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No alvorecer de 2017

Posted by Cottidianos on 14:46
Sexta-feira, 06 de janeiro
Marcas do que se foi
Sonhos que vamos ter
Como todo dia nasce
Novo em cada amanhecer
(Marcas do que se foi
Ribeiro J Francisco, Paulo S Valle E Rui Maureti)



Já raiou um novo ano nos céus do Brasil. A bela queima de fogos na praia de Copacabana é cartão postal para o Brasil e para o exterior. Em todos os recantos do país, como, aliás, em qualquer parte do mundo, os votos de um próspero e feliz Ano Novo foram fartos e efusivos entre familiares e amigos. Sobre as nuvens desses céus brasileiros sob os quais raiou um novo ano, foram depositadas muitas esperanças de um ano melhor que 2016. Foram depositadas esperanças de que tenhamos, em 2017, e em anos seguintes, gestores públicos inteligentes e capazes de levar o barco Brasil para o rumo certo, desviando dos recifes que o fariam naufragar, e buscando águas seguras, onde há fartura de peixe para todas as gentes, do mais pomposo ao mais humilde. Isso sob o nosso olhar humano.

Entretanto, se tivéssemos olhos divinos e olhar de cima para baixo, veríamos que as coisas não mudaram tanto assim. Claro, vale nossas esperanças, nossas preces, e nossas orações solicitando vida melhor, elas são combustível que fortalece nossa caminhada. Visto lá de cima dessas mesmas nuvens onde foram depositadas tão belas esperanças o nosso país deve estar um caos. E está um caos, não porque esse seja seu destino, ou porque tenha “atirado pedras na cruz”, como diz o ditado popular, ou porque tenha cometido grave crime e esteja pagando por isso. Não, muito pelo contrário, pela nossa natureza de país tropical, livre das intempéries e dos acidentes geográficos que arrasam tantos países mundo afora, pela nossa terra, que como disseram os antigos, “em se plantando tudo dá”, deveríamos ser uma potencia mundial. E porque não somos?

Ora senhores, e senhoras, pelo simples fato de nos faltar gestores com competência para fazer do Brasil o que ele realmente é: o país do futuro. Um futuro, aliás, que já deveria ter chegado faz tempo. É apenas e tão somente isso o que nos falta. As demais ferramentas, como força, garra, vontade e a ajuda do clima e dos recursos naturais, nos já temos.

Não basta apenas aos brasileiros, e brasileiras sonhar. Isso já estamos fazendo há muito tempo. Sonhar é bom. Faz-nos acreditar em dias melhores. Fortalece nossa autoestima. Aos sonhos devemos acrescer uma boa dose de consciência cívica, política, e cultural. É preciso aprender a votar. Há muita gente que sabe fazer isso, mas a verdade é que, a grande maioria da população, ainda é massa de manobra de velhos coronéis da política, ou de seus herdeiros políticos, que ainda tratam o povo como os portugueses fizeram no início: eu te dou um espelho, você se mira, se admira, enquanto eu levo embora suas riquezas.

Pois é justamente isso o que essa gente faz: ilude e engana o povo com presentinhos ridículos, enquanto o que o povo merecia mesmo era a prata, ouro, e esmeralda, artigos que lhe são de direito. Mas esses caros e merecidos presentes aos quais o povo brasileiro tem direito, infelizmente, não são rios de águas claras e abundantes que correm para os cofres da nação, mas sim, para os podres cofres do corruptos e de seus comparsas.

O Bom Dia Brasil, que vai ao ar no início das manhãs, pela TV Globo — e que, por sinal, é um dos melhores telejornais do país — vem mostrando uma série de reportagens sobre prefeitos eleitos que encontraram as prefeituras em condições inacreditáveis. Vendo aquelas reportagens ficamos pensando que os prefeitos não eleitos, que entregaram os cargos recentemente, assemelham-se mais a crianças, do que à adultos. E quando se diz, “assemelham-se à crianças”, façamos justiça, pois há crianças bem mais sensatas e inteligentes do que adultos que adotam certos tipos de posturas.

Um desses casos mostrados pelo Bom Dia Brasil, vem da cidade de Milagres, na Bahia. Lá, quando o novo prefeito, Cézar Machado, do PP chegou para tomar posse, encontrou a prefeitura fechada com tapumes e cadeados. O ex-prefeito, Raimundo de Souza Silva, do PSD, simplesmente, se diz dono do imóvel, no qual funcionava a prefeitura, e tomou o imóvel de volta.

Outro caso de criancice vem de Miracema do Tocantins. Nessa cidade, a ex-prefeita, Magda Borba, do PSD, apagou todos os arquivos da Secretaria de Finanças. Nesse caso, fica a dúvida: se foi criancice da ex-prefeita, ou se tentativa de apagar crimes financeiros. Sem dados tão fundamentais para a administração de uma cidade, o atual prefeito, Moisés da Silva, fica, praticamente, sem condições de começar a governar. Ele pediu socorro aos bancos, pedindo que lhe enviassem extratos de contas correntes das prefeituras. Devido a ausência de tais informações, a prefeitura só começará a funcionar dentro de mais uma semana.  A desculpa esfarrapada dada pela ex-prefeita foi que ela havia herdado dívidas de gestões anteriores, e também da crise econômica. Ainda que fossem esses os motivos, Sra. ex-prefeita, precisava apagar os dados da antiga administração?

Isso são apenas dois casos que ilustram a falta de bom senso de muitos de nossos políticos. Pelo Brasil afora existem centenas desses maus exemplos.

Afora, esses abacaxis que os novos prefeitos encontram, ainda há o inconveniente para os eleitores em saber quem governará a cidade nos próximos quatro anos. O motivo disso é que a posse de muitos prefeitos país afora está pendente de decisão judicial. Em muitos desses casos, o presidente da Câmara assumiu de maneira interina a prefeitura, enquanto se aguarda decisão oficial. Em alguns municípios, já há nova data para as eleições, como é o caso de Guajará-Mirim, estado de Rondônia. Nessa cidade, o prefeito eleito, Antonio Bento, do PMDB, não pode assumir a prefeitura.

A justiça o considerou inelegível por oito anos, pelo crime de falsificação de documentos. Uma nova eleição está marcada para março.

Em meio a grave crise econômica que assola o país, na qual os Estados brasileiros estão enredados até o pescoço, os prefeitos tomaram posse prometendo cortes de gastos. Eis uma promessa que gostaríamos ver cumprida. Mas acreditar em nossos políticos hoje em dia, é coisa tão difícil. Que diferença há entre as histórias contadas por eles, e as histórias contadas pela carochinha?

Há casos ainda mais esdrúxulos, como é o caso do prefeito, Rogério Lins (PTN). Em Osasco, o prefeito eleito, praticamente, saiu da cadeia para assumir a prefeitura. Ela havia estado preso até o dia 30 do ano passado, e tomou posse no domingo dia primeiro. A justiça concedeu pedido de liberdade para sua prisão preventiva. A operação Caça-Fantasmas, promovida pelo Ministério Público Federal havia apontado que o prefeito eleito, junto com 13 vereadores, era suspeito de contratar funcionários públicos fantasmas. O prefeito nega as acusações.

Esse é o nosso Brasil. E esse também é o Brasil que não queremos. Queremos um Brasil passado à limpo. Mas para isso é preciso consciências esclarecidas. Não apenas algumas, mas, milhões delas. Porque se esses tipos de políticos cínicos e corruptos estão à solta por aí, e o que pior, governando as cidades de nosso país, é porque alguém votou neles. E, certamente, não foram consciências esclarecidas...

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