios gabinetes do ódio e do gabinete paralelo. Foram eles Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Com Eduardo Pazuello, Bolsonaro teve um ministro da Saúde para chamar de seu. Em Queiroga Bolsonaro também tem um ministro que pode chamar de seu. Com a substituição de Pazuello por Marcelo Queiroga nada mudou no ministério da Saúde. Pazuelo e Queiroga são apenas fantoches manipulados por Bolsonaro. Não tem vontade própria, não tem poder de decisão. O poder de decisão está nas mãos do presidente que, por sua vez, tem por trás dele, médicos que defendem as mais absurdas teorias não aceitas e não comprovadas pela ciência.

Mas nem assim, os bolsonaristas estão satisfeitos com Marcelo Queiroga. A tal da ala ideológica do governo critica o ministro por ter liberado a vacina para adolescentes, por não impedir o passaporte da vacina, e por não agilizar plano para desobrigar o uso da máscara.

Por todos esses ruídos, por todas essas irresponsabilidades na condução da saúde de um povo foi que chegamos ao absurdo e lamentável número de 600 mil brasileiros e brasileiras mortos pela Covid-19.

Para nosso alívio, o número de mortes, média móvel de mortes, e casos de Covid continua em queda devido ao avanço da vacinação. Desde o início da pandemia o Brasil contabiliza até agora 601.266 óbitos e 21.581.094 casos de Covid-19. Nas últimas 24 horas o país registou 219 mortes pela doença. Em relação a vacinação estamos com 46,5% de vacinados com a primeira e segunda dose. 70% da população está vacinada com a primeira dose.

Quantos brasileiros poderiam ter sido salvos da Covid-19 se tivéssemos tido uma condução técnica e responsável por parte do governo federal durante essa pandemia? Certamente, milhares dos que se foram ainda poderiam estar entre seus entes queridos. Todos eles estariam bem vivos, fazendo e realizando planos. Quantas crianças por esse Brasil afora estão órfãs de pai, de mãe, ou de pai e mãe, porque os próprios pais, ou alguém da família, um amigo, um conhecido, ou até mesmo um desconhecido, acreditou que tudo não passava de uma gripezinha no começo, ou depois, quando acreditaram que o vírus estava indo embora e que não havia mais perigo, e por isso se tornaram alvos fáceis de um vírus altamente perigoso e de uma doença ainda sem cura?

Essas e outra perguntas que insistem em se apresentar em nossas consciências e nos fazem refletir na gravidade e na atitude criminosa com que algumas autoridades da política e da medicina se portaram durante essa pandemia, e que depois de tudo que vivemos e pelas quais passamos ainda insistem no absurdo de lutar contra a ciência a e vida.


1 Comments


Play Casino Sites in India
Live casinos are a great way to play slots without the hassle of luckyclub registration. Live casino sites like bet365, LeoVegas, Bovada etc. offer many

Postar um comentário

Copyright © 2009 Cottidianos All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive. Distribuído por Templates