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Tô nem aí

Posted by Cottidianos on 14:07

Segunda-feira, 28 de dezembro

Tô nem aí, tô nem aí

Não vem falar dos seus problemas

Que eu não vou ouvir

(Tô nem aí – Luka)




Falemos do Rio de Janeiro, “Cidade Maravilha, purgatório da beleza e do caos”, como diz a letra da canção de Fernanda Abreu.

Alguns políticos, personalidades, astros e estrelas por lá parecem que perderam completamente a noção. Basta dá uma olhada no noticiário político do Rio para ver que isso é verdade. Para os políticos cariocas, auto intitulem-se eles, cristãos evangélicos, ou católicos, o importante é ter muito dinheiro, não importa se ele venha de negócios lícitos ou das transação ilícitas feitas nos esgotos da corrupção.

Mas não falemos de políticos cariocas, por enquanto. Deixemos eles quietos por ora.

O coronavírus continua fazendo a festa no Rio de Janeiro, terra de gente festeira, aliás, como o é todo o Brasil. Na terra do Cristo Redentor, do Pão de Açúcar, e de praias de cartão postal, o bichinho malvado do coronavírus já matou, até agora, 24.918 pessoas, infectou outras 421.069. Dessas, 391.223 conseguiram se recuperar.

Neste domingo, 27, em apenas 24 horas registraram-se 13 mortes, e 994 novos casos.

Principalmente quem trabalha na linha de frente nos hospitais, está bastante preocupado. No sábado, 26, a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 na rede pública, SUS, era de 92% no munícipio. A taxa de ocupação nos leitos de enfermaria era de 88%, não muito distante dos 92% citados anteriormente.

No sábado, 23, a prefeitura do Rio cancelou a tradicional queima de fogos que acontece todo ano — belíssimo espetáculo, diga-se de passagem — para evitar aglomeração. O evento envolve, além da queima de fogos, shows com diversos artistas. A multidão extasiada que se aglomera nas areias de Copacabana é outro espetáculo à parte. Por causa da Covid, tudo isso não será possível nessa virada de ano.

Porém, conhecendo bem sua clientela, e não contente com a suspensão do réveillon em Copacabana, a administração municipal também determinou outras medidas a fim de que a população não corresse para a praia mesmo tendo sido cancelado os festejos.

Houve então a proibição de carros estacionados na orla carioca e em ruas próximas logo no primeiro minuto do dia 31. Também haverá bloqueio de transporte público com direção à praia, e barreiras de fiscalização nos limites do munícipio para evitar ônibus e vans fretadas com destino a orla,

Essas medidas foram adotadas pelo presidente da Câmara, e atual prefeito em exercício, Jorge Felipe, depois que Marcelo Crivela foi afastado por ordem da justiça por suspeita de comandar um esquema de corrupção na prefeitura do Rio.

Enquanto as autoridades e os profissionais de saúde estão muito preocupados com a saúde pública no Rio de Janeiro, e com os estragos que o coronavírus ainda pode fazer no estado, outros não estão nem aí.

Por exemplo, no momento em que este texto é escrito, o jogador Neymar realiza uma festa em sua mansão, em Mangaratiba, localizada na Costa Verde, do Rio de Janeiro. A festa começou no sábado, 26, e durará cinco dias. Então, de 26 de dezembro de dezembro até 1 de janeiro, Neymar e seus convidados nadarão numa piscina de vinho, champanhe, cerveja, whisky, e sabe-se lá mais o quê.

Agora, imaginem, alguém respeitando uso de máscara, álcool gel, e distanciamento social num ambiente desses.

E não é uma festa apenas para o seu núcleo familiar. Não. É um grande evento. Cheio de luxo e ostentação, bem ao estilo Neymar Junior. Enfim, uma festa nababesca. Além de toda bebida e comilança, a festa terá shows ao vivo. Nomes famosos da música como por exemplo, Léo Santana, Ludmila, Grupo Menos é Mais, Harmonia do Samba, Wesley Safadão, Alexandre Pires, Kevinho, Bruninho e David e Jeito Moleque, estão entre os artistas que se apresentarão no evento.

 Ora senhoras e senhoras, uma festa para 500 convidados, com shows ao vivo, convenhamos, não é uma festinha. Depois da repercussão negativa, o jogador disse, até de uma forma irônica, que não, que eram “apenas” 150 pessoas. Quantas pessoas haverá de fato, não se sabe, pois ninguém estará lá para contar, e se se há alguém contando, com certeza, esses números não serão divulgados à imprensa.

Acresça-se às centenas de convidados do Neymar, os garçons, pessoal da limpeza, recepcionistas, montadores de som, palco, e luz, motoristas, e outros funcionários que por lá estarão, teremos então um grande multidão em Mangaratiba. Coisa absolutamente normal para os padrões do Neymar, mas inimaginável em tempos de uma pandemia que já vitimou mais de 190.000 brasileiros, e mais de 1.700.000 mortes no mundo todo.

Agora pensem, fazer uma festa tão luxuosa e cheia de ostentação em meio a tanta dor e sofrimento, quando as autoridades repetem e recomendam incontáveis vezes, para as pessoas seguirem os protocolos sanitários, e evitarem aglomerações.

Comemorar o quê? Em meio a tudo isso, a festa do Neymar parece um deboche. As frases ditas por um conhecido personagem do meio político e do qual já falamos diversas vezes cabem, perfeitamente, nesse momento na boca do Neymar: “E daí?”, “Eu não sou coveiro?” “É só uma gripezinha”.

O condomínio onde a festa será realizada fica localizado num terreno com área de 10 mil metros quadrados. A mansão é composta por seis suítes, quadra de tênis, espaço gourmet, adega climatizada subterrânea. Apenas nela cabem 3 mil garrafas, sistema de som integrado. Além disso, ainda há uma moderna academia, sauna a vapor, spa com jacuzzi aquecida, sala de massagem, e vaga para lancha de grande porte.

E a prefeitura de Mangaratiba, o que diz disso? A administração municipal disse que não foi comunicada oficialmente da festa realizada pelo jogador do Paris Saint-Germain. Ou seja, o jogador não teve consideração para com ninguém: nem para com os habitantes da cidade, nem muito menos para com as autoridades municipais.

Sobre o assunto, uma fonte da prefeitura de Mangaratiba, disse à CNN: “Não há como legislar em um evento particular, mas se o Neymar faz uma festa aqui (Mangaratiba), ele está ferindo seriamente princípios sanitários, os decretos em vigor e as recomendações da prefeitura para se realizar festas em residências com apenas pequenos núcleos familiares. A população está insatisfeita com a festa e com a repercussão envolvendo o nome da cidade. O evento é um desrespeito sanitário, absurdo total”.

As recomendações da prefeitura de Mangaratiba, que tem 44 mil habitantes, e apenas um hospital público, além de três unidades básicas de saúde, é que população local e turistas usem máscaras, álcool gel, e mantenha distanciamento social, e que tenham bom senso e não realizem eventos públicos ou privados que provoquem aglomeração.

A prefeitura também anunciou que fará barreiras sanitárias no acesso à cidade entre os dias 29 de dezembro a 04 de janeiro para que apenas moradores da região possam entrar, ou hospedes com estadia comprovada.

Mas de que adianta tudo isso se o astro do futebol já colocou meio mundo de gente lá dentro?

Também é de se imaginar que os moradores da cidade estejam bastante insatisfeitos com a realização do evento. Num momento em que todos tentam se proteger da doença, ver um entra e sai de gente não deve ser nada agradável.

O jogador proibiu a entrada de celulares na festa para evitar que as imagens feitas com eles possam ir parar nas redes sociais. Ele também instalou isolamento acústico nas paredes da casa para que os vizinhos não possam reclamar do barulho. Mas alguém avisa pra ele que, dessa vez, os vizinhos estão preocupados é com a transmissão da Covd-19, e que proibir celular e isolamento acústico não são medidas sanitárias contra a doença.

Neymar, sem dúvida é um profissional de grande talento dentro de campo, mas fora dele, continua dando provas de ainda não passou da fase de menino mimado que só olha para seu próprio umbigo. Um cara que vive no mundo da lua e que esquece de olhar para baixo para ver a realidade que o circunda. Acho que veio bem a calhar a foto em que Neymar está vestido de astronauta, desejando Feliz Natal! Astronauta vive onde? No mundo da lua.

Mais uma festa do Covid com champanhe.

Pelas atitudes inconsequentes que já começamos a ver neste fim de ano, janeiro poderá ser, para os brasileiros, um mês bastante sombrio com aumento do número de casos e mortes por Covid. E olha que nem data nacional de vacinação contra a Covid-19 temos ainda.

Se as críticas ao jogador vierem pesadas, do Brasil e do exterior, elas, certamente, estarão cobertas de razão. 


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Pelo fruto se conhece a árvore

Posted by Cottidianos on 18:04

 Sábado, 26 de dezembro



Noite de véspera de Natal. Espírito natalino invadindo a Terra. Tempo das forças da luz percorrem o planeta. Fraternidade. Solidariedade entre as pessoas. Natal um pouco diferente esse ano para a maioria das pessoas por causa da pandemia do coronavírus.

Ouço à CBN. E pelas ondas do rádio chegam notícias de que as forças das trevas também aproveitam esses momentos em que a humanidade, de modo geral, está enternecida para agir.

Foi no Rio de Janeiro o caso mais chocante de que se tem notícias. Na Barra da Tijuca. A juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi , tinha problemas com o ex-marido. Em setembro, ela havia feito um boletim de ocorrência contra ele por lesão corporal e ameaça. O ex foi enquadrado na Lei Maria da Penha. Viviane chegou a ter escolta armada, mas, pensando que a situação estivesse sob controle, dispensou a escolta posteriormente.

Por volta das seis da tarde da quinta-feira, 24, Viviane saiu para a rua com as três filhas: duas gêmeas de 9 anos, e outra de 12. Iria entregá-las ao ex-marido, o engenheiro, Paulo José Arronenzi, para que ele pudesse passar o Natal com elas. Na rua, aproveitando um momento em que Viviane estava completamente desprotegida, ele a esfaqueou, na frente das três filhas. As meninas, desesperadas, gritavam para que o pai parasse de agredir a mãe, mas seus gritos não foram atendidos. Viviane morreu ali mesmo. Uma monstruosidade.

Pai? Não. Pai jamais faria uma coisa dessas. Havia dezenas de opções de caminhos para ele após a separação. Enquanto o Natal é simbolizado como noite de luz, no coração do engenheiro havia as trevas mais densas.

Três meninas agora órfãs de mãe, e, de certa forma, de pai também. Todas, certamente traumatizadas por terem presenciado crime tão brutal cometido contra aquela a quem amavam.

Certamente, levarão muitos anos para cicatrizar a ferida. Muitas consultas a terapeutas, psicólogos, psicanalistas. Assim como a mãe também precisará de muito apoio no plano espiritual para curar uma ferida tão grave.

Meus ouvidos ainda ouvem o grito desesperados das meninas, apesar de não ter presenciado a cena, enquanto voltam a um passado recentíssimo e ouvem um discurso digno de ditadores. Uma incitação ao ódio e à violência. As forças das trevas amam corações assim, raivosos, e incitadores da da desarmonia.

Era uma solenidade, no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Cerimônia de formatura de 485 novos recrutas da Polícia Militar. O presidente fez a entrega dos diplomas aos recém-formados, e, em seguida, fez o seu discurso:

E, assim sendo, se preparem cada vez mais. Simulem as operações que podem aparecer pela frente. Em uma fração de segundo, está em risco a sua vida, a de um cidadão de bem ou a de um canalha defendido pela imprensa brasileira. Não se esqueçam disso. Essa imprensa jamais estará do lado da verdade, da honra e da lei. Sempre estará contra vocês. Pense dessa forma para poder agir.

Jamais a nossa democracia e a nossa liberdade serão ameaçadas por quem quer que seja. Os três poderes são independentes e harmônicos. Mas o maior poder é o do povo brasileiro. Povo esse ao qual eu devo lealdade absoluta.

Não esperemos com palavras gentis ou com gesto de amizade vencer o inimigo. Nós estamos vencendo. Nós venceremos. O Brasil será uma grande nação. E, para isso, contamos com o povo maravilhoso ao nosso lado. E a liberdade das mídias sociais, que essas sim trazem a verdade para vocês. A maior fábrica de fake news está na grande parte da imprensa brasileira. Isso é uma vergonha para o mundo.

Eis o discurso do aprendiz de presidente, Jair Bolsonaro. No qual despreza o valoroso trabalho que faz a imprensa brasileira em todos os setores por ela cobertos, da economia à política, e passando pela saúde.

Assim como fica difícil dizer qual das praias nordestinas é a mais bela, assim também fica difícil dizer qual o discurso do presidente é o mais irresponsável, mais insano.

A provocação põe fim a um período de trégua iniciado em março deste ano, quando ele se aproximou-se do centrão, e começou a trabalhar abertamente pela reeleição. Apesar do dito período de trégua, as alfinetadas ao trabalho de imprensa não estiveram ausentes das falas de Bolsonaro, principalmente, em sua lives semanais exibidas nas redes sociais do presidente.

Por coincidência, o veneno destilado contra imprensa no discurso de formatura dos policiais é feito no mesmo dia em que a revista Época publicou uma entrevista com Luciana Pires, advogada que defende Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas.

Á Época, a advogada declara ter recebido recomendações da Abin, no sentido de tentar anular o inquérito das rachadinhas, no qual o parlamentar é acusado, com a ajuda do ex-assessor, Fabrício Queiroz, de desviar dinheiro de assessores quando Flávio era deputado federal pelo Rio de Janeiro. Luciana diz que não pode atender ao pedido feito pela Abin pois era coisa que estava fora do seu alcance.

A reportagem de Época também denúncia que foi o próprio chefe da Abin, Alexandre Ramagem, que encaminhou os relatórios com recomendações a Flávio Bolsonaro. Ainda segundo a revista, os textos teriam sido preparados por uma unidade interna da Abin, comandada por Marcelo Bormevet.

Ou seja, desde o episódio em que Sérgio Moro denunciou que Bolsonaro estava tentando interferir na Polícia Federal, tem se tornado cada vez mais evidente que o governo tem usado a máquina do governo para proteger os filhos das acusações que sobre eles recaem.

Nesse contexto, tem se tornado também cada vez mais evidente que Jair Bolsonaro tem apenas duas grandes preocupações no governo do Brasil: defender os filhos da acusações de corrupção contra os filhos, acusações estes fartas de provas, e a própria reeleição, talvez isso explique o descaso para com a pandemia, para com os mortos que ela deixou em nosso país, para com a dor das famílias, para com a vacina, e até mesmo para com a economia que ele tanto cita.

Enquanto isso, o país caminha a passos largos rumo aos 200 mil mortos pela doença, se bem isso não afete o presidente, pois segundo ele “todos vão morrer um dia”, o alto número de mortos pelo coronavírus no país é atestado da desastrosa condução da pandemia pelo governo brasileiro, e pelo ministério da Saúde, que tem no comando um homem que nem médico é. Dizem que entende de logística, mas de saúde não.

Isso equivale a colocar no comando de um navio, em meio a um tormenta, um aspirante, quando a sua volta está cheio de gente experiente para guiar o barco. Um comandante, que realmente merecesse esse nome, colocaria as vidas dos tripulantes em primeiro lugar, e não os seus caprichos pessoais.

Enquanto a guerra de egos continua imperando no Brasil, mais de 16 países já começaram a vacinação contra o novo coronavírus, e os 27 países que compõem a União Europeia poderão começar a vacinar seus cidadãos já a partir deste domingo, 27. A vacinação acontece em meio à onda de aumentos de casos de Covid-19 e a descoberta de novas variantes do vírus.

Até mesmo na América Latina o Brasil está ficando para trás na corrida pelo imunizante. México, Chile e Costa Rica, já começaram a vacina seus cidadãos.

Enquanto os países cujos líderes de fato se preocupam com vida e a saúde de seus concidadãos, já se anteciparam lá atrás, quando o presidente brasileiro ainda debochava da pandemia, em comprar vacinas e elaborar planos de vacinação, por aqui o governo federal ainda não se sabe, de fato, quando começará a vacinação contra a Covid-19. Ainda não temos uma data precisa.

A grande pressão que o governo federal tem sofrido vem do governador de São Paulo, João Dória, que anunciou o início da vacinação no Estado de São Paulo para 25 de janeiro. Não fosse isso, talvez o governo federal ainda nem teria mexido um dedo sequer no sentido de imunizar a população brasileira.

Dia 24, desembarcou no aeroporto de Campinas, a maior remessa da vacina que já chegou ao Brasil. Foram 5,5 milhões de doses da Coronavac enviada pela China A Coronavac é produzida pelo Instituto Butantã em pareceria com o laboratório chinês Sinovac. A fase 3 dos testes da vacina já foi concluída, mas precisa da aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A vacina foi comprada pelo estado de São Paulo.

Entretanto, apesar de finalizado a última fase dos estudos clínicos, ainda não foram divulgados os dados detalhados dos testes para a Coronavac.

O fato é que o Brasil não fez direito a lição de casa no que se refere a condução da pandemia, e agora também não o faz em relação a vacina que nos protegerá da doença. Enquanto os países que já começaram a vacinar suas populações apostaram em mais de uma vacina e compraram lotes de algumas delas, mesmo que os estudos não estivessem concluídos, o Brasil apostou todas as suas fichas na Coronovac, e agora não apenas corre o risco, mas, de fato, já está ficando para trás na corrida pela vacina.

Também é verdade que, assim como Bolsonaro, o aprendiz de presidente, boicotou todas as medidas sanitárias e estimulou os seus seguidores a fazer o mesmo em relação a normas de segurança a serem adotadas no combate à pandemia, agora também o faz em relação a vacina.

Ele já declarou que não tomará a vacina. O presidente que, desconfia-se, seja do movimento antivacina, anda por aí dando espalhando falsas notícias sobre a vacina contra a Covid-19. Em evento realizado na Bahia, na quinta-feira, 17, ele disse: ““Lá no contrato da Pfizer, está bem claro nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu”. E acrescentou: “Se você virar Super-Homem, se nascer barba em alguma mulher aí, ou algum homem começar a falar fino, eles (Pfizer) não têm nada a ver isso. E, o que é pior, mexer no sistema imunológico das pessoas”.

O presidente falava da Pfizer, desenvolvida pelo laboratório americano Pfizer e pelo laboratório alemão BioNTech. Foi com essa vacina que o Reino Unido, Os Estados Unidos, e o México iniciaram suas campanhas de vacinação.

O presidente brasileiro entretanto, questionou a eficácia do imunizante: “Se a vacina for comprovadamente eficaz lá na frente, a gente não sabe ainda”.

Claro, lá no fundo, bem intimamente, fica nos brasileiros, uma sensação de “eles saíram na frente, e nós nem saímos do lugar”. E os jornalistas, esse povo que escreve as verdades que Bolsonaro tanto odeia, não perderam a oportunidade e perguntaram, neste sábado, 26, se ele não sentia pressionado pelo fato de outros países já terem iniciado suas campanhas de vacinação.

Ao que o presidente respondeu: “Ninguém me pressiona pra nada, eu não dou bola pra isso”. Traduzindo: “Eu não tô nem aí”. Frase que poderia muito bem se juntar a outras de um sadismo que só o presidente brasileiro é capaz de expressar, tais como, “É só uma gripezinha” “Eu não sou coveiro” “E daí?

O aprendiz de presidente, Jair Bolsonaro, costuma citar em seus discursos, uma frase retirada do evangelho de João, capítulo 8, versículo 32, que é “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

O problema é que as frases bíblicas podem ser retiradas de seus contextos originais e usadas para o bem ou para o mal. Pelos seres da luz, ou pelos seres das trevas. Por isso, é preciso ficar atento por qual boca elas são pronunciadas, pois no evangelho de nosso senhor Jesus Cristo, em Lucas 6:44, também está escrito: “Pois cada árvore é conhecida pelos seus próprios frutos. Não é possível colher-se figos de espinheiros, nem tampouco, uvas de ervas daninhas


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Champagne com Covid: Uma combinação mortal

Posted by Cottidianos on 13:36

Segunda-feira, 21 de dezembro




Praia de Pipa, Rio Grande do Norte. Uma das mais belas praias do Estado. Aliás, dizer que uma praia do RN é a mais bela chega até a ser uma redundância. Lá todas as praias são lindas. Particularmente, as praias do interior são mais aconchegantes, mais charmosas, e mais selvagens, que as praias da capital, Natal. Enfim, as praias do nordeste, de modo geral, são o cenário perfeito para uma maravilhosa festa de réveillon.

E Pipa não perdeu o rebolado. A pandemia não impediu que o munícipio de Tibal do Sul, onde fica localizada a praia, realizasse o Let’s Pipa, tradicional festa de réveillon do munícipio.

Segundo informações apresentadas em uma reportagem da revista Piauí, intitulada, Covid Espumante, a festa ocorrerá numa área de 9 mil metros quadrados à beira mar, entre falésias de 10 metros de altura. O suave murmurejar do mar continuará ecoando como desde sempre, mas será abafado pelo som dos artistas que farão shows ao vivo no local.

Seis dias de muita festa com público estimado em 2.500 pessoas. 450 funcionários se esforçarão para prestar um bom atendimento aos negacionistas fanfarrões. Gente vinda de todas as partes do país.

Não é festa para pobre. É festa de elite. O valor do pacote é estimado em 3.600 reais para homens, e 3.200 para mulheres. Acrescentando as despesas com passagens áreas, hospedagem, passeios, alimentação, estima-se que os participantes desembolsem de R$ 8 a 15 mil.

Os organizadores dizem que nenhuma empresa quis patrocinar a festa. Nenhuma delas quis emprestar o nome a tal evento. Alguém tinha que ter um pouco de lucidez nesse cenário nebuloso. Eles também dizem que investiram pesado em face shield (máscaras de acrílico), máscaras faciais comuns, e álcool gel.

Eles afirmam também que para participar da festa é necessário ter apresentado exames negativados para Covid-19 e que tenham sido realizados até a 72 horas antes do dia 27 de dezembro, ou apresentação do IgG positivo que atesta imunidade até 90 dias antes das festas. Os exames terão que ser apresentados online antes do embarque para o Rio Grande do Norte.

 Um pouco mais longe, mais também no RN, o munícipio de São Miguel do Gostoso, também resolveu arriscar e faturar algum dinheiro com festa de réveillon. Localizada a 103 km de Natal, a praia de São Miguel do Gostoso também não abriu mão de sua luxuosa festa de fim de ano.

Ainda segundo informações da revisa Piauí, na programação consta shows de Tiaguinho e Pedro Sampaio. Lá, o preço dos ingressos são ainda mais salgados que em Pipa. Custam 3.800 para mulheres e 5.150 para homens.

Também em Gostoso a organização garante que está reforçando todas as normas de segurança.

Agora, imaginem os leitores como será fácil respeitar as regras de segurança contra a Covid em uma festa que dura uma semana inteira. Aos primeiros goles de champanhe, cerveja, ou uísque, a Covid nunca existiu.

Essas festas são muito perigosas em um momento em que no Brasil os números de mortes por Covid, número de casos, e transmissão da doença aumenta consideravelmente e já começa a preocupar autoridades de todo país. Me sinto até constrangido ao falar isso, pois sabemos que nem todas as autoridades estão preocupadas com número de mortos, aumento de casos da doença, e muito menos com vacina.

Detalhe interessante: nem um dos dois municípios do Rio Grande do Norte, que promoverão suas luxuosas festas, tem leito de UTI. Os pacientes que precisam desse serviço precisam ser transferidos para a capital.

E as autoridades o que dizem? Quando questionada pela Piauí, a governadora do RN, Fátima Bezerra, disse que orientou todas as cidades do estado a cancelarem suas festas de réveillon. Mas que por determinação do STF a competência para decidir sobre essas questão cabe a municipalidade.

Os prefeitos das duas cidades proibiram as festas públicas, mas permitiram que as festas privadas fossem realizadas.

Fica a pergunta: Qual a prioridade para esses prefeitos? A saúde da população ou o dinheiro que entrará no caixa da prefeitura com a realização desses eventos? Um olho aberto para a economia e outro fechado para a vida de sua população.

A questão foi parar na Justiça. O Ministério Público entrou com um pedido de suspensão das festas. O juiz Witemburgo Gonçalves de Araújo, da comarca de Goianinha suspendeu as festas. Porém, o desembargador Amaury Moura Sobrinho, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, suspendeu a decisão liminar do juiz de Goianinha que proibia as festas. As festas estão liberadas então para acontecerem de 27 de dezembro a 02 de janeiro.

Infelizmente, essas aberrações não serão vistas apenas nas praias paradisíacas do Rio Grande do Norte. Mas esses comportamentos tipo “tô nem aí” pra Covid-19 serão vistas nas praias, parques, e onde houver espaço aberto para o lazer, em todo o país. Pois mesmo estando proibidas e os governantes terem cancelado as grandes festas de Réveillon que acontecem nas capitais de todo o país, os negacionistas ignorarão essas proibições e cancelamentos e botarão o bloco da ignorância na rua.

Enquanto isso, os números da Covid-19 no Brasil começam a aumentar e os doentes começam a lotar as UTI’s dos hospitais públicos e privados. Dados divulgados pelo consórcio de imprensa no domingo, 20, mostram que, mesmo sem os dados de São Paulo e Goiás, o Brasil registrou a maior média móvel de casos confirmados pelo segundo dia consecutivo.

47.909 diagnósticos diários da doença, em média, nos últimos sete dias, não é pouca coisa. É para parar e pensar. Já são 7.237.350 o número de brasileiros que tiveram diagnóstico confirmado da doença, e 186.773 óbitos desde o início da pandemia.

Pra terminar o ano teve luz no fim do túnel que é a vacina que já começou efetivamente a ser aplicada em alguns países. Mas veio também um novo alerta que é essa nova mutação do vírus detectada na Inglaterra.

Segundo autoridades da daquele país, ela é 70% mais transmissível do que as variantes já conhecidas do vírus. Em decorrência disso, o país que pretendia relaxar algumas medidas de proteção nessas festas de fim ano foi obrigado a endurece-las medidas.

No sábado, 19, o primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou o endurecimento das medidas restritivas em algumas regiões do país. O objetivo é barrar o avanço da nova variante do vírus para as regiões onde ela ainda não foi detectada. O líder britânico pediu que os habitantes das áreas atingidas fiquem em casa, pelo menos até dia 30 de dezembro.

Enquanto isso o barco saúde no Brasil continua sem comando, indo em direção aos recifes. A esperança é que a mão divina e varinha de condão da ciência nos salvem de um desastre certo.



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À Ciência, o troféu de vencedor

Posted by Cottidianos on 19:47

Quarta-feira, 09 de dezembro

 


 
 

Hollywood, a indústria do cinema, já produziu ao longo de sua história, filmes, séries, minisséries, extremamente interessantes sobre a invasão de extraterrestres. Alguns muito bons, outros nem tanto. Porém a maioria deles nos deixou de olhos vidrados na telinha, coração acelerado, e querendo entrar dentro da trama para lutar junto com os protagonistas para expulsar da terra os indesejados invasores.

Independence Day, Allien, O Oitavo Passageiro, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, E.T, o Extraterrestre, Sinais, V: a Batalha Final. São tantos que se fossemos citar todos, a postagem de hoje se resumiria a elencá-los.

Os humanos, em cem por cento das vezes, conseguiam vencer a batalha, e depois de tanta tensão ao longo de hora e meia, duas horas de filme, nos deixavam orgulhosos de ser terráqueos. A batalha fora vencida. A Terra estava novamente livre, e os humanos podiam agora voltar às suas atividades cotidianas com tranquilidade… Até que o planeta fosse novamente atacado por algum dos nossos inimigos extraterrestres.

O bom é que todas essas produções ou superproduções não passavam de ficção. A gente sofria um pouco durante a exibição da trama, porém, depois de encerrada a última cena, e os créditos finais subiam, a gente respirava aliviado, e partia para os nossos afazeres de cada dia.

O ano de 2020 veio para mudar todos esses padrões, e mostrou que a realidade pode ser ainda mais assustadora do que as mais elaboradas superproduções cinematográficas. E dessa vez, não adiantava sair do cinema no meio do filme, ou pegar controle remoto da TV e desligar a programação. Nada disso funcionou. O inimigo continuou lá fora. Em cada esquina, em cada quina, em cada produto, ou até mesmo em um abraço, um beijo.

Nem um roteirista cinematográfico foi capaz de imaginar uma trama tão bem elaborada, em que um inimigo invisível, sai não sei de onde, de que lugar, e invade a Terra inteira fazendo sofrer os terráqueos, trancafiando-os  em suas casas, impedindo-os de trabalhar, de abraçar, de beijar, de circular pelas ruas. Lookdown. Total em muitos casos.

Um inimigo que ainda que não teve seu fim, e que ainda continua exterminando vidas. Até agora já foram mais de um milhão e meio de vidas que tombaram em todo mundo.

O inimigo que, certamente, não veio de nenhuma galáxia distante, tem nome e se chama SARS-CoV-2, Covid-19, ou coronavírus. Seja qual for a terminologia que você use os efeitos devastadores que ele provoca não mudam. Na grande maioria das vezes, os inimigos que vieram de galáxias distantes e queriam dominar a Terra, pegavam os humanos de surpresa. E eles tinham que correr para elaborar soluções e verdadeiras estratégias para que a guerra fosse vencida.

 Com o coronavírus não foi diferente. Ele surgiu timidamente, na China (?). As autoridades locais pensavam até que se tratasse de um quadro de pneumonia, grave, mas apenas um quadro de pneumonia. Por esse motivo, o caso não foi tratado com a gravidade que exigia o momento, e eis que, de repente, o vírus, tinha ganhado um nome, SARS-Cov-2, e tinha se espalhado pelo mundo, deixando em seu caminho um rastro de morte e destruição.

Atordoados, médicos, enfermeiros, cientistas, e leigos, ficavam sem saber como enfrentar a doença, seus efeitos, reações, causas prováveis de evolução em determinadas partes do mundo. Enfim, ninguém sabia nada. E ainda não sabem. Há muitas questões que permanecem um ponto de interrogação.

Geralmente, todas as superproduções ganham algum Oscar. E como é bom para os produtores, diretores, atores, e toda a equipe de um filme, e também para o telespectador, saber que seu filme conquistou o premiado troféu. Como deve ser de grande satisfação para o elenco de um filme ouvir o tão sonhado “And the winner is…” “E o vencedor é…”

Como na real cerimonia que premia as elaboradas ficções, também nessa luta contra esse inimigo invisível, se houvesse um Oscar, com direito a tapete vermelho, desfile de celebridades, e tudo o mais que envolve um Oscar, a famosa frase “And the winner is…” ao abrir o envelope estaria lá escrito o nome da Ciência. Ela não levaria apenas um, mas abocanharia várias estatuetas.

O processo de produção de vacina, como tornou-se sabido por todos depois da pandemia, demora anos de estudos e testes, até que a vacina seja declarada eficaz. Para o leitor, leitora, possa ter uma ideia, a ciência considera um prazo de 5 anos na aprovação de uma vacina, um prazo record.

A Covid-19 veio mudar, radicalmente, esse padrão. Menos de um ano depois do surgimento da doença, eis que várias vacinas já estão em fase final para sua aprovação. Dezenas de outras ainda estão em fases de testes, mas todas com promessas de estar em breve no mercado.

Esta semana, o mundo pode dizer que assistiu a um fato histórico. Uma luz no fim do túnel escuro da pandemia.

O Reino Unido largou na frente e foi o primeiro país a aprovar a imunizante contra o coronavírus desenvolvido pela Pfizer, farmacêutica norte-americana, e pela BioNTech, empresa alemã de biotecnologia. O MHRA, orgão regulatório britânico, disse que a vacina oferece até 95 de proteção contra o coronavírus, e a considerou segura para aplicação em seus cidadãos.

A imunização em massa dos britânicos começou na terça-feira, 8. “V-Day ”, ou foi o nome informal adotado para a campanha de vacinação. Nome bem apropriado pois remete ao dia da vitória contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Antes, Victory Day, Dia da Vitória, hoje, Vaccine Day, Dia da Vacina, nada mais apropriado.

Milhões de doses da vacina produzida pelo laboratório Pfizer/Biontech, vão ser distribuídas em cerca de 70 hospitais do Reino Unido, e serão aplicadas inicialmente em idosos com mais de 80 anos, em profissionais que trabalham em unidades de saúde e em asilos.

 O objetivo é proteger nesse primeiro momento os mais vulneráveis e os mais expostos à doença, como os profissionais de saúde, e, a partir daí, estender a vacinação a toda a população.

Margaret Keenan, uma senhora britânica de 90 anos, foi a primeira a ser vacinada. “Sinto-me muito privilegiada por ser a primeira pessoa vacinada contra a Covid-19. É o melhor presente de aniversário antecipado que eu poderia desejar porque significa que posso finalmente esperar passar um tempo com minha família e amigos no Ano Novo, depois de estar sozinha na maior parte do ano”, disse ela orgulhosa.

Curiosamente, a segunda pessoa a ser vacinada foi o senhor William Shakespeare, 81 anos, homônimo do famoso artista britânico. O homem que recebeu o nome de bastimo em homenagem ao grande dramaturgo inglês, disse estar satisfeito em ter tomado a vacina, e disse ainda que o atendimento no Hospital Universitário de Coventry, centro da Inglaterra, foi maravilhoso.

É, hora dessas os britânicos devem estar rindo à toa, e não é pra menos.

O que não é o caso dos brasileiros, por exemplo.

Por aqui ainda impera o descaso do governo para com a doença, a incompetência do governo do Ministério da Saúde em lidar com o problema. E também continua a politização em relação a doença,e agora, em relação à vacina.

Se fossemos empregar um ditado popular em relação ao comportamento do governo e do MS nessa epidemia, o mais correto e apropriado seria “barata tonta”. Uma barata tonta não sabe que direção tomar nem que atitudes adotar em relação a tal situação.

Mais uma vez a queda de braço entre o governador de São Paulo, João Dória, e o presidente Jair Bolsonaro. Dória havia anunciado o início da vacinação em São Paulo para 25 de janeiro. Claramente, Dória avançou o sinal nessa questão pois o imunizante produzido pelo Instituto Butantã, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, ainda não foi registrado na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). O registro na Anvisa é um pré-requisito para aplicação de qualquer vacina a ser aplicada no Brasil.

De acordo com o plano do governo paulista a vacina seria aplicada, de forma gratuita, inicialmente, em pessoas com mais de 60 anos, indígenas e quilombolas. Cercam de 9 milhões de pessoas seriam imunizadas, sendo que cada uma delas receberia duas doses da vacina.

Porém para que tal aconteça, o governo paulista tem que correr contra o tempo, e entrega as informações referentes a última etapa do estudo até dia 15 de dezembro. O problema é que horas após a divulgação desse plano de vacinação, que foi feito na segunda-feira, 07, a Anvisa divulgou nota dizendo que não havia recebido os dados da fase 3 do estudo. A fase 1 já foi analisada, e a fase 2 está em análise. O que a maioria espera é que os dados estejam prontos em 15 de dezembro, e que a vacinação comece mesmo em 25 de janeiro.

João Dória afirmou na ocasião do anúncio que o Brasil tem pressa, que pessoas estão morrendo todos os dias e criticou o plano do governo federal de iniciar a imunização apenas em março.

 O plano inicial do governo federal era iniciar a vacinação apenas em março. E pelo plano do governo seriam vacinadas inicialmente idosos com mais de 75 anos, pessoas acima de 60 anos que vivam em asilo e população indígena.

Em reunião virtual ocorrida nesta terça-feira com os governadores dos Estados, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a Anvisa precisa de 60 dias para aprovar o uso de qualquer vacina contra o coronavírus. No encontro houve um bate boca entre Pazuello e João Dória justamente por causa desse prazo de 60 dias dado pela Anvisa para aprovação de qualquer imunizante.

O fato é que a pressão dos governadores, principalmente, de João Dória, parece ter funcionado. Nesta quarta, 09, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, veio a público dizer que é possível que as aplicações da vacina, sejam feitas em forma de caráter emergencial, já em dezembro ou janeiro. Isso vai depender da autorização concedida pela Anvisa e da entrega das vacinas pelos laboratórios. Foi feito o anúncio, mas não foi feito detalhamento do plano nacional de vacinação, aliás, como tem sido tudo nesse governo: os planos sejam eles em qualquer área, não são feitos de forma sólida, é tudo meio como gelatina, inconsistente.

É fato que, desde o início tem se travado uma queda de braço entre João Dória e Jair Bolsonaro a respeito da politização da pandemia, e, agora, da vacina. Mas se olharmos, de modo frio, não passional para essa queda de braço entre os dois mandatários, veremos que as intenções de Dória, ainda que políticas também, assim como as de Jair Bolsonaro — Dória pretende ser candidato a presidência em 2022, e Jair Bolsonaro, que também já disse que é candidato a releição, é igual a atirador de elite: quem aspira a cadeira que hoje ele ocupa, ele procura abater — são bem mais sensatas, e vão de acordo com a ciência e com o que prega o bom senso. As intenções do governador paulista, ainda que políticas, repita-se, vão no sentido de salvar vidas. As de Jair Bolsonaro, ao contrário, vão no sentido da negação da ciência e no descaso para com a vida humana.

Se fosse uma torcida, um campeonato, de que lado o leitor ou leitora se colocaria?

O fato é que o inimigo ainda está por aí. Não é extra-terrestre, mas é invisível e está fazendo um grande estrago. Aqui no Brasil, já são 178.184 os mortos pela Covid-19. Caminhamos para os 200 mil. 6.675.915 é o número dos brasileiros que tem, ou tiveram a doença.

O inimigo está por aí, é uma realidade. O problema é que o comandante da nave brasileira, não dá a devida atenção a ele, e isso é bom… para o vírus. O comandante fez e continua fazendo a estratégia equivocada quando se trata da pandemia.

Se fossem ETs como nos filmes seria mais fácil. Os Ets, pelo menos são visíveis. O coronavírus, ao contrário, é invisível.

Noves fora, ainda bem que têm a ciência para ganhar Oscar.

E nessa luta, que o vencedor seja a ciência e a eficácia da vacina.



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Assassinato no Carrefour

Posted by Cottidianos on 23:12

 Sexta-feira, 20 de novembro

#VIDASNEGRASIMPORTAM


Se datas comemorativas fossem como os capítulos de um livro, e para cada um deles houvesse uma ilustração, o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, comemorado em muitas cidades brasileiras, teria uma ilustração triste.

 Essa ilustração seria uma cópia do que aconteceu em Minneapolis, Minnesota, Estados Unidos. Creio que a memória das imagens de George Floyd, 40 anos, americano, negro, morto por asfixia pelo policial branco, Derek Chuavin, ainda estejam muito bem vivas na mente de todos. Mais de oito minutos com o joelho do policial sobre o pescoço foram demais para a resistência física de George, assim como ficaria difícil para a resistência de qualquer um.

NÃO CONSIGO RESPIRAR.

Uma frase que entrará para história da luta racial nos Estados Unidos.

Aqui no Brasil também, muitas vezes, fica difícil para os negros: homens, mulheres, velhos, e crianças respirarem. São anos a fio de preconceito, violência, repressão, falta de oportunidades, morte de sonhos.

NÃO CONSEGUIMOS RESPIRAR.

Poderia ser uma frase a ser usada pelo povo negro nas senzalas do período em que durou a escravidão, e também a ser pronunciada, em forma de gritos ou de brados nas senzalas do Brasil moderno.

Infelizmente, na véspera em que se comemora um dia de reafirmação de luta contra o preconceito e a discriminação, foi a vez de João Alberto Silveira de Freitas, brasileiro, negro, 40 anos, perder a respiração e a vida.

NÃO CONSIGO RESPIRAR. Com certeza, se essas palavras não puderam sair de sua boca, todo o seu sistema respiratório, bem como todas as células, nervos, músculos, e órgãos do seu corpo, bradavam, numa luta desesperada para não se calarem de vez.

ME AJUDA!

 Me ajuda! Foi o pedido desesperado de sua esposa a quem assistia a cena, passivamente. O grito desesperado saiu da garganta da cuidadora de idosos, Milena Borges Alves, 43 anos, esposa de João Alberto.


A tragédia aconteceu ontem, 19, na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O palco da tragédia? Um supermercado da rede Carrefour.

João Alberto e Milena haviam passado o dia fora de casa. Dia corrido, como se diz popularmente. Estavam ajudando o pai dele a resolver alguns problemas.

Vamos comer um pudim de pão? Sugeriu João Alberto. A esposa foi olhar na dispensa da cozinha e viu que lhe faltavam os ingredientes necessários. O supermercado ficava a apenas 600 metros do apartamento onde moravam, na Vila Iape. Mesmo cansados, não seria tarefa difícil ir até lá comprar os ingredientes. Resolveram então ir ao Carrefour.

Percorreram os corredores do supermercado, e os produtos foram saltando das prateleiras para o carrinho: Beterraba, alface, tomate, ovos, leite, pão, e leite condensado. R$ 60,00 em compras. Era o suficiente para o casal por aquela noite. Hora de passarem no caixa, pagarem os produtos, e voltarem para casa.

João Alberto, porém, sempre fora muito brincalhão. Era uma caraterística dele. Era daqueles caras que brincavam com todo mundo. Até com desconhecidos.

Chegando ao caixa, fez algum gesto para uma fiscal do supermercado. Uma brincadeira. Apenas isso. Porém, foi o suficiente para ela interpretar mal a brincadeira e ainda ficar ofendida com isso. A mulher chamou então outros seguranças. Três homens e duas mulheres, trataram de conduzir o homem para fora da loja, em direção ao pátio do estacionamento, onde estava o carro do casal. Um deles era policial militar que, nas horas de folga, trabalhava como segurança para o supermercado.

No momento em que atravessavam a porta giratória que dava acesso ao estacionamento, João Alberto, por motivos ainda desconhecidos deu um soco em um dos seguranças. Isso bastou para que o tumulto fosse criado. Os seguranças passaram então a agredir, brutalmente, o cliente da loja. Conseguiram derrubá-lo, e o mantiveram rendido com a perna em cima dele, no pescoço ou no tórax , não é possível ver isso direito no vídeo que circula nas redes sociais, mas, certamente, em lugar bastante incomodo, a ponto de lhe dificultar a respiração.

Alguns clientes, que já estavam saindo do supermercado e levavam os carrinhos de compras até seus veículos, pegaram seus celulares e começaram a filmar o ocorrido. Queriam saber onde estava acontecendo. Uma funcionária da empresa então faz ameaças a essas pessoas, dizendo que elas não podiam filmar. Quando perguntada sobre o que ocorria, ela afirmou que o homem havia agredido uma cliente. Fato que até agora não foi comprovado, e também não houve nenhuma cliente que reclamou de ter sido agredida por João Alberto.

A confusão armada no estacionamento. Enquanto isso, Milena, esposa de João Alberto, tranquilamente, estava no caixa, passando os produtos e pagando a conta. No momento em que ela também se dirigiu ao estacionamento, foi surpreendida por um princípio de confusão. Funcionários do estabelecimento passaram correndo por ela. Que será que aconteceu? Deve ter se perguntado. Nem em sonhos imaginava que a confusão envolvia seu marido.

Ao chegar ao estacionamento, ela se deparou com dois homens imobilizando João Alberto, que àquela altura já havia sofrido uma seção de espancamento. Ele ainda estava com vida e pediu ajuda a ela. Ela até tentou ir até onde o marido estava, mas foi impedida pelos seguranças. Foram mais de cinco minutos com o joelho do segurança em cima dele, depois de ter sido brutalmente agredido. 

Assim como o ar faltou para George Floyd, em Mineapólis, também faltou ar para João Alberto, em Porto Alegre. E sem ar para respirar a vida se esvaí, como todos sabemos.

A equipe do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi chamada. Foi até o local. Fizeram massagem cardíaca no homem, mas ele não resistiu. Morreu ali mesmo, no pátio do estacionamento do supermercado Carrefour.

Os agressores de João Alberto foram presos logo após o homicídio. Eles podem responder pelo crime de homicídio triplamente qualificado: asfixia, motivo fútil, e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Os outros funcionários que assistiram passivamente a cena, também podem responder por omissão.

E o crime de racismo? Em nenhum momento isso é qualificado na fala das personagens da cena do crime, nem pelas imagens. Mas precisa estar qualificado isso, quando sabemos que no Brasil é um país onde existe um racismo velado. Onde se faz de conta que ele não existe, mas, na realidade existe, e muito.

E se fosse um homem branco a fazer uma brincadeira com a funcionária, a atitude teria sido a mesma? E se caso isso acontecesse e os seguranças tivessem conduzido o homem branco para fora da loja, a truculência teria sido a mesma, a ponto de matá-lo?

Foi verificado junto à perícia que provavelmente ele tenha morrido por asfixia ou ataque cardíaco. Os dois seguranças que agrediram ficaram em cima dele, aquilo dificultou a respiração dele. Quando falamos em asfixia não significa necessariamente estrangulamento, mas aquela forma de contenção de ficar em cima dele fez com que tivesse dificuldade de respirar e pode ter ocasionado um ataque cardíaco. Aguardamos o laudo oficial, mas são indícios preliminares a partir de sinais identificados pela perícia no corpo dele”, afirmou Roberta Bertoldo, delegada da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Porto Alegre.

A Brigada Militar tratou logo de esclarecer que o PM não estava, no momento da ocorrência, à serviço da corporação. Divulgou uma nota na qual diz:

Cabe destacar ainda que o PM temporário não estava em serviço policial, uma vez que suas atribuições são restritas, conforme a legislação, à execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento, e, ainda, mediante convênio ou instrumento congênere, guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos", diz o comunicado. A Brigada Militar, como instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, e seu total repúdio a quaisquer atos de violência, discriminação e racismo, intoleráveis e incompatíveis com a doutrina, missão e valores que a Instituição pratica e exige de seus profissionais em tempo integral”.

Após a repercussão negativa do ocorrido, o Carrefour diz ter rescindido o contrato com a empresa que fazia a segurança do estabelecimento. Disse também que demitiu o funcionário responsável pela loja no momento em que os fatos ocorreram. Que lamenta profundamente o ocorrido e que iniciou uma investigação interna para apurar os fatos.

Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais”, afirmou a empresa em nota divulgada.

Antes do ocorrido o Carrefour havia anunciado para esta sexta-feira, 20, o lançamento de um manifesto pela diversidade. A campanha abordaria temas como identidade de genêro, orientação sexual, intolerância religiosa, além de racismo e preconceito. Agora, essa campanha perde completamente o sentido, se lançada nesse momento pelo Carrefour. Melhor guarda na gaveta e fazer isso em outro momento, quando de fato a rede de supermercados introduzir em si mesma esses valores.

Já não é a primeira vez que a rede de supermercados dá mostra de que a vida humana não importa. Apenas o lucro.

Em agosto desse ano, Moisés Santos, que trabalhava como representante comercial de vendas, em uma loja do Carrefour, em Recife, Pernambuco, teve um mal súbito e morreu dentro da loja. Em vez de fechar a loja, e providenciar o necessário para quando uma pessoa morre, IML, ambulância, documentação, respeito pela dor dos familiares do morto, os responsáveis pela loja resolveram cobrir o cadáver com guarda-chuvas abertos, e seguir com o dia-a-dia da loja, como se nada tivesse acontecido. Enquanto o corpo frio e rígido do representante de vendas ficava lá das 8h da manhã ao meio dia.

No dia 28 de novembro de 2018, um fato também chocou e comoveu a população. Também envolvendo o Carrefour. Dessa vez foi uma cadela de nome Manchinha. O animal foi espancado, e depois envenenado por um segurança do supermercado.

A pergunta que fica no ar é a seguinte: Que tipo de orientação recebem os funcionários do Carrefour? Eles recebem alguma orientação para lidar com situações difíceis, sem que para isso tenha que tirar a vida de homens e animais? Ou para preservar a vida humana acima do lucro?

Várias autoridades se manifestaram sobre o caso. Algumas deram declarações bem pertinentes e inteligentes sobre o fato. Outras nem tanto. Uma dessa declarações infelizes e de quem parece não conhecer o país em que vive, ou que se recusa a ver a realidade, foi dita pelo vice-presidente Hamilton Mourão.

Perguntado por um repórter, e referindo-se ao caso acontecido em Porto Alegre, Mourão disse: “Lamentável, né? Lamentável isso aí. Isso é lamentável. Em princípio, é segurança totalmente despreparada para a atividade que ele tem que fazer”.

O repórter pergunta então se ele considerava o caso de Porto Alegre como um caso de racismo. Mourão responde: “Para mim, no Brasil não existe racismo. Isso é uma coisa que querem importar aqui para o Brasil. Isso não existe aqui

Meio ainda como não querendo acreditar na declaração do vice-presidente o repórter insiste: “O senhor acha que não tem racismo?

 Não, eu digo para você com toda a tranquilidade: não tem racismo aqui”, rebate Mourão.

O repórter insiste mais uma vez na questão e Mourão fica firme no seu posicionamento: “Eu digo para vocês o seguinte, porque eu morei nos EUA: racismo tem lá. Eu morei dois anos nos EUA, e na escola em que eu morei lá, o 'pessoal de cor' andava separado. Eu nunca tinha visto isso aqui no Brasil. Saí do Brasil, fui morar lá, era adolescente e fiquei impressionado com isso aí. Isso no final da década 60. Mais ainda, o pessoal de cor sentava atrás do ônibus, não sentava na frente do ônibus. Isso é racismo. Aqui não existe isso. Aqui você pode pegar e dizer é o seguinte: existe desigualdade. Isso é uma coisa que existe no nosso país”.

Entretanto, lembremos, Mourão faz parte de um governo que nega tudo: nega a ciência, nega a pandemia, nega o desmatamento de nossas florestas, nega os dados sobre poluição, nega a importância da luta do povo negro, por que não negaria também a questão do racismo no Brasil, não é verdade?

Domingo, 15, tivemos eleições em todo o país para prefeito e vereador. Pois bem, em um país no qual não existe racismo, como diz o vice-presidente, em Joinville, no estado de Santa Catarina, apenas agora nessas eleições foi eleita uma mulher, vereadora, negra.

Ela se chama Ana Lúcia Martins e foi eleita pelo PT. A vereadora ainda nem começou o mandato e já sofre fortes ataques racistas. Os ataques começaram assim que terminaram a apuração dos votos e o nome dela foi confirmado como vereadora eleita.

Um post nas redes sociais comemorava o sucesso merecido da candidata. Em resposta a esse post, outro post feito por um perfil anônimo, dizia: “Agora só falta a gente matar ela e entrar o suplente, que é branco. Os fascistas mandaram avisar que ela que se cuide! ”.

Essa é apenas uma pequena amostra dos ataques racistas sofridos pelos negros. A imprensa está farta de mostrar esses casos. Eles acontecem tanto com anônimos quanto com personalidades famosas. E as outras centenas de casos que acontecem e que não chegam às lentes da mídia, e, portanto, ao conhecimento da sociedade?

Então, senhor vice-presidente, mais uma vez a pergunta que não quer calar: Existe ou não racismo no Brasil? Ele existe, senhor vice-presidente e está acontecendo todos os dias, em todas as partes do país, e não apenas nos Estados Unidos, como o senhor diz. A questão é que o senhor não o vê ao seu redor, pois é branco e rico. E os brancos e ricos não sabem o que é isso. Estão bem distantes dessa realidade, desse sofrimento.

Assim também pensa o presidente da Fundação Palmares. Esse não é branco. Pode até ser rico. Um rico que se acha branco, apesar de sua pele negra. Em postagem, neste dia 20 de novembro, ressalte-se, Dia da Consciência Negra, ele afirma: “Não existe racismo estrutural no Brasil; o nosso racismo é circunstancial — ou seja, há alguns imbecis que cometem o crime. A 'estrutura onipresente' que dia e noite oprime e marginaliza todos os negros, como defende a esquerda, não faz sentido nem tem fundamento”.

Ou seja, a fala de Mourão e a de Sérgio Camargo se complementam, se casam perfeitamente. São eles que falam, dão suas opiniões pessoais. Porém o mais grave de tudo isso é que isso também expressa o discurso de um governo, que não apenas nega a destruição do meio ambiente, a pandemia que já vitimou, até agora, mais de 168 mil brasileiros, que nega a ciência e outras questões fundamentais, também nega que haja racismo no Brasil, e que essa luta que o povo negro faz contra o racismo e a discriminação é coisa de esquerdista. E quando a gente nega uma coisa, é como se aquela coisa de fato não existisse. E se uma coisa não existe, não é necessário encontrar soluções para ela, simplesmente porque o problema não existe.

Não podia deixar de encerrar essa postagem sem citar um personagem sem o qual o caso do assassinato do João Alberto teria sido mais a ficar esquecido. A pessoa que filmou toda a cena brutal. É um motoboy, que não quis se identificar por razões óbvias. Ele teme ser vítima de violência por parte de algum familiar dos envolvidos ou por algum seguidor de suas redes sociais que não compreenderia por que ele, em vez de ficar filmando, não foi lá socorrer o homem.

Sendo que ele estava vendo os seguranças embrutecidos e poderia também ele ser mais uma vítima da agressão, e aí seriam dois mortos, ninguém imagem, e responsáveis impunes.

Ao site GHZ o motoboy afirmou que não presenciou o início dos acontecimentos dentro da loja. Que apenas viu o que estava acontecendo no estacionamento e começou a filmar. Ele afirmou não ter visto a vítima reagir, e que a violência dos policiais era desproporcional.

Eles deram um soco no senhor, e ele deu um tapa. Aí pegaram os pés dele, derrubaram no chão e começaram a bater. Bater, bater, bater, bater. E quando fui chegando com o celular, a moça viu e começou a me ameaçar, dizendo que ia me queimar no mercado”, disse o motoboy.

Ao G1, o mesmo motoboy afirmou que se aproximou para fazer as filmagens até mesmo numa tentativa de intimidar os agressores. Mas não adiantou nada.

Ainda os site do GHZ ele disse que foi ameaçado pela funcionária do Carrefour. A mulher disse que ele parasse de filmar senão iria queimar ele na loja. Ao G1, ele disse que nessa hora ficou na dúvida. E pensou: Será que vão fazer alguma coisa comigo?”  Então ponderou que era melhor registrar o ocorrido, até mesmo na tentativa de salvar uma vida, do que continuar fazendo entrega para gente tão bruta. Então resolveu, e disse a funcionária. Não, tranquilo. Eu não vou mais fazer entrega para vocês. É minha última entrega. Só que o vocês tão fazendo tá errado”. 

Voltando ao GHZ — desculpem-me esse jogo de fonte de informações, mas um depoimento complementa o outro — a eles o motoboy disse que após a ameaça da funcionária, os seguranças o cercaram e pediram para que ele apagasse as imagens. O motoboy guardou então o celular, sem apagar as imagens. Ele ainda chegou a postar as imagens em suas redes sociais, mas diante da repercussão que o caso tomou, resolveu apaga-las. 

Graças a essas imagens, a polícia decretou a prisão preventiva de Magno Braz Borges e Giovane Gaspar Da Silva os dois seguranças diretamente envolvidos no assassinato. Além de também ter identificado a funcionária Adriana Alves Dutra, que ameaçou o motoboy, e também os outros funcionários que, diante de tanta brutalidade, simplesmente, cruzaram os braços.

Hoje é Dia da Consciência Negra, e no dia de hoje, o povo negro e a sociedade brasileira como um todo, em vez de comemorar a data, tem mais um fato triste envolvendo um homem negro a lamentar. E não nos esqueçamos que em uma sociedade onde reina o preconceito e a discriminação, ninguém ganha. Todos perdem.

 


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