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Em jogo apimentado contra a Itália, Uruguai abocanha vaga nas oitavas de final

Posted by Cottidianos on 23:49
O espelho da vida é assim mesmo: Um dia mostra nossa fortaleza, outro dia mostra nossa fraqueza. Não basta apenas vencer para ser admirado. É preciso dominar também os instintivos primitivos que dormem em nossas cavernas interiores. Afinal, desde que nos diferenciamos dos demais animais e passamos a nos apoiar nos membros traseiros e usar esse apoio para andar, um mínimo de civilidade é exigido de nós. Falei tão bem de Luis Suárez em minha postagem de sexta-feira (20), destacando sua virtude e fortaleza, pois não é que hoje o homem resolveu mostrar sua fraqueza? Aconteceu na partida de hoje entre Itália e Uruguai, dois gigantes do planeta futebol.

Era um jogo da morte, no chamado grupo da morte. A partida teve lugar em Natal,terra do sal e do sol, bela capital do Rio Grande do Norte. A brisa do mar que sopra doce e suave não serviu para resfriar a adrenalina do jogo. Por falar em Natal, meu Deus, como tem chovido na capital potiguar! No bairro de Mãe Luiza a terra cedeu e uma cratera se abriu, soterrou carros, desabrigou famílias, mas, graças a Deus, não há registros de mortos ou feridos. Menos mal. Menos mal também que na hora da partida os céus deram uma trégua e sol brilhou no gramado da Arena das Dunas.

Foi um jogo violento. Disputado.  O juiz, por uma questão de prevenção, não economizou no uso dos cartões. Foram três cartões amarelos e um vermelho. Faltas? Houve um grande número delas. Esse clima de tensão se explicava, pois a Itália jogava pelo empate e o Uruguai precisava dos gols. Um das duas seleções estaria eliminada ao final da partida.  Aos 21 minutos, Mario Balotelli, um dos astros da equipe italiana fez uma falta violenta no uruguaio Cáceres e levou seu segundo cartão amarelo no mundial. Ficou bravo, foi reclamar com o juiz, este porém, foi inflexível.

Mesmo assim o jogo seguia com muitas chances de gol para ambas as equipes. Uruguai tinha a garra de Luis Suárez, mas a Itália tinha a força do goleiro Buffon. Falta contra os uruguaios. Mais tensão. O italiano Pirlo bate direto para o gol, fazendo gelar o sangue dos torcedores uruguaios presentes no estádio e, acredito eu, os que também assistiam pela TV.  O goleiro Muslera, porém, “como um gato” — como costuma dizer Tadeu Schmidt, apresentador do Fantástico —  fez uma bela defesa, espalmando a bola e afastando para bem longe de sua trave.

Veio o segundo tempo e alterações foram necessárias nas duas equipes. Balotelli reclamou de dores e o técnico italiano, Cesare Prandelli, achou melhor tirá-lo de campo e colocar Parolo no lugar dele. Do lado uruguaio, o técnico Oscar Tabarez tirou Lodero e colocou Max Pereira. O jogo continuava tão quente como quente é o sol do nordeste. Mais cartões amarelos. Mais substituições. Buffon fez defesas espetaculares. Acho que houve alguma discussão entre Suárez e Chiellini, não sei ao certo, apenas vi o astro da equipe uruguaia morder o ombro do italiano.  Achei aquilo de uma infantiliade de uma imbecilidade tão grandes... Não acreditava que tinha visto aquela cena, mas as câmeras de TV mostraram o replay do lance. Não havia dúvidas, tinha sido mesmo uma mordida. Deve ter sido bem forte, pois Chiellini ficou muito bravo.

Em uma cobrança de escanteio, o zagueiro Godin sobe sozinho e abre o placar: 1 x 0 para o Uruguai. Com esse resultado a seleção italiana faria as malas e embarcaria para a Itália ainda na primeira fase do Mundial. Os italianos não queriam isso. Queriam ganhar o jogo. Queriam vitória. A partir daí, o jogo ficou mais apimentado do que comida baiana. Eram lances sucessivos. Os comentaristas de TV não tinham tempo nem de respirar. Chegando o fim do tempo regulamentar o juiz concedeu mais cinco minutos de acréscimo. Desesperado, até o goleiro Buffon foi para o ataque. Mas não adiantou nada. Veio o apito final e uma grande festa dos jogadores e torcedores do Uruguai. No jogo da morte viveu a equipe uruguaia. Finalmente classificada para a segunda fase da competição, enquanto os italianos foram para o hotel, arrumar as malas para voltar à Itália.

Depois do ocorrido o italiano, vítima da mordida, levantava a camisa, descobrindo o ombro e mostrando ao juiz que tinha sido vítima de uma mordida. Porém, o arbitro estava, por certo longe, e não chegou a ver a cena. Enquanto isso Suárez levava as mãos boca, talvez pensando em como seja dura a carne de um italiano. Fora de campo, Chiellini desabafou: “O juiz mudou o jogo. Expulsou o Marchisio, mas não fez nada na falta do Suárez. Ele me mordeu, é um covarde. E ele fica protegido porque a Fifa quer que suas estrelas joguem na Copa do Mundo. Eu adoraria ver se eles (os dirigentes da Fifa) terão coragem de usar as provas em vídeo contra ele — cobrou o italiano. — Não tem mais marca agora, mas no campo tinha. O juiz que não quis ver”.

Essa não é a primeira vez que Suárez comete esse tipo de bestialidade. Em abril do ano passado jogavam Liverpool e Chelsea, em jogo do campeonato inglês. Sem que houvesse qualquer discussão, Suárez pega o braço de Branislav Ivanovic, do Chelsea, e crava-lhe uma mordida. A partida terminou empatada em 2 a 2 e Ivanovic com uma dolorida mordida no braço. O Liverpool, time pelo qual joga o urugaio, multou o jogador. Ele também foi penalizado pela Federação Inglesa de Futebol com dez jogos de suspensão.

Em 2010 Suárez recebeu um apelido bem apropriado: canibal. Na ocasião ele atuava no Ajax e deu uma de vampiro mordendo o pescoço do volante Otman Bakkal, do PSV.

Voltando um pouco mais no tempo, quando tinha 16 anos, ainda nas divisões de base do Nacional, o valentão agrediu um juiz.

O comentário de um jornalista da Rádio CBN seria engraçado se não fosse trágico. Disse o comentarista esportivo: “Desse jeito vai ter que jogar com focinheira”.


Vamos esperar o que vai acontecer. A FIFA vai punir Suárez? O juiz não viu nada e, portanto, não registrou em súmula. Porém, podem ser solicitados vídeos da partida e a punição ao jogador ser baseada nessas imagens. Resta saber como vai agir a FIFA: Vai ficar quieta ou vai reagir a essa agressão? Haverá punição para a atitude infantil do “canibal”?

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