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Expresso 150

Posted by Cottidianos on 00:03
Sexta-feira, 30 de setembro

Um trem que chega, um outro parte
Do mesmo jeito em qualquer estação
Destino incerto, sem finos trajes
Indecifrável, mas simples ao coração

Não há segredo, é como um beijo sem fim
Tão bela a vida, desprevenida
Que eu mesmo faço
Passo a passo, então
(Trem – Banda Suricato)


Caros leitores e leitoras. Se você estiver numa plataforma esperando o Expresso 150, e lhe oferecerem um Cappuccino, sai correndo porque você pode estar entrando numa fria.

Seja sincero, e responda a seguinte pergunta: Quais setores e instituições brasileiras não estão corrompidos? Considerando que todos os dias, ao abrimos os jornais ou ligarmos a TV nos deparamos com uma avassaladora onda de corrupção que abrange os mais diversos setores e instituições da sociedade: polícia, hospitais, governo, empresas, agremiações esportivas, e nos poderes: Legislativo, Executivo, e Judiciário, reconheço que fiz uma pergunta difícil, e que nos causa revolta.

Algo de muito errado está acontecendo com nossa sociedade. Não é normal que tenhamos tantos de casos de corrupção pipocando em todos os lugares. Sem dúvida que precisamos de uma reforma previdenciária, de uma reforma política, e de uma reforma econômica, mas para que qualquer delas dê resultado, é mais urgente que se reforme a mente e o caráter da sociedade, e quando digo sociedade, entenda-se aquela parte dela cujos valores morais e éticos estão deteriorados. Refiro-me àqueles cujas mentes são fracas e doentias, a ponto de usarem as funções que exercem nas instituições públicas e nas empresas, para prejudicar o Estado e cidadão, e as próprias instituições, desvirtuando assim, os objetivos para os quais tais empresas e instituições são destinadas. Para todos os lados que se olhe deparamo-nos com um virar do avesso da ética e da moral. É preciso antes de tudo, e urgentemente, reformar o cidadão.

Nós, todos nós, enquanto cidadãos e cidadãs brasileiros, e que ainda acreditamos que podemos e devemos viver em um país sério, não podemos mais tolerar tais tipos de comportamento. Costuma-se banalizar a violência que ocorre nas grandes cidades. Dizemos: “Ah, mais um assalto”! “Ah, mais uma morte”! E tudo vira estatística, quando, na verdade, o que deveríamos fazer era queimar os neurônios e pensar no por que ocorreu mais uma morte, ou mais um assalto.

Da mesma forma também banalizamos somas. Isso mesmo, banalizamos somas astronômicas. Já pensaram em somar toda a quantia de dinheiro que, diariamente, temos notícias de que foi desviado desta ou daquela instituição? Da Petrobrás então, nem se fala. Milhões pra aqui. Bilhões pra acolá. É tanto dinheiro que é roubado dos cofres públicos que daria pra reformar o Brasil. Deveríamos pensar mais e nos indignar ainda mais, e usar essa indignação para dizer: “Chega”! “Basta de corrupção”!

São tantas figuras da política e do empresariado nacional presos, investigados, ou detidos para averiguação. A Justiça Federal, atuando na Lava Jato, sob a mão de ferro do juiz Sérgio Moro, tem feitos muitas prisões, condenações, detenções para averiguação, mandados de busca e apreensão. Isso é coisa nova no Brasil, em tratando da prisão de políticos e empresários poderosos.

Mas apenas prender não basta. É preciso fazer com que esses figurões devolvam cada centavo do que roubaram. Se não, o sujeito vai preso, fica lá uns meses, ou três, quatro anos, que seja, e depois sai, joga o dinheiro para cima para que ele caia sobre a ele como chuva farta, e ainda ri da justiça, da sociedade, e da própria canalhice.

E o que fazer quando o próprio agente da lei se torna bandido? O que fazer quando a sociedade paga, e paga caro, a esses agentes, para que a defenda dos indivíduos que são ameaças à sociedade, e eles, ao contrário, libertam esses indivíduos mediante dinheiro ilícito?

Falo da Operação Expresso 150, cuja segunda fase, batizada de Cappuccino, e que investiga a venda de decisões judiciais, no Estado do Ceará. Naquele estado estava se desenrolando um repugnante conluio entre advogados e desembargadores, com o objetivo de libertar criminosos mediante a concessão de habeas corpus, principalmente, durante plantões judiciários. Entre 2011 e 2012, a quadrilha também possibilitou o ingresso nos quadros da administração pública, a mais de 300 pessoas para ocupar o cargo de soldado, sem que houvessem sido aprovados em concurso público.

Nesta segunda fase, a Polícia Federal prendeu os desembargadores da ativa, Sérgia Maria Mendonça, Francisco Pedrosa Teixeira, e o desembargador aposentado, Valdsen Alves. 14 advogados também são alvos das investigações. Os bandidos, que sob o manto da lei usavam o nome digno de desembargadores e advogados, também cobravam caro para livrar da prisão assaltantes de bancos e traficantes. O valor base era de R$ 150 mil, entretanto, podia variar de R$ 50 mil a R$ 500 mil. 

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A sala de cinema da democracia

Posted by Cottidianos on 17:55
Domingo, 25 de setembro

No escurinho do cinema
Chupando drops de anis
Longe de qualquer problema
Perto de um final feliz
Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck
Não vou bancar o santinho
Minha garota é Mae West
Eu sou o Sheik Valentino
(Flagra - Roberto De Carvalho-rita Lee)


Chega o eleitor e senta-se na sala de cinema da democracia. Espera ver um filme que fale de solidariedade, de amor ao próximo, de confiança no ser humano. O eleitor está ansioso pela hora em que comece o filme que o motivará a desempenha o seu papel de cidadão. Ainda se que acendam as luzes da telona, o nosso espectador, sonha em sua mente, e imagina em seu coração com um país forte e pujante, capaz de conduzir os seus filhos e filhas que, nascidos ou não em berço esplendido, aspiram às glórias de uma boa educação, pela tranquilidade de andar pelas ruas de sua cidade sem estar temeroso, olhando para os lados, desconfiando de qualquer um que se aproxime dele. Comendo a pipoca da civilidade, o eleitor projeta em seu filme mental cenas de hospitais e escolas bem equipados, médicos e professores bem remunerados. Não está sozinho o eleitor, nem na sala, nem nos ideais. O cinema está cheio de milhões de pessoas com os mesmos sonhos.

Chega o grande momento. Acendem-se as luzes da telona. E o filme que é exibido não é filme motivacional, nem muito menos altruísta. A exibição assemelha-se mais a um filme policialesco, cheios de bandidos assaltando os cofres da nação. Há um povo que necessita de cuidados, que necessita de recursos financeiros, de educação, de segurança, de um bom sistema de saúde. O povo estende às mãos na direção dos governantes. Entretanto, os políticos lhe dão às costas, e vão fazer farras nababescas com empresários e empreiteiros corruptos. O povo, que havia confiado aos políticos a chave dos cofres da nação, sente traído, e resolve usar as armas da cidadania, do diálogo, da pressão, e, principalmente do voto, para tirar o poder das mãos daqueles em quem havia confiado, e colocar no lugar deles, gente comprometida com a nação, e não consigo mesmas, e com seus fechados e seletos grupos de interesses mesquinhos.

Então, resolvida a situação, o filme da democracia chega ao fim, com o povo nas ruas, celebrando, cantando, e dançando, afinal o país a quem tanto amam, é deles novamente. As árvores da fartura e da prosperidade, antes secas e sem vida, voltam a exibir seu vigor. Os frutos voltam a carregar a pontas dos galhos. As flores da felicidade, antes sem cor e sem perfume, voltam a exalar aromes suaves de fragrâncias deliciosas. O céu da cidadania, antes encoberto e cinzento por causa da poluição danosa causada pela corrupção, volta brilhar nas cores azul e branco. E, em cada recanto do país, um sorriso brota dos lábios e do coração de um povo que se sente, finalmente, livres dos bandidos e salteadores da democracia plena, e dos direitos do cidadão. O povo sente que um novo tempo começa.

Esse final idealizado pode ser perfeitamente possível, basta acreditarmos, basta que não percamos as esperanças, basta que não nos omitamos, e cobremos moralidade e ética de quem não às têm. Basta que cada um de nós seja sensato o suficiente para termos em caixa a moeda que vamos cobrar dos outros.

Aproximam-se as eleições municipais. Dia 02 de outubro, os eleitores irão às urnas para escolherem cidadãos, ou cidadãs, para ocupar os cargos de prefeito, vice-prefeito, bem como, os vereadores que integrarão as Câmaras Legislativas Municipais.

Nas cidades com mais de 200 mil eleitores, nas quais nenhum candidato consiga atingir a maioria absoluta, ou seja, 50% por cento mais um, haverá um segundo turno, que será realizado no dia 30 de outubro. Sendo os candidatos desse segundo, os dois mais votados no primeiro. A responsabilidade é grande demais para ser decidida em menos de um minuto, que é tempo estimado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o voto de cada eleitor. Menos de um minuto para, no caso de ter confiado num traidor da nação, aguentar quatro anos de desmandos e roubalheira. A decisão de cada eleitor deve ser tomada bem antes, pensada bem antes. Sendo apenas o apertar do botão na urna como o apertar do gatilho: um erro torna-se fatal.

A questão é que, o eleitor se depara com a montanha de escândalos de corrupção, e de partidos políticos e seus integrantes formando a base dessa montanha, que fica a se perguntar: em quem posso confiar? É uma questão séria essa da credibilidade da classe política, e reflete e enfermidade de nosso sistema político. Os termômetros que medem o grau de temperatura de nosso corpo nos informam se estamos ou não com febre. Uma febre de 40 graus é algo preocupante, e é o caso de correr logo com o enfermo para um hospital por que remédios paliativos, certamente, não adiantarão nesse caso.

Se também houvesse termômetros para medir a credibilidade de nossos políticos e de nosso sistema político, com certeza, eles indicariam temperaturas superiores a 40 graus. É o caso, mais do que nunca de correr para o hospital mais próximo. A questão é: qual remédio indicar para esse paciente. O remédio certo seria uma reforma política urgente. Mas o hospital Brasil teria esse remédio no momento? Os nossos gestores teriam algum interesse em colocar esse remédio nas prateleiras? Ao que parece, não. Pois o assunto é discutido com grande timidez no Congresso. E toda vez que entrou em pauta foi ignorado.
Atualmente, o assunto voltou à discussão no Congresso. Os senadores Aécio Neves, e Ricardo Ferraço, do PSDB, apresentaram uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que, há duas semanas foi aprovada pela Constituição e Justiça da Câmara. A PEC apresentada pelos senadores, com previsão de votação ainda este ano, depois das eleições municipais, não propõe nenhuma solução mirabolante, nem algo diferente do que já havia sido apresentada outras vezes. As quatro medidas que a PEC propõe são de grande ajuda para melhorar o nosso alquebrado sistema político, e dentre elas destaco o fim das coligações nas eleições para deputado estadual, federal, e senadores. Com isso, acaba-se com a dança das cadeiras, na qual a distribuição das cadeiras está condicionada à votação de um candidato que se soma as legendas coligadas, proporcionando o ridículo de se eleger candidatos cujas votações foram insignificantes.

Outro ponto fundamental da PEC apresentada pelos senadores é clausula de desempenho que promete reduzir o número de partidos existentes. Isso ajudaria a melhorar a governabilidade, uma vez que é absurdo o número de partidos políticos existentes hoje no Brasil. Eles são em número de 35 e infernizam a vida do Poder Executivo mendigando cargos e posições, e forçando o governo a fazer da governabilidade um balcão de negócios.

A Proposta de Emenda Constitucional apresentada por Aécio Neves e Ricardo Ferraço não é a varinha de condão que irá transformar a abobora em carruagem, mas já é um tímido sinal de remédio para a enfermidade de nosso sistema político. Talvez ajude a afastar os abutres que se instalaram nas casas legislativas municipais, estaduais e federais.

Voltando as eleições. No próximo dia 02 de outubro não cometa a asneira de votar em branco ou nulo. Escolha alguém em quem votar. Você pode até estar indeciso, mas não deixem que outros decidam por você, tenha uma coisa bacana que se chama atitude. Vote com consciência. Caro eleitor, você pode até nem saber ainda em quem vai votar, mas se souber em quais partidos ou candidatos não vai votar, já é meio caminho andado. 

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Avanços e Retrocessos

Posted by Cottidianos on 01:13
Quinta-feira, 22 de setembro



Considero o El País Brasil um excelente jornal, como também considero Luís Ruffato, um dos seus colunistas, um excelente jornalista, tendo compartilhado, por várias vezes aqui nesse blog, alguns dos artigos que ele escreve naquele jornal. Hoje, entretanto, em vez de compartilhar artigo dele, resolvi comentar um artigo escrito por ele, intitulado, A Brincadeira, e publicado no El País, no último 20 de setembro.

Ruffato começa o segundo parágrafo do texto dizendo: “Após encenar um dos mais vergonhosos episódios da História nacional, a farsa do impeachment da presidente Dilma Rousseff, levada a efeito por um Congresso corrupto, instigado por um político medíocre, o vice-presidente Michel Temer, agora intentamos outro golpe, desta vez contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.

Vivemos em um país democrático, e cada um pode ter e expressar a sua opinião como bem entender, seja o pensamento alinhado ou não a algum grupo político, ou simplesmente, apartidário. Entretanto, é, no mínimo exagerado, considerar o impeachment da presidente um dos mais vergonhosos episódios da História nacional. Dilma foi acusada de crime de responsabilidade, houve um processo político legal, que se desenvolveu, como sabem vocês, em duas etapas: uma na Câmara dos Deputados, e tendo como grande Tribunal Político com poder decisório, o Senado Federal. Os Senadores a consideraram culpada pelo crime, e cassaram o mandato dela, todavia, não se sabe por que cargas d’água resolveram dar-lhe um presente: a conservação de seus direitos políticos. Com isso, Dilma pode até, em remota hipótese, retornar a presidência nas próximas eleições presidenciais.

O fato é que, implicitamente, Dilma também foi julgada pelo conjunto de sua obra, e a do partido ao qual ela pertence. Desde que o PT assumiu o poder, o que se tem visto é uma sucessão de graves escândalos de corrupção que afeta todos os principais elementos do partido e do governo. Tesoureiros, ministros, secretários, diretores de estatais, amigos próximos, familiares, todos envolvidos, direta ou indiretamente em desvios de dinheiro. Apenas o PT fez isso? Não. No Brasil sempre houve casos de corrupção. O PT apenas deu uma dimensão maior e mais sofisticada ao institucionalizar a corrupção e fazer dela parte de um mesquinho projeto de poder. Poderíamos dizer até, sic, que o PT profissionalizou a corrupção. Se o impeachment de uma presidente cujo partido desviou bilhões de reais dos cofres públicos é uma vergonha nacional, então Fernando Collor, que sofreu impeachment por causa de Fiat Elba, seria o que então?

Diz o colunista do El País Brasil, que se intenta desta vez, um golpe contra Lula. Grande e “inocente” estadista que, mesmo com todo lamaçal ao seu redor, e que envolvia todos os seus assessores diretos ou indiretos, homens de confiança e amigos próximos, mesmo assim, ele nunca soube de nada. Só podemos tirar daí duas conclusões: a de que o ex-presidente é muito burro ou muito esperto. Supondo que a carreira como sindicalista deve ter-lhe ensinado muitas artimanhas e meandros de conseguir o que queria, mesmo que os métodos não fossem os mais santos, então fiquemos com a segunda opção.  

Falando do golpe contra Lula, o jornalista quer dizer a denúncia que o Ministério Público apresentou contra o ex-presidente. É certo que na denúncia não havia elementos tão fortes que pudessem caracterizar provas, mas havia ali um raciocínio claro, lógico, e racional de como se deram as coisas, e também conteúdo substancial de corrupção. Apenas lembrando que O MP acusou Lula de ser o chefe de todo esse esquema criminoso. Algum fundo de verdade deve haver na denúncia do MP, pois, se Lula, como diz o ditado popular, “não dá ponto sem nó”, o juiz Sérgio Moro também não. E Sérgio Moro aceitou a denúncia do MP contra o ex-presidente e outras sete pessoas. É bom também que se saiba que a denuncia não se fundamenta em ventos sem consequência, mas em contratos da empreiteira OAS com a Petrobrás, e que esses contratos renderam ao ex-presidente, ilícitos R$ 3,7 milhões.

Gosto muito dos artigos de Luiz Ruffato, mas acho uma pena que ele tenha se deixado emocionar pelas lágrimas de crocodilo derramadas por Lula.

O jornalista diz ainda que a principal finalidade da denúncia apresentada pelo procurador federal, Deltan Dallagnol, “é tão e simplesmente inviabilizar a candidatura de Lula à Presidência da República em 2018”. Ora, senhoras e senhores, isso é querer diminuir o precioso e cuidadoso trabalho que não apenas o Ministério Público, mas também a Polícia Federal tem feito no sentido de desvendar esses tenebrosos mistérios que se escondem no fundo do mar de lama que no qual se tornou a Petrobrás. É relativizar o esforço de combater a corrupção que não é apenas das duas instituições citadas, mas de toda a sociedade brasileira.

Além do mais, o retorno de Lula à presidência, seria para a sociedade brasileira, referendar a corrupção como prática legitima de governança. É certo que temos um Congresso corrupto, cujos líderes, partidos do governo, ou da base aliada, estão compactuando desses detestáveis esquemas, mas a sociedade brasileira está acordando de seu longo sono e de sua inércia e começa a perceber que, se continuar fingindo que nada está acontecendo de prejudicial à nação, que continua adotando a máxima de “todos roubam”, nunca chegaremos a lugar algum, ao contrário, andaremos sempre para trás, como os caranguejos que vivem na lama dos manguezais.


Ruffato encerra seu artigo dizendo que “A questão que fica é que o que poderá advir dessa severa desorganização política, econômica e social? Talvez estejamos brincando com fogo e que ao fim do embate entre o “Bem” e o “Mal” não reste nada para ser governado, pois a História, como está escrito no começo desse artigo, não tolera brincadeiras”, e o presente artigo lido por vocês neste blog, termina dizendo que algo de bom pode advir de toda essa bagunça que se tornou o nosso Brasil atual. Estamos arrumando a casa, estamos tentando limpá-la e reformá-la, e reformas, como todos sabem, são incomodas, porém, necessárias. E é bom que saibam PT, PMDB, PSDB, PPS, PSOL e demais partidos, que, se a história não tolera brincadeiras, o povo brasileiro quer fazer história e não mais tolerar as brincadeiras maldosas e perversas dos políticos que dão corpo a esses partidos. 

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Sua Excelência, o povo brasileiro

Posted by Cottidianos on 00:57
Segunda-feira, 19 de setembro

Ministra Carmen Lúcia

Exatamente há uma semana, vivemos dois momentos importantes e que revelam novas mudanças de rumo na sociedade brasileira, e uma, ainda que tímida manifestação de respeito por Vossa Excelência, o povo: a posse da ministra Carmem Lúcia, e a cassação do deputado Eduardo Cunha.  

O termo “tímida manifestação” usado no parágrafo anterior, se refere muito mais a Câmara dos Deputados quando cassou o mandato de Eduardo Cunha, após tanta protelação. Se o povo não tivesse se manifestado contra a permanência de tal político do qual se dizia “todo-poderoso”, os deputados o teriam absolvido, referendando assim a prática da corrupção como norma geral.

 A posse da ministra Carmen Lúcia, ao contrário, não teve nada de timidez, e acabou se tornando um importante ato contra a corrupção. E, ressalte-se, na cerimônia estavam muitos políticos que estão sendo investigados na operação Lava Jato. Dentre os convidados, estavam Temer, Renan e Lula, e eles tiveram que ouvir calados cada palavra que era dita. Não se sabe até que ponto as consciências de políticos envolvidos investigados na Lava Jato pesaram. Se, realmente, tiverem pesado, é um bom sinal, pelo menos, devemos deduzir que, lá no fundo do túnel, ainda há uma luz salvadora. Se não, se suas consciências não pesaram, é sinal de que eles já internalizaram a regra do não governar sem sistemas corruptos, que por sua vez geram governanças corruptas, lideradas por políticos corruptos.

Nessa emblemática e importante cerimônia, falaram contra a corrupção, o ministro Celso de Melo, e o procurador geral da Repúbica, Rodrigo Janot. Entretanto o gesto mais significativo veio da dona da festa: a ministra Carmem Lúcia. Ela, quebrando o protocolo em meio a tanto político renomado e com cargos importantes na política brasileira, deixou Vossas Excelências de lado, e dirigiu-se a Vossa Excelência, o povo. Disse ela, encerrando a sessão solene na qual tomou posse como ministra do STF:

Faço agora, algumas observações, deixando as minhas palavras no final desta sessão solene de posse, e eu peço licença pra iniciar quebrando um pouco o protocolo, ou pelo menos, interpretando a norma protocolar de maneira diferente como vendo sendo interpretada e aplicada. Determina-se na norma protocolar, os registros e os cumprimentos os registros e os cumprimentos se iniciem pela mais elevada autoridade presente, e é justo que seja assim. Principio, pois meus cumprimentos dirigindo-me ao cidadão brasileiro, princípio e fim do Estado, senhor do poder da sociedade democrática, autoridade suprema sobre todos nós, servidores públicos, em função do qual se há de labutar cada um dos ocupantes dos cargos estatais. Começo por cumprimentar o cidadão, muito insatisfeito hoje, como estou convencida, todos nós aqui estamos, por não termos o Brasil que queremos, o mundo que achamos que merecemos, mas que é nossa responsabilidade direta, colaborar em nossos desempenhos para construir. Cumprimento, portanto, inicialmente, Sua Excelência, o povo, querendo que cada cidadão brasileiro se sinta, individualmente, saudado por mim, e por este Supremo Tribunal Federal, em função do qual, nos existimos e desempenhamos nossas funções...”
É significativo, que, perante o presidente da nação, Michel Temer, e do Senado, Renan Calheiros, e outras autoridades presentes, Carmem Lúcia tenha saudado, primeiramente, o povo brasileiro. As autoridades políticas do Brasil deveriam tomar a fala da ministra como um recado, um alerta: o de que toda a nação brasileira, desde o judiciário até o cidadão comum, está indignada com tanta corrupção, farto de tanta impunidade e irresponsabilidade.

Se o povo brasileiro, realmente, se conscientizasse do poder que tem, e tivesse o conhecimento pleno de que é ele a razão de ser do judiciário de todas as instituições políticas e jurídicas democráticas, certamente, o tipo de político desprezível que habita nossas casas legislativas, deixaria de existir, perderia sua razão de ser.

Abaixo, compartilho texto escrito por Juan Arias, colunista do El País Brasil.

***


Para onde corre o Brasil?

A grande protagonista da mudança em andamento no país é ‘Sua Excelência, a sociedade’

JUAN ARIAS


Tudo que está em questão no Brasil, sem entrar no mérito de para onde o país caminha, é obra do despertar de uma sociedade mais crítica, convencida de seus direitos de uma forma como nunca havia estado no passado.

É uma sociedade consciente de que está sendo observada e levada em conta pelo poder. E até de que é temida por ele. Em seu discurso de posse, Cármen Lúcia, a nova presidente do Supremo Tribunal Federal, apresentou a sociedade como a primeira autoridade do Estado. Chamou-a de “Sua Excelência, o povo do Brasil”.

A maior parte da inquietação que vive o país se deve à nova tomada de consciência de uma sociedade que recuperou sua voz e não está disposta a se calar. As instituições do Estado sabem disso, tanto que hoje os três poderes se movem, em grande parte, ao ritmo dos humores e das reivindicações dessa sociedade. Todos os políticos estão atentos ao que pensa a opinião pública antes de tomarem uma decisão, com medo de perder seu apoio.

Um exemplo vivo foi a votação em massa dos deputados contra Eduardo Cunha, o envolvido em corrupção que havia sido o todo-poderoso presidente da Câmara, aquele a quem se temia ou se reverenciava. Até seus amigos do coração votaram contra ele para cassar seu mandato, temendo uma represália de suas bases eleitorais. Tudo para não se indispor com uma sociedade que está hoje em carne viva e vê negativamente os políticos.

Para saber se essa nova força de uma sociedade que parecia adormecida e hoje está consciente de seu poder de influência caminha para uma maior democracia ou, ao contrário, em direção a uma involução autoritária, é necessário observar o que ela está exigindo do poder.

A julgar pela atitude da grande maioria da sociedade, pode-se dizer que essa nova opinião pública brasileira exige valores mais democráticos, formas alternativas à velha política, assim como uma maior intransigência contra a corrupção.

Gregos e troianos, que chegam a entrar em confronto por causa de alguns temas político-partidários, acabam concordando quando se trata de exigir maior limpeza moral de seus governantes, maior justiça social, uma luta mais dura contra todas as discriminações e maior liberdade de expressão.

A própria polêmica em torno do impeachment de Dilma Rousseff, que dividiu o país, foi alimentada, pelos dois lados, por razões de defesa dos direitos democráticos. Ninguém saiu às ruas para pedir a volta da ditadura militar ou para restringir liberdades, e tem sido significativo o apoio em massa ao trabalho dos juízes que, embora criticados em seus possíveis excessos, estão levando ao banco dos réus e à prisão políticos e empresários milionários, e não só, como ocorria até pouco tempo atrás, negros e pobres.

Apesar das polêmicas que às vezes envolvem velhos amigos em uma discussão nas redes sociais, no fim das contas a grande maioria dos brasileiros reivindica maior compreensão quanto às diferenças de gênero ou de cor da pele, e uma vida política realizada à luz do sol e não nos esgotos sombrios de manobras inconfessáveis.

É uma sociedade que vai descobrindo a cada dia que sem sua pressão não haverá uma reforma política séria nem mudanças profundas nas velhas estruturas do poder.

Se tudo isso é verdade, é preciso concluir que aquilo que “Sua Excelência, a sociedade brasileira”, ainda dividida pela crise econômica e política, exige hoje é um Brasil no mínimo mais decente e mais de todos.


As forças reacionárias ou os nostálgicos do autoritarismo, se existem, foram ofuscados por uma opinião pública amplamente a favor das liberdades, da defesa das conquistas democráticas e contra os privilégios de alguns poucos, que ofendem as classes trabalhadoras que lutam para sobreviver à crise. O que não é pouco, embora ainda haja um longo caminho a percorrer.

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Uma vida que se mistura com águas e com elas se faz eterna

Posted by Cottidianos on 01:05
Sexta-feira, 16 de setembro


Na minha postagem de hoje, compartilho um texto de Plínio Marcos, intitulado, O ator. Plínio Marcos, principalmente, à época do regime militar escreveu várias peças de teatro. Além de escritor, também atuou como diretor e jornalista. A postagem e o texto compartilhado, são, na verdade, uma homenagem ao ator Domingos Montagner, que morreu afogado nas águas do São Francisco, que servia de cenário e ambiente para o personagem que viva na novela do horário das nove, na Globo, chamada Velho Chico, que, por sinal, está nos últimos capítulos. O ator foi tragado pela força das águas na tarde de ontem, quinta-feira (15).

Pense nas coisas da seguinte forma: A vida é uma novela da qual Deus é o autor e diretor. Nós somos os atores vivenciando dramas, alegrias e tristezas, choros, risos e lágrimas. Todos os dias quando acordamos, é como se o autor dissesse: “gravando”... E lá vamos para o set de filmagens que são os nossos afazeres diários.  Como toda novela, um dia gravaremos o último capítulo dela.

Para nossa tristeza, e para alegria do mundo espiritual, o último capítulo da novela da vida de Domingos, chegou ao fim na tarde de ontem, em um momento de lazer. Após o termino das filmagens na parte da manhã, o ator almoçou, e, logo após, junto com a Camila Pitanga, seu par romântico na novela, foram mergulhar num trecho perigoso do rio São Francisco, no qual a correnteza é forte. Camila ainda tentou salvá-lo, porém a força das águas foi mais forte.

***

Domingos Montagner

O ator

Plínio Marcos

Por mais que as cruentas e inglórias batalhas do cotidiano tornem um homem duro ou cínico o suficiente para ele permanecer indiferente às desgraças ou alegrias coletivas, sempre haverá no seu coração, por minúsculo que seja, um recanto suave onde ele guarda ecos dos sons de algum momento de amor que viveu na sua vida.

Bendito seja quem souber dirigir-se a esse homem que se deixou endurecer, de forma a atingi-lo no pequeno núcleo macio de sua sensibilidade e por aí despertá-lo, tirá-lo da apatia, essa grotesca forma de autodestruição a que por desencanto ou medo se sujeita, e inquietá-lo e comovê-lo para as lutas comuns da libertação.

Os atores têm esse dom. Eles têm o talento de atingir as pessoas nos pontos onde não existem defesas. Os atores, eles, e não os diretores e autores, têm esse dom. Por isso o artista do teatro é o ator.

O público vai ao teatro por causa dos atores. O autor de teatro é bom na medida em que escreve peças que dão margem a grandes interpretações dos atores. Mas o ator tem que se conscientizar de que é um cristo da humanidade e que seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva. O ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso que o ator tenha muita coragem, muita humildade e, sobretudo um transbordamento de amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor da personalidade de sua personagem, com a única finalidade de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidade padronizados, como os hipócritas com seus códigos de ética pretendem.

Eu amo os atores nas suas alucinantes variações de humor, nas suas crises de euforia ou depressão. Amo o ator no desespero de sua insegurança, quando ele, como viajor solitário, sem a bússola da fé ou da ideologia, é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente, procurando no seu mais secreto íntimo afinidades com as distorções de caráter que seu personagem tem. E amo muito mais o ator quando, depois de tantos martírios, surge no palco com segurança, emprestando seu corpo, sua voz, sua alma, sua sensibilidade para expor sem nenhuma reserva toda a fragilidade do ser humano reprimido, violentado.

Eu amo o ator que se empresta inteiro para expor para a platéia os aleijões da alma humana, com a única finalidade de que seu público se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor que tem que ser construído pela harmonia e pelo amor. Eu amo os atores que sabem que a única recompensa que podem ter – não é o dinheiro, não são os aplausos – é a esperança de poder rir todos os risos e chorar todos os prantos. Eu amo os atores que sabem que no palco cada palavra e cada gesto são efêmeros e que nada registra nem documenta sua grandeza. Amo os atores e por eles amo o teatro e sei que é por eles que o teatro é eterno e que jamais será superado por qualquer arte que tenha que se valer da técnica mecânica.

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Encrencados, o chefe e seus subordinados

Posted by Cottidianos on 00:33
Quinta-feira, 15 de setembro

Marcos Valério, operador do mensalão

Marcos Valério: Um homem e muitos segredos. Alguns dos quais ele não revela pelo medo de que lhe tirem o bem maior: a vida. Condenado no mensalão e réu na Lava Jato, essa semana, o empresário e publicitário, esteve frente a frente com o juiz Sérgio Moro, na 13a Vara Federal de Curitiba.  Marcos Valério é réu na 27a fase da Operação Lava Jato, que investiga empréstimo feito pelo pecuarista, José Carlos Bumlai ao Banco Sachin, cujo beneficiário é o PT.  Promotores do Ministério Público Federal acreditam que esse empréstimo feito por Bumlai tenha servido para comprar o silêncio do empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC. O Ministério Público suspeita que Ronan era sabedor de segredos escondidos pela cúpula do Partido dos Trabalhadores no caso da morte de Celso Daniel. Segundo os investigadores, Ronan sabia do envolvimento de membros da cúpula do partido no assassinato do prefeito também petista, Celso Daniel.

Diante do juiz Sergio, um dos procuradores do MP, perguntou a Valério que segredo era esse tão valioso do qual Ronan era sabedor, ao que o interrogado, pedindo autorização do juiz para não responder a pergunta, retrucou ao promotor que o havia questionado: “O que eu fiquei sabendo é muito grave e o senhor não vai poder garantir a minha vida”.

Esse mesmo Marcos Valério, considerado pela justiça como o operador do mensalão, disse em entrevista a revista Veja, lá em setembro de 2012, que Lula era o chefe de todo esse esquema criminoso. À Veja, há quatro anos, Valério disse que o caixa do PT foi de R$ 350 milhões. A arrecadação desse dinheiro foi obtida das formas mais ilícitas possíveis. Segundo Valério, Lula teria se envolvido pessoalmente na arrecadação desse dinheiro. Nada era feito em registro formal. Tudo acontecia em conversas e reuniões informais. Delúbio Soares e José Dirceu apontado como chefe desse esquema tinha papel ativo nessas transações.

Pois bem, passados quatro anos, os promotores do Ministério Público chegaram a mesma conclusão que Marcos Valério.


Ontem, quarta-feira (14), o ex-presidente Lula, a mulher dele, Marisa Letícia, e outras sete pessoas, foram denunciados pelos promotores que atuam no caso Lava Jato, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O processo no qual estão envolvidos apura o caso do apartamento Triplex no Guarujá — o qual Lula afirma não ser dele, apesar das evidências dizerem o contrário — e o armazenamento de bens do casal. Segundo levantaram os investigadores a quantia desviada da Petrobrás apenas para este esquema envolveu a quantia de R$ 87 milhões, e que Lula teria se beneficiado diretamente de R$ 3,7 milhões.

Na entrevista coletiva, antes de detalharem as informações, os procuradores fizeram um balanço dos quase dois anos e meio de investigação. Foram 239 denunciados pelo Ministério Público no esquema criminoso de desvio de dinheiro da Petrobrás, e 129 sentenciados.

Os procuradores falaram, falaram, e chegaram naquilo que Marcos Valério já havia dito há três anos: Lula era o chefe por trás de todos esses esquemas criminosos, tanto do mensalão, quanto da Petrobrás. “Comandante máximo do esquema” foi o termo que os procuradores usaram para definir a participação do ex-presidente.

Segundo, o procurador, Deltan Dallagnol o vergonhoso esquema de pagamento de proprina, ao qual ele chamou de “propinocracia”, corrompeu a governabilidade do governo, e possibilitou ao Partido dos Trabalhadores manter-se no poder à custa de enriquecimento ilícito.

Segundo os investigadores, a moeda de troca para comprar políticos da base aliada era a distribuição de cargos. E nessa troca de favores, o ex-presidente era peça central, que se movia pelo tabuleiro de xadrez da corrupção com maestria. “Quem tinha poder para distribuir e efetivamente distribuiu cargos para fins arrecadatórios: Lula. Só o poder de decisão de Lula fazia a estratégia da governabilidade corrompida viável. Lula estava no topo da pirâmide do poder”, disse Dallagnol.

Na verdade, o procurador do MP, em seu relato, diz aquilo que já rondava a mente de grande parcela da população não corrompida pelo fanatismo político que impede que se enxergue mais que um palmo á frente do nariz. Afinal, pensamos nós, nação brasileira, que está fora desse contexto de fanatismo vermelho: como pode todos os homens e mulheres de confiança de um governante estarem envolvidos em desvios bilionários dos cofres públicos sem que ele esteja alheio a toda essa pesada atmosfera que gira ao redor dele?

E, de fato, os procuradores chegam a conclusões na investigação que vem responder a essas nossas indagações. Dizem eles que somente uma pessoa com o poder de decisão de Lula poderia fazer as indicações que fez, e que propiciaram o bom funcionamento do esquema.

Para o Ministério Público, o ex-presidente funcionaria como uma ponte entre o Partido dos Trabalhadores e o governo, para a realização de um projeto de poder, alicerçado nas bases de uma governança corrupta. “O esquema criminoso precisava ser comandado necessariamente por alguém que tinha domínio de duas máquinas: da máquina do partido e da máquina do governo. Que poder tinha o PT para obter essas propinas a partir de altos funcionários da Petrobras se não fosse o poder de Lula? Que poder tinha João Vaccari, Paulo Ferreira para demandarem propinas em nome do governo se eles não tinham cargos públicos? Se não era o poder de Lula?”, questionou Dallagnol.

Segundo os investigadores, o Petrolão, substitui o mensalão, pois enquanto no segundo a moeda de troca eram as mesadas, os pagamentos em dinheiro, no primeiro era a compra de cargos políticos, sendo que em ambos os casos, buscava-se arrecadação ilícita. Também em ambos os casos os envolvidos eram pessoas muito próximas do ex-presidente. Para os procuradores, a indicação de que Lula era o chefe, é que, mesmo com a saída de cena de José Dirceu, em 2005, o desvio de dinheiro continuou na forma do Petrolão. Se, realmente, Dirceu fosse o chefe do esquema do mensalão, tudo teria cessado com a saída dele. Porém, como temos visto, não foi isso que aconteceu.

A denúncia oferecida contra o ex-presidente e a mulher dele Marisa Letícia, nos os coloca na condição de culpados. a justiça pode ou não acolher a denúncia dos promotores. Se acolhida a denúncia só então os dois, e mais os outros acusados, todos pessoas próximas ao ex-presidente, se tornarão réus.

De qualquer modo, haja gasolina, haja petróleo, haja dinheiro, haja falta de vergonha, e haja fogo nessa fogueira que não para de queimar e exalar podridão.

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Finalmente, o mafioso foi demitido

Posted by Cottidianos on 00:34
Terça-feira, 13 de setembro

Hoje é um dia a se comemorar. A Câmara dos Deputados resolveu não afrontar a nação e cassou o mandato do, agora ex-deputado, Eduardo Cunha. Foi um dos processos de cassação mais longos da instituição. Mas, enfim, a queda de braço chegou ao fim.

Compartilho com vocês, reportagem publicada no jornal Folha de São Paulo, no fim da noite de segunda (12), de autoria dos jornalistas; Ranier Bragon, Débora Álvares, Marina Dias, Mariana Haubert, e Laís Alegretti.

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Câmara cassa o mandato de Cunha; peemedebista fica inelegível até 2027

RANIER BRAGON
DÉBORA ÁLVARES
MARINA DIAS
MARIANA HAUBERT
LAÍS ALEGRETTI


 O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite desta segunda-feira (12) a cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), colocando um ponto final em um conturbado processo iniciado em novembro de 2015.

Anunciado às 23h50, o placar mostrou 450 votos pela cassação –193 a mais do que o mínimo necessário–, contra apenas 10 pela absolvição. Houve nove abstenções.

O caso foi marcado por protelações desde o ano passado. Cunha era formalmente acusado na Câmara de mentir aos colegas ao negar, em março de 2015, ter "qualquer tipo de conta" no exterior - frase dita meses antes de vir à tona a existência de dinheiro atribuído ao peemedebista na Suíça.

Em discurso, Cunha afirmou "pagar o preço" por ter autorizado a tramitação do processo de impeachment de Dilma Rousseff da presidência. "O PT quer um troféu para dizer que é golpe", ressaltou.

Cunha já estava afastado do mandato. Com a decisão da Câmara, fica inelegível até janeiro de 2027.

Outra consequência da cassação deve ser a mudança do foro onde ele será investigado e julgado pelas acusações de ser um dos principais integrantes do esquema de corrupção na Petrobras.

Com o foro privilegiado que o mandato lhe conferia, Cunha responde a duas ações penais no Supremo Tribunal Federal, além de outras investigações relacionadas ao esquema.

Agora, seu caso pode migrar para a Justiça Federal no Paraná, sob os cuidados do juiz Sergio Moro - a expectativa, porém, é que Cunha tente manter de alguma forma os processos no STF.

Da tribuna, o ex-presidente da Câmara afirmou que seria cassado por motivos "risíveis", abrindo precedente para que "qualquer deputado" perca o mandato por acusações, segundo ele, frágeis. Em tom de recado, disse que, na média, 160 deputados respondem a acusações: "Amanhã será com vocês também".

Coube à deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ) um dos discursos mais duros contra Cunha. Adversária dele no Rio, ela chamou o peemedebista de "mafioso da pior espécie" e "psicopata".

DUELO

A queda final de Cunha ocorre 12 dias depois do afastamento definitivo de Dilma da Presidência. Os dois protagonizaram um dos principais embates recentes da política brasileira.

Um dos deputados mais poderosos, Cunha foi o responsável por dar curso e liderar na Câmara o processo de impeachment de Dilma, com quem rompeu em 2015.

O peemedebista havia sido eleito para a presidência da Câmara em fevereiro daquele ano derrotando o PT e o governo. Tendo como base de apoio o PMDB e os partidos do chamado centrão (PSD, PR, PP, PTB e PRB, principalmente), Cunha aplicou sucessivas derrotas ao Planalto, mas chegou a tentar um acordo com o governo que envolveria o enterro do impeachment e de seu processo de cassação. As tratativas falharam, porém.

No primeiro trimestre de 2015 haviam surgido as primeiras suspeitas consistentes de participação de Cunha no petrolão, o que levou o STF a incluí-lo na lista dos investigados.

Em abril, a Folha revelou que o nome do peemedebista aparecia nos registros eletrônicos da Câmara como o real autor de dois requerimentos que, segundo a Lava Jato, foram usados para achacar uma fornecedora da Petrobras.

O surgimento de delatores que o implicavam e a revelação da existência de dinheiro vinculado a ele em contas secretas na Suíça complicaram ainda mais a sua situação, levando-o a ser o primeiro congressista réu na Lava Jato.

AFASTAMENTO

Em 5 de maio de 2016, dias após a Câmara aprovar a autorização para a abertura do processo de impeachment de Dilma, começou a derrocada de Cunha.

O STF o afastou do cargo e do mandato sob a acusação de que usava suas funções para atrapalhar as investigações.


Com a cassação, reassume uma vaga na Câmara dos Deputados o suplente José Augusto Nalin (PMDB-RJ), dono de uma cadeia de shoppings populares no interior do Rio. Em 2014 ele declarou ter patrimônio de R$ 9,1 milhões, sendo R$ 1,355 milhão "em espécie". Ele afirma que esse último valor se referia a saldo bancário.

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