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Ciclos da democracia

Posted by Cottidianos on 00:27
Terça-feira, 21 de agosto


            

Então estou triste e estou fora
Mas assim são muitos outros
Então eu sinto vontade de esconder
Minha cabeça embaixo dessas cobertas
A vida é como as estações
Depois do inverno vem a primavera
Então eu vou manter esse sorriso por um tempo
E ver o que o amanhã traz

Eu tenho dito e acredito
Que a vida é para viver
E mesmo quando minhas fichas estão baixas
Ainda há algumas para dar
Eu estive em muitos lugares
Talvez não tanto quanto você
Então eu acho que vou ficar por um tempo
E ver se alguns sonhos se tornam realidade
E ver se alguns sonhos se tornam realidade


Essa é a letra de Cicles (Ciclos), canção escrita por Judith Caldwell, e brilhantemente interpretada por Frank Sinatra. Se há algum erro na tradução, perdoem-me, o erro não foi meu, mas, sim do tradutor online.
Enfim, o que é a vida senão ciclos? Nascemos, crescemos, envelhecemos, morremos, renascemos. A natureza como parte inseparável da vida também possui seus ciclos: primavera, verão, outono e inverno. Ciclos da natureza que, infelizmente, o homem tem constantemente alterado ao longo dos anos.  
Todos esses raciocínios desaguam no livro bíblico do Eclesiástico, capítulo 3, versículos 1 e 2, que diz: Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus. Tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e tempo para arrancar o que foi plantado.
A dinâmica da vida inteira é toda ela de ciclos, renovação, que por sua vez, nos transmite a idéia de movimento. Se há uma palavra que pode definir com exatidão a vida é esta: movimento. Ela é um rio de água corrente, e não um lago de águas paradas. 
Falando de futebol, entramos em um novo ciclo. Tite acaba de fazer a primeira convocação depois da Copa do Mundo, na Rússia. A convocação foi anunciada na sexta-feira, 17. A agenda que marca esse novo começo já tem duas datas definidas, para dois amistosos: 07 e 11 de setembro, contra as seleções dos Estados Unidos e El Salvador, respectivamente.
A novidade na lista é a convocação de jovens jogadores que não apareciam nas listas anteriores, como por exemplo, Lucas Paquetá, Hugo, Dedé, Felipe, Fabinho, Andreas Pereira e Everton.
Não vai aqui a lista completa por não ser esse um artigo que irá falar sobre futebol. Mas o leitor, se desejar, pode fazer suas consultas online a esse respeito.
Pensemos na estrutura do mundo futebolístico e na sua lógica e estrutura de funcionamento. Lá tem uma equipe que é treinada por um técnico. Este escolhe os seus atletas para cada posição de acordo com seu nível de habilidades e capacidades para desempenhar aquela função.
Há uma exigência muito grande por parte da torcida, dos dirigentes do clube, dos patrocinadores para que tudo funcione a contento, ou seja, mostre resultados. Em se tratando da seleção de um país, as exigências e cobranças são ainda maiores. Todos ficam de olho em quem o treinador irá convocar. O que não falta é torcedor para dar palpites e, dificilmente, a lista de jogadores convocados consegue agradar a todos.
Não se convoca para a seleção ou para campeonatos importantes, os pernas-de- pau. Para estas competições, os melhores são escolhidos cuidadosamente. Afinal, o objetivo é ganhar o campeonato, ou se não ganhar, pelo menos não fazer feio perante as outras equipes. Para aquele que quer triunfar, não há outro caminho: é preciso muito treino, dedicação, sacrifícios, e vontade de vencer.
Transpondo todas essas questões para o mundo político temos todas essas funções distribuídas de modo diferente.
Na Copa do Mundo da democracia, o processo eleitoral, considerado como um todo seriam as preliminares, os amistosos, que levam a formação das fases de grupo, quartas de final e semifinais.
É nessa fase que os candidatos se esforçam por, digamos assim, mostrarem serviço falando de suas propostas de governo, suas promessas de mudança ou de continuidade, conforme o governo que está em exercício seja bom ou ruim.
Depois de vencidas todas essas etapas vêm a semifinal que é eleição em primeiro turno aonde os brasileiros irão às urnas para a escolha de seus candidatos. Antes, essa era uma fase que empolgava a todos. Hoje em dia, com tantas falcatruas cometidas pela classe política, grande parte da população não se sente tão à vontade para ir às urnas e escolherem aquele(s) que querem que a represente.
Após isso, vem a grande final da Copa da Democracia que é o segundo turno, momento este em que os brasileiros escolherão, de fato, no caso da presidência da República, aquele que de fato foi o escolhido pela maioria.
E o técnico nesse processo todo? É importante a figura do técnico?
Todos, em algum momento, creio, já acompanharam um jogo decisivo, no qual a equipe A, jogando contra a equipe B, perdia, e perdia feio o jogo. Nem os próprios jogadores, nem a torcida acreditava mais que fosse possível uma virada na partida. Porém, bastou apenas que o treinador acreditasse. Que mudasse outro jogador de posição que tirasse esse e substituísse por aquele que estava no banco para que a equipe B, que perdia o jogo, conquistasse uma vitória espetacular sobre a equipe A.
Quem disse que técnica não ganha jogo? Ganha, sim. E muitos jogos. Isso se ele tiver uma visão clara e definida de todo o conjunto do próprio time e também da dinâmica de jogo, e dos pontos fortes e fracos da equipe rival.
O mais interessante é que o técnico, na maioria das vezes, nem aparece na foto. Não tenho lembranças de ver em nenhum campeonato, o técnico subir ao pódio e erguer a medalha. Quem sobe no pódio e ergue troféu consagrado ao campeão, é a equipe.
Ah, mas como foi fundamental a atuação, a dedicação, e suor derramado pelo técnico para que aquela conquista fosse alcançada... Quantas horas de planejamento, de decisão, de ver que era melhor para esta ou aquela posição...
Pensemos em cada um de nós, eleitores, como um técnico. E tenhamos a consciência de que é um campeonato importante que está em jogo. O troféu de campeão e a medalha de ouro, nesse caso, é mais que isto, é o nosso futuro enquanto gente, enquanto nação.
À seleção brasileira há tempos joga, mas não convence. Joga, é verdade, mas joga um futebol, morno, sem paixão, sem vibração. Que o digam as últimas duas Copas do Mundo disputadas pela seleção canarinho... Melhor nem falar nisso, não é verdade?
Nós também, enquanto eleitores, há tempos não jogamos uma bola pro gol. Será que não estamos sabendo escalar o nosso time? Por que estamos no jogo da democracia? E quando digo jogo da democracia, não falo apenas e tão somente da soberania e do funcionamento das instituições. Falo de sua essência, qual seja, o povo. Onde está o respeito que os mandatários do nosso ato de votar estão tendo para conosco, eleitores?
Ou será que os craques que estamos escalando nos estão enganando? Isso pode até ter ocorrido no passado, mas no presente? Agora temos muito informações do submundo da política do que jamais tivemos antes? E aí, o que vamos fazer com ela? Jogá-la no lixo do esquecimento? Ah, as promessas? Ainda nos encantaremos com elas? Será que seremos, novamente, novamente, e novamente tão ingênuos?
A corrida eleitoral já começou de fato. Há candidatos prometendo o céu aqui na terra. Outros prometem isso e aquilo, mas não falam onde arranjarão recursos para tais coisas.
Acordemos eleitores brasileiros, não é hora de dormir. Nem muito menos hora de fechar os olhos a tudo que acontece em nosso país.
O nosso país está tão de cabeça para baixo, o nosso povo tem sido tão judiado, enganado, traído, e o medo é esse. O perigo é que a magoa causada pela traição, nos jogue nos braços de um aventureiro qualquer, desses que prometem ser a solução para o caos, e que vão impor a lei e a ordem. Muito cuidado com essas promessas de trazer de volta a lei e a ordem, pois  elas podem levar embora a nossa liberdade democrática, tão duramente conquistada.
Depois não adianta chorar. Por que depois que entrarmos num casamento que mais parece uma ditadura, podemos acabar chorando lágrimas amargas, e para sair desse rolo pode demorar muito tempo...
Sem dúvida, essa é uma das eleições mais pitorescas que o brasileiro já viveu. Nunca foi tão grande a indecisão, nunca foi tanta a dúvida, e nunca foi tão confuso o cenário.

Como já foi dito a corrida presidencial começou. 13 partidos registraram candidaturas para a presidência da República. Foram eles;

Alvaro Dias (Podemos)
Vice: Paulo Rabello de Castro (PSC)   
Partidos da coligação:  Podemos, PSC, PRP, PTC

Cabo Daciolo (Patriota)
Vice: Suelene Balduino Nascimento
Partidos da coligação:  Patriota

Ciro Gomes (PDT)
Vice: Kátia Abreu (PDT)
Partidos da coligação: PDT, Avante

Geraldo Alckmin (PSDB)
Vice: Ana Amélia Lemos (PP)
Partidos da coligação: PSDB, PP, PTB, PSD, SD, PRB, DEM, PPS, PR

Guilherme Boulos (PSOL)
Vice: Sônia Guajajara (PSOL)
Partidos da coligação: PSOL, PCB

Henrique Meirelles (MDB)
Vice: Germano Rigotto (MDB)
Partidos da coligação: MDB, PHS

Jair Bolsonaro (PSL)
Vice: Antonio Hamilton Mourão
Partidos da coligação: PSL, PRTB

João Amoêdo (Novo)
Vice: Christian Lohbauer (Novo)
Partidos da coligação: Novo

João Goulart Filho (PPL)
Vice: Léo Alves
Partidos da coligação: PPL

José Maria Eymael (DC)
Vice: Helvio Costa (DC)
Partidos da coligação: DC

Lula (PT)
Vice: Fernando Haddad
Partidos da coligação: PT, PC do B, PROS, PCO

Marina Silva (Rede)
Vice: Eduardo Jorge (PV)
Partidos da coligação: Rede, PV

Vera Lúcia (PSTU)
Vice: Hertz Dias
Partidos da coligação: PSTU

E que sejamos mais felizes nesse novo ciclo que começará em nosso cenário político para o ano que vem... Espera-se que, dessa vez, saibamos escalar o time que nos levará a vitória nesse campeonato tão importante chamado democracia.

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Deus e o diabo na terra do consumo

Posted by Cottidianos on 00:31
Segunda-feira, 06 de agosto


E Deus?
Deus e o Diabo na Terra
Sem guarda-chuva, sem bandeira, bem ou mal
Ninguém destrói essa guerra
Plantando brisa e colhendo vendaval
Não sou nenhum São Tomé no que eu não vejo
Eu ainda levo fé
Eu quero a felicidade
Mas a tristeza anda pegando no meu pé

(Santa Fé – Moraes Moreira)


Nas sociedades antigas, ao se falar de religiosidades e das forças que regem o universo, não havia grandes problemas para decidir por onde caminhar. Havia duas opções bem claras: deuses e diabos, bem e mal.
Na ficção, épicas batalhas foram travadas entre essas duas forças. No plano do real, essas batalhas foram e estão sendo travadas, mas elas nos escapam à compreensão pelo fato de que desconsideramos que existe um universo paralelo que independe de acreditarmos nele ou não. E essa ignorância por parte dos seres humanos é que nos faz ignorar que muitas das batalhas que perdemos ou ganhamos no plano terrestre foram travadas primeiro pelas forças do plano espiritual.
Na sociedade atual, os deuses e diabos evoluíram, sofisticaram-se. Ela incorporou um elemento que, na verdade, já estava presente entre as sociedades desde tempos imemoriais: o consumo. Afinal, os povos de todas as sociedades precisaram consumir algum produto, e para adquiri-lo, precisaram comprar ou trocar, se não os possuía, sem, contudo, se tornarem escravos dessas transações.
Porém, os avanços de produção do sistema capitalista, intensificados ao longo do século XX, trouxeram junto consigo a chamada sociedade de consumo. Na verdade todo esse sistema é um moinho que gira em torno do aumento do consumo e das margens de lucro, sendo estes fatores determinantes do desenvolvimento econômico e social das sociedades modernas. Olhando um pouco mais para trás, pode-se afirmar que, na verdade, a chave mágica que abriu as portas do consumismo foi a Revolução Industrial, que transformou os processos de produção e de produtividade, tornando possível a que classes da base da pirâmide pudessem adquirir produtos que antes eram restritos apenas as classes mais abastadas.
A partir daí o consumismo, como enxurrada que desce com força do alto das cachoeiras, veio rolando morro dos tempos abaixo para as sociedades posteriores, chegando a já citada sociedade do consumo. Junto com esses conceitos surgiu também o mercado. Essa entidade que dita as regras do mundo econômico.
Nos céus do consumo, o consumismo é ao mesmo um tempo um deus e um diabo. Já não nos é tão fácil, como nos tempos antigos, fazer a escolha. Como escolher entre duas opções quando lidamos com um ser mutante.
Ainda olhando para o passado, conta uma anedota que o sábio filósofo, Sócrates, ao passar pelo mercado público notou a correria e a angústia das pessoas por comprar coisas. Então o sábio filósofo parou, e olhando toda aquela cena, disse aos seus discípulos: quanta coisa de que não preciso.
Todos nós giramos junto com as pás desse moinho. Não há como dizer: não sou consumista. Em maior ou menor grau todos consumimos algum produto. Então somos consumistas, não há como negar. A diferença é que uns são escravos dele e outros não.
O consumismo se torna um deus quando o usamos de forma consciente, escolhendo, por exemplo, os produtos que nos proporcionam uma boa dieta, uma alimentação saudável, e até mesmo ao escolher da parafernália eletrônica que nos facilita executar com mais facilidade nossas tarefas diárias.
Ao contrário, ele se torna um diabo, quando nos torna escravos de padrões, como, por exemplo, os ditados pelo mundo da moda e da beleza. Esse universo vende a idéia de que para ser belo, ou bela é preciso seguir os padrões estabelecidos. No caso das mulheres, é vendida a idéia de que é preciso ter os cabelos dessa ou daquela maneira, os seios e o bumbum desta ou daquela forma.
E, se assim não for, a mulher está à margem de uma vida plena e feliz. O diabo do consumo está a todo o tempo dizendo para as mulheres: ignore os efeitos do tempo sobre o corpo. Você pode manter seu corpo eternamente belo. Veja as ninfas que habitam as capas das revistas, os anúncios publicitários, você pode ser como elas — escondendo delas que, na maioria das vezes, o segredo daquelas beldades é os truques gráficos de edição de imagem que fazem surgir aquelas miragens.
E lá vão as mulheres como loucas a procurar as tais soluções mirabolantes prometidas pelo diabo sedutor do consumo. Cegas, e em busca do cabelo perfeito, do seio perfeito, do bumbum perfeito, enfim, do corpo ideal, elas, muitas vezes, flertam com a morte, ao se entregarem nas mãos de profissionais não especializados, e em locais não apropriados para realizarem tais procedimentos estéticos que se prometem milagrosos.
Lilian Calixto
Em meados do mês passado, o Brasil acompanhou o caso da gerente de banco, Lilian Calixto. Ela foi uma dessas mulheres que correu em busca da promessa do corpo perfeito e encontrou a morte.
Profissional bem sucedida, jovem e bonita, Lilian morava em Cuiabá. Através das redes sociais, sempre cheia de atrativos, promessas, e também perigos, conheceu Denis César de Barros Furtado, que se apresentava como “Dr. Bumbum”. Com mais de 600 mil seguidores no Instagram, ele relatava casos de intervenções cirúrgicas de sucesso. Fazia cerca de seis meses que ela acompanhava Denis pelo Instagram, até que conseguiu reunir o dinheiro necessário para fazer o implante nos glúteos que tanto desejava, e também implantar um chip que funcionaria como implante hormonal, em razão da menopausa. A bancária fez tudo isso sem que a família tivesse conhecimento das tratativas dela com o Dr. Bumbum.
Acertou tudo com Denis pelo WhatsApp e, na manhã de sábado, 18 de julho, viajou ao Rio de Janeiro, dizendo a família que faria apenas a implantação do chip para controle hormonal, um procedimento cirúrgico sem complicações, e que retornaria no mesmo dia para Cuiabá, escondendo que faria também um implante nos glúteos.
Antes de tais procedimentos, o médico a havia dito que as intervenções seriam feitas em Brasília, onde possuía uma clínica, mas poucos dias antes dos procedimentos, ele a comunicou a mudança de planos e que tudo seria feito na capital carioca.
Em vez de uma clínica, a paciente foi atendida no apartamento do médico, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio — prática condenada pelo Cremerj (Conselho Regional de Medicina do estado). Após a intervenção, a paciente passou mal, e foi levada pelo próprio Denis a um hospital em estado extremamente grave, vindo a falecer na madrugada de domingo, 15.
Denis Furtado, a namorada dele, Renata Fernandes, e a mãe de Denis, Maria de Fátima Furtado, que estavam no apartamento e participavam ativamente dos processos cirúrgicos estão presos.
Após, a revelação do caso da bancaria Lilian Calixto, surgiram outros casos semelhantes de procedimentos cirúrgicos estéticos praticados também por profissionais desqualificados e em lugares idem. O que chama a atenção é o deboche como estes profissionais — se é que podem ser chamados assim — tratam suas pacientes, mesmo quando elas relatam não estarem se sentindo bem após os procedimentos.
Acho que, a partir do caso da bancária Lilian Calixto, fica a lição de que é preciso ter o discernimento para reconhecer quando o consumismo se apresentar para nós disfarçado de deus com promessas de beleza eterna. Às vezes, a sedução é tanta que não se atenta nem mesmo para o lugar onde será realizada a ação. Um procedimento cirúrgico num apartamento? É preciso pensar. Procedimentos cirúrgicos são feitos em hospitais com recursos suficientes, para, no caso de alguma coisa sair fora de controle, ter um equipe preparada e disponível para sanar o problema.
E o discernimento é necessário não apenas em procedimentos estéticos, mas na vida diária. Quando o diabo sedutor do consumo bater à sua porta com suas promessas mirabolantes e oferecendo produtos mágicos, é preciso pensar: preciso realmente disso, nesse momento de minha vida? Se já possuir o que é oferecido é preciso pensar: Não posso continuar usando as coisas que já tenho? Por que preciso de um produto novo se o antigo funciona e bem?

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