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Fechando o cerco

Posted by Cottidianos on 23:31

Segunda-feira, 23 de janeiro

Lula e Alberto Fernández

Da posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva, e de seu vice, Geraldo Alckmin, já se passaram 23 dias, e nesse interim, o governo Lula já trabalhou mais dos que os 4 anos inteiros do governo de Jair Bolsonaro, apesar da instabilidade causada pelos golpistas seguidores do tal “mito”.

Lula está agora na Argentina. Começou suas viagens internacionais oficiais por aquele país. Em Buenos Aires, ao lado seu colega Argentino Alberto Fernández, Lula pediu desculpas ao povo argentino pelas grosserias ditas e feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, que como vimos, colocava a questão ideológica, acima das boas relações entre os países e até entre os seres humanos.

Hoje é a retomada de uma relação que nunca deveria ter sido truncada. A minha presença como primeira viagem feita depois da minha eleição a um país estrangeiro é para dizer ao meu amigo Alberto Fernández que nós vamos reconstruir aquela relação de paz, produtiva, avançada, de dois países que nasceram para crescer, se desenvolver e gerar melhores condições de vida para os seus povos.

Estou pedindo desculpas por todas as grosserias que o último presidente do Brasil, que eu trato como um genocida por causa da responsabilidade com o cuidado com a pandemia, todas as ofensas que fez ao Fernández”, disse Lula.

É mesmo hora de retomar os laços internacionais de amizade, de cooperação, e econômicos que foram rompidos com o ex-mandatário da nação. Afinal, ninguém é uma ilha, ainda mais no mundo globalizado em que vivemos. Nem devemos deixar que questões ideológicas sejam empecilho para uma boa relação com as nações do mundo.

Antes de viajar à Argentina o presidente Lula teve um compromisso importantíssimo que nada a ver com ideologias, mas, sim, com humanidade.

No sábado, 21, ele foi à Roraima, onde visitou o povo sofrido e perseguido, povo Yanomâmis. E os encontrou numa situação absolutamente degradante, na qual a fome, a desnutrição e a doença se apresentavam com a sua face mais perversa.

Lula e a equipe de ministros que o acompanhou encontraram os indígenas em estado tão crítico que resolveu decretar calamidade pública na terra Yanomami. O ministério da Saúde estuda instituir crise humana e sanitária diante da situação dos Yanomamis.

Pelo menos 570 crianças Yanomamis foram mortas pela contaminação de mercúrio, pela desnutrição, e também pela falta de medicamentos provenientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A conclusão à qual os integrantes do ministério da Saúde chegaram é a de que o descaso do governo Jair Bolsonaro para com as populações indígenas, aliado à atividade de garimpo ilegal fizeram com que a situação desses povos se agravasse.

Talvez, toda essa situação não tivesse vindo à tona se não estivesse à frente do ministério dos Povos Indígenas, uma legítima representante desses povos, a indígena Sonia Guajajara. Além de Sonia, estão na coordenação dessa ação a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), presidida atualmente por Joenia Wapichana, e a secretaria especial de Saúde indígena, que é comandada por Waibe Tapeba, que também é indígena. O apoio logístico é dado pelas Forças Armadas.

Diante disso, a bancada do PT na Câmara dos Deputados resolveu protocolar na Procuradoria-Geral da República (PGR), uma notícia-crime, na qual responsabilizam o ex-presidente, Jair Bolsonaro, e a ex-ministra da Família, Mulheres, e Direitos Humanos, Damaris Alves, pela crise humanitária na qual estão mergulhados os Yanomamis de Roraima. “Crianças e adultos em situação de elevada subnutrição, cadavéricas, numa realidade que não deveria existir num país que ano após ano tem recordes na sua produção agrícola e alimenta diversas Nações e povos”, citam os parlamentares no documento. O documento é assinado pelos deputados petistas Reginaldo Lopes (MG), e Zeca Dirceu (PR), respectivamente atual e futuro líder do PT na Câmara.

É uma reação em cadeia: Os garimpeiros ilegais invadem as terras indígenas, começam a trabalhar com mercúrio para separar ouro dos demais minérios. O produto contamina os rios e, por consequência, os peixes que nada naquelas águas são contaminados. A pesca é uma das fontes de alimentação dos povos indígenas. Ao comerem os peixes, os indígenas sofrem uma intoxicação irreversíveis, e logo passam a sofre com problemas de capacidade motora.

É uma lógica absolutamente cruel. Uma lógica de morte. O governo Bolsonaro, claramente, estava ao lado dos garimpeiros ilegais, e não dos indígenas, então a expressão “presidente genocida” que tantas ouvimos durante toda a pandemia, nunca foi tão apropriada a Jair Bolsonaro. Tanto em relação ao coronavírus quanto ao caso dos indígenas a prioridade primeira do presidente era o lucro, e não a vida.

Na ação os deputados também destacam estes aspectos: “A responsabilidade por essa tragédia é conhecida no Brasil e no mundo. Na verdade, além da omissão dolosa, o primeiro Representado [Bolsonaro] é diretamente responsável por autorizar, incentivar e proteger o garimpo ilegal nas terras indígenas Yanomami e em várias regiões da Amazônia. Essa política de Estado comandada diretamente pelo ex-mandatário da Nação e executada, também por ação e/ou omissão dolosa pela segunda representada [Damares] e outros atores integrantes do desgoverno encerrado em 31.12.22, contribuiu de maneira decisiva para a contaminação dos rios (mercúrio) e, consequentemente, resultou nos impactos na alimentação (pesca) e nas condições de sanitárias (saúde) dos povos tradicionais que vivem e sobrevivem nas áreas onde não deveria haver garimpos, legais ou ilegais”, dizem eles.

Em relação aos desdobramentos dos atos golpistas, as reações a eles continuam a todo vapor. Na manhã da quarta-feira, 18, o ex-secretário de Segurança do DF, e ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, prestou depoimento prestou depoimento à Polícia Federal. Em audiência de custódia ele disse ter sido o primeiro ministro a entregar o relatório de transição, que jamais questionou o resultado das urnas, que não há manifestação dele nesse sentido.

Disse também que saber do pedido de prisão expedido contra ele foi como ter tomado um tiro de canhão no peito e que, chegar ao Brasil tendo que esconder o rosto para não ser fotografado pelos jornalistas foi como um pesadelo. Torres também disse que é um cidadão equilibrado e que não faz parte dessa guerra ideológica que se instalou no país. Porém, para questões chaves para as quais a polícia esperava respostas, ele nada falou.

Alexandre de Moraes marcou novo depoimento de Anderson Torres para o dia 02 de fevereiro. Quem sabe até lá, ele se torne mais colaborativo.

Certamente, todos vocês conhecem aquele ditado que diz: Onde há fumaça, há fogo. Se o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, e ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro é tão inocente assim, porque então ele deixou o aparelho celular em Orlando, na Flórida, onde estava passando férias, quando foi expedido o pedido de prisão contra ele. Por que não trouxe o celular, fazendo com os policias quebrem a cabeça tentando acessar os dados de celular pela nuvem.

E aqui a gente lembra de outro ditado popular: Quem não deve, não teme.

Torres está preso no 4º Batalhão de Polícia Militar, no Guará — região distante cerca de 15 quilômetros do centro de Brasília. Ele é investigado por omissão nos atos golpistas do 08 de janeiro, em Brasília. Para complicar ainda mais a situação, durante operação de busca e apreensão, foi encontrada na casa dele, uma minuta golpista, que pretendia modificar o resultado das eleições, através de interferência no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  

O ex-secretário diz que a minuta lhe foi entregue por um desconhecido e que estava na casa dele numa pilha de papéis que seriam incinerados. Mas juristas dizem que o documento foi elaborado por alguém que entende de lei porque é muito bem escrita, tendo início, meio e fim, escritos de forma clara e bem definida.

Agora, a PF investiga se o documento circulou entre integrantes do governo Bolsonaro no final do ano. Pela equipe do ex-presidente é cada vez mais clara a certeza de que Bolsonaro tentou, de fato, dar um golpe, e reverter o resultado das eleições que se deram dentro de um processo democrático e limpo.

Alexandre de Moraes, ministro do STF responsável pelo inquérito das fake news e a Polícia Federal também andam tendo muito trabalho, são muitas decisões a serem tomadas, muita busca e apreensão a serem realizadas, e a caça aos golpistas continuam. Quando os bolsonaristas clamavam por golpe militar, e atacavam as instituições da República, muitos deles, provavelmente, não soubessem quão séria é a tentativa de golpe, e muito mais séria ainda é quando ele se realiza, coisa que, para nosso alívio, não aconteceu.

Olhando para as peças do quebra-cabeças que está sendo montado pela PF, faz todo o sentido os fatos que se sucederam à eleição: o sepulcral silêncio do ex-presidente Jair Bolsonaro, a sua recusa em passar a faixa para Lula, até o PL, de Valdemar Costa Neto, partido de Bolsonaro, tentou, através de uma ação ridícula, questionar na Justiça, o resultado do segundo turno da eleição presidencial.

Quem está louco para mostrar que não tem nada a ver com essa história toda, e que foi enganado pelas forças de Segurança do DF é o governador afastado Ibaneis Rocha. No dia 13 de janeiro, ainda quando estávamos em choque com toda aquela barbárie que aconteceu em Brasília, e quando Ibaneis foi afastado do governo, ele nem esperou ser chamado da PF para ser interrogado. Apresentou-se espontaneamente na sede da PF para prestar depoimento.

Na sexta-feira, 20, a PF fez uma operação de busca e apreensão na casa de Ibaneis (MDB), e também na casa do ex-secretário interino de Segurança Pública do DF, Fernando de Souza Oliveira. Buscas também foram realizadas no Palácio dos Buritis, sede do governo do DF.

Ao saber dessa operação, Ibaneis postou em sua rede social o seguinte:

No momento da Operação ele não estava em Brasília, mas logo se apressou em voltar a capital federal. Também nesta segunda-feira, a defesa do governador afastado entregou a PF o celular dele para ser periciado.

Não se sabe se Ibaneis é culpado ou inocente, mas é difícil que um culpado corra atrás da polícia para entregar provas. No caso de Ibaneis, mais do que o interesse em desvincular seu nome dessa sujeira toda está o de voltar ao poder, de voltar ao governo do Distrito Federal.

Ainda no campo do terrorismo, uma decisão bastante acertada do presidente Lula foi demitir o comandante do Exército, o general Júlio Cesar de Arruda. Para o lugar dele foi nomeado o general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva.

A demissão de Arruda decorreu de uma crise de confiança instalada após os atos golpistas de 8 de janeiro. Porém, a gota d’agua para que o general Arruda fosse demitido foi a insistência em manter no cargo o tenente-coronel Mauro Cid. Cid está à frente de um importante batalhão do Exército em Goiânia.

Há pouco dias do fim do mandato, Bolsonaro nomeou Cid para esse cargo. O presidente Lula havia determinado a imediata remoção de Mauro Cid desse posto, mas ele não acatou a ordem do presidente. A decisão era fácil: Ou o presidente demitia Arruda, ou perdia o controle da situação, e como Lula não é bobo nem nada, a primeira opção foi tomada sem sofrer muito.

Cid era homem de confiança de Jair Bolsonaro, atuava como ajudante de ordem dele, chegando a assumir o posto de conselheiro-geral do chefe. Além disso, é investigado pela PF por suspeita de transações financeiras feitas no gabinete do presidente e também por vazar dados de investigação sigilosa da PF, em agosto de 2021.

 Era explicito o apoio de parte das Forças Armadas, em especial do Exército, aos golpistas, tendo eles, inclusive, escolhido como acampamento em frente a quartéis do todo o país.

Para começar, esses acampamentos nem deveriam ter sido iniciados. Ora, senhores e senhoras, manifestantes que se aglomeram em frente aos quarteis do exército pedindo intervenção militar não são manifestantes, são golpistas, e suas reinvindicações passam bem longe da ideia de democracia.

Segundo, que eles deveriam ter sido desfeitos logo após a baderna que eles promoveram em Brasília por ocasião da posse de Lula em 12 de dezembro, chegando inclusive a invadir a sede da Polícia Federal, em protesto contra a prisão do índio bolsonarista, José Acácio Serere Xavante. Na noite daquele mesmo dia, os golpistas já haviam ateado fogo a ônibus, e depredaram placas de sinalização.

Na véspera de natal, o terrorista George Washington de Oliveira Souza, juntamente com Alan Diego colocaram uma bomba em um caminhão de combustível que estava estacionado em uma das vias de acesso ao aeroporto de Brasília. Ele disse em depoimento que o objetivo era causar o caos na capital federal para forçar o Exército a uma intervenção militar.

Depois a polícia descobriu que havia um terceiro envolvido nesse plano macabro: o jornalista Wellington Macedo de Souza. George e Alan estão presos. O jornalista está foragido.

No dia 25, dia de Natal, um grupo de indígenas apoiadores de Bolsonaro, e que ainda protestavam contra a prisão de José Acácio Serere Xavante furou o bloqueio de proteção ao STF e chegaram ao entorno da Corte, área da qual estavam proibidos de chegar. Eles protestaram em frente à marquise do STF. O índio pelo qual eles faziam protestos havia participado de manifestações antidemocráticas e defendido, publicamente, que a eleição de Lula e Alckmin era uma fraude que Bolsonaro deveria voltar ao poder.

Houve também os episódios ocorridos logo após a vitória de Lula no segundo turno das eleições quando os terroristas invadiram as rodovias de todo o país, paralisando e prejudicando serviços essenciais, tudo isso com a complacência da Polícia Rodoviária Federal.

Posto todos esses fatos na mesa, não há como dizer que há golpistas nas Forças Armadas, e muitos. Proteger quem ameaça à democracia é ser conivente com o golpismo. E as imagens que víamos eram de polícias rodoviários, não reprimindo os manifestantes, mas, sim, confraternizando com eles, tirando selfies, e em muitos casos, protegendo-os.

Enfim, o que o Brasil quer agora é paz. Paz para o povo e para o governo. O que o Brasil quer é se livrar desses terroristas que ameaçam a democracia. O Brasil também quer punição para todos os que participaram da barbárie em Brasília, no dia 08 de janeiro. Que sofram as sanções da lei que foi o autor intelectual, quem financiou, quem apoiou e quem executou aquela afronta a nossa democracia, sejam eles civis ou militares.


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