À Ciência, o troféu de vencedor
Quarta-feira,
09 de dezembro
Hollywood,
a indústria do cinema, já produziu ao longo de sua história, filmes, séries,
minisséries, extremamente interessantes sobre a invasão de extraterrestres.
Alguns muito bons, outros nem tanto. Porém a maioria deles nos deixou de olhos
vidrados na telinha, coração acelerado, e querendo entrar dentro da trama para
lutar junto com os protagonistas para expulsar da terra os indesejados
invasores.
Independence
Day, Allien, O Oitavo Passageiro, Contatos Imediatos do Terceiro
Grau, E.T, o Extraterrestre, Sinais, V: a Batalha Final. São tantos que se
fossemos citar todos, a postagem de hoje se resumiria a elencá-los.
Os
humanos, em cem por cento das vezes, conseguiam vencer a batalha, e depois de
tanta tensão ao longo de hora e meia, duas horas de filme, nos deixavam
orgulhosos de ser terráqueos. A batalha fora vencida. A Terra estava novamente
livre, e os humanos podiam agora voltar às suas atividades cotidianas com
tranquilidade… Até que o planeta fosse novamente atacado por algum dos nossos
inimigos extraterrestres.
O
bom é que todas essas produções ou superproduções não passavam de ficção. A
gente sofria um pouco durante a exibição da trama, porém, depois de encerrada a
última cena, e os créditos finais subiam, a gente respirava aliviado, e partia
para os nossos afazeres de cada dia.
O
ano de 2020 veio para mudar todos esses padrões, e mostrou que a realidade pode
ser ainda mais assustadora do que as mais elaboradas superproduções
cinematográficas. E dessa vez, não adiantava sair do cinema no meio do filme,
ou pegar controle remoto da TV e desligar a programação. Nada disso funcionou.
O inimigo continuou lá fora. Em cada esquina, em cada quina, em cada produto,
ou até mesmo em um abraço, um beijo.
Nem
um roteirista cinematográfico foi capaz de imaginar uma trama tão bem
elaborada, em que um inimigo invisível, sai não sei de onde, de que lugar, e
invade a Terra inteira fazendo sofrer os terráqueos, trancafiando-os em suas casas, impedindo-os de trabalhar, de
abraçar, de beijar, de circular pelas ruas. Lookdown. Total em muitos casos.
Um
inimigo que ainda que não teve seu fim, e que ainda continua exterminando
vidas. Até agora já foram mais de um milhão e meio de vidas que tombaram em
todo mundo.
O
inimigo que, certamente, não veio de nenhuma galáxia distante, tem nome e se
chama SARS-CoV-2, Covid-19, ou coronavírus. Seja qual for a terminologia que
você use os efeitos devastadores que ele provoca não mudam. Na grande maioria
das vezes, os inimigos que vieram de galáxias distantes e queriam dominar a
Terra, pegavam os humanos de surpresa. E eles tinham que correr para elaborar
soluções e verdadeiras estratégias para que a guerra fosse vencida.
Atordoados,
médicos, enfermeiros, cientistas, e leigos, ficavam sem saber como enfrentar a
doença, seus efeitos, reações, causas prováveis de evolução em determinadas
partes do mundo. Enfim, ninguém sabia nada. E ainda não sabem. Há muitas
questões que permanecem um ponto de interrogação.
Geralmente,
todas as superproduções ganham algum Oscar. E como é bom para os produtores,
diretores, atores, e toda a equipe de um filme, e também para o telespectador,
saber que seu filme conquistou o premiado troféu. Como deve ser de grande
satisfação para o elenco de um filme ouvir o tão sonhado “And the winner is…”
“E o vencedor é…”
Como
na real cerimonia que premia as elaboradas ficções, também nessa luta contra
esse inimigo invisível, se houvesse um Oscar, com direito a tapete vermelho,
desfile de celebridades, e tudo o mais que envolve um Oscar, a famosa frase
“And the winner is…” ao abrir o envelope estaria lá escrito o nome da Ciência.
Ela não levaria apenas um, mas abocanharia várias estatuetas.
O
processo de produção de vacina, como tornou-se sabido por todos depois da
pandemia, demora anos de estudos e testes, até que a vacina seja declarada
eficaz. Para o leitor, leitora, possa ter uma ideia, a ciência considera um
prazo de 5 anos na aprovação de uma vacina, um prazo record.
A
Covid-19 veio mudar, radicalmente, esse padrão. Menos de um ano depois do
surgimento da doença, eis que várias vacinas já estão em fase final para sua
aprovação. Dezenas de outras ainda estão em fases de testes, mas todas com
promessas de estar em breve no mercado.
Esta
semana, o mundo pode dizer que assistiu a um fato histórico. Uma luz no fim do
túnel escuro da pandemia.
O
Reino Unido largou na frente e foi o primeiro país a aprovar a imunizante
contra o coronavírus desenvolvido pela Pfizer, farmacêutica norte-americana, e
pela BioNTech, empresa alemã de biotecnologia. O MHRA, orgão regulatório
britânico, disse que a vacina oferece até 95 de proteção contra o coronavírus,
e a considerou segura para aplicação em seus cidadãos.
A
imunização em massa dos britânicos começou na terça-feira, 8. “V-Day ”, ou foi
o nome informal adotado para a campanha de vacinação. Nome bem apropriado pois
remete ao dia da vitória contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Antes,
Victory Day, Dia da Vitória, hoje, Vaccine Day, Dia da Vacina, nada mais
apropriado.
Milhões
de doses da vacina produzida pelo laboratório Pfizer/Biontech, vão ser
distribuídas em cerca de 70 hospitais do Reino Unido, e serão aplicadas
inicialmente em idosos com mais de 80 anos, em profissionais que trabalham em
unidades de saúde e em asilos.
Margaret
Keenan, uma senhora britânica de 90 anos, foi a primeira a ser vacinada.
“Sinto-me muito privilegiada por ser a primeira pessoa vacinada contra a
Covid-19. É o melhor presente de aniversário antecipado que eu poderia desejar
porque significa que posso finalmente esperar passar um tempo com minha família
e amigos no Ano Novo, depois de estar sozinha na maior parte do ano”, disse ela
orgulhosa.
Curiosamente,
a segunda pessoa a ser vacinada foi o senhor William Shakespeare, 81 anos,
homônimo do famoso artista britânico. O homem que recebeu o nome de bastimo em
homenagem ao grande dramaturgo inglês, disse estar satisfeito em ter tomado a
vacina, e disse ainda que o atendimento no Hospital Universitário de Coventry,
centro da Inglaterra, foi maravilhoso.
É,
hora dessas os britânicos devem estar rindo à toa, e não é pra menos.
O
que não é o caso dos brasileiros, por exemplo.
Por
aqui ainda impera o descaso do governo para com a doença, a incompetência do
governo do Ministério da Saúde em lidar com o problema. E também continua a
politização em relação a doença,e agora, em relação à vacina.
Se
fossemos empregar um ditado popular em relação ao comportamento do governo e do
MS nessa epidemia, o mais correto e apropriado seria “barata tonta”. Uma barata
tonta não sabe que direção tomar nem que atitudes adotar em relação a tal
situação.
Mais
uma vez a queda de braço entre o governador de São Paulo, João Dória, e o
presidente Jair Bolsonaro. Dória havia anunciado o início da vacinação em São
Paulo para 25 de janeiro. Claramente, Dória avançou o sinal nessa questão pois
o imunizante produzido pelo Instituto Butantã, em parceria com o laboratório
chinês Sinovac, ainda não foi registrado na Agência de Vigilância Sanitária
(Anvisa). O registro na Anvisa é um pré-requisito para aplicação de qualquer
vacina a ser aplicada no Brasil.
De
acordo com o plano do governo paulista a vacina seria aplicada, de forma gratuita,
inicialmente, em pessoas com mais de 60 anos, indígenas e quilombolas. Cercam
de 9 milhões de pessoas seriam imunizadas, sendo que cada uma delas receberia
duas doses da vacina.
Porém
para que tal aconteça, o governo paulista tem que correr contra o tempo, e
entrega as informações referentes a última etapa do estudo até dia 15 de
dezembro. O problema é que horas após a divulgação desse plano de vacinação,
que foi feito na segunda-feira, 07, a Anvisa divulgou nota dizendo que não
havia recebido os dados da fase 3 do estudo. A fase 1 já foi analisada, e a
fase 2 está em análise. O que a maioria espera é que os dados estejam prontos
em 15 de dezembro, e que a vacinação comece mesmo em 25 de janeiro.
João
Dória afirmou na ocasião do anúncio que o Brasil tem pressa, que pessoas estão
morrendo todos os dias e criticou o plano do governo federal de iniciar a
imunização apenas em março.
Em
reunião virtual ocorrida nesta terça-feira com os governadores dos Estados, o
ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a Anvisa precisa de 60 dias
para aprovar o uso de qualquer vacina contra o coronavírus. No encontro houve
um bate boca entre Pazuello e João Dória justamente por causa desse prazo de 60
dias dado pela Anvisa para aprovação de qualquer imunizante.
O
fato é que a pressão dos governadores, principalmente, de João Dória, parece
ter funcionado. Nesta quarta, 09, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, veio a
público dizer que é possível que as aplicações da vacina, sejam feitas em forma
de caráter emergencial, já em dezembro ou janeiro. Isso vai depender da
autorização concedida pela Anvisa e da entrega das vacinas pelos laboratórios.
Foi feito o anúncio, mas não foi feito detalhamento do plano nacional de
vacinação, aliás, como tem sido tudo nesse governo: os planos sejam eles em qualquer
área, não são feitos de forma sólida, é tudo meio como gelatina, inconsistente.
É
fato que, desde o início tem se travado uma queda de braço entre João Dória e
Jair Bolsonaro a respeito da politização da pandemia, e, agora, da vacina. Mas
se olharmos, de modo frio, não passional para essa queda de braço entre os dois
mandatários, veremos que as intenções de Dória, ainda que políticas também,
assim como as de Jair Bolsonaro — Dória pretende ser candidato a presidência em
2022, e Jair Bolsonaro, que também já disse que é candidato a releição, é igual
a atirador de elite: quem aspira a cadeira que hoje ele ocupa, ele procura
abater — são bem mais sensatas, e vão de acordo com a ciência e com o que prega
o bom senso. As intenções do governador paulista, ainda que políticas,
repita-se, vão no sentido de salvar vidas. As de Jair Bolsonaro, ao contrário,
vão no sentido da negação da ciência e no descaso para com a vida humana.
Se
fosse uma torcida, um campeonato, de que lado o leitor ou leitora se colocaria?
O
fato é que o inimigo ainda está por aí. Não é extra-terrestre, mas é invisível
e está fazendo um grande estrago. Aqui no Brasil, já são 178.184 os mortos pela
Covid-19. Caminhamos para os 200 mil. 6.675.915 é o número dos brasileiros que
tem, ou tiveram a doença.
O
inimigo está por aí, é uma realidade. O problema é que o comandante da nave
brasileira, não dá a devida atenção a ele, e isso é bom… para o vírus. O
comandante fez e continua fazendo a estratégia equivocada quando se trata da
pandemia.
Se
fossem ETs como nos filmes seria mais fácil. Os Ets, pelo menos são visíveis. O
coronavírus, ao contrário, é invisível.
Noves
fora, ainda bem que têm a ciência para ganhar Oscar.
E
nessa luta, que o vencedor seja a ciência e a eficácia da vacina.
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