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Dilma Rousseff e Joe Biden: Tentando esqueçer as mágoas

Posted by Cottidianos on 19:48
Quarta-feira, 18 de junho


Em setembro do ano passado, a imprensa brasileira, publicou matéria que mostrava que a NSA tinha espionado o Brasil. Inclusive, a presidente Dilma Roussef e seus ministros teriam sido alvo da espionagem norte-americana. Assim como a chefe da nação brasileira e seus assessores foram espionados, igualmente a PETROBRÁS, também caiu na rede de espionagem. As denúncias foram feitas com base em documentos ultra-secretos fornecidos por Edward Snowden ao jornalista Gleen Greenwald. O fato causou enorme constrangimento entre Obama e Dilma. Popularmente falando, o clima ficou pesado entre os dois. A situação foi tão perturbadora, que Dilma cancelou uma visita de estado que faria ao governo americano no final de outubro de 2013. No meio de toda aquela confusão provocada pelas denúncias, acontecia a 68ª Assembléia Geral da ONU, em Nova York. Em seu discurso durante essa Assembléia, Dilma assim se expressou:

Quero trazer à consideração das delegações uma questão a qual atribuo a maior relevância e gravidade. Recentes revelações sobre as atividades de uma rede global de espionagem eletrônica provocaram indignação e repúdio em amplos setores da opinião pública mundial.
No Brasil, a situação foi ainda mais grave, pois aparecemos como alvo dessa intrusão. Dados pessoais de cidadãos foram indiscriminadamente objeto de interceptação. Informações empresariais – muitas vezes, de alto valor econômico e mesmo estratégico - estiveram na mira da espionagem. Também representações diplomáticas brasileiras, entre elas a Missão Permanente junto às Nações Unidas e a própria Presidência da República tiveram suas comunicações interceptadas.
Imiscuir-se dessa forma na vida de outros países fere o Direito Internacional e afronta os princípios que devem reger as relações entre eles, sobretudo, entre nações amigas. Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra soberania. Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos e civis fundamentais dos cidadãos de outro país.
Essa semana, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, veio ao Brasil para assisitir ao jogo da seleção de seu país, na Copa do Mundo 2014, e aproveitou a ocasião para conversar com a chefe de estado do Brasil. Dentre outras coisas, os dois conversaram sobre o constrangedor tema da espionagem.
A seguir, compartilho matéria publicada no jornal O Glogo, edição de 17 de junho que fala a respeito desse assunto.

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Biden diz que teve conversa franca com Dilma sobre espionagem

Ele reconheceu importância do assunto para o Brasil. Antes do encontro, vice-presidente dos EUA disse confiar na retomada das relações entre os países

POR CATARINA ALENCASTRO E ELIANE OLIVEIRA
17/06/2014

BRASÍLIA - Depois de se encontrar com a presidente Dilma Rousseff o vice-presidente americano, Joe Biden, disse que teve uma conversa franca com ela sobre espionagem, assunto que ele diz saber ser muito caro para o Brasil. Sem detalhar o conteúdo da conversa, Biden disse que para os americanos este também é um assunto importante. Ele lembrou que logo que soube das denúncias de espionagem contra Dilma, seus auxiliares e empresas brasileiras, o presidente Barack Obama ordenou uma revisão dos procedimentos da Agência Nacional de Segurança (ANS), responsável pelo monitoramento feito não apenas no Brasil, mas também em outros países, como Alemanha. E que uma reforma foi feita na agência. Segundo Biden, os dois falaram sobre o esforço comum em prol de uma Internet segura, algo que, ele reconheceu, o Brasil vem liderando.

- É claro que discutimos o programa de vigilância dos Estados Unidos revelados no ano passado. Sei que o assunto é bastante importante às pessoas aqui. Bem francamente, bastante importante às pessoas dos Estados Unidos também. E a presidente Rousseff e eu tivemos a chance de ter uma conversa franca e eu disse o que ela já sabia, que o presidente Obama pediu uma revisão imediata depois que soubemos das revelações e, baseados nas suas instruções, fizemos mudanças reais no nosso processo e estamos adotando uma nova abordagem nessas questões. Continuaremos fazendo consultas próximas a nossos amigos e parceiros, como o Brasil conforme as coisas procedem - disse Biden em declaração à imprensa na embaixada americana.

De acordo com Biden, a reunião rendeu um acordo de cooperação na área de direitos humanos. Os Estados Unidos vão começar a compartilhar documentos sobre a ditadura no Brasil, o que vai ajudar a Comissão da Verdade a desvendar fatos que ocorreram naquele período. Parte desses documentos já teriam sido entregues hoje ao governo brasileiro.

- Espero que olhando documentos do passado, possamos focar na imensa promessa do futuro - disse.

Biden também se encontrou com o vice-presidente Michel Temer. O americano chegou ao Brasil ontem para assistir ao jogo de estreia da seleção dos Estados Unidos na Copa, em Natal, onde os americanos derrotaram Gana por 2 a 1. Ele disse que trouxe a neta e o sobrinho, porque a neta o importunou para vir com ele assistir ao jogo da Copa. Ele aproveitou para dizer que o Brasil e os brasileiros estão fazendo um ótimo trabalho na realização do mundial e elogiou a Arena das Dunas.

Após breve encontro com a presidente, Joe Biden disse a jornalistas que a reunião "foi ótima". Sem parar para dar entrevistas, ele respondeu ainda que o encontro foi bom porque gosta muito da presidente. Sobre a reciprocidade desse sentimento, Biden disse esperar que Dilma também goste dele. O ministro das Relações Exteriores, Luiz Figueiredo, participou da reunião.

- Foi um ótimo encontro. Eu gosto muito dela - disse Biden.

- E ela também gosta do senhor? - perguntou uma jornalista.

- Espero que sim - respondeu, rindo.

Ainda nesta terça-feira, Joe Biden embarca para Colômbia, onde ficará até amanhã. Na quinta-feira, ele irá para a Guatemala.

Antes da reunião com Dilma, Biden demonstrou que aposta em uma reaproximação entre Brasil e EUA. Momentos antes de ser recebido pela presidente Dilma Rousseff, ao ser indagado por jornalistas se as relações poderão ser totalmente restabelecidas, ele respondeu:

- Estou confiante que sim.

Perguntado sobre o jogo de ontem, em Natal (RN), quando a seleção americana venceu a de Gana por 2 a 1, Biden disse, em tom lacônico:

- Nós ganhamos.

As relações entre os dois países foram fortemente comprometidas em agosto do ano passado com a denúncia, publicada com exclusividade pelo GLOBO, de que órgãos de inteligência americanos espionavam cidadãos brasileiros. Algumas semanas mais tarde, surgiu a informação que não escapava do esquema nem mesmo a presidente da República.

Irritada, Dilma chegou a suspender a viagem que faria a Washington. O presidente Barack Obama enviou Joe Biden ao Brasil, para dar explicações, que foram consideradas insatisfatórias pelo então ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota.

(Fonte da qual foi extraída a reportagem:

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