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A passos de caranguejo

Posted by Cottidianos on 15:54

 Domingo, 23 de maio



Caranguejos. Eles podem ser encontrados em qualquer região litorânea do planeta. São crustáceos que proporcionam pratos exóticos. Esses pequenos animais andam de modo peculiar. Eles andam para trás ou de lado. Até conseguem andar para frente, mas quando conseguem essa proeza a fazem com grande dificuldade, e meio desajeitados. O caranguejo é, portanto, o mascote perfeito para o Brasil sob o governo Bolsonaro. É assim que o país tem caminhado: para trás, de lado. Até consegue dar um passinho para frente, mas é de modo desastrado.

Isso nos remete a uma matéria publicada no jornal Folha de São Paulo deste domingo, 23. Diz o título da matéria: “Mais miserável, Brasil sob Bolsonaro prepara 'herança maldita”. A matéria destaca três fatores que estão travando o crescimento de nosso país: subemprego, baixa produtividade, e rombos.

Desde a última década o país vinha mostrando de crescimento da informalidade entre os trabalhadores de baixa renda, e para os especialistas essa será um dos principais impedimentos à aceleração do crescimento e ao resgate daqueles brasileiros que, com a pandemia, foram empurrados para a miserabilidade. Isso se deve ao fato de que a economia informal paga, produz, e cresce menos.

A matéria da Folha continua ainda chamando a atenção para o fato de que, até mesmo o trabalho informal ficou prejudicado pela paralisia do setor de serviços, que é responsável por 70% do PIB, e dos empregos, “metade deles, fora da informalidade”.

De acordo com consultoria Tendências, citada na matéria, a crise provocada pela pandemia, empurrou mais gente para as classes D e E, o que travará a recuperação econômica via consumo das famílias, que, até o início da pandemia, vinha desempenhando papel preponderante.

Haveria ainda uma saída para a situação se houvesse movimentação das taxas de investimento e poupança, mas essas, diz a Folha “estão nos menores patamares desde os anos de 1980”.

Nos anos de 1980 e 1990, o Brasil também passou por momentos difíceis, nos quais muitas pessoas foram empurradas para a pobreza extrema, mas naquela época a carga tributária e a dívida pública não estavam tão altas em relação a hoje. Isso impede que se o resgate dos pobres através de programas sociais de transferência de renda como os criados no governo FHC e no governo Lula.

Ouvido pela Folha, Marcelo Neri, diretor da FGV Social, diz que vivemos por aqui uma espécie de “Esgana”, ou seja, o Brasil tem uma carga tributária da Espanha, mas serviços públicos com padrões de Gana. Ele diz que é um paradoxo que o país tenha taxas de pobreza tão elevadas, e serviços públicos de má qualidade, tendo, ao mesmo tempo, carga tributária e dívida pública tão elevadas. Neri, diz ainda que Bolsonaro conseguiu aliar o baixo crescimento e alta desigualdade a um enorme grau de instabilidade socioeconômica. E como a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, que sai perdendo nessa história são os mais pobres.

O economista mais otimista ouvido pela Folha, Samuel Pessôa, diz que o Brasil pode reagir positivamente através de um boom nos preços das comodities exportadas pelo Brasil.  Ele diz que no começo dos anos 2.000 foi isso que salvou o país e o ajudou a consertar as contas externas, em um momento em que o real estava bastante desvalorizado.

Mas, nem mesmo as palavras do otimista Samuel Pessôa, economista da FGV-Ibre e colunista da Folha, são tão animadoras assim. “No final, as coisas devem ir se arrumando, mas dentro de nossa mediocridade. O sonho de que o Brasil poderia se tornar algo grande, porém, parece ter desaparecido”. Diz ele, fechando a reportagem.

Diante de tudo isso vemos cair por terra, por completo, o discurso e os argumentos do presidente, Jair Bolsonaro, de que o fundamental em meio à crise do coronavírus é salvar a economia. Se ele tivesse invertido a ordem de prioridades a situação poderia ser outra hoje em dia.

Não há economia saudável que se sustente e se fortaleça quando há uma ameaça real de um vírus mortal, que até agora, nem mesmo os cientistas sabem bem como lidar com ele. Não existe economia que se sustente com uma doença para qual, quase um ano e meio depois do surgimento dela, tudo ainda parece ser novidade, e que já matou quase meio milhão de brasileiros. Vacinas já estão circulando por aí, nos braços das pessoas, em alguns países mais, em outros menos, porém, até mesmo as vacinas são experimentos.

Em um cenário desses não tem jeito: a prioridade é a vida. A prioridade são as pessoas. Entretanto, depois de um ano e meio, o presidente, Jair Bolsonaro, ainda não entendeu a dinâmica da coisa, e continua alardeando o uso da cloroquina como tratamento contra a Covid, e também continua a chamar de ditadores os governadores que adotam as medidas de distanciamento social como forma de conter o vírus. Entretanto, querer que surja algum pensamento evoluído da cabeça do presidente é como querer fazer surgir leite de pedras.

Por aqui, seguimos com os depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)  da Covid, que investiga se houve omissão por parte do governo federal no combate à Covid, e possíveis desvios de recursos federais enviados aos governos estaduais. E o que se tem visto naquela CPI, por parte dos depoentes, é um tremendo festival de mentiras. Acho que nem o famoso filho de Gepeto, o Pinóquio conseguiu tal façanha.

Eu, particularmente, quando vejo aqueles depoimentos, fico pensando: se eles mentem tanto assim, abertamente, em público, para todo o Brasil, imagina então o que esses homens públicos não fazem às escondidas. 



Na terça-feira, foi a vez do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O ex-ministro protagonizou vários incidentes diplomáticos que causaram constrangimento com a China, um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Ernesto chegou a afirmar, em artigo publicado no blog dele, e de autoria própria, intitulado, “Chegou o Comunavírus” insinuações de que o coronavírus teria sido fabricado pelos chineses.  

Outro episódio constrangedor aconteceu no ano passado. O filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, escreveu em redes que a China era culpada pelo coronavírus. “Quem assistiu Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. [...] +1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. [...] A culpa é da China e liberdade seria a solução”.

O episódio causou uma crise diplomática entre os dois países. Para a postagem de Eduardo Bolsonaro, a resposta chinesa veio na mesma velocidade com que o filho do presidente fez as acusações irresponsáveis. “A parte chinesa repudia veementemente as palavras do deputado, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês”, escreveu Yang Wanming. Ele marcou os nomes de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados à época, e Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, para que eles também lessem a mensagem. Além disso, ele compartilhou com seguidores, postagens de pessoas que criticavam a família Bolsonaro.

Por aquela época, Eduardo Bolsonaro havia feito parte de uma comitiva que foi aos Estados Unidos em viagem diplomática. Então, não contente com a resposta que deu ao governo brasileiro, o embaixador chinês ainda respondeu diretamente ao deputado, na própria postagem ofensiva contra os chineses. “As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando as amizades entre os nossos povos”.

O ministro das Relações Exteriores, na época Ernesto Araújo, em vez de agir de uma forma pacificadora, tentando amenizar a burrada que o filho do presidente havia feito, agiu no sentido de colocar ainda mais lenha na fogueira. “É inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores. As críticas do deputado Eduardo Bolsonaro à China, feitas em postagens ontem à noite, não refletem a posição do governo brasileiro. Temos expectativa de uma retratação por sua reportagem ofensiva ao chefe de Estado. O Brasil quer manter as melhores relações com o governo e o povo chinês, promover negócios e cooperação em benefício recíproco, sem jamais deixar de lado o respeito mútuo”. Escreveu ele em resposta ao embaixador da China.

Entretanto, em seu depoimento à CPI, Ernesto negou todos esses episódios, e disse que não causou nenhum constrangimento com a China, nem antes, nem depois da pandemia. Essas burradas atrapalharam muito na questão das vacinas, pois a China é nosso parceiro também nos insumos para a fabricação dela. Dependemos deles para isso.




O depoimento mais aguardado da CPI, o do general Eduardo Pazuello foi outro show de mentiras. Como pode um general do Exército mentir tanto e tão descaradamente? Pazuello dispunha de um habeas corpus que o permitia ficar calado para não produzir contra si mesmo, entretanto, o general resolveu usar o instrumento judicial para mentir e mentir.

Uma coisa não se pode negar: Pazuello defendeu Bolsonaro como um cão fiel.

Todos sabemos pelos fatos amplamente demonstrados através da reportagens de imprensa e da própria atitude de Pazuello à frente do ministério da Saúde, que ele entrou lá, para obedecer ordens diretas de Bolsonaro para fazer aquilo que os outros ministros da Saúde, médicos, não quiseram fazer: liberar o uso indiscriminado da cloroquina, que, como todos sabem, não tem nenhuma eficácia comprovada contra a Covid-19.

Mas em seu depoimento, o ex-ministro disse que tudo isso era mentira. Quando questionado a respeito desse assunto, Pazuello, simplesmente, respondeu: “Em hipótese alguma. O presidente nunca me deu ordens diretas”.

Também sabemos que o general não tem nenhum conhecimento sobre a doença, e que, portanto, era a pessoa menos indicada para comandar a pasta. Quando inquirido sobre isso, Pazuello lembrou sua trajetória durante a carreira militar, destacando o comando dos hospitais de campanha na operação Acolhida, na fronteira com a Venezuela. “Sobre gestão e liderança, acho que nem preciso responder. É como responder se a chuva molha. Todo militar tem isso”.

A questão, general, não é só sobre gestão e liderança. É sobre salvar vidas. É sobre como lidar com uma doença que até os médicos não conhecem por completo.

O relator da CPI, Renan Calheiros, elaborou 15 mentiras de Pazuello na CPI que podem ser lidas pelo leitor no site do Poder 360.

O ministério da Saúde criou, muito tardiamente, uma Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19. O órgão foi criado no 10 de maio deste ano. Um ano e cinco meses depois do início da pandemia. Para o cargo de secretária foi convidada a médica infectologista Luana Araújo.

Mesmo sem ter sido nomeada oficialmente, a médica ainda chegou a trabalhar por 10 dias na função. Porém, neste sábado, 22, ela anunciou que não assumirá a função. O motivo da saída da médica não foi revelado. Mas na nota em que anuncia sua saída do cargo, ela nos dá pistas: “Fiz questão de evidenciar minha postura técnica, baseada em evidências, pautada pelo juramento médico que fiz e que norteia todas as minhas atitudes. Vejo a ciência como ferramenta de produção de conhecimento e de educação para a priorização da vida, sempre, como objetivo maior. Saio desta experiência como entrei: pela porta da frente, com a consciência e o coração tranquilos, ciente de que neste curto período entreguei o melhor da minha capacidade de acordo com os princípios que tenho como profissional especialista na área: ética, cientificidade, agilidade, eficiência, empatia e assistência. Protejam-se, vacinem-se e sigamos em frente”, escreveu ela.

Provavelmente, mais uma profissional séria que não quis jogar seu diploma e sua carreira no lixo para servir a um governo negacionista. 




Em outro cenário, enquanto e variante indiana já foi detectada no Maranhão,  em seis tripulantes de um navio com bandeira chinesa, e os demais tripulantes do navio colocados em quarentena, depois de a nossa vizinha, Argentina, também detectar a variante indiana e africana em três viajantes que entraram no país, mesmo com o perigo rondando nossas cabeças, o irresponsável, e quando digo irresponsável refiro-me ao excelentíssimo senhor presidente da República, Jair Bolsonaro, voltou a provocar aglomeração nas ruas do Rio, em um passeio moto ciclístico.

Segundo a prefeitura da cidade, o número de pessoas que participaram do evento foi de 10 a 15 mil pessoas. Entre eles estava o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Não apenas ele, mas o presidente e todos que estão em cima do carro de som aparecem sem máscaras. Os participantes também, a grande maioria, dispensou o acessório fundamental no combate à transmissão do vírus.

Obviamente, o presidente voltou a atacar os governadores por eles decretarem lookdowns, que, segundo Bolsonaro, não tem comprovação cientifica de que são eficazes contra o espalhamento do vírus, sendo que o assunto foi amplamente estudado pelos comitês científicos e estudos.

Ele faz política, faz campanha, enquanto no Brasil milhares são empurrados para a pobreza extrema, e em um país no qual o controle do vírus está bem longe de acabar, e que ainda sofre com as terríveis consequências de uma segunda onda que também está longe de acabar.

O Brasil tem, desde o início da pandemia até agora, 16.046.501 casos confirmados da doença, e 448.291 óbitos.

Ignorar toda essa situação para quem é líder da nação é um ato de extrema irresponsabilidade e egoísmo.



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Bolsonaro e seu projeto de morte para o Brasil

Posted by Cottidianos on 17:02

 Domingo, 16 de maio



Então, lá vamos nós, caros leitores, leitoras, para mais uma conversa. Eu daqui escrevendo, você daí lendo. Não é uma coisa estática. Gera um posicionamento, seja para concordar ou discordar. Assim, é a democracia. Nenhum um lado tem a verdade no seu todo. A verdade é tudo, todo, e parte ao mesmo tempo. Certa ocasião, quando Jesus foi levado diante de Pilatos, e sendo inquirido por ele começou a falar da verdade. “Eu nasci e para isto vim ao mundo: para testemunhar da verdade”. O messias deve ter dado um nó na cabeça do romano, tanto é que ele perguntou: “O que é a verdade?

A verdade é sempre melhor que a mentira, mas algumas pessoas, atualmente, resolveram eleger a mentira como verdade. Exaltá-la. E por trás disso tudo há interesses mesquinhos. Nada republicanos.

Andava eu, ontem, manhã de sábado, em uma movimentada avenida de Campinas, São Paulo, cidade onde moro, quando notei uma folha de papel colada numa lixeira. Pensei ser um anúncio de alguma coisa, mas pensei: quem iria por um anúncio numa lixeira?

Me aproximei para ver de perto o que estava escrito naquele papel. E nele havia os seguintes dizeres: “Antes se você repetisse uma mentira muitas vezes, ele se tornava verdade, mas hoje ela se torna jornalismo!”. Achei aquilo uma clara defesa das fake news. Quando se quer derrubar uma democracia, um dos primeiros pilares que se deve destruir, botar chão abaixo, é a imprensa livre. Pois é ela que bota o dedo na ferida, aponta o que está errado, questiona.

Foi assim no Brasil do período ditatorial, foi assim na Venezuela, na Coreia do Norte, na Alemanha de Hitler, e um outras ditaduras passadas e presentes mundo afora. Feito isto, basta colocar os meios de comunicação para trabalharem a serviço dos ditadores, criando deles e dos países que governam, imagens idílicas, quem, nem sempre, correspondem a realidade.

Dito isto, é fácil por onde, por quais caminhos, e por quais trilhos, quer caminhar o governo Bolsonaro. Ainda bem que temos no Brasil instituições fortes, que funcionam, ainda que sobre elas caiam pesadas críticas. Há, sim, o grupo dos que defendem a volta da ditadura militar, com Jair Bolsonaro no governo. Ainda bem que esse grupo formado por zumbis bolsonaristas, é minoritário. E não podemos deixar que eles passem disso. Há também jovens que, na sua inocência, defendem esse tipo de regime.

No caso dos jovens, fica difícil saber se é mesmo inocência, ingenuidade, ignorância ou desinformação. Ou tudo isso junto. Com certeza, eles nunca viveram uma ditadura para elogiar tais regimes. Ou, talvez, nunca tenham se dado ao trabalho de ler alguma coisa sobre elas.

Semana que passou, o clima foi pra lá de quente na CPI, especialmente, no depoimento de Fábio Wanjgarten, ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social do Governo Federal. Falaremos disso um pouco mais adiante.

Fica, por ora, o lamentável registro da participação do senador Flávio Bolsonaro, que nem é da CPI, mas, vendo Wanjgarten em apuros resolveu passar por lá para dar o seu showzinho, que nem podemos dizer que é particular, pois as câmeras estavam todas a postos para qualquer movimentação estanha ou não.

Ânimos exaltados, Renan Calheiros, relator da CPI ameaçou prender Fábio Wanjgarten por falso testemunho. Flávio, então, disse para Renan: “É o cúmulo do absurdo um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como Renan Calheiros”. Ao que Renan retrucou: “Vagabundo é você que rouba dinheiro de seus funcionários”. Com a casa pegando fogo, Omar Aziz, presidente da CPI, resolveu então, suspender a sessão.

Muitas criticas se fazem sobre o fato de Renan estar sendo relator da CPI da Covid-19, que apura as responsabilidades do governo federal no combate à pandemia, e que também se debruçará sobre possíveis desvios de verbas enviadas aos governadores e prefeitos.

Ora, sabemos que Renan não é flor que se cheire. Que ele não é nenhum exemplo de honestidade. Assim como o senador Flávio Bolsonaro também não é, muito menos Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, nem o deputado Aécio Neves, nem a senadora Gleise Hoffmann, nem muitos outros senadores e senadoras, deputados e deputadas podem ser apontados como exemplos de honestidade.

Mas o fato de Renan estar atuando como relator de uma CPI não inválida as provas que estão chegando, os depoimentos que estão sendo colhidos, pois eles, até aqui, têm revelado aquilo que já sabíamos: houve uma omissão do governo federal no combate a pandemia, e mais grave ainda: isso parece ter sido de forma intencional.

Ainda seguindo a esteira do pensamento do paragrafo anterior, muitos brasileiros criticam os deputados e senadores de ladrões e corruptos. É lícito e verdadeiro: muitos deles o são.

Mas o fato a que se deve prestar atenção é que esses parlamentares não entraram de gaiatos no navio. Muito pelo contrário, eles foram eleitos pelo voto popular e, portanto, tem representatividade.

A questão é: Se há políticos corruptos no Congresso Nacional, e em todas as outras esferas do Poder Legislativo, e se esses políticos foram colocados lá pela sociedade, e mais ainda, se esses legisladores nasceram do seio dessa sociedade, então a pergunta a ser feita é: Onde está o erro? Nos políticos corruptos ou na sociedade que os elegeu?

Onde é mais fácil corrigir o erro de alguma coisa, no seu nascedouro, ou no seu curso? Por que uma sociedade escolhe políticos corruptos para a representar? Desinformação?

O próprio presidente, Jair Bolsonaro, um dos maiores erros da história política do Brasil nos últimos tempos, ele não está na cadeira presidencial por que caiu lá de paraquedas. Ele foi eleito com exatos 57.797.847, contra 47.040.906 do petista Fernando Haddad.

Durante a campanha ele já se apresentava do jeito que é: chucro, preconceituoso, ignorante, e nenhum pouco disposto a olhar para as minorias. Sem contar que já havia um passado de 28 anos na Câmara dos Deputados de inação, sem aprovar nenhum projeto de grande valor para o país. Mas a capacidade de provocar intrigas, confusões, desavenças, já estava com ele desde sempre.

E não venham dizer que não havia opções de voto. Havia 12 opções de voto, além de Bolsonaro, à disposição dos eleitores nas eleições de 2018. E olhando pela perspectiva atual, creio que estaríamos em melhor situação se tivéssemos escolhido qualquer outro candidato que não fosse o atual presidente. Pelo menos, não creio que houvesse outro negacionista entre eles, e, portanto, não estaríamos vivendo a tragédia sanitária, econômica e social que estamos vivendo hoje.

É impressionante perguntar-se porque ainda tanta gente ainda apoia as loucuras do presidente? Imbecilidade? Sadomasoquismo? Ignorância? Não querer dar o braço a torcer? Influência da indústria das fake news? Enfim, como para a questão de porquê uma sociedade escolhe políticos corruptos para a representar, para estas também não há respostas prontas.

Falemos agora da semana que passou na CPI.

Antônio Barra Torres

Na terça-feira, 11, foi ouvido Antônio Barra Torres, diretor da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Excelente depoimento. Diferentemente do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que deu á CPI um depoimento político, mais preocupado em livrar a pele do chefe, do que em exaltar à ciência, Barra Torres deu um depoimento técnico. Na verdade, era o que se esperava de um diretor de uma agência tão relevante para a sociedade brasileira.

O diretor da Anvisa não escondeu a relação de amizade que tem com o presidente Jair Bolsonaro, mas seguiu a linha do “amigos, amigos, negócios à parte”. Ele apregoou na CPI aquilo que a OMS já vem recomendando faz tempo: vacinação em massa, uso de máscaras, álcool gel, e distanciamento social. Coisas das quais o presidente Jair Bolsonaro passa bem longe.

No domingo, 15 de março de 2020, Barra Torres acompanhou Jair Bolsonaro em um ato pró-governo. No evento, Bolsonaro fez aquilo que mais gosta de fazer: aglomerar e descumprir medidas sanitárias. Abraçou, seguidores, fez selfies com o rosto colado, cumprimentou-os. A ida do diretor da Anvisa a esse evento causou perplexidade em técnicos da área de Saúde do governo.

Na terça-feira, durante sua audição, os senadores cobraram de Barra Torres uma posição sobre esse evento. Ele assim se manifestou sobre o assunto: “É óbvio que em termos da imagem que isso passa, hoje tenho plena ciência de que, se pensasse mais cinco minutos, eu não teria feito, até porque esse assunto não era nenhum assunto que necessitasse de uma urgência para ser tratado. De minha parte, eu digo que foi um momento que não refleti a imagem negativa que isso passaria e certamente depois disso nunca mais houve esse tipo de comportamento meu, por exemplo”.

Um ponto muito forte no depoimento do diretor da Anvisa foi quando ele disse que houve uma reunião no Palácio do Planalto para alterar a bula da hidroxicloroquina, para que ela pudesse ser usada contra a covid sem provocar maiores polêmicas, nem chamar tanto a atenção. Ele disse não saber de quem era a autoria do documento, mas confirmou que a médica Nise Yamaguchi, uma ativa defensora do medicamento, estava presente na reunião, e parecia bastante empenhada nessa causa.

Esse documento foi comentado pela doutora Nise Yamaguchi, o que provocou uma reação até um pouco deseducada ou deselegante minha. A minha reação foi muito imediata de dizer que aquilo não poderia ser”.

As alterações de bula de um medicamento, segundo Barra Torres, só podem ser feitas pelos laboratórios que são responsáveis pelo medicamento. E os fabricantes da cloroquina não fizeram essa mudança.

Essa reunião mencionada por Antônio Barra Torres já havia sido mencionada por Mandetta, na semana passada, também em depoimento à CPI.


Fábio Wangarten

O depoimento mais explosivo, melhor dizendo, mais desastrado da CPI, até agora, foi sem dúvida o depoimento de Fábio Wanjgarten, ex-secretário especial de Comunicação Social do Ministério das Comunicações (Secom).

Em 21 de abril deste ano de 2021, o ex-secretário deu uma importante entrevista à revista Veja, na qual chama o general Pazuello de incompetente por sua atuação quando esteve à frente do ministério da Saúde.

Wanjgarten sempre foi fiel aliado do presidente Jair Bolsonaro desde que o conheceu em 2016, quando o presidente já se anunciava candidato a presidente nas eleições de 2018, ainda que ninguém levasse isso muito a sério. Desde então, Wanjgarten sempre esteve ao lado do presidente, até que em 2019, assumiu um dos postos chaves no governo que foi o comando da Secretaria de Comunicação da Presidência. Com tal função ele tinha trânsito livre a todos os outros ministérios, e acesso fácil ao presidente. Ficou por dois anos lá.

Até que, em 11 de março, o Diário Oficial da União, oficializou sua exoneração, tendo ocupado o lugar dele o almirante Flávio Augusto Viana Rocha. Havia algumas divergências internas entre Wanjgarten e outros ministros, como por exemplo, com Eduardo Pazuello, da Saúde, e Fábio Faria, das Comunicações. Obviamente a desculpa usada para sua exoneração foi outra: a de que a relação do presidente com a imprensa estava muito desgastada e que precisava ser melhorada. Verdade é que a relação do presidente não melhorou, até agora, em absolutamente nada.

Wanjgarten disse a Veja que, em setembro do ano passado, soube que a Pfizer havia enviado uma carta ao governo brasileiro com a oferta de 70 milhões de doses da vacina, que estava em avançada fase de testes nos Estados Unidos. O ministério da Saúde desconsiderou por completo a carta, nem sequer respondeu.

Foi ele Fábio Wanjgarten, que foi conversar com o presidente sobre a carta e que o presidente o havia autorizado a negociar com os fabricantes. Ele então se reuniu com diretores da Pfizer para discutir as cláusulas do contrato para a aquisição das vacinas, mas as negociações não tiveram sucesso. Segundo ele, as coisas emperraram no ministério da Saúde.

Fábio diz a Veja que se as negociações tivessem dado certo, a primeira remessa dessas vacinas teria chegado ao Brasil em dezembro do ano passado. Na mesma entrevista ele chama o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, de incompetente.

Quando questionado sobre a responsabilidade do presidente, Jair Bolsonaro, ele defendeu o presidente, dizendo que “O presidente Bolsonaro está totalmente eximido de qualquer responsabilidade nesse sentido. Se as coisas não aconteceram, não foi por culpa do Planalto. Ele era abastecido com informações erradas, não sei se por dolo, incompetência ou as duas coisas. Diziam que a pandemia estava em declínio e que o número de mortes diminuiria muito até o fim do ano”.

Não se sabe porque Fábio Wanjgarten deu a entrevista a Veja, talvez por estar ressentido com a sua saída do governo. Alguma mágoa, talvez. O fato é que, naquele momento, ele assinou sua convocação para a CPI da Covid.

De fato, os senadores viram nela uma peça importante para fazer parte do cenário da CPI e o convocaram.

Diante dos senadores, quando perguntado sobre as responsabilidades do governo, o ex-Secom,  já não se mostrou tão firme nas respostas quanto havia sido com a Veja. Parecia outra pessoa. Foi evasivo. Mentiu.

Entretanto, foi ele quem encrencou ainda mais o governo na CPI. Ele entregou a carta enviada pela Pfizer, em 12 de setembro do ano passado, consultando o governo brasileiro sobre a oferta de compras da vacina. Além do presidente Jair Bolsonaro, também receberam a carta, o vice-presidente, Hamilton Mourão, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o ministro da economia, Paulo Guedes, o então ministro da Casa Civil, Walter Braga Neto, e Nestor Foster, embaixador do Brasil nos Estados Unidos.

Wanjgarten disse aos senadores que somente tomou conhecimento da carta em 9 de novembro. Foi quando tentou engatar as negociações que não deram certo. Em certo momento do depoimento dele, Renan Calheiros ficou tão irritado, que chegou a pedir a prisão dele. O depoente só não saiu preso dali porque o presidente da CPI, Omar Aziz, não permitiu.

Depois apareceu Flávio Bolsonaro e protagonizou a cena ridícula da qual já se falou no início, na qual ele e Renan trocam ofensas. Aziz não mandou prender Wanjgarten, mas enviou o depoimento dele ao MPF para que este apure as contradições ditas por Wanjgarten durante o depoimento.

Humilhante a situação que Wanjgarten passou na CPI. Chamado de mentiroso. Mentiras que foram comprovadas ainda durante o depoimento. Foi, de certa forma, engraçado, ver o presidente da CPI, Omar Aziz, falando com Wanjgarten como um professor dando uma bronca num mau aluno que acaba de cometer um deslize: “Fábio Wanjgarten, eu quero lhe dizer, olhando para o senhor, a prisão seria o menor castigo que você vai sofrer na vida. Porque hoje, aqui, você não ficou bem com ninguém. Você entregou um documento que ninguém de nós aqui, tínhamos conhecimento. A prisão não seria nada mais terrível do que você perder a credibilidade, você perder a confiança, e você perder, principalmente, o legado que você construiu até agora. Por isso, eu lhe aconselho, quando Vossa Excelência for ser chamada para falar sobre o que aconteceu aqui hoje, procure falar a verdade. Porque eu sei que as coisas não vão parar aqui. É natural. A CPI tem desdobramentos, e os desdobramentos demoram anos, às vezes, pra sair da vida da gente. Então, vamos deixar muito claro: Vossa Excelência não pense que o pior na sua vida seria a prisão hoje. Não seria. O pior é o legado que você construiu com muito trabalho, e que você perdeu hoje aqui na CPI”.

Carlos Murillo

Na quinta-feira, Carlos Murillo, o presidente da Pfizer na América Latina, veio botar ainda mais lenha na fogueira armada por Wanjgarten. Ele disse que o Brasil recusou cinco ofertas de vacinas que poderiam ser entregues ainda em 2020. Segundo Murillo, a aquisição da vacina pelo Brasil poderia ter se tornado ainda mais fácil pelo fato de o país ter feito parte dos testes do imunizante. Ele também confirmou a afirmação feita por Fábio Wanjgarten no dia anterior de que a farmacêutica americana tinha enviando carta ao governo brasileiro em setembro do ano passado. Também confirmou que, em novembro, foi procurado por Wanjgarten, e não pelo ministério da Saúde.

O Executivo detalhou as ofertas de vacinas feitas  ao governo brasileiro, no ano passado e neste ano.

A primeira oferta de vacina foi feita no dia 14 de agosto e envolvia a quantia de 500 mil doses do imunizante em 2020 e o restante até o fim de 2021. Quatro dias depois, veio outra oferta de 1,5 milhão de doses, a serem entregues ainda em 2020, e o restante até final de 2021. Depois veio outra oferta com previsão de entrega para o início de 2021. O governo desconsiderou todas essas propostas.

Diante do colossal silêncio do governo, três meses depois, a Pfizer, em 11 de novembro, faz outra proposta de 70 milhões de doses. Novamente sem respostas, a farmacêutica renova a mesma oferta em 24 de novembro.

Em fevereiro de 2021, a Pfizer fez outra proposta de 100 milhões de doses para serem entregues a partir de abril. Foi somente em março que o governo aceitou a oferta. Então, depois de a Pfizer quase que implorar para o Brasil comprar o imunizante, e só na sétima tentativa o governo brasileiro resolveu aceitar a oferta da farmacêutica, devemos ou não considerar ou não o governo culpado de toda essa mortandade que ocorre no Brasil em relação à Covid-19? Quantas vidas poderiam ter sido salvas se o governo tivesse aceitado a primeira oferta da Pfizer e o país tivesse recebido o primeiro lote de vacinas ainda no final de 2020?

E lembrando, não podemos esquecer aqui, o esforço do governo de São Paulo, João Dória. Se não fosse a luta dele pra trazer para o Brasil a Coronavac, inicialmente, tão rejeitada e desprezada pelo presidente, a situação poderia ser ainda mais trágica.

E Pazuello, o fujão, medroso, que é feito dele?

Depois do general alegar que estava de quarentena por ter estado com pessoas que tiveram Covid, fugindo assim do depoimento que estava marcado para a semana passada, ele agora conseguiu um habeas corpus que lhe permite o direito de ficar calado na CPI. O HC foi apresentado ao STF pela Advocacia Geral da União (AGU), e o coube ao ministro Ricardo Lewandowski julgar o mérito.

André Mendonça, ministro-chefe da AGU, disse que Pazuello não pode produzir provas contra si mesmo. Se o ditado popular diz que “quem não deve não teme”, a julgar pelas atitudes de Pazuello, ele deve bastante. Deveria ser sincero, dá um depoimento técnico como fez Barra Torres. Facilitaria bem as coisas para ele. O depoimento do ex-ministro da Saúde está previsto para a próxima quarta-feira, 19, e deve ser um dos mais difíceis para o governo nesta CPI.

De qualquer modo vai se desenhando um quadro que está ficando cada vez mais nítido: havia, dentro do governo, uma assessoria paralela, que dizia para o governo fazer tudo ao contrário do que mandava a Organização Mundial da Saúde, e o próprio ministério da Saúde. Resta saber agora quem integrava essa máfia. Desconfiar a gente desconfia, mas certeza, não temos.


Bruno Covas

Este blog não poderia deixar de finalizar esta postagem sem falar da passagem do prefeito de São Paulo, Bruno Covas. O prefeito morreu precocemente, aos 41 anos, vítima de um câncer. Ele deixa um filho, o Tomás, de 15 anos.

A um ano e meio o prefeito lutava contra a doença que, quando foi descoberta, já estava em processo de metástase. Mesmo doente ainda concorreu as eleições municipais no fim do ano passado, e os paulistanos o elegeram, mesmo sabendo do problema.

Durante todo esse tempo ele lutou bravamente contra a doença. Sempre mostrando otimismo e fé. Não parou de trabalhar nem quando recebeu o diagnóstico, nem depois. Apenas quando a doença se mostrou extremamente agressiva nos últimos dias e chegou aos rins e ao pulmão, foi que ele não teve mesmo mais condições de continuar à frente da prefeitura, passando então o cargo ao vice-prefeito.

O câncer se tornou mais agressivo a partir do mês do abril, quando evoluiu muito rapidamente. Há 20 anos morria o avô de Bruno Covas (PSDB), grande político. Mário Covas também estava no front de combate quando foi vencido pela doença: ele era governador de São Paulo na época. Essa lembrança entristece ainda mais os familiares e amigos.

Agora, assume em definitivo a prefeitura da capital paulista, o vice-prefeito de Bruno Covas, Ricardo Nunes (MDB).


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Retalhos de uma semana pesada

Posted by Cottidianos on 22:02

 Domingo, 09 de maio

 


Primeiramente, vai os parabéns a todas as mamães, por mais um domingo de maio, Dia das Mães. Data comercial, pois na verdade, mãe é amor, e amor não tem dia dedicado a ele, todos os dias é dia do amor, todos os dias, portanto, é Dia das Mães. Sempre e em qualquer tempo e hora, é de dia de abraça-las, beijá-las, presenteá-las.

Esses anjos que Deus colocou em nossas vidas para nos acompanhar, nos cuidar, em todas as horas, momentos e segundos.

Algumas fogem a essa regra, mas graças a Deus, são exceções, como a mãe do menino Henry, 4 anos. Essa semana, Monique Medeiros da Costa, e Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, respectivamente, mãe e padrasto de Henry, viraram réus perante à Justiça pelo crime de homicídio triplamente qualificado. Além disso, o casal também foi denunciado pelos crimes de tortura, fraude processual, e coação de testemunhas. O menino Henry morreu no dia 08 de março. A mãe não torturou o menino, mas não agiu para que o pior acontecesse. Ela sabia das agressões que o companheiro fazia contra o filho dela, mas não fez nada para impedir, nem afastou o menino da convivência perniciosa com o padrasto.

O que tem de incomum e que freia a maré de beijos e abraços que os filhos costumam dar em suas mães neste dia é que, aqui no Brasil, infelizmente, ainda estamos reféns desse tsunami chamado Covid-19. Alguns filhos poderão fazer isso, outros não. É preciso paciência. Pois ninguém, no afã de beijos e abraços, vai querer que este seja o último dia das mães.

Dito isto, prossigamos.

Semana que passou foi uma semana pesada. Aliás, faz tempo que, aqui no país, não temos uma semana de fato leve. Se antes os noticiários pipocavam com as denúncias de roubo aos cofres públicos liderado pelo PT, hoje nos vemos às voltas com o pensamento torto da extrema direita, radical por excelência, e com as ameaças contra democracia feitas por Jair Bolsonaro e sua legião de seguidores.

                                                                                Paulo Gustavo

Na terça-feira, 04, recebemos a triste notícia do falecimento do ator Paulo Gustavo. Uma grande perda para o humor brasileiro. Mais uma vítima da Covid-19. Paulo foi o criador da mãe explosiva, super protetora, e super amada, Dona Herminia, e de muitos outros personagens inesquecíveis. O ator era como o Midas: tudo o que tocava, virava ouro. Era sucesso de crítica e de público no teatro, no cinema, e na TV.

Estava internado desde o dia 13 de março, no hospital Copa Star, Copacabana, Zona Sul do Rio. Ele era casado com o médico Thales Bretas. O casal havia realizado o sonho de ser pais de dois lindos meninos, Romeo e Gael, de 1 ano e nove meses, através da técnica de fertilização in vitro e gestação por meio de duas barrigas de aluguel. Os bebês nasceram nos Estados Unidos.

O “furacão” Paulo Gustavo, como diz o marido dele Thales Bretas, nos deixou no auge da carreira. O mais triste de tudo isso, é que a morte do humorista, bem como de tantos outros milhares de brasileiros e brasileiras mortos pela doença, poderia ter sido evitada, se nós tivéssemos tido um presidente da República capaz de fazer um bom trabalho de coordenação e combate à pandemia, bem como de ter comprado as vacinas necessárias e disponíveis no mercado com antecedência.

                                                        Crianças vítimas em ataque á creche

Também na terça-feira, 4, o horror visitou uma creche em Saudades, oeste de Santa Catarina. Na manhã daquele dia, um jovem de 18 anos invadiu uma creche, e armado com um facão e uma faca golpeou a professora e algumas crianças da mais tenra idade.

As vítimas desse brutal crime foram: Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, professora; Mirla Amanda Renner Costa, de 20 anos, agente educacional na escola; Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses; Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses; Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses.

Uma criança de 1 ano e 8 meses também foi atingida pelas facadas, mas conseguiu sobreviver. Foi internado no Hospital Regional do Oeste, na cidade de Chapecó. Passou por uma cirurgia, mas já recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva onde estava desde o fatídico dia. A criança recebeu golpes nas bochechas, nos lábios, na barriga, e teve ainda uma perfuração nos pulmões. Um sobrevivente.

O assassino tentou tirar a própria vida golpeando-se a si mesmo, mas foi detido pela polícia e levado para o hospital. A polícia está ouvindo testemunhas e reunindo provas para tentar entender o motivo do crime. O assassino, um jovem de 18 anos, foi indiciado pelo crime de homicídio triplamente qualificado, além de tentativa de homicídio do bebê que sobreviveu. Motivo torpe, utilização de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas e a utilização de meio cruel, são as qualificadoras do crime.

Pensávamos que tinha chegado ao fim a escalada de más notícias quando, quinta-feira, 06, o país foi surpreendido pela desastrosa operação policial que resultou na morte de 29 pessoas da comunidade de Jacarezinho, Rio de Janeiro.



A Polícia Civil do Rio de Janeiro fazia uma operação contra o tráfico de drogas naquela comunidade. A operação Exceptis também investigava o aliciamento de crianças e adolescente pelo crime organizado.

Quando a força policial chegou à comunidade, o inspetor de polícia André Leonardo de Melo Frias foi morto com um tiro na cabeça. É provável que, e isso é uma dedução desse blog, os policias tenham perdido completamente o controle da racionalidade e, tomados de ódio pela morte do companheiro, partiram para a barbárie. 

Segundo relatos estarrecedores feitos por moradores nas redes socais o clima foi de execução. Como policiais invadindo casas de moradores e atirando em pessoas que já estavam rendidas. Tiros à esmo também eram disparados pelos PM’s. Dois passageiros que estavam dentro de um vagão do metrô também foram atingidos pelas balas disparadas pelos policiais. Os dois sobreviveram. Um homem foi atingido com um tiro no pé. Policias também ficaram feridos no confronto.

Cerca de 48 horas depois do ocorrido os nomes de todos os mortos não havia sido divulgado pela polícia. Os PM’s também levaram tempo exageradamente grande para levar os corpos das vítimas ao Instituto Médico Legal, IML.

Os policias dizem que todos os mortos eram bandidos. Até agora não se sabe a verdade de fato. Quem eram essas pessoas. Mesmo que todos fossem bandidos, o certo é que a polícia não pode agir como grupo de extermínio. Grupo de extermínios são formados por bandidos, os julgamentos feitos por eles são feitos à revelia da lei. A polícia tem um caminho a seguir que é o de investigação, de prisão. Aliado ao trabalho da justiça que é de julgar e condenar.

Além do mais, eles estavam numa comunidade onde existem pessoas que se levantam cedo, todos os dias, para trabalhar, estudar, fazer compras, enfim, para realizar as mais diversas atividades que uma pessoa normal faz em qualquer parte do país, ou do planeta.

A operação feita pela polícia em Jacarezinho foi estudada, pensada, organizada, durante 10 meses. Imaginem então, se fosse organizada então em apenas um mês. 10 meses para fazer uma operação policial que mais merece o nome de massacre.

Além do mais, a droga não vai deixar de entrar nas comunidades cariocas porque ações como a de Jacarezinho são feitas. Ao contrário de ajudar, só atrapalha o combate ao crime ao crime organizado, pois os bandidos se unirão para se fortalecer ainda mais, e a polícia também perde o respeito e o apoio da comunidade.

O estado precisa chegar às comunidades carentes do país, aos morros e favelas, com ações de política pública para essas comunidades, mais que com polícia. Se o estado abraçasse essas comunidades não haveria tanta violência. Mas o que a pandemia nos revelou? Que nesses lugares as pessoas carecem, muitas vezes, até de água e sabão para as necessidades básicas. Imaginem então os caros leitores e leitoras o restante.

Impressionante foi ver as hordas bolsonaristas nas redes sociais louvando o ato. Seduzidos pelo mal, elas parecem ter se esquecido que precisamos viver em uma sociedade civilizada e que não podemos retroceder a barbárie.  Uma gente que não entende que violência apenas gerará mais violência. Para sair desse circulo vicioso em que entramos na questão da segurança pública e no combate ao crime organizado é preciso elaborar políticas de segurança pública inteligentes, que identifiquem as raízes do problema, desmantelando as quadrilhas, identificando os pontos de venda de drogas, impedindo que milhões de reais circulem por esse meio sórdido.


                                                           Juliete Freire, vencedora do BBB 21


Acho que a semana só foi mesmo boa, coroada de êxito, para Juliete Freire, vencedora do BBB 21. A paraibana entrou no reality show sem nada e saiu com R$ 1,5. Mais ainda, ela tinha pouco mais de 3.000 seguidores nas redes sociais. Depois do programa, a advogada e maquiadora já acumula 28 milhões de seguidores apenas no Instagram. Nada mal. Isso lhe renderá muito contratos, e, portanto, mais dinheiro. E pensar que nas primeiras semanas ela foi considerada pelos participantes do BBB 21 como vilã.

Em termos de redes sociais a moça pode ser considerado um fenômeno na história do reality show. Sem contar que ela foi eleita vencedora do programa sendo quase uma unanimidade. 90,1% dos votos. O restante dos votos foi divido entre Camilla de Luca, em segundo lugar com 5,23% dos votos, seguida de Fiuk, em terceiro, com 4,62% dos votos.

O BBB 21 também já é considerado a edição de maior sucesso da história do reality em termos de público e de faturamento. O reality show exibido pela Globo merece um estudo, pois em 21 edições, quando você pensa que ele vai definhar ele se reinventa, e ressurge glorioso. Enfim, terminado o BBB 2, temos uma nova namoradinha do Brasil: Juliete Freire. Estávamos mesmo precisando de uma nova namorada para o Brasil, afinal a antiga namorada, Regina Duarte, parece ter se tornado fora de moda e confusa das ideias.



Essa semana, também a CPI da Covid decolou de vez. Os trabalhos no Senado para averiguar a responsabilidade do governo federal no combate a pandemia começaram a todo vapor.

E o caminho que vai se desenhando até aqui é aquilo que a gente já sabia: o presidente Jair Bolsonaro agiu deliberadamente para o espalhamento do vírus país afora, ceifando milhares de vidas que poderiam ter sido poupadas.

Os depoimentos começaram na terça-feira, 44, com o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Longos tem sido os depoimentos na CPI. O de Mandetta durou sete horas. Nele, o ex-ministro falou criticou a atuação do presidente no combate à pandemia, falou da cloroquina, remédio ineficaz contra a Covid-19 que Bolsonaro, ainda hoje, defende enfaticamente. E como era de se esperar, Mandetta defendeu a vacina como solucionadora do problema.

As coisas vão se desenhando, tomando forma, ficando mais fácil da gente entender. Por exemplo, por que Bolsonaro dizia uma coisa em um dia e no outro fazia tudo diferente.

Mandetta disse que havia uma orientação paralela, algo como um Ministério da Saúde paralelo atuando contra aquilo que atestava a ciência. O ex-ministro disse que orientava o presidente da gravidade do problema, que eram necessárias medidas mais duras como as sugeridas pela OMS que são o distanciamento social, uso de máscaras, e álcool gel. Ele também falava com o presidente sobre o perigo do uso de medicamentos de eficácia não comprovada contra a Covid-19.

Naquele momento em que lhe estavam sendo transmitidas as orientações, o presidente parecia compreender. Pelo menos, não questionava, nem tencionava agir em sentido contrário. Passados alguns dias, entretanto, diz o ex-ministro, o presidente adotava posturas completamente diferentes daquelas propostas pelo Ministério da Saúde. Parecia haver uma orientação paralela, diz Mandetta, que fazia com que o presidente se desviasse das normas corretas para o enfrentamento da pandemia.

Outra coisa que já era sabida, mas não afirmada ainda em depoimento oficial era a de que os filhos do presidente davam as cartas no governo. Mandetta disse ter visto o vereador, Carlos Bolsonaro, participando de reuniões ministeriais, e que Eduardo Bolsonaro, atrapalhou, por questões puramente ideológicas, as negociações com a China e que tratavam do envio de insumos ao Brasil para a produção de vacinas.

Mandetta disse também ter enviado uma carta ao presidente na qual alertava para o fato de que as coisas poderiam fugir ao controle, se nada fosse feito.

Na quarta-feira, 5, foi a vez de Nelson Teich ser ouvido. Ele disse que resolveu deixar o cargo de ministro da Saúde, depois de o presidente Jair Bolsonaro insistir na defesa da cloroquina como tratamento contra a Covid. O depoimento de Teich deixa claro que o presidente não queria um ministro da Saúde para resolver o problema, queria um ministro de fachada que aceitasse os seus delírios.

E Pazuello aceitou esse papel com pompa e circunstância. Um homem que não era da área da saúde, mas que se acreditava, entendia de logística. No fim o general revelou-se um completo fracasso. Não entendia de logística, muito menos de saúde. Apesar disso, foi a fachada perfeita para Bolsonaro fazer tudo o contrário do que a ciência recomendava. Tanto é que o primeiro ato de Pazuello como ministro da Saúde foi fazer o que os dois ministros anteriores, Mandetta e Teich não quiseram fazer, e, por isso, saíram do ministério: mudar o protocolo da cloroquina.

Por falar em Pazuello, onde está ele? Depois do depoimento de Teich seria a vez de Pazuello ser ouvido na CPI, mas o ex-ministro saiu pela tangente. Como aqueles alunos de escola que, quando não sabem da matéria, e sabem que terão dificuldade na realização da prova, apresentam o atestado médico, o general Pazuello usou como desculpa para não ir a CPI, o fato de que havia tido contato com generais do Exército que haviam contraído Covid.

Quem acreditaria nessa versão de Pazuello, sendo que ele dias antes, passeou por shopping de Manaus, tranquilamente, sem o uso de máscara? Em outubro do ano passado, Pazuello foi diagnosticado com Covid. E esse fato é emblemático para se entender o que acontecia no ministério da Saúde, não o fato de Pazuello ter tido Covid, mas o que aconteceu depois.

Já em casa, o general recebeu a visita do presidente Jair Bolsonaro, os dois conversaram, sem máscaras, muito próximos um do outro. Na ocasião, o general disse estar tomando o chamado kit covid, formado pelos medicamentos hidroxicloroquina, azitromicina e nitazoxanida.

O fato emblemático a que me referi se deve ao fato de que naquele período, mais precisamente no dia 20 de outubro, o general Pazuello, anunciou que a compra de 46 milhões de doses da Coronavac. Os governadores elogiaram a ação de Pazuello. Quem não gostou nenhum pouco disso foi o presidente Jair Bolsonaro.

Ele politizou algo tão importante para a saúde dos brasileiros, dizendo dessa forma: “A vacina chinesa de João Doria, qualquer vacina antes de ser disponibilizada à população, deve ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, disse o presidente, um dia depois do anúncio da compra da vacina.

Foi no mesmo dia 21 que Bolsonaro visitou Pazuello, e os dois conversaram sem máscaras. Foi nesse encontro que Pazuello como subalterno subserviente ao presidente, disse “Um manda e outro obedece”, deixando claro o que acontecia no MS. Quem mandava não era Pazuello, mas o presidente. Se Pazuello, realmente, prezasse a farda que veste, e se preocupasse um pouco que seja, com a saúde dos brasileiros, teria deixado o cargo naquele momento mesmo.

Ainda durante a semana, depois de anunciar que não iria depor na CPI por estar em quarentena, Pazuello recebeu Onix Lorenzoni.

É estranho não? Em três momentos significativos o ministro desprezou a recomendação de distanciamento social, mas exigiu essa prerrogativa logo que foi convidado para depor. Ele apenas mostrou-se um general covarde que foge de batalhas.

Por fim, veio o depoimento do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Queiroga também não fez jus ao diploma de médico, nem ao cargo que ocupa. Ele se esquivou o tempo todo das perguntas dos senadores, na clara tentativa de proteger o chefe. Mais uma vez ficou claro que o que importa é blindar o presidente, e não proteger a saúde do povo brasileiro. Também mais uma vez ficou claro que não temos um ministro da saúde de verdade.

Em meio a tudo isso, Bolsonaro voltou a usar com intensidade a sua tática de vociferar, ameaçar, esbravejar, sempre que se encontra em situações complicadas. Foram várias ameaças feitas por ele a democracia e ataque às medidas de restrições sociais adotadas pelos governadores.

Hoje, mesmo, domingo, 09, o presidente reuniu centenas de motoqueiros em Brasília, e mandou novamente às favas, o distanciamento social e o uso de máscaras, se não se preocupou com estes dois itens, imagina então o álcool gel. Ele foi mais longe ainda: disse que espera fazer outros passeios como o de hoje em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, e Belo Horizonte. Mais uma aglomeração e mais uma vez afronta a ciência por um governo que não dá a mínima para ela.

Olhando para a Folha Online de hoje, não tem como não parar para pensar em duas notícias mostradas em destaque. Na capa, digamos assim, que é a matéria com maior título e mais destaque, está a chamada da matéria que diz: “Bolsonaro ignora regras sanitárias e gera aglomeração com motoqueiros em Brasília”. O título de outra matéria, logo abaixo da citada anteriormente, diz: “'EUA estão dobrando a esquina da pandemia', diz coordenador de Covid da Casa Branca​”.

Daí fiquei pensando: se fosse Donald Trump que ainda estivesse na presidência será que os Estados Unidos estariam em uma posição tão confortável em relação à pandemia? Certamente, que não. Hoje há um Joe Biden com vontade de resolver o problema. Em livrar o país dessa praga terrível que é o coronavírus, e, assim, trazer de volta, a tranquilidade aos americanos. Trump, provavelmente, ainda estaria preocupado em provocar bravatas inúteis. Que não levam ninguém a lugar algum.

É o que acontece no Brasil. Temos um louco e insensato na presidência que continua negando o óbvio e continua pregando o absurdo. Preocupado com bravatas inúteis e inimigos imaginários. Enquanto os Estados Unidos, e mais alguns países enxergam a luz no fim do túnel, dobram a esquina da pandemia, nós aqui no Brasil, ainda estamos mergulhados nas trevas da ignorância, e vendo a esquina da pandemia ainda bem longe.

E ainda corremos o risco de enfrentar uma terceira onda ainda mais forte que a segunda. É, realmente, de assustar. E de envergonhar também. Enquanto isso, alguns tolos e idiotas ainda saem por aí aos gritos de mito, e jogando flores em ídolos de pés de barro.


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