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Castelos de areia

Posted by Cottidianos on 11:31
Domingo, 17 de novembro


Esse mundo anda mesmo muito estranho e complicado de se viver. Já não se sabe mais em quem confiar. Como diz o ditado popular: “Todo cuidado é pouco”.  Essa semana, recebi pelo WhatsApp, um vídeo que mostrava policiais em uma delegacia de polícia. Eles apresentavam no vídeo um homem, aparentando ter 60 anos, talvez um pouco mais.
O homem, segundo policiais, oferecia bombons a desconhecidos no ônibus. O fato é que ele misturava, junto ao recheio dos doces, comprimidos de Rivotril — medicamento indicado no tratamento de crises epilépticas, espasmos infantis, transtornos de ansiedade e de humor, cujo efeitos colaterais podem incluir sonolência, lentidão de pensamento, dentre outros. Quando a pessoa a quem o homem oferecia o bombom aceitava e comia o produto, logo começava a apresentar estes sintomas, tornando-se presa fácil para um assalto.
Não só em bombons o homem colocava o Rivotril, mas também em outros produtos como água de coco, por exemplo.
Quando vi o vídeo: fiquei pensando. Será que isso é verdade, mesmo? — A gente sempre fica querendo que a notícia não fosse verdade, talvez não querendo acreditar que existam pessoas tão más.
Coincidentemente, a realidade mostrou que podem existir pessoas bem piores que o homem do vídeo que os policias apresentavam na delegacia.
Neste sábado (16), quatro pessoas morreram, na cidade de Barueri, cidade da região da Grande São Paulo, após ingerir bebida alcoólica oferecida por desconhecidos. Três deles eram moradores de rua. A polícia suspeita é de que as vítimas tenham sido envenenadas.
As vítimas foram identificadas como Edson Sampaio da Silva, 49, Luiz Pereira da Silva, 49, Marlon Alves Gonçalves, 49, e Denis da Silva, cuja idade não foi divulgada.
Além dos mortos, Renilton Ribeiro Freitas, 43, Silvia Helena Euripes, 54, Vinicius Salles Cardoso, 31, e Sidnei Ferreira de Araújo Leme, 38, também ingeriram a bebida e passaram mal, tendo sido encaminhadas ao Hospital Municipal de Barueri. Sidnei está fora de perigo, e a previsão é de que receba alta neste domingo. O estado dos outros três é grave, porém estável.
O incidente aconteceu por volta das 8h30 da manhã de sábado. As vítimas estavam na Cracolândia, região central da capital paulista — distante cerca de 25 quilômetros da região central de Barueri — quando desconhecidos passaram e ofereceram uma garrafa, suspostamente, com bebida alcoólica a uma das vítimas. O homem compartilhou a bebida com mais outras sete pessoas. O grupo começou a passar mal na rua Duque de Caxias, região central de Barueri.  
No mundo em que a gente vive hoje, é complicado até aceitar coisas oferecidas por desconhecidos. É difícil saber se a pessoa que nos oferece alguma coisa com um sorriso nos lábios tem o coração iluminado ou não.


Outro fato que chamou a atenção durante a semana foi ver a cidade italiana de Veneza debaixo d’água. A cidade sofreu a pior inundação em 53 anos. Alagamentos são comuns ao venezianos. Mas desta vez o que preocupou e aborreceu os cidadãos daquela cidade foram os dias seguidos de alagamento.
Todos sabemos que em tudo isso tem o dedo do homem interferindo no clima do planeta e provocando todos esses incidentes e tragédias envolvendo a natureza. A água em Veneza foi invadindo tudo o que encontrava pela frente, inclusive a Assembleia Regional do Vêneto. Veneza é a capital da região que abriga o poder legislativo. E, especialmente, nesse órgão do governo, a natureza foi bastante irônica.
E essa ironia foi relatada pelo conselheiro regional Andrea Zanoni, membro do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda. Ele postou fotos no Facebook da Assembleia invadida pela água, e escreveu: “Ironia do destino, a assembleia foi alagada dois minutos depois de a maioria ter rejeitado nossas emendas para combater as mudanças climáticas. Não tem imagem mais significativa que a água alagando a assembleia e forçando a fuga dos representantes do povo vêneto”.
Segundo Zanoni, entre as propostas de combate às mudanças climáticas estavam: financiamentos para fontes renováveis, a substituição dos ônibus a diesel por veículos menos poluentes e medidas para reduzir o impacto do descarte de plástico.
A natureza está dando seu recado. Os sinais estão aí para todos verem: Calor excessivo em algumas regiões do planeta, frio em excesso em outras, derretimento das geleiras, aumento do nível das águas do oceano.
Enquanto isso, alguns líderes mundiais fecham os olhos e ouvidos a todos esses sinais. Vejam o exemplo de Veneza. Os homens públicos de lá ignoraram as propostas de combate as mudanças climáticas e, e por ironia, tiveram sua casa legislativa alagada. Se continuarem ignorando a questão a água não apenas alagará seus prédios, mas engolirá a cidade. Não por vingança da natureza, mas por imprudência dos homens.
A hora para o mundo de um modo geral, é de preservar os paraísos naturais, de parar com as queimadas, e harmonizar de tal forma progresso e natureza que os dois vivam em harmonia. Pois não adianta nada ter um esplendoroso progresso e uma natureza em fúria que o engula.
É bom que os governantes e líderes mundiais entendam, assim como cada um de nós também, que priorizar apenas o progresso e a evolução da tecnologia, sem ter o mesmo cuidado com a preservação do meio ambiente, é como construir belos castelos de areia à beira-mar. Por mais encantadores, charmosos, e bem construídos que eles sejam vem a água do mar, e com sua força, em segundos, transforma em areia a bela construção.                               


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