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As frituras de Bolsonaro

Posted by Cottidianos on 00:23

 Terça-feira, 18 de junho




Ah, frituras! Maravilhosa técnica milenar que consiste em mergulhar alimento em óleo, ou outro tipo de gordura. Quanto mais tempo no óleo, melhor. Quem é que resiste àquela batatinha frita, saborosa e quentinha!… Aquele salgadinho de festa!… E aquele bife feito com carinho na frigideira?!
Comidas fritas são deliciosas, porém, dizem os nutricionistas, não se deve abusar delas. Pois ao longo do tempo, elas vão desgastando o organismo. E o preço cobrado pelo corpo são as doenças vasculares, hipertensão, desenvolvimento de cancer, má absorção de nutrientes, e várias outras.
Assutou-se com o abuso decorrente do uso dos alimentos fritos? Calma. Não é necessário cortar de vez os fritos, principalmente se eles lhe aprazem. Basta apenas passar a adotar o uso moderado desses alimentos. Passar a degustar também os grelhados e assados. Eles também são deliciosos!… E mais saudáveis.  
O presidente Jair Bolsonaro também gosta de fazer frituras. A especialidade dele? Fritar ministros. Ah, como ele adora esse prato. Ele gosta de fritá-los em fogo brando, para ir queimando aos poucos, e quando a fritura já está passando do ponto, eis que é hora de tirá-la da panela. Essa é a receita. E não é invenção desse blog. Ela veio da boca do próprio presidente, como outras palavras, é claro.
Em uma conversa, na sexta-feira, no último dia 14 de junho, durante o café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto, o presidente revelou seu método sádico. Ele disse que antes de demitir um funcionário cujo desempenho não esteja lhe agradando, é preciso deixar a pessoa se enrolar um pouco, no dito popular isso se chama “dar linha na pipa”. Dar linha na pipa de alguém significa dar liberdade a uma pessoa para ver até onde ela vai com suas atitudes ou conversas.
Para o leitor entender melhor o contexto, o presidente falava do filho, Carlos Bolsonaro, que já causou algumas situações bastante constrangedoras para o governo através de sua atuação nas redes sociais. O presidente dizia que o filho é mais “imediatista” nos resultados pretendidos que ele, e que tem capacidade de se antecipar aos problemas. “Ele (Carlos Bolsonaro) levantou alguns problemas no passado e eu falo o seguinte: tem que dar um tempo para, ao dar o cartão vermelho para essa pessoa, não ter dúvidas. E tem que deixar a pessoa se enrolar um pouco mais, no linguajar popular. Ele é imediatista. Converso com ele, mas não sigo 100% o que ele fala”, disse o presidente.
Para o leitor se situar ainda mais no contexto da conversa, Jair Bolsonaro havia acabado de demitir, no dia anterior, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz.
A vítima mais recente desse processo de fritura foi o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ( BNDES), Joaquim Levy. Levy é um homem preparado em sua área, tanto é que, mesmo tendo feito parte do governo de Dilma Rousseff, foi convocado por Paulo Guedes, ministro da Economia para ocupar o importante cargo. Levy foi ministro da Fazenda, de janeiro a dezembro de 2015, no primeiro ano do segundo governo da ex-presidente.
Pois é, assim do nada, do nada mesmo, sem ser provocado por ninguém, Bolsonaro chamou os jornalistas, no sábado (16) — apenas dois depois de revelar sua receita de frituras — e disse a eles que a cabeça de Joaquim Levy estava a prêmio. E ameaçou demiti-lo na segunda-feira, se ele não suspendesse a nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto para ocupar o cargo de diretor de mercado de capitais do banco.
Levy nomeou Marcos Pinto para a função no BNDES. Já estou por aqui com o Levy. Falei para ele: ‘Demite esse cara na segunda ou eu demito você sem passar pelo Paulo Guedes’” disse Bolsonaro, e acrescentou: “Governo tem que ser assim: quando coloca gente suspeita em cargos importantes e essa pessoa, como Levy já vem há algum tempo não sendo leal àquilo que foi combinado e àquilo que ele conheceu a meu respeito, ele está com a cabeça a prêmio há algum tempo”.
Levy, nem esperou o suplício de ficar sendo fritado através da mídia, e, ele mesmo, Levy, pediu demissão do cargo. Como diz o ditado: “Pra bom entendedor meia palavra basta. Antes do pedido de demissão de Levy, e imediatamente após a fala de Bolsonaro, Marcos Barbosa Pinto, pivô da ira de Bolsonaro, pediu demissão do cargo.
Pinto havia sido chefe de Gabinete de Demian Fioccca, na presidência do BNDES entre 2006 e 2007.  Demian era homem muito ligado a Guido Mantega, ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma. Tanto Levy quanto Pinto eram homens preparados o primeiro para função que exercia desde o governo de Bolsonaro, e o segundo para a cadeira que iria assumir.
Levy vinha resistindo a alguns planos de Bolsonaro, por exemplo, abrir a “caixa preta” do BNDES e investigar possíveis irregularidades em financiamentos concedidos pelo Banco. Ele também resistiu a devolução de R$ 100 bilhões do banco ao Tesouro Nacional. Segundo cronograma feito ainda no governo Temer, o banco deveria devolver R$ 26,6 bilhões em 2019. De 2015 até agora foram devolvidos aos cofres públicos pelo BNDES R$ 300 milhões.
A medida se encaixa nos planos liberais de Guedes e agrada aos bolsonaristas, pois o BNDES é para eles um símbolo da roubalheira da era petista. Na verdade, Bolsonaro nunca engoliu Joaquim Levy. Aceitou ele na presidência do BNDES porque foi o próprio Paulo Guedes que indicou ele para a função.
Tudo bem que Bolsonaro queira demitir esse ou aquele ministro, afinal ele é presidente, como ele próprio costuma dizer: “tem o poder da caneta”, o esquisito em tudo isso, melhor seria dizer sádico, é a maneira como ele faz isso. O presidente não é daqueles estadistas que sentam e conversa com o interessado, ou com desafeto que, segundo ele, não está fazendo um bom trabalho.
Por exemplo, no caso de Levy ele o demitiu através da imprensa. Chamou os repórteres e jogou a bomba. Tudo bem que foi Levy quem, na verdade, pediu demissão, mas como foi dito acima: “Para um bom entendedor, meia palavra basta”. Não seria melhor chamar Levy em seu gabinete e dizer com franqueza: “Olha Levy seu trabalho não tem me agradado, em tais e tais pontos não concordamos. Você não se encaixou no projeto de governo para o banco, então tudo certo, valeu, tchau”. É uma atitude mais digna e que combina mais com um estadista.
Com isso já são três os ministros e dois auxiliares em postos chaves que sofreram processo de fritura em menos de seis meses de governo, e não importa se eles são amigos, aliados, homens de confiança, ou não.
Um a um  foram sendo fritados, sofrendo um enorme processo de desgaste, uns mais, outros menos; Gustavo Bebiano (Secretaria Geral); Ricardo Vélez Rodriguez (Educação); Carlos Alberto Santos Cruz (chefe da Secretária de Governo); ainda na sexta-feira, durante o café com os jornalistas, Bolsonaro demitiu o presidente dos Correios, general Juarez Cunha; e agora foi a vez de Joaquim Levy.
Foram três os ministros demitidos no primeiro escalão do governo: Bebiano, Vélez Rodrigues, e Santos Cruz, e segundo levantamento feito pelo jornal O Globo, já somam 19 as baixas no segundo escalão do governo.
Seria interessante o presidente Jair Bolsonaro ouvir o que os nutricionistas tem a dizer sobre o uso excessivo de frituras. Pois pode ser que não demore muito para que o governo passe a sofrer de hipertensão e todos esses males causados pelo excesso de fritura de ministros e auxiliares.

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O Calvário de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol

Posted by Cottidianos on 00:30

Segunda-feira, 17 de junho
“Talvez o mundo não seja pequeno

Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue”
(Cálice – Chico Buarque)



Faz tempo, o noticiário político brasileiro deixou de ser uma novela morna para se tornar um daqueles enredos apimentados, daqueles que em cada curva ou em cada esquina se escondem surpresas de tirar o folego, surpresas essas nem sempre agradáveis.  Agora, foi a vez dos ventos do destino jogarem o aclamado juiz Sérgio Moro no centro do furacão. Esses ventos tem nome específicos: hackers.
Exatamente há uma semana, o site The Intercept Brasil, publicava informações obtidas de maneira criminosa, que cairiam como bomba no noticiário nacional e que atingiriam em cheio o ex-juiz e atual ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, e procurado Deltan Dallagnol. O site “The Intercept” foi fundado pelo jornalista, Gleen Greenwald, que é também um dos autores da bombástica reportagem. Greenwald ficou conhecido mundialmente quando ajudou o ex-analista de sistema americano, Edward Snowden a revelar informações secretas obtidas pela Agência Nacional de Segurança (NSA), dos Estados Unidos.  
O conteúdo da informação trazia a publicação de conversas privadas entre o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, ocorridas no período de 2015 a 2017. As conversas, trocadas por meio do aplicativo Telegram, foram entregues ao site por uma fonte anônima. Nesse primeiro lote de conversas divulgadas, Moro sugere a Dallagnol que troque a ordem de fases da Lava Jato e cobra agilidade em novas operações.
Falando de fases da Operação Lava Jato, moro sugere Moro a Dallagnol: “Talvez fosse o caso de inverter a ordem das duas planejadas”. Em outra ocasião, após um mês sem que a força-tarefa saísse às ruas, Moro pergunta: “Não é muito tempo sem operação?” “Não pode cometer esse erro agora”, disse o juiz ao procurador em tom de repreensão ao trabalho da Polícia Federal. “Aparentemente a pessoa estaria disposta a prestar a informação. Estou então repassando. A fonte é séria”, disse Moro em outro dialogo, sugerindo um caminho para investigação.
O The Intercept continua divulgando trechos da conversa do ex-juiz com os procuradores que atuam na força-tarefa da Lava Jato.
Pelo Código Penal Brasileiro, em seu artigo 234, o juiz deve declarar-se suspeito ou ser recusado pelos envolvidos no processo se tiver aconselhado uma das partes, seja defesa ou acusação.
Moro e Dallagnol continuam a afirmar que não há nada nos trechos divulgados nas conversas que manche a conduta dos dois. O problema, desculpem o trocadilho, é que eles estão no centro de um grande problema. É fato que juízes conversam com procuradores, com advogados, apesar de isso ir contra o Código Penal, pode acontecer e acontece, essas situações citadas por Sérgio Moro.
Os dois, Deltan e Moro, cometeram irregularidades nesse caso? Ao que parece, sim. Porém, em nenhum momento da conversa se veem os dois forjando provas, ou alguma outra irregularidade mais grave.
Durante todo o decorrer da Operação Lava Jato, que ainda está em curso, muitos poderosos foram para trás das grades, quantias em dinheiro foram devolvidas aos cofres públicos, esquemas ilegais foram desfeitos. O Brasil, enfim, viu e soube de toda a lama que corre sob os corredores de Brasília, e que sempre ficou longe dos olhos da população.
A defesa de Lula pede anulação da condenação do ex-presidente no caso do Triplex, e um novo julgamento na Justiça Eleitoral. Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, em julho de 2017, a 9 anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex no Guarujá. Os advogados recorreram e, em janeiro de 2018, o Tribunal Regional Federal da 4a Região (TRF-4), ao invés de questionar a decisão de Moro, aumentou ainda mais a pena para 12 anos e um mês de prisão.
É certo que o Moro e Deltan possam ter cometido alguma irregularidade, porém, isso não apaga os crimes cometidos pelo ex-presidente Lula, nem por outros presos na Lava Jato. Isso das acusações contra o ex-presidente, não é uma coisa de passar uma borracha e voltar tudo a estaca zero. Houve um processo judicial, testemunhas foram ouvidas, as provas foram todas documentadas.
Pelas redes sociais circulam algumas piadas que, às vezes, resumem bem toda a situação. Permitam-me reproduzir aqui uma dessas que circulou no WhatsApp, diz ironicamente: “Graças a Deus: Lula não roubou e o país não está quebrado. Era tudo armação do Moro. Que bom, estamos crescendo, não somos o último da educação, não houve Passadena, nem dólares na cueca, as empreiteiras não roubaram, a Petrobrás não foi roubada, os Correios são uma maravilha, os fundos de pensão não foram parar nas contas do PT, os estádios não foram superfaturados, a corrupção não tomou conta do Estado. A transposição do Rio São Francisco encheu de água o Nordeste. O país cresceu. Ufa! Achei que eles tivessem mesmo roubado e que hoje a gente estaria com 16 milhões de desempregados. Ainda bem. Valeu, hacker! Eu quase acreditei no Moro! Agora vou pegar o trem-bala que a Dilma fez entre Rio e São Paulo”.
Outro fato a se notar é que os semanários de grande circulação que são também os mais lidos no país trouxeram em suas reportagens de capa artigos atirando pedras no ex-juiz, e atual ministro da Justiça e da Segurança, Sérgio Moro. Até mesmo veículos que, no passado, atiram flores em Moro, agora trouxeram artigos bem críticos sobre a situação. Teve até quem defendesse que tal qual a defesa do PT — o julgamento do ex-presidente foi uma fraude, e defendeu a anulação do processo.
Mas tudo são interesses, circunstâncias. Nada é por acaso. Os veículos de comunicação também lidam com interesses. E Bolsonaro, que confia integralmente em Sérgio Moro, várias vezes citou a imprensa como inimiga. Atacar Moro no atual momento, significa também atacar o presidente. Isso são considerações que faz esse blog. Talvez possa ser uma leitura que se faz do fato nas entrelinhas.
Risco mais grave e do qual pouco se falou e se deu atenção foi para o fato da própria invasão aos celulares dos procuradores e suas conversas no Telegram. Os ataques dos hackers chegam a ser uma ameaça às instituições brasileiras. E isso é grave.
Outro fato que deve se observar é que a luta contra a corrupção e a Operação Lava Jato não deve ser abalada pelo recente furacão que atingiu a vida de Sérgio Moro e de procuradores do MP que atuam na força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba. Afinal, não foram poucas às vezes que os políticos tentaram matá-la, sufocá-la. Não estranhem, portanto, se alguns começarem a se articular no Congresso para desgastar a imagem de Sérgio Moro. O que eles querem, na verdade, é que a corrupção continue correndo livre, leve, e solta pelo Brasil afora, como sempre aconteceu.
É prezados leitores, e leitoras, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, tantas vezes protagonistas na Lava Jato, operação que tanto bem fez ao país, agora vivem seus calvários.
Se subirão o Monte Gólgota para serem açoitados e crucificados, ou se terá sido apenas um vento passageiro na vida dos dois, aguardemos o desenrolar dos fatos.  

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O mar não tá pra peixe

Posted by Cottidianos on 00:15
Sábado, 08 de junho

Na quarta-feira, 05, foi a vez da seleção canarinho entra em campo para mais uma partida. Dessa vez foi contra a seleção do Catar. O Brasil não teve muita dificuldade para vencer a seleção catariana pelo placar de 2 a 0, ainda no primeiro tempo, com gols de Richarlison e Gabriel Jesus. No final da partida, já nos acréscimos, o Catar teve a chance de diminuir o placar, quando o juiz marcou um penalti para a equipe que foi cobrado por Khoukhi. Mas a bola bateu no travessão e não entrou no gol.
O jogo aconteceu no estádio Mané Garrincha, em Brasilía, e foi em preparação para a Copa América 2019. Neymar, o prinicipal astro da seleção e que enfrenta mais um momento de turbulência em sua carreira, estava em campo. Porém, só conseguiu jogar 16 minutos. Em uma bola dividida com um jogador catariano, Neymar torceu fortemente o tornozelo direito e precisou de ajuda para sair de campo. O jogador saiu de muletas do Mané Garrincha, em seguida, foi ao hospital para os exames médicos necessários.
Os exames revelaram rompimento no ligamento do tornozelo direito. Ainda na madrugada da quarta para quinta-feira, a CBF divulgou nota confirmando a lesão sofrida pelo jogador e sua exclusão do quadro de atletas que disputarão a Copa América deste ano. “Devido à gravidade da lesão, Neymar não terá condições físicas e tempo de recuperação suficiente para participar da Copa América Brasil-2019” dizia a nota.
O astro do futebol havia se apresentado na Ganja Comari, em Terezopólis, na manhã de sábado (25), para os treinos preparatórios da seleção para a Copa América, antes da data prevista. Animado, ele revelou a imprensa, “Cheguei antes. Estou louco para me incorporar com a equipe. O foco é total aqui e estou 100%”.
Porém, sob essa animação aparente, desabava uma tempestade na vida pessoal do atleta. Tempestade que, de uma forma ou de outra, afeta sua imagem como jogador.
No sábado, 01 de junho, as manchetes de jornal estampavam a notícia de que uma mulher que não teve a identidade revelada naquele momento, havia feito um boletim de ocorrencia, no qual afirmava que havia sido vítima de estrupo por parte do jogador. A denúncia, que se tornou pública no alvorecer de junho, havia sido feita, na verdade, em 31 de maio, e havia sido registrada em uma delegacia de São Paulo.
Segundo a mulher, os dois haviam se conhecido pelo Instagram, e marcado um encontro na capital francesa, em 15 de maio, onde ela hospedou-se no Hotel Sofitel Paris Arc Du Triomphe, local que teria sido palco das agressões e do suposto estupro. De acordo com o relato da jovem, Neymar havia pago a passagem e hospedagem no hotel. Ainda segundo ela, por estar emocionalmente abalada, não registrou a denúncia em outro país e naquela ocasião, preferindo fazê-la, posteriormente, em São Paulo, onde reside.
No relato feito à policia a jovem disse que Neymar havia chegado ao hotel por volta das 20 horas, e que estava aparentemente embriagado. Os dois haviam trocado carícias, e que, depois, o jogador teria se tornado agressivo e, mediante violência havia praticado relações sexuais com ela, sem que esta consentisse.
Ao saber que o caso se tornara público, ainda no sábado (01) Neymar divulgou, em uma rede social, vídeo e fotos íntimas da mulher que o acusara de estrupro. “Estou sendo acusado de estupro. É uma palavra pesada, uma coisa muito forte, mas é o que está acontecendo no momento. Bom, fui pego de surpresa. Foi muito ruim e muito triste escutar isso, porque quem me conhece sabe do meu caráter e da minha índole, sabe que eu jamais faria uma coisa desse tipo. A partir de agora vou expor tudo, expor toda a conversa que tive com a menina, todos os nossos momentos, que são íntimos, mas é necessário abrir e expor para provar que realmente não aconteceu nada demais”.  Afirmou o jogador em um vídeo publicado no Instagram.
Na madrugada da segunda-feira (03), o vídeo foi retirado da conta de Neymar, no Instagram. A assessoria da rede social comunicou à imprensa que havia removido o vídeo porque ele violava as Diretrizes da Comunidade do Instagram.
Em seguida, são dedicados vários minutos para mostrar a troca de mensagens amorosas e íntimas, que haviam sido trocadas entre os meses de março e maio. As postagens mostravam também fotos íntimas da jovem nas quais ela aparecia nua, ou em roupas íntimas.
Antes da divulgação do vídeo de Neymar, em entrevista ao programa “Aqui na Band”, exibido pela TV Band, o pai de Neymar disse que o filho estava sendo vítima de extorsão.
Agora, além da acusação de estrupro, Neymar também lida com acusação de praticar crimes de Internet. O artigo 218, tipifica este tipo de crime: “oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio – inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia”, diz o texto do artigo referido.
O Código Penal prevê pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.
Ainda de muletas, Neymar foi à delegacia para prestar depoimento sobre a divulgação das fotos de Najila Trindade, modelo que não tinha mais como ficar no anonimato após a grande repercussão do caso.
Se Neymar está sendo vítima de extorsão ou não, as investigações dirão. Se Najila foi agredida e estruprada, as investigações também confirmarão ou não essa versão.
A despeito de tudo isso, fato é que Neymar, devido a sua imaturidade, parece ter se metido em mais uma enrascada, e que arranha à sua imagem que só vem sendo desgastasda desde a sua participação na última edição da Copa do Mundo, na qual explodiram mundialmente os memes com suas simulações de agressões em campo.
Observando algumas reações de Neymar durante sua carreira, é possível afirmar que, por trás daquele sorriso simpático, se esconde um homem agressivo, impaciente, e mimado.
Em abril deste ano, o Paris San-German disputou a final da Copa da França, no Stade de France, tendo como adversário o Rennes. O Paris foi surpreendido pelo adversário azarão e o jogo terminou empate em 2 a 2, resultado que levou a disputa para os pênaltis. Nas penalidades o Rennes foi melhor e conquistou a sua terceira Copa da França.
Os atletas do Paris San-German subiam as escadas para receber as medalhas de vice-campeão. Nesses momentos sempre surgem algumas piadas, gozações, da torcida vencedora para com os perdedores, e ali também não foi diferente. Os outros colegas de equipe tiraram isso de letra... e passaram soberanos.
Neymar, ao contrário, irritado com a derrota, parou diante de um torcedor que fazia filmagens com o celular, e discute com ele. O homem deve ter feito alguma piada que Neymar não gostou. O atleta se vira e desfere um soco no torcedor. As imagens repercutiram nas redes sociais gerando muitas críticas ao atleta. Por causa da atitude antiesportiva do atleta, a Federação Francesa de futebol puniu Neymar por três jogos. Antes de deixar o estádio onde ocorreu o lamentável episódio, Neymar ainda criticou os colegas do próprio time.
No final de março o jogador já havia sido punido por falar mais do que devia. O PSG jogava a Liga dos Campeões contra o Manchester United, em Paris, no dia 06 de março. Neymar estava se recuperando de uma lesão no quinto metatarso, e acompanhava a partida da arquibancada. O PSG perdia o jogo por 2 a 1, mesmo assim, garantia a classificação. No último lance da partida, o zagueiro francês Kimpembé colocou o braço na bola. Na dúvida, o caso foi para o arbitro de vídeo (VAR), que confirmou a mão na bola. Pênalti foi marcado e o Manchester aumentou o placar, vencendo o jogo por 3 a 1, tirando a classificação do PSG.
Mais uma vez, Neymar ficou irritado, e em suas redes sociais, o craque, postou imagens do lance e, junto com elas, críticas a arbritragem. “Isso é uma vergonha!Ainda colocam quatro caras que não entendem nada de futebol para ficar olhando o lance em câmera lenta. Isso não existe. Como o cara vai colocar a mão nas costas? Vai para a PQP!” Escreveu ele.
A UEFA abriu processo disciplinar contra Neymar e o suspendeu o jogador em trê partidas da Liga dos Campeões, punição a ser cumprida no próximo ano. O clube entrou com recurso para evitar que o craque deixe de disputar as partidas na Liga dos Campeões 2019-2020.
Voltando um pouco no tempo, quando Neymar ainda jogava no Santos, surge a primeira grande confusão na carreira profissional do jogador. Foi em 2010. Neymar, era a jóia rara do Santos. Tinha 18 anos à época e era o grande craque do time. O técnico da equipe naquela ocasião era Dorival Junior. Era meados de setembro daquele ano e o Santos jogava           uma partida pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro, na Vila Belmiro, casa do Santos. O adversário era o Atlético de Goiás.
O Santos conseguiu o que parecia impossível: uma virada espetacular sobre o time rival, vencendo o jogo por 4 a 2. A polêmcia aconteceu ao final da partida. O árbitro marcou um pênalti a favor do Santos e, como Neymar já havia desperdiçado três das últimas seis penalidade que havia cobrado, o técnico resolveu então que o cobrador do pênalti naquela partida seria o jogador Marcel. Neymar então ficou muito bravo e xingou o treinador. O capitão do time, Edu Dracena também foi xingado por Neymar por tê-lo repreendido por ele ter feito mais uma daquelas firulas, que se tornaram clássicas ao longo de sua carreira e lhe renderam muitos memes durante a Copa do Mundo da Rússia, em 2018.
No vestiário, Neymar chegou a atirar uma garrafa plástica em um dos auxiliares técnicos. O clima ficou tenso no Santos depois daquela partida e nos dias que se seguiram.
O próximo combate do Santos pelo Campeonato Brasileiro naquele ano seria contra Corinthians.  Dorgival surpreendeu a todos ao anunciar que Neymar não estava escalado para a partida. Um veto. Uma briga comprada... de Dorival com a diretoria. Era uma forma do técnico punir o craque pelo comportamento no jogo anterior. A diretoria não gostou da decisão do técnico e o demitiu por “insubordinação”.
Até o técnico do Atlético-GO, Renato Simões, se sentiu constrangido com o que aconteceu na partida, jogada na Vila Belmiro. “Em nome dessa arte de jogar futebol, da qual eu sou partidário, estamos criando um monstro. Temos que fazer um dossiê pelo número de vezes que ele se joga. A televisão tem que mostrar”, disse ele, e acrescentou: “O que esse rapaz tem feito é inaceitável. Algo precisa ser feito, Neymar tem de ser educado logo. Desse jeito, ele vai virar um monstro. Fui ao Dorival dizer que estava certo ao repreendê-lo. Neymar, hoje, não é um homem, nem um grande jogador, é um projeto disso tudo. Fiquei decepcionado com o futebol depois desse episódio”.         
Em partida pela seleção brasileira o craque também teve seus momentos de destempero, o maior deles aconteceu durante uma partida pela Copa América, em 2015. O Brasil perdeu a partida para a Colômbia por 1 a 0. Naquela partida, o nervosismo de Neymar começou a aflorar já no primeiro tempo. Irritou-se com a não marcação de algumas faltas cometidas pelos adversários, reclamou demais com o árbitro chileno, Enrique Osses, e levou cartão amarelo — fato que, por si só, já lhe acarretava suspensão automática para o próximo jogo. Por pouco não foi expulso ainda no primeiro tempo.
O tempo no vestiário após o primeiro tempo da partida não serviu para que o jogador acalmasse os ânimos. Ele voltou para o segundo tempo tão nervoso quanto saíra no primeiro. Chutou a bola em cima do lateral Pablo Armero, irritou-se com Murilo, autor do gol colombiano. Resultado desse destempero: Neymar foi expulso de campo, juntamente com o jogador colombiano Bacca. Ao final da partida, reclamou da arbitragem: “Os colombianos não me tiraram do sério. Só fico p…com os árbitros, que não apitam direito”.
Mas a confusão não parou por aí. Após a partida, Neymar se desentendeu com os jogadores colombianos e foi suspenso por quatro partidas.
Mais recentemente, há um mês mais para ser mais preciso, o pau quebrou dentro do vestiário do PSG. O time havia perdido para o rival Montpellier por 3 a 2. Após a partida, ainda no vestiário, o jogador alemão Julian Draxler, criticou as atitudes de Neymar, tanto no campo, quanto no vestiário. Neymar não gostou das críticas e retrucou: “Quem é você para falar assim comigo? Só passa a bola para trás”. O alemão não gostou do comentário e partiu para cima de Neymar, dando início a confusão. A briga foi tão feia que os dois tiveram que ser separados pelo diretor de futebol, Antero Henrique, e pelo técnico Thomas Tuchel.
E, se formos continuar falando do mau comportamento de Neymar, dentro e fora do campo, vamos nos deparar com mais de uma dezena deles. O fato é que Neymar, ao longo do tempo, foi muito blindado, protegido, tanto pela comissão técnica da seleção brasileira, quanto pelos seus dirigentes, quanto pela imprensa brasileira.             
Se os dirigentes do Santos, há nove anos, tivessem permitido com que Dorival punisse Neymar, talvez tivessem feito muito melhor para ele, talvez o tivessem poupado de muitos vexames.
Também é preciso que Neymar compreenda que não é mais nenhum menino, e que precisa crescer. É preciso que entenda que, na vida, por mais dinheiro que se tenha — como é o caso dele — e, principalmente, quando se trabalha em equipe, é preciso ter, acima de tudo, humildade, para aceitar as vitórias e as derrotas.
Humildade também signfica aprender. Por exemplo, Neymar passou belos 4 anos jogando no Barça, junto com genial Messi. Por que não aprendeu com ele lições de comportamento e humildade? Alguém, por acaso, já ouviu falar do Messi metido em alguma confusão? Ao contrário, vemos no ídolo argentino um cara centrado no jogo, na profissão, e, principalmente, na vida.    

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