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Viciados nas pedras de craques do poder
Posted by Cottidianos
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00:33
Quinta-feira, 30 de março
O crime compensa?
Enquanto o dinheiro entra fácil a ilusão
é de que se ó o mais esperto dos seres do universo. Joias caríssimas... Casacos
dos mais deslumbrantes... Viagens maravilhosas em lugares paradisíacos...
Restaurantes do mais fino trato. Tudo isso, e muito mais, o dinheiro fácil e
originário dos mares abundantes da corrupção pode comprar. Até pessoas se podem
comprar com o níquel advindo dessas tenebrosas transações.
A ambição desmedida pode ser comparada a
uma droga, e como tal leva a caminhos tortuosos. Os miseráveis humanos que
foram pegos pelo laço diabólico da droga, não começaram consumindo grandes
quantidades, nem as drogas mais pesadas. Muito pelo contrário, começaram com
uma dose pequena aqui, outra ali, e quando se deram conta já presas no abismo
do vício feroz que as fizeram perder a condição de humanas, e transformarem-se
em coisas, objetos, projetos de vida.
A custa de muito esforço se é possível
trazer esses zumbis à vida. Isso quando se consegue trazê-los à vida, pois
muitos já assumiram como própria sua condição de zumbi, e dificilmente voltam à
ter uma vida normal.
Como os corruptos também não é muito diferentes.
Também eles não começaram a ser tentados com o oferecimento de grandes propinas
que, por sua vez, geraram grandes fortunas malditas. Primeiro foi um pequena
propina aqui, outra ali, antes deve ter havido, um pequeno desvio de dinheiro,
talvez coisa que nem foi notada.
Depois, o demônio da ambição foi
cegando-os cada vez mais e mais com o brilho das joias, como o brilho do ouro e
da prata, com o glamour. E o que era pouco já não lhes bastava, e, como os
drogados nas ruas esmolando craque, ou roubando para alimentarem seus vícios,
eles passaram a querer mais e mais dinheiro. Não importava como e de que modo. De
preferência o mais sórdido.
E quando se deram, se é que se deram
conta disso, eles tinha se transformado também em zumbis, projetos de humanos,
sem caráter e sem moral, os quais, à custa de muito esforço, podem voltar ao
caminho da ética e da moralidade.
Hoje, à ex-primeira dama do Rio, Adriana
Ancelmo, deixou o complexo de Bangu, onde esteve presa por quatro meses, para
ir cumprir pena em regime domiciliar.
Adriana foi hostilizada na saída do
presídio, bem como na chegada à sua residência, no Leblon, bairro da Zona Sul
do Rio.
O que terá se passado na cabeça da
ex-primeira, acostumada ao luxo e à riqueza, e a estar sempre ao lado do marido
nos grandes eventos sociais e culturais, ou mesmo em casa, recebendo
importantes figuras do cenário nacional, e internacional? Terá ela sentido
vergonha, arrependimento, ou será que já terá se tornado uma miserável zumbi:
classe de seres nos quais os sentimentos humanos já não são mais sentidos?
O
benefício foi concedido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7a Vara
Criminal do Rio. O magistrado tomou a decisão baseado na lei que concede prisão
domiciliar à mães que tem filhos menores de 12 anos. O filho de Adriana e
Sérgio Cabral tem 10 anos.
Para a presidiária também foram impostas
algumas regras para que gozasse do benefício. Regras, que, para quem vive na
era da tecnologia, deve ser uma tortura.
A ex-primeira dama não poderá ter em
casa, nem telefone, nem Internet, seja nos computadores, seja nos celulares. Isso
vale para ela, e para os filhos. Os empregados também não poderão usar a
Internet enquanto estiverem nas dependências do local de trabalho. O apartamento
já foi adaptado para as novas necessidades da moradora.
As exigências impostas pelo magistrado
não param por aí. Ela só poderá sair de casa, em caso de emergência médica. Visitas,
apenas de parentes de até terceiro grau, e de advogados por ela contratados.
Não foram colocados como imposição o uso
de tornozeleiras, e nem o acompanhamento policial. Porém, contudo, todavia,
entretanto, policiais podem aparecer de surpresa para fazer inspeções no
apartamento, entre 6h e 18hs. Ela já foi avisada de que se descumprir as regras
impostas voltará para a cadeia.
Enquanto isso, aquele que já foi um dos
homens mais poderosos do Rio de Janeiro, o ex-governador, Sérgio Cabral,
continua preso, no Complexo Penitenciário de Bangu.
Entre os muros da prisão, o que será que
se passa na cabeça daquele que também não resistiu aos apelos fáceis de um
dinheiro maldito? Sérgio deslumbrou-se com as propinas milionárias e por elas
se deixou escravizar, tal quais os homens que não tem vontade própria para
afastar para longe de si o terrível caminho das drogas, pois se colocando em
níveis diferentes a moral é mesma.
O mesmo se diz desses frigoríficos que
adulteraram carnes impróprias ao consumo humano, para lhes dar aparência de
carne saudável, pondo em risco a saúde da população? Será que os donos e
administradores desses estabelecimentos se sentem regozijados vendo seus nomes,
e os nome de seus estabelecimentos comerciais jogados na lama, e o prejuízo
financeiro advindo de suas práticas ilícitas, crescer vertiginosamente?
Dois frigoríficos situados na Região
Metropolitana de Curitiba, pertencentes ao grupo, Central de Carnes Paranaense,
fecharam as portas após o escândalo, e demitiram cerca de 280 funcionários. Os outros
estão sofrendo graves prejuízos ao verem suas carnes rejeitados pelos mercados
importadores da carne brasileira.
Compensou para eles a ganância do lucro
a qualquer custo? Quem, a partir de agora, confiará de fato, em seus produtos?
O pior é que, pelos atos praticados por
esses ladrões, seja no campo político, seja no setor privado, aqueles que
trabalham de forma honesta é que acabam também sendo prejudicados por suas más
ações. No caso desse escândalo da carne, os produtores arcam com grande parte
do prejuízo, sem que tenha tido participação nos crimes.
E falando em falta de vergonha e caráter,
essa parece ser infinda em nosso país, o que faz com que a Polícia Federal
tenha trabalho, muito trabalho.
Na manha desta quarta-feira (29), a PF
saiu às ruas em mais operação denominada Quinto do Ouro, referência aos
impostos cobrados por Portugal sobre a mineração brasileira, nos tempos do
Brasil colônia.
Foram presos 5 conselheiros do Tribunal
de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), a saber; Aloysio Neves (atual
presidente), José Gomes Graciosa, Marco Antônio Alencar, José Maurício Nolasco
e Domingos Brazão. Além da prisão temporária foram pedidos também o bloqueio
dos envolvidos no esquema.
Além deste foram levados para depor, o
presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), e
Lelis Marcos, presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros
do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).
Os envolvidos no esquema são suspeitos
de fazer vistas grossas às irregularidades praticadas por empreiteiras, e
empresas de ônibus que operam no estado. Como por aqui não faz falcatrua de graça,
os conselheiros do TCE recebiam propina para fingir que não estavam vendo nada
de errado. Pelos conselheiros era cobrada a taxa de 1% das empreiteiras sobre o
valor dos contratos para que estas não fossem incomodadas. A “caixinha da
propina” do TCE carioca funcionou durante o governo do ex-governador Sérgio
Cabral.
Se o crime compensa ou não é questão
fechada para aqueles assentados sobre sólidas bases morais. Para aqueles que
possuem algum desvio de conduta, isso é questionável. O que não mais compensa
para o povo brasileiro é ter entre nós, nos representados nas mais altas esferas
jurídicas e políticas, gente que não nos representa, que só pensa nos próprios
interesses. O que não compensa para o Brasil é ter em suas altas esferas
políticas e empresariais, zumbis, viciados nas pedras de craque do poder.