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Vampiro, bezerros e sanguessugas

Posted by Cottidianos on 00:03

Quinta-feira, 29 de julho

Sentado aqui nesta mesa, olhando para a tela do notebook, buscando ideias para escrever esse texto, como alguém que vai ao mato buscar lenha para acender o fogo, vejo vindo no horizonte, e sinto em meu corpo, a chegada de uma onda de frio extremo que chega às regiões Sul e Sudeste do Brasil nesta quarta-feira e permanece até a próxima segunda-feira, quando as temperaturas então começam a subir.

Na verdade, ela chegou de mansinho, na madrugada, quando todos estavam já dormindo, ou assistindo as Olímpiadas. Primeiro o céu foi se enchendo de nuvens, depois uma chuva fina varou a madrugada e entrou pelas primeiras horas da manhã, e por fim, ele, o frio, chegou.

Nas serras gaúcha e catarinense estão previstas temperaturas de – 10oC, podendo a sensação térmica chegar a – 25oC nesses lugares. Capitais como Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Campo Grande, São Paulo, Belo Horizonte e Vitória, devem registrar as menores temperaturas do ano. Aqui em Campinas, a previsão para quinta e sexta é de 3 ou 4oC, com sensação térmica ainda menor que isso.

No final de junho as regiões Sul e Sudeste já haviam registrado frio intenso, mas essas marcas poderão ser superadas pelo frio que começa a fazer agora.

Acabo de receber também pelo WhatsApp registros de uma intensa tempestade de granizo que ocorreu na região da Lombardia, na Itália. Os carros que estavam nas ruas e rodovias ficaram com as latarias de vidros todos destruídos, tamanho eram as pedras de granizo que caíram na região.

E assim vamos seguindo. Países no Hemisfério Norte registram ondas de calor e países onde o calor é predominante registram ondas de frio intenso. Há poucos dias, chuvas intensas na Alemanha deixaram um rastro de mortos e desabrigados. Em todos os países do mundo, de alguma forma, é possível observar esse descompasso entre o que era pra ser e o que é de fato.

É o clima do planeta ficando muito louco com fenômenos como o destruição de nossas matas e florestas, e a queima de combustíveis fósseis. Se o mundo pudesse silenciar, ao menos por uns poucos momentos, e fosse possível ouvir a voz da mãe Terra, certamente a ouviria clamando, e dizendo “Filho, socorro! Me ajude, para que eu possa ajudá-lo”.

Eis porque é tão importante não apenas que se façam acordos do clima, mas que se ponha em prática, de fato e direito, estes acordos. Afinal, a natureza pode ser uma grande aliada, mas, se não tratada como se deve, pode se tornar uma perigosa inimiga.


Simone Biles

Quem chegou também, não de tão de mansinho assim, foram as Olímpiadas de Tóquio, 2021. Era para ser Olímpiadas de Tóquio 2020, mas uma tempestade, ou melhor, um tsunami chamado Covid-19, se abateu sobre o planeta, adiando ou enterrando sonhos, vitimando pessoas, e os Jogos Olímpicos também entraram sofreram esse impacto.

Enfim, de 23 de julho a 08 de agosto, o Japão será palco para atletas que levam seus corpos e seus movimentos à beira da perfeição nas diversas modalidades em que competem. Em seguida, será realizada as Paralimpiadas que começarão em 24 de agosto e terminam em 05 de setembro.

Erros não são tolerados e quem quiser colocar uma medalha de ouro, prata, ou bronze tem que estar altamente preparado, concentrado, reunir num só momento, horas, dias, minutos, e segundos de intenso treino e suor. Verdadeiros guerreiros. Nas arenas do Japão até o final dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos ainda veremos muitas lágrimas de alegria pela vitória, ou de decepção por não ter sido capaz de superar os obstáculos e subir no pódio olímpico.

Também veremos muitas surpresas como, por exemplo, a desistência das competições da estrela da ginasta americana, Simone Biles. A americana desistiu de participar da final por equipes, após cometer um erro em um salto. Biles não fez uma aterrisagem perfeita e acabou recebendo dos jurados uma nota muito baixa. Mesmo assim, a equipe americana ficou com a medalha de prata. Em entrevista coletiva, após apresentação a ginasta desabafou: “Eu senti que seria melhor que eu me afastasse... Eu não queria arriscar uma medalha do time, porque elas trabalharam duro demais para eu estragar tudo”.

Simone Biles também desistiu de participar das finais individuais. Ela alegou que estava desistindo da competição para cuidar de sua saúde mental. A notícia pegou de surpresa o mundo do esporte. Afinal, atleta de alto rendimento, Biles chegou a Tóquio como favorita a cinco medalhas de ouro.

Fraqueza de Simone Biles? Que nada! Muita coragem da americana. Assim são os verdadeiramente grandes no esporte, ou em qualquer área da vida. Merecem aplausos quando sobem ao pódio, ou quando desistem de subir nele.

Traduzindo o gesto de Simone, ela quis dizer que é um ser humano, não uma máquina. E sabemos como os atletas são extremamente cobrados por suas performances, principalmente, em Olímpiadas. Com a chegada das redes sociais, essas cobranças passaram a ser ainda mais intensas. Entre uma medalha de ouro no peito e uma cabeça em frangalhos, Simone Biles fez a melhor escolha: a serenidade.

E aqui, lembro de um astro de primeira grandeza do universo da música, chamado Elvis Presley. Hollywood e a RCA o transformaram numa máquina de ganhar dinheiro. A pressão foi tanta que o cantor não aguentou, o ritmo intenso de trabalho foi deteriorando seu físico e mental, e ele foi embora mais cedo da cena da vida, vítima de parada cardíaca. Por melhores e mais brilhantes que sejam, homens são homens, e máquinas são máquinas.

Grupo de políticos do Centrão

Aqui pelo Brasil, o que nunca tem esfriado nos últimos anos é o cenário político. Esse está sempre quente. Pegando fogo. Porém, se o clima permanece sempre quente, as ideologias políticas mudam ao sabor dos ventos. As visões políticas são trocadas tão facilmente como trocamos de roupas todos os dias.

Eu queria tirar uma foto de cada um dos senhores aqui para saber se em 2019, quando o coro comer para valer, se vocês vão deixar se seduzir pelo discurso do centrão ou vão se manter firmes e fortes com Bolsonaro. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.

(Eduardo Bolsonaro falando à apoiadores de Bolsonaro em 2018)

Centrão é o que há de pior no Brasil”.

(Jair Bolsonaro – 2018)

Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”.

(General Augusto Heleno, atual chefe do Gabinete de Segurança Institucional, também em 2018, fazendo uma paródia de um verso do samba Reunião de Bacana, do saudoso Bezerra da Silva. A letra do samba diz “Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão”)

O Bolsonaro, eu tenho muita restrição, porque é fascista, ele tem um caráter fascista, preconceituoso, é muito fácil ir para a televisão e dizer que vai matar bandido”.

Lula é o melhor presidente da História. Principalmente para o Piauí e para o Nordeste. Ele tirou o povo da miséria, foi decisivo no combate à fome, criou o maior programa habitacional do mundo

(Ciro Nogueira – 2017)

Entre os anos de 2017/2018, Bolsonaro, filhos e aliados, trocavam farpas com Ciro Nogueira, e o Centrão. O Centrão é formado por um bloco de partidos formados por políticos sanguessugas, aproveitadores. Nesse bloco estão os partidos fisiológicos, ou seja, partidos que se estruturam tendo como ideologia, não em torno do bem-estar do país, mas em torno da busca de cargos e verbas públicas.

Sendo assim, estão atrelados a qualquer governo. Não importa se eles sejam de direita, esquerda, ou de centro. Os políticos desse grupo ficam rodopiando em torno de um presidente, enquanto ele tem cargo e verbas públicas a oferecer. Depois de cessadas essas benesses, e depois que o político a quem apoiam perde apoio popular, perde força política, eles são os primeiros a abandonarem a canoa. Não embarcam em canoa furada. O Centrão está no sistema eleitoral brasileiro, não para executar um programa partidário, ou para defender alguma ideologia. Está no cenário apenas para obter vantagens pessoais.

Foi atacando esse sistema que Bolsonaro focou seu discurso na campanha presidencial de 2018. Dizia que iria combater a velha política. Mesmo depois de eleito, o presidente sustentava essa bandeira. Em abril de 2020, ele disse a apoiadores que “Acabou a época da patifaria” e “Chega da velha política”. Enganou os seus eleitores em 2018, e continua enganando até hoje.

Ainda no mês de abril de 2020, em busca de uma maior governabilidade, Bolsonaro começou uma aproximação com o Centrão, distribuindo cargos no segundo e terceiro escalão do governo. As velhas raposas da velha política precisavam desses cargos para, com eles, manter sua influência política em Brasília e em suas bases eleitorais nos estados.

Nessa relação baseada no toma lá, dá cá, o governo entrava com os cargos e verbas a serem distribuídas e os caciques partidários entravam com apoio no Congresso para garantir que fossem votados projetos de interesse do governo, e, detalhe importante, evitar que fosse aberto um possível processo de impeachment.

Boi morto na caatinga quanto mais fede, mais chama urubus para comer um bocado de sua carne podre.

O tempo foi passando. Veio à pandemia e a forma como o presidente a conduziu fez com que ele fosse perdendo apoio entre a população. O número de mortos foi se acumulando a cada dia, sem perspectiva de melhora. As vacinas não chegavam. Milhões de brasileiros já estavam desempregados antes da pandemia, e esta apenas fez esse quadro se agravar. Por todo o país, muitas pessoas passam fome. O governo deu auxílio emergencial por um tempo, depois suspendeu o benefício na doce ilusão de que a pandemia arrefeceria. Não arrefeceu. E o auxílio emergencial voltou com um valor menor.

Para colocar mais lenha na fogueira e jogar mais luz sobre a condução e as responsabilidades do presidente em meio à pandemia, veio a CPI da Covid-19. Os fatos e depoimentos foram tornando cada vez mais claro que houvera uma intenção deliberada do governo de deixar o povo se contaminar pela tal imunidade de rebanho. Grave erro que levou à morte milhares de brasileiros.

Cloroquina, remédio sem eficácia comprovada tornou-se política de saúde pública em meio à pandemia, enquanto o governo desprezava todas as orientações da ciência para o combate à pandemia. Muitos ironizavam a CPI, inclusive senadores governistas que dela fazem parte, chamando-a de CPI da cloroquina.

Então vieram as denúncias ainda mais graves que as já postas na mesa. Havia dentro do ministério da Saúde um esquema de corrupção que envolvia a compra de vacinas superfaturadas, intermediadas por terceiros que não tinham relação direta com as principais farmacêuticas fabricantes de vacinas. Inclusive há denúncias de cobrança de propinas por parte de ex-funcionário do ministério da Saúde para cada dose de imunizante vendido.

As manifestações de rua começaram a ganhar vulto, mesmo não tendo sido a pandemia dominada por completo. Milhares de brasileiros estão indo às ruas pedir o impeachment do presidente. A popularidade de Bolsonaro começou a cair nas pesquisas.

Todos esses fatos, fizeram com que o presidente fosse se tornando cada vez mais fraco. E aí se dá a equação mágica: Bolsonaro cada vez mais fraco = Centrão cada vez mais forte.

Esse bloco de partidos fisiológicos entrou na antessala do governo quando conseguiu eleger Arthur Lira presidente da Câmara dos Deputados. Apoiado por um bloco de 11 partidos (PSL, PP, PSD, PL, Republicanos, Podemos, Patriota, PSC, Avante, e Pros), o deputado foi eleito em 02 de fevereiro deste ano com mandato para o biênio 2021-2022.  

Se, com o Rodrigo Maia, a quem Lira sucedeu, a negociação do governo com a Câmara dos Deputados tinha muitos entraves, com Arthur Lira todas as portas estão abertas. Por isso é muito difícil que algum processo de impeachment contra Bolsonaro vá adiante. Lira os trancafiou numa gaveta e jogou a chave fora. E pode até fazer um esforço de encontrá-la e dá andamento em algum processo de impeachment, para isso, porém, a pressão das ruas tem de ser muito forte.

Ciro Nogueira - Novo ministro da Casa Civil

Se o Centrão já estava na antessala do Palácio do Planalto, no dia de hoje, ele acaba de adentrar a cozinha. Na data de hoje, 28 de julho, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) teve seu nome oficializado para o cargo de ministro da Casa Civil, com nomeação assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, e publicada no Diário Oficial da União.

Também na mesma edição do DO foi oficializado o nome de Luiz Eduardo Ramos para o cargo de Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, que era ocupada por Onix Lorenzoni. Ramos ocupava o cargo de ministro da Casa Civil.

Já Onix Lorenzoni, fiel aliado de Bolsonaro, será o ministro do ministério do Trabalho e Previdência, pasta recriada especialmente para abrigá-lo. A pasta havia sido anexada no governo Bolsonaro ao ministério da Economia. Com isso, Paulo Guedes que foi anunciado como superministro, o posto Ipiranga, do governo Bolsonaro, viu seu poder diminuir ainda mais.

Aliás, Paulo Guedes nunca chegou a ser um superministro, nem Posto Ipiranga coisa nenhuma. Nunca conseguiu colocar em prática sua agenda liberal, pois, no governo Bolsonaro quem dá as cartas é o próprio Bolsonaro, e este não tem compromisso algum com agendas liberais. Levantou essa bandeira na campanha apenas para ganhar votos, para enganar seus eleitores, assim como fez também com o combate a corrupção.

Para justificar a escolha de Ciro Nogueira para a Casa Civil, Bolsonaro fez uma coisa que raramente costuma fazer, falar a verdade. Em entrevista à rádio Banda B, ele admitiu que nasceu do Centrão. “O Centrão é um nome pejorativo. Eu sou do Centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo. Fui do PTB. Fui do então PFL. (...) O tal Centrão são alguns partidos que lá atrás se uniram na campanha do Alckmin. Algo pejorativo. Não tem nada a ver. Eu nasci de lá”. Como seus eleitores engolem qualquer coisa que ele disser sem refletir sobre o fato, certamente, a eles escapará o fato de que Jair Bolsonaro admite que sempre fez parte da política do toma lá, dá cá. Sempre foi um legitimo representante da velha política que dizia iria combater.

E assim, o presidente foi dando o golpe dia após dia, sem colocar nenhum tanque na rua. Esse é o golpe moderno. Colocar pessoas em postos chaves que façam a vontade do líder da nação. Foi assim com a Procuradoria Geral da União, com Augusto Aras, agora reconduzido por Bolsonaro para mais uma gestão à frente do órgão. Foi assim com André Mendonça enquanto Advogado Geral da União, e Ministro da Justiça. Foi assim com Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e foi assim também com Rodrigo Pacheco, presidente do Senado.

Militares, Centrão, Pacheco, e Lira todos procuram alguma vantagem que Bolsonaro lhes oferece, em troca de fidelidade. São como bezerros mamando nas tetas de uma vaca. Enquanto a vaca tem leite de sobra, é difícil tirar os bezerros de suas tetas. Depois que o leite acabar... Bem, depois que o leite acabar, isso é outra história.

Porém, com Bolsonaro no comando sempre paira no ar a ameaça de golpe real. Lelé é como um vampiro que age nas sombras: Quando menos se espera, ele ataca. Com Bolsonaro, como diz o ditado popular: “É preciso sempre ficar com as barbas de molho”.


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Rosário de mentiras

Posted by Cottidianos on 00:54

Segunda-feira, 19 de julho

 

“Quem vai pagar as contas
Desse amor pagão
Te dar a mão
Me trazer à tona prá respirar
Vai chamar meu nome
Ou te escutar”

(Caleidoscópio – Paralamas do Sucesso)

 

                                           Bolsonaro fala com jornalistas na saída do hospital


Fazia alguns dias que o presidente, Jair Bolsonaro, sofria de uma crise de soluços. Coisa incontrolável que se manifestou até em uma live que fez na quinta-feira 08 de julho. Os soluços também apareceram em um encontro que teve com Luiz Fux, presidente do STF. Enfim, em qualquer lugar que estivesse, os malditos soluços apareciam.

Ainda na noite de terça-feira, 13, o presidente conversava com apoiadores e disse a eles: “Estou sem voz, pessoal. Se eu começar a falar muito, volta a crise de soluço. Já voltou o soluço”.

Ele relacionava o problema a uma medicação que estava tomando por causa de um implante dentário que havia feito. Porém, como nem tudo que parece é, o problema causador dos soluços não era exatamente esse.

Na madrugada de quarta-feira, 14, o presidente começou a sentir fortes dores abdominais. Foi ao Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, para realização de exames. Lá os médicos diagnosticaram uma obstrução intestinal e avaliaram a possibilidade de uma transferência para São Paulo, para uma possível cirurgia.

De fato, ainda na quarta-feira, o presidente foi transferido para o Hospital Vila Nova Star, na zona Sul de São Paulo. Entretanto, como o presidente respondeu bem ao tratamento, não foi necessário fazer cirurgia de emergência. Como a evolução do presidente foi satisfatória, os médicos decidiram dar alta para ele na manhã deste domingo, 18, após quatro dias de internação.

Já na saída do hospital, Bolsonaro, tirou a máscara  ̶  aliás, nem no hospital ele usou o instrumento, pois foram divulgadas imagens dele, andando pelos corredores do hospital sem a máscara, e visitando outros pacientes. Bolsonaro aproveitou para conversar cerca de 30 minutos com jornalistas, e tirar fotos com apoiadores.

No dia 16 de julho, a Folha de São Paulo divulgou uma reportagem na qual mostrava um vídeo no qual o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, negociava com intermediadores, vacinas por quase o triplo do preço.

O encontro com os intermediadores, revelou a Folha, deu-se através de uma reunião do então ministro Pazuello com o grupo formado por quatro empresários, no próprio ministério da Saúde, e fora da agenda oficial. A reunião aconteceu no dia 11 de março, no gabinete de Élcio Franco, que ocupava na época o cargo de secretário-executivo do ministério.

No vídeo divulgado pela Folha, Pazuello aparece dizendo: “Já saímos daqui hoje com o memorando de entendimento assinado e com o compromisso de celebrar, no mais curto prazo, o contrato para podermos receber essas 30 milhões de doses no mais curto prazo possível para atender nossa população”, diz Pazuello. A compra seria realizada diretamente com o governo chinês.

A Folha de São Paulo também obteve a proposta oferecida pela World Brands. A proposta definia que seriam oferecidos 30 milhões de doses do laboratório chinês, Sinovac, pelo preço de U$ 28 a dose. Até 10 dias após o fechamento do contrato teriam que ser depositados metade do valor total da compra, o equivalente a R$ 4,65 bilhões de acordo com a cotação do dólar na ocasião.

Toda essa empolgação destoa totalmente do comportamento do ministério da Saúde em relação a propostas feitas ao órgão pelo Instituto Butantã. Em 30 de julho, o Instituto Butantã enviou ao MS um ofício propondo que o órgão comprasse a vacina Coronavac. Eram 60 milhões a serem entregues em 2020, e 100 milhões em 2021. Silêncio por parte do ministério da Saúde.

Outros dois e-mails ainda foram encaminhados ao ministério 18 de agosto, e 07 de outubro, respectivamente. Os dois também não foram respondidos pelo ministério da Saúde. Porém, como os governadores sentiam o peso da Covid-19 em seus estados, pressionavam ao órgão pela compra das vacinas.

Em reunião com os governadores, em 20 de outubro, Pazuello anuncia que compraria 46 milhões de doses da Coronavac. Esse foi um dos episódios nos quais ficou bem claro para todo mundo que Pazuello não tinha nenhuma autonomia para desenvolver seu trabalho como ministro da Saúde, pois no dia 21 de outubro de 2020, Bolsonaro desautoriza Pazuello, dizendo que não seria efetuada a compra da vacina chinesa Coronavac. Foi então que Pazuello pronuncia a frase largamente reproduzia pela imprensa “É simples assim: um manda, o outro obedece”.

Depois o governo voltou atrás, e dois meses antes do encontro de Pazuello com os empresários, o governo já havia anunciado a compra de 100 milhões de doses da Coronavac, pelo Instituto Butantã, ao preço de U$ 10 a dose.

O encontro de Pazuello com os empresários desmente sua fala na quando foi inquirido na CPI da Covid. Quando esteve frente a frente com os senadores, o ex-ministro disse que não havia negociado compra de vacinas diretamente com ninguém, pois um ministro jamais deveria negociar ou receber uma empresa. “Pela simples razão de que eu sou o dirigente máximo, eu sou o 'decisor', eu não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo, não o ministro. Se o ministro... Jamais deve receber uma empresa, o senhor [senador Renan Calheiros] deveria saber disso”, disse ele, todo cheio de empáfia, aos senadores.

Nos bastidores, a coisa, porém, era outra, a ponto de um dos integrantes da reunião, a quem Pazuello chama de John, agradecê-lo pela oportunidade de estar sendo recebido, e dizer que outras parcerias poderiam ser feitas, tantas eram as portas que o então ministro da Saúde estava abrindo para o grupo.

Após a reunião, um dos assessores de Pazuello teria alertado a ele das irregularidades: proposta era incomum, estava acima do preço, e a empresa não era representante oficial da fabricante das vacinas. Por esse motivo ou por outro, o fato é que o negócio não prosperou.

Tivesse prosperado, teria ocupado o posto de vacina mais cara adquirida pelo governo, posto hoje ocupado pela Covaxin, cujo contrato está suspenso. E que tem dado tantas dores de cabeça para o governo.

Na segunda-feira, 12, ao sair de uma reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, Bolsonaro conversou com jornalistas. No meio da conversa, quando um deles fez uma pergunta que Bolsonaro não gostou, ele ficou irritado, pediu para interromper a entrevista e, praticamente, forçou os jornalistas a rezarem a oração do Pai Nosso.

Nada contra rezar o Pai Nosso, aliás, uma belíssima oração, mas penso que isso na presente situação, é mostra de um certo desequilíbrio. Imaginem se todos os entrevistados ao se defrontarem com uma pergunta difícil de algum jornalista, parassem a entrevista e fizessem uma oração. Sei não. Para mim isso não é religiosidade, é fuga.

Na entrevista que deu hoje, pela manhã, aos jornalistas, Bolsonaro não rezou um Pai Nosso, mas desfiou um rosário inteiro... de mentiras. Aliás, essa é essência do presidente: a mentira, a confusão, o caos. Coloquem o presidente em um ambiente no qual reine a paz e a união e ele murcha como balão inflável quando é estourado.

Na matéria intitulada: Vacina, cura da covid e fraude na urna: Bolsonaro mente ao sair do hospital, os repórteres do portal Uol Notícias, Igor Mello e Wanderley Preite Sobrinho, elencaram uma série de quatorze mentiras e meias verdades ditas por Bolsonaro na entrevista, frases essas que, me permitam, reproduzir algumas delas. Depois, se o leitor, leitora, quiser conferir a matéria completa pode passar lá no site do Uol.

Covaxin: “Não paguei, não comprei” - Verdadeiro

A CPI daqui fica o tempo todo me acusando de corrupto. Eu não comprei, eu não paguei. E quem paga é alguém lá do ministério, é todo dia uma narrativa.

Ele afirmou que o governo não gastou "um centavo" com a Covaxin, o que é verdade. O que ele não contou é que o Ministério da Saúde já havia reservado R$ 1,6 bilhão para a compra da vacina, negócio que só foi cancelado depois que o escândalo ganhou o noticiário.

Voto não é auditável - Falso

Eu não entendo, por exemplo, porque não querem voto auditável. Será que esse voto eletrônico que é usado no mundo todo é tão confiável assim? Por que essa briga? Nós queremos transparência nas eleições. Não existe [sic] eleições sem transparência, isso é fraude”.

Ao contrário do que afirma Bolsonaro, a votação por meio das urnas eletrônicas já é auditável, permite recontagem de votos e garante segurança, segundo especialistas. Nunca houve nenhuma denúncia comprovada de fraudes nas eleições no Brasil desde a implantação do sistema eletrônico.

Fraude na eleição - Falso

Eu posso adiantar uma das coisas importantes, existe uma estatística... Eu errei, 271, né? Melhor, 231 vezes a apuração do segundo turno de 2014, dá Aécio, Dilma, Aécio, Dilma, Aécio, Dilma? E toda vez que a Dilma ganha é por uma margem maior do que quando o Aécio ganha. É possível jogar uma moedinha pra cima, 231 vezes e ela alterar cara e coroa? É impossível. Então nós temos que resolver uma só possibilidade de fraude, tem que combater isso aí. Deveria ser, isso aí, a Bíblia do TSE, e não o contrário.”

Em diversos momentos ao longo dos últimos anos, Bolsonaro disse que houve fraudes na contagem dos votos nas eleições presidenciais de 2018 — quando ele venceu Fernando Haddad (PT) no segundo turno — e de 2014, quando Dilma Rousseff (PT) se reelegeu após disputa acirrada com Aécio Neves (PSDB). Não há provas disso.

Após a vitória de Dilma, uma auditoria solicitada pelo PSDB constatou que não houve fraude na eleição de 2014. Sobre 2018, Bolsonaro repetidas vezes disse ter provas de que houve irregularidades no pleito, mas nunca apresentou as evidências.

O governo federal também já admitiu, por meio de pedidos de Lei de Acesso à Informação, que a Presidência da República não possui documentos que comprovariam a suposta fraude.

Vacina aprovada é experimental? - Falso

Quando se aponta determinado nome de vacina, o povo não quer tomar. Faça um trabalho no tocante a isso. Agora, a vacina ainda em fase experimental ou não é? É. É uma autorização emergencial por parte da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Como em outras vezes em que falou a esse respeito, o presidente mentiu. As vacinas contra a covid-19 não estão em fase experimental porque, no Brasil, diferentes imunizantes receberam o aval da Anvisa depois de passar por análises de segurança, qualidade e eficácia. Mesmo aquelas com autorização para aplicação emergencial passaram por esse tipo de teste.

Além das frases já citadas, Bolsonaro falou muito mais. A maioria das coisas que disse, são verdadeiros absurdos.

Em referência a cloroquina, ivermectina, remédios sem eficácia comprovada contra a Covid, Bolsonaro disse que falar em cura da covid, o faz, ele e a turma dele, criminosos. Todo mundo sabe que a ivermectina e cloroquina são eficazes para os males para os quais foram fabricadas, não contra a Covid, apenas o presidente e seus sectários é que não sabem disso.

Ah, o presidente também colocou mais um remédio nessa lista. Ele falou da Proxalutamida, um medicamento usado no tratamento de tumores que tem relação com a testosterona, como o câncer de próstata. O medicamente ainda está em estudo e ainda não tem um estudo publicado a respeito dele.

Em sua conta no Instagram, o senador Otto Alencar, que é médico, publicou o seguinte texto sobre o medicamento citado pelo presidente: “Proxalutamida é uma medicação antiandrogênico que inibe a ação dos hormônios masculinos (testosterona), usada para alguns tipos de câncer. Não use, afeta a libido e não tem eficácia. Delírio do capitão ex-cloroquina. O correto é: procure o seu médico ou tome vacina”, escreveu ele.

O alto nível de conhecimento e de sabedoria do presidente também lhe permitiu, também na entrevista de hoje, dizer pérolas como essa: “O que mais mata de covid em primeiro lugar é quem tá com obesidade. Em segundo lugar, quem está tomado pelo pavor ou pelo pânico”.

O presidente também aproveitou a conversa para defender o governo e o fiel escudeiro, Eduardo Pazuello, das acusações de corrupção que pipocam na CPI da Covid.

O presidente não poderia deixar passar a oportunidade de criticar o ex-presidente Lula. Ele colocou em dúvida a popularidade de Lula, que aparece como favorito nas pesquisas de intenção de voto como candidato capaz de derrotar Bolsonaro nas urnas.

Ou seja, no universo do presidente, pobre universo, só terá um cenário possível em 2022: a vitória dele nas urnas. Qualquer resultado contrário, mesmo com tendo ratificado pela maioria da população vai ser encarada por ele e pelos seus seguidores, ironicamente apelidados de “gado”, como fraude. E é aí que mora o perigo.

Não poderia deixar aqui de citar também dois fatos bem importantes sobre os quais não pretendo me estender, mais que vale a pena deixar um registro.

A CPI da Covid  ̶  que tem mostrado as mutretas, os rolos do governo na compra dos imunizantes, além do que já sabíamos, que era a má condução da pandemia  ̶  entrou em recesso. Recesso parlamentar, conforme artigo 57 da Constituição Federal que diz que o Congresso deve se reunir de 02 de fevereiro a 17 de julho, e de 1o de agosto a 22 de dezembro.

Porém os senadores que integram a comissão já disseram que, mesmo com o recesso eles continuarão debruçados sobre os documentos que já estão em mãos da CPI, e fazendo diligências, inclusive, internacionais.

Outro assunto que vale destacar é a aprovação, no apagar das luzes do recesso, por parte do Congresso Nacional da aprovação do fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões para as eleições de 2022.

O país com as contas públicas operando em déficit, com toda a problemática de crise da saúde provocada pelo coronavírus, desemprego, inflação, e os nobres deputados e senadores destinam ao fundo eleitoral uma quantia bilionária para o fundo. Um aumento de 185% em relação ao que os partidos tiveram nas eleições municipais de 2020, que foi de R$ 2 bilhões. E quase o triplo do que foi concedido em 2018. Na ocasião o fundo eleitoral foi de R$ 1,8 bilhão.

Esse é o nosso Congresso. Agora perguntem se os governistas que condenavam a velha política votaram a favor ou contra o esse ponto absurdo da Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovado na quinta feira (12). Votaram a favor. Mais uma prova de que eles nunca representaram uma nova política. Lobos em pele de cordeiro.  


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Cavalo brabo

Posted by Cottidianos on 00:01

 Segunda-feira, 12 de julho

As eleições em países civilizados e democráticos são, mais que um ato cívico e político, um ato de civilidade. Deve haver durante o processo eleitoral o debate de ideias, e não ataques pessoais entre os candidatos. É o momento de apresentar propostas e discutir os planos de ação que serão postos em prática nas mais diversas áreas de um governo. Afinal de contas, o que os eleitores querem saber é o que o candidato fará para tornar a vida de todos, melhor, e não mais complicada.

Creio que ainda estão muito vivas na memória de todas as cenas de barbárie protagonizadas, no dia 06 de janeiro deste ano, pelos partidários do ex-presidente Donald Trump, que não aceitava o resultado das eleições, e por isso, incentivou os seus seguidores a invadirem o Capitólio.

O episódio deixou cinco mortos, e causou aos cofres públicos americanos a quantia de 1,5 milhões de dólares. Porém, além das cinco vidas perdidas e do prejuízo financeiro, houve prejuízo também para a própria ideia de democracia. Com certeza, a democracia e o processo eleitoral americano saíram bastante arranhados desse episódio.

A atitude do republicano Trump ao se recusar a aceitar a derrota nas urnas para o democrata Joe Biden, revela apenas a face ditatorial do republicano. E para os ditadores o que importa é o poder pelo poder, e não a vontade popular. O que ocorreu naquele 06 de janeiro foi tão-somente uma tentativa de golpe. Golpe esse que não deu certo, principalmente, porque as Forças Armadas americanas e o próprio partido republicano ao qual Trump pertence não embarcaram na aventura golpista.

E eis aí a importância de ter instituições democráticas sólidas que garantam que a democracia seja como um rio que corre tranquilo e vai desaguar no mar.

Felizmente, tudo não passou de um susto, e os Estados Unidos da América seguem em boas mãos com Joe Biden e Kamala Harris. Que o fantasma Trump fique no passado, que é seu lugar, e não volte mais a assustar os americanos, e o mundo.

Por aqui, quando aconteceu tais fatos na lá nos Estados Unidos da América, logo se acendeu uma luz vermelha sobre nossas cabeças. Na época, os americanos eram governados por um lunático, aqui ainda o somos por outro. Como todos sabem, Bolsonaro tinha Trump como modelo. É tanto que é chamado o Trump dos Trópicos.

O presidente brasileiro foi o último líder dentre as grandes economias do mundo que felicitou Joe Biden pela vitória no pleito americano. Passaram-se 43 dias até que o brasileiro tivesse a humildade de desejar a Biden os parabéns pela vitória. Enquanto isso, ainda fazia coro aos que afirmavam que tinha ocorrido fraude nas eleições americanas.

                           Junho de 2020 - Bolsonaristas protestam contra o STF em frente ao STF

O medo por aqui era o de que ocorresse aqui no Brasil coisa semelhante ou pior do que ocorreu na invasão do capitólio. E essa nuvem de preocupação ainda não se afastou de cima da cabeça do brasileiro. Ao contrário, essa preocupação só aumenta a cada dia.

Ainda durante a campanha presidencial de 2018, já havia sido plantada a má  e venenosa semente de que a urnas eletrônicas que tanto orgulho traz ao processo eleitoral brasileiro não eram confiáveis e que havia fraudes nesse processo. Naquele momento, não se entendia ainda muito bem a montagem dessa narrativa. Mas, conforme Jair Bolsonaro foi eleito e o barco foi navegando as coisas ficaram mais claras.

A semente da dúvida precisava ser plantada para o caso de o candidato, Jair Bolsonaro, perder as eleições, era só puxar da manga a falsa narrativa de que tudo havia sido uma fraude.

Essa pequena semente de fraude vem sendo plantanda, e regada, de vez em quando. Metodicamente. Sempre que o ocupante do Palácio do Planalto se sente ameaçado.

Além disso, agora o presidente insiste que o voto nas eleições de 2022 tem de ser impresso. Com as eleições com voto impresso, também chamado voto auditável, no momento da votação seria impressa uma cédula onde o eleitor poderia conferir o voto antes dele ser depositado numa urna fechada que seguiria para uma auditória posteriormente.

Essa é uma proposta que está na Câmara dos Deputados, e é de autoria da deputada Bia Kicis. Quem defende o voto impresso diz que o atual sistema é passivel de adulteração e fraude, embora não apresentem nenhuma prova de que o sistema possa ser fraudado.

O próprio Jair Bolsonaro vem dizendo que as eleições que ele próprio venceu em 2018 foram fraudadas. Ele, porém, nunca apresentou nenhuma prova disso. E não apresentou prova de fraude nas eleições de 2018, simplesmente, porque não há provas a mostrar.

Em 21 de junho, o corregedor-geral o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o minsitro Luís Felipe Salomão, deu ao presidente um prazo de 15 dias para que ele apresentasse provas da ocorrência de fraude nas eleições de 2018, na qual ele foi eleito em segundo turno. Apesar de dizer que houve fraude naquelas eleições pois ele deveria ter vencido no primeiro turno, o presidente nunca apresentou provas disso.

No início desse mês, na live que ele ao faz ao vivo e é transmitida pelas redes sociais, ele admitiu que não têm provas de fraude nas eleições, porém do jeito dele. “Os ministros do Supremo (Tribunal Federal, STF) dizem que eu não tenho provas das fraudes. Vocês também não têm provas de que não teve! No mínimo, empatou. Eu estou querendo transparência, nada mais além disso”, disse o presidente. Na mesma live ele afirmou que teremos problemas se o voto não for auditável: “Não vou admitir um sistema fraudável de eleições”. Em relação a Lula que começa a aparecer nas pesquisas como candidato capaz de vencer Bolsonaro com larga margem de votos, Bolsonaro disse: “no voto, não ganha de ninguém”.

As quintas-feiras é dia de live do presidente. No dia 06 de maio foi a vez o presidente voltar ao assunto mais uma vez. No dia anterior, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luis Roberto Barroso, havia afirmado, em entrevista à Globo News “Nós vamos criar o caos em um sistema que funciona muitíssimo bem”.

Na live, em reposta a fala de Barroso, Bolsonaro disse: “Se o Parlamento brasileiro, por maioria qualificada, por 3/5 da Câmara e no Senado, aprovar e promulgar, vai ter voto impresso em 2022 e ponto final. Vou nem falar mais nada, vai ter voto impresso. Porque se não tiver voto impresso é sinal de que não vai ter eleição, acho que o recado tá dado. Não sou dono da verdade, mas eu respeito o Parlamento brasileiro assim como eu respeito o artigo quinto da Constituição”.

E acrescentou: “Quem acha que não tem fraude, porque está com medo do voto impresso? Quem quer uma democracia e quer que o voto valha de verdade, tem que ser favorável. Parabéns a Bia Kicis, autora do projeto e ao Arthur Lira. Quem for contra, ou acredita em Papai Noel ou tá do lado do Barroso, ou sabe que pode ter fraude e acha que irá se beneficia”.

Para Jair Bolsonaro, o fato de a Justiça Eleitoral Brasileira e a OEA (Organização dos Estados Americanos), já terem atestado que a urna eletrônica brasileira é o que existe de mais moderno no que se refere a tecnologia de criptografia, assinatura digital, e resumo digital, não significa muita coisa. Além do que, o sistema eleitoral brasileiro atual permite uma celeridade fantástica na apuração dos votos. 

Nos últimos dias, em várias ocasiões, Bolsonaro voltou a atacar o presidente do TSE, Luis Roberto Barroso. Na sexta-feira, 02, o presidente chegou a chamar Barroso de idiota e imbecil. Barroso defende que o voto impresso pode ferir o sigilo do voto.

 Rebatendo esse argumento, Bolsonaro, disse: “Daí vem o Barroso com a história esfarrapada dele, entre outras né?, dizer que o voto em papel, que se o João for votar lá no interior do Ceará e gripou a maquininha. Podem gripar sim, daí o mesário vai lá e vai ver que o João votou em tais candidatos. 'Isso desqualifica as eleições porque fere o sigilo do voto.' É uma resposta de um imbecil. Eu lamento falar isso de uma autoridade do STF. Só um idiota para fazer isso aí. O que está em jogo, pessoal é o nosso futuro e a nossa vida. Não pode um homem querer decidir o futuro do nosso Brasil na fraude”.

No sábado 10, novo ataque. Em Porto Alegre, em mais um desses passeios eleitoreiros de moto que o presidente tem feito pelo país, ele voltou a atacar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luis Roberto Barroso. Em seu discurso, Bolsonaro disse que Barroso defende a pedofilia a liberação das drogas. Mais uma das mentiras de Bolsonaro.

Para as pessoas esclarecidas, que gostam de estar bem informadas através de veículos de informação confiáveis, as declarações de Bolsonaro parecem absurdas. Então por que ele as faz. O presidente fala esses absurdos e inverdades o tempo todo porque tem os cerca de 14, 15% dos fanáticos eleitores dele que acreditam em tudo o que ele diz. É a chamada base. É para a base dele que Bolsonaro fala. E essas coisas vão se replicando nas redes de fake news e chega nesse povo como verdades.

As instituições brasileiras reagiram a essas ameaças de Bolsonaro de que pode não haver eleições no ano que vem caso não seja implantado o sistema de voto impresso.

Rodrigo Pacheco, um aliado de Bolsonaro, que sempre mede as palavras quando se trata de contestar as falas de o presidente, dessa vez subiu um pouquinho o tom. “Não podemos admitir qualquer tipo de fala, de ato, de menção, que seja um atentando à democracia ou que seja um retrocesso. Portanto, tudo que houver de especulações de algum retrocesso ou a frustração das eleições de 2022 é algo que o Congresso não concorda e repudia. Isso advém da Constituição à qual devemos obediência”, disse ele.  Pacheco também afirmou que aquele pretender um retrocesso contra as instituições democráticas, será visto como um “inimigo da nação” e “privado de patriotismo”.

Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados,  também aliado do presidente, e que é o responsável por tirar da gaveta um dos processos de impeachment contra o presidente, soltou uma nota meio confusa e genérica na qual diz: “Nossas instituições são fortalezas que não se abalarão com declarações públicas e OPORTUNISMO”, e “O nosso compromisso é e continuará sendo trabalhar pelo crescimento e a estabilidade do país”. Lira já afirmou que não vê motivos para colocar em marcha um pedido de impeachment contra Bolsonaro.

Já o ministro do STF e presidente do Superior Tribunal Eleitoral disse “Cumpro o meu papel pelo bem do Brasil. Mas eleição vai haver, eu garanto”.

Jair Bolsonaro tem tido sucesso nos seus intentos e planos escabrosos. Ele tem atuado para desqualificar as instituições democráticas e fazer com que instituições que, em seu rigor, devem trabalhar pelo país, atuem como seus protetores e advogados, e também de sua família, como por exemplo, a Procuradoria-Geral da República, Polícia Federal, Advocacia Geral da União, Ministério da Justiça, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

E segue nessa linha querendo também aparelhar o STF. No final do ano passado o ministro Celso de Melo se aposentou, e Bolsonaro indicou o nome de Kassio Nunes Marques para o Supremo Tribunal Federal. E Kassio tem feito direitinho a lição de casa: tem votado a favor de quase todas as matérias que interessam ao presidente, embora, na maioria dos casos, não tenha sido acompanhado nos votos pelos colegas de magistério.

Agora em julho, foi a vez do ministro Marco Aurélio Melo  se aposentar. O ministro se aposentou nesta segunda-feira, 12, aos 75 anos de idade. Para a vaga de Marco Aurélio, o presidente Jair Bolsonaro indicou o fiel escudeiro: André Luiz de Almeida Mendonça, que atualmente ocupa o cargo de advogado-geral da União.

                                              André Mendonça: indicado de Bolsonaro para o STF

Assim Bolsonaro cumpre a promessa feita há dois anos, de indicar para o STF um ministro terrivelmente evangélico. Mendonça é pastor na Igreja Presbiteriana da Esperança, em Brasília. Religião não deveria ser critério para indicação de ministros. Mas o grande problema não André Mendonça ser terrivelmente evangélico. O problema é ele ser terrivelmente bolsonarista. Idem para Augusto Aras que também ansiava ardentemente por essa vaga.

Em relação as coisas que competem a Justiça, André Mendonça é um homem preparado. É funcionário de carreira da Advocacia Geral da União. É doutor em Estado de Direito e governança global e mestre em estratégias anticorrupção e políticas de integridade pela Universidade de Salamanca, Espanha. Em abril de 2020, após a saída de Sérgio Moro, deixou o comando da advocacia-geral da União para assumir o ministério da Justiça. Em fins de março de 2021, deixou o ministério da Justiça e voltou a Advocacia Geral da União. Ele também também tem bom trânsito entre os ministros do STF.

No ministério da Justiça protagonizou alguns episódios polêmicos como o uso da Lei de Segurança Nacional  ̶ herança polêmica dos tempos do regime militar  ̶  para perseguir opositores de Jair Bolsonaro. Há no Senado um projeto em tramitação para revogar essa lei. Para que entre, definitivamente, para o quadro de ministros do STF, André Mendonça ainda precisa ser sabatinado no Senado, onde o nome dele encontra resistências. Porém, seria um fato inédito se o Senado votasse contra um nome de um indicado pelo presidente para uma cadeira no Supremo.

 O fato é que se, reeleito, levando-se em conta outras aposentadorias que ocorrerão nos tribunais superiores, Bolsonaro, pode deixar o Judiciário brasileiro com a cara dele. E isso é péssimo para o Brasil. Pode representar um grande retrocesso para a nossa nação.

O presidente tem agido nos últimos dias igual a um cão raivoso, mordendo todo mundo, ou um cavalo brabo, dando coices em quem encontrar pela frente.

Os motivos são vários. As águas estão nebulosas para o Palácio do Planalto.

Lula voltou à disputa, e segundo pesquisas recentes, é o candidato que maiores chances têm de derrotar Bolsonaro. Outro motivo são as denúncias de corrupção que foram surgindo durante a evolução da CPI. O superfaturamento na compra de vacinas contra a Covid-19. O escândalo já envolve o nome de alguns militares, e do jeito que as coisas andam, não duvido nada que chegue ao Palácio do Planalto.

Pelo menos uma coisa é quase certa: Bolsonaro sabia do forte esquema de corrupção que ocorria no Ministério da Saúde.

Outra fonte de desgaste é a divulgação das reportagens, feitas pela jornalista do Uol, Juliana Dal Piva, a mostrar que durante a sua vida parlamentar, Bolsonaro era um ativo praticante das rachadinhas, prática essa que ensinou direitinho aos seus filhotes.

As recentes pesquisas feitas pelo Datafolha também não ajudam em nada a um governo que está agonizando. Segundo o instituto de pesquisa, 70% da população brasileira acredita que há corrupção no governo de Jair Bolsonaro. Outros 64% acham que Bolsonaro sabia da corrupção no governo. O índice de brasileiros que não acreditam em nada do que Bolsonaro diz é de 55%. 63% acham que ele é incapaz de liderar o país.

Por tudo isso, o cão raivoso e o cavalo brabo seguem mordendo e dando coices, respectivamente, nos membros da CPI, principalmente no presidente Omar Aziz (PSD-AM), O vice-presidente, Randolf Rodrigues (Rede-AP), e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL).


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Confissões de Andrea

Posted by Cottidianos on 23:45

Segunda-feira, 05 de julho




 Uma casa com telhado de vidro uma hora ou outra desabará. Isso é tão certo como a soma de dois e dois são quatro.

A semana passada terminou com grandes manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro. Milhares de brasileiros foram as ruas de todo o país. A palavra de ordem era: Impeachment já! Fora Bolsonaro! Mas também houve reinvindicações por uma parcela maior do auxílio emergencial, e por mais vacinas. Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal, também foram lembrados pelos manifestantes.

Os protestos foram pacíficos em todos o país, à exceção de São Paulo, onde uma agência bancária foi apedrejada e manifestantes colocaram fogo dentro da agência. Os vândalos não chegaram a incendiar a agência. Na rua, eles fizeram uma espécie de barricada de fogo, queimando papelão e madeira.

Desde a primeira manifestação contra o governo Bolsonaro, ocorrida em 29 de maio deste ano, a adesão às manifestações vem crescendo, e tendo a participação de mais setores da sociedade, e não apenas partidos de esquerda, embora estes ainda sejam maioria.

Levemos em conta também que muita gente ainda não se arrisca a ir para a rua por a Covid-19 ainda representar um grande perigo. Entretanto, quando um povo vai às ruas protestar contra um presidente, em meio a uma pandemia, é porque ele é pior que o vírus. “O governo Bolsonaro é mais perigoso que o vírus, está insustentável e não conseguimos mais suportar nem um dia a mais desse governo que é genocida de fato”, disse Samara Martins, vice-presidente da Unidade Popular pelo Socialismo, em relação às manifestações.

Os protestos ocorridos no sábado passado iriam ocorrer no dia 24 de julho, mas foram antecipados depois do surgimento das denúncias de corrupção envolvendo a corrupção na compra de vacinas, que vieram à tona na CPI que apura os atos e omissões do governo federal em meio à pandemia, e o repasse de verbas federais aos estados e munícipios.

Se a semana passada terminou com manifestações, essa semana começou com novas denúncias contra o presidente.

Reportagem publicada pelo portal UOL, de autoria da jornalista Juliana Dal Piva, mostra fatos tirados da lata de lixo da história política de Bolsonaro. Coisas da época em que ele era deputado, e que desmontam a tese do político honesto que ele tenta construir. E que enganou muita gente.

Gravações obtidas com exclusividade pela colunista mostram a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro, participou do esquema das rachadinhas quando ele era deputado federal. Ela diz nas gravações que Bolsonaro chegou a demitir André Siqueira Valle, irmão dela, porque ele não queria devolver parte do dinheiro conforme combinado com Bolsonaro. O mandato de Bolsonaro como deputado federal ocorreu entre os anos de 1991 e 2018.

O André sempre deu problema porque o André nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6 mil, o André devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil. Foi um tempão assim, até que o Jair pegou e falou: ‘Chega, pode tirar ele porque ele nunca devolve o dinheiro certo’”, diz ela na gravação obtida pelo UOL.

André foi assessor de Bolsonaro entre 2006 e 2007.

É muita coisa que eu posso ferrar a vida do Flávio, posso ferrar a vida do Jair, posso ferrar a vida da Cristina. Entendeu? É por isso que tem medo, aí manda eu ficar quietinha, não sei o que tal. Entendeu? É esse negócio aí”, continua ela.

O esquema da rachadinha, que nada mais é que outra forma de desvio de dinheiro público, funciona da seguinte forma. O parlamenta coloca o nome do funcionário na folha de serviço como assessor, combina um bom salário em folha. O funcionário recebe a quantia estipulada conforme a lei, mas depois, grande parte desse dinheiro vai para o bolso do político que o contratou, ficando ele próprio o funcionário com uma pequena quantia. Muitos desses funcionários são fantasmas. Ou seja, apenas recebem o dinheiro. Muitos deles nunca aparecem nos locais e trabalho. Outros não. Porém todos sujeitos as mesmas condições.

No caso da Andrea e do André, irmão dela, eles ficavam com apenas 10% do salário. Os outros 90% iam para o bolso de Bolsonaro, ou dos filhos. Diz a reportagem do UOL que Andrea foi a primeira dos 18 parentes da segunda mulher de Bolsonaro que foram nomeados para trabalhar nos gabinetes de Jair Bolsonaro, e dos filhos Carlos e Flávio, entre os anos de 1998 a 2018.

Entre 2018 e 2019, Andrea falou do esquema com a fonte que entregou as gravações a colunista do UOL algumas vezes. Uma dela foi durante o casamento de André, na véspera do primeiro turno da eleição presidencial, em 06 de outubro de 2018.

Na ocasião ela estava preocupada com a própria situação, pois fora exonerada do gabinete de Flávio Bolsonaro, do qual era funcionária fantasma. Ela queixava de que não sabia como iria ficar a situação dela depois da eleição.

Ainda com essas preocupações ela procurou o gabinete de Flávio Bolsonaro, porém não foi atendida. Então conversou com a irmã Ana Cristina, e procurou o tio Hudson. O tio Hudson, é o coronel do Exército Guilherme dos Santos Hudson, um ex-colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). “O tio Hudson também já tirou o corpo fora, porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levava e buscava no banco era ele”. Hoje, o tio Hudson é coronel da reserva do Exército. Assim ficamos sabendo que, além do Fabrício Queiroz, havia o tio Hudson, responsável por receber o dinheiro para a quadrilha.

O coronel Hudson é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, no esquema que apura o desvio de dinheiro público quando Flávio era deputado estadual naquele estado. Pelas quebras de sigilo do militar foi possível ao MP comprovar que ele fez 16 saques no valor de R$ 260 mil. Os saques foram feitos no período entre 2009 e 2016, sendo que a maioria deles ocorreu de abril a outubro de 2016.

O que chama a atenção é que esses saques eram feitos sempre em dinheiro vivo e ultrapassavam a quantia de R$ 10 mil.

De acordo com o MP-RJ, esses saques ocorreram, justamente, no período em que a mulher de Hudson, um filho, e duas noras dele, eram assessores no gabinete de Flávio e Carlos Bolsonaro.

Andrea foi uma funcionária fantasma que rondou os gabinetes da família Bolsonaro por vinte anos. Segundo a reportagem do UOL, primeiro ela trabalhou com o deputado Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados. Ali ela “trabalhou” de 30 de setembro de 1998 a 7 de novembro de 2006.

Saiu dali e foi para o gabinete de Carlos Bolsonaro, na Câmara Municipal do Rio. E ali ficou de 8 de novembro de 2006 até setembro de 2008. Do gabinete de Carlos Bolsonaro, foi para o gabinete de Flávio, onde ficou até agosto de 2018. Quando deixou o gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, o salário dela era de 7.326,44. Lembrando que o combinado era de o funcionário ficar com 10% do salário e devolver para o político 90% do valor.

Quanto a André, irmão de Andrea, ele foi assessor do vereador Carlos Bolsonaro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em dois períodos, entre agosto de 2001 e fevereiro de 2005. Depois novamente em fevereiro de 2006 até novembro daquele mesmo ano. Logo após a saída do gabinete de Carlos Bolsonaro, ele foi trabalhar no gabinete de Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados. E ficou com o deputado Jair Bolsonaro até outubro de 2007. Na Câmara dos Deputados o salário bruto dele era de R$ 6.010.

Rachadinha é um nome simpático para um crime grave chamado peculato, no qual está envolvida a apropriação indébita de salários de funcionários, sejam eles fantasmas ou não. Pense o caro leitor, leitora, em quanto dinheiro foi desviado pela família Bolsonaro, incluindo o atual presidente, Jair Bolsonaro, que, com certeza, foi o primeiro a praticar esse crime, e depois ensinou os filhos a fazer o mesmo. Se considerarmos que foram vários os familiares, amigos, e amigos dos amigos, que eles empregaram em seus gabinetes então veremos que a família Bolsonaro desviou milhões dos cofres públicos.

Sobre essa questão de parecer que uma coisa é pequena, é uma percepção muito equivocada. Quando você pega 30 anos, 10, 12 assessores fizessem isso em cada um dos gabinetes, sendo que no geral eles têm de 15 a 20. Uma vez fizemos um cálculo na revista Época, não vou dizer que todos eram funcionários fantasmas, mas todos que tinha algum laço de parentesco, no período que eles estiveram nomeados, dava R$ 65 milhões ao longo do tempo. É muito dinheiro”, disse a jornalista Juliana Dal Piva, durante o UOL Debate.

Esse fantasma do passado que voltou para assombrar Bolsonaro não pode trazer efeitos em relação ao mandato de presidente, uma vez que foi cometido fora do mandato, pode sim, se for aberta uma investigação em relação a esse assunto, ter consequências para ele depois que terminar o mandato presidencial.

De um lado Bolsonaro não pode ser responsabilizado por esse crime enquanto for presidente, mas por outro fica com a imagem bastante arranhada. Primeiro vieram as suspeitas de que ele sabia que havia algo de muito podre nos contratos para aquisição de vacinas no ministério da Saúde e nada fez, cometendo dessa forma, o crime de prevaricação, e agora o fato de que, também ele, foi protagonista no esquema das rachadinhas em seu mandato como deputado federal. Assim cai por terra o título de homem honesto que ele fazia questão de ostentar.

Na CPI está cada vez mais claro que além de omissão do governo no combate à pandemia, houve também intenção, escondida por trás de lucros e propinas nos contratos com a vacina indiana Covaxin.

É tudo muito estranho. Primeiro o governo ignora as ofertas de vacina da Pfizer. Farmacêutica essa que, praticamente, implorou ao governo que comprasse as vacinas por ela produzidas... Um governo que desdenhou da Coronavac, vacinas essas que já haviam passado pelas fases 1, 2, e 3 de testes, que esse mesmo governo tenha sido tão rápido em assinar um contrato fraudulento com uma vacina que nem ainda nem havia começado a fase de testes.

Um governo que ao invés de ir direto na fonte, ou seja, comprar direto das farmacêuticas, preferiu comprar as vacinas através de atravessadores e empresas suspeitas, e por um preço mais alto que o das vacinas mais seguras e disponíveis no mercado.

 E os personagens?

Um policial militar que, nas horas de folga, vendia vacinas. Um reverendo de uma ONG que negociava vacinas superfaturadas. Uma empresa, a Davati Medical Supply, que antes da Covid-19 nunca havia trabalhado com produtos farmacêuticos. A Davati, atuou com a MV Trading, uma empresa de Santo André, que atua no ramo de importações e importações no ramo do agronegócio. Entre os produtos comercializados estão: carne bovina, suína, e frangos, além de milho, café, soja, fertilizantes, ouro e pedras preciosas, dentre outros.

Eis que, em março, por força das circunstâncias da Covid, o Congresso permite que estados e prefeituras negociem vacinas sem passar pelo crivo do governo federal, e eis que, de repente, a Davati se torna especialista em imunizantes, e MV Trading resolver fazer contatos com prefeituras desesperadas por vacinas, e intermediar reuniões desses órgãos com o representante comercial da Davati, Luís Paulo Dominguetti, o tal policial que nas horas de folga trabalhava como representante de uma empresa que, de repente, ficou especialista em imunizantes.

E o Pazuello, ministro da Saúde na ocasião, o que fazia ele? Papel de bobo da corte? Se fazia, então continua fazendo, pois faz de tudo para livrar a cara das pessoas que praticavam todas essas falcatruas.

É tudo muito nebuloso... E criminoso.


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