Fechando o cerco
Segunda-feira,
23 de janeiro
Lula e Alberto Fernández
Da
posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva, e de seu vice, Geraldo Alckmin,
já se passaram 23 dias, e nesse interim, o governo Lula já trabalhou mais dos
que os 4 anos inteiros do governo de Jair Bolsonaro, apesar da instabilidade
causada pelos golpistas seguidores do tal “mito”.
Lula
está agora na Argentina. Começou suas viagens internacionais oficiais por
aquele país. Em Buenos Aires, ao lado seu colega Argentino Alberto Fernández,
Lula pediu desculpas ao povo argentino pelas grosserias ditas e feitas pelo
presidente Jair Bolsonaro, que como vimos, colocava a questão ideológica, acima
das boas relações entre os países e até entre os seres humanos.
“Hoje é a retomada de uma relação que nunca
deveria ter sido truncada. A minha presença como primeira viagem feita depois
da minha eleição a um país estrangeiro é para dizer ao meu amigo Alberto
Fernández que nós vamos reconstruir aquela relação de paz, produtiva, avançada,
de dois países que nasceram para crescer, se desenvolver e gerar melhores
condições de vida para os seus povos.
Estou pedindo
desculpas por todas as grosserias que o último presidente do Brasil, que eu
trato como um genocida por causa da responsabilidade com o cuidado com a
pandemia, todas as ofensas que fez ao Fernández”, disse Lula.
É
mesmo hora de retomar os laços internacionais de amizade, de cooperação, e
econômicos que foram rompidos com o ex-mandatário da nação. Afinal, ninguém é
uma ilha, ainda mais no mundo globalizado em que vivemos. Nem devemos deixar
que questões ideológicas sejam empecilho para uma boa relação com as nações do
mundo.
Antes
de viajar à Argentina o presidente Lula teve um compromisso importantíssimo que
nada a ver com ideologias, mas, sim, com humanidade.
No
sábado, 21, ele foi à Roraima, onde visitou o povo sofrido e perseguido, povo Yanomâmis.
E os encontrou numa situação absolutamente degradante, na qual a fome, a
desnutrição e a doença se apresentavam com a sua face mais perversa.
Lula
e a equipe de ministros que o acompanhou encontraram os indígenas em estado tão
crítico que resolveu decretar calamidade pública na terra Yanomami. O ministério
da Saúde estuda instituir crise humana e sanitária diante da situação dos
Yanomamis.
Pelo
menos 570 crianças Yanomamis foram mortas pela contaminação de mercúrio, pela
desnutrição, e também pela falta de medicamentos provenientes do Sistema Único
de Saúde (SUS). A conclusão à qual os integrantes do ministério da Saúde
chegaram é a de que o descaso do governo Jair Bolsonaro para com as populações
indígenas, aliado à atividade de garimpo ilegal fizeram com que a situação
desses povos se agravasse.
Talvez,
toda essa situação não tivesse vindo à tona se não estivesse à frente do
ministério dos Povos Indígenas, uma legítima representante desses povos, a
indígena Sonia Guajajara. Além de Sonia, estão na coordenação dessa ação a
Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), presidida atualmente por Joenia
Wapichana, e a secretaria especial de Saúde indígena, que é comandada por Waibe
Tapeba, que também é indígena. O apoio logístico é dado pelas Forças Armadas.
Diante
disso, a bancada do PT na Câmara dos Deputados resolveu protocolar na
Procuradoria-Geral da República (PGR), uma notícia-crime, na qual
responsabilizam o ex-presidente, Jair Bolsonaro, e a ex-ministra da Família,
Mulheres, e Direitos Humanos, Damaris Alves, pela crise humanitária na qual
estão mergulhados os Yanomamis de Roraima. “Crianças
e adultos em situação de elevada subnutrição, cadavéricas, numa realidade que
não deveria existir num país que ano após ano tem recordes na sua produção
agrícola e alimenta diversas Nações e povos”, citam os parlamentares no
documento. O documento é assinado pelos deputados petistas Reginaldo Lopes
(MG), e Zeca Dirceu (PR), respectivamente atual e futuro líder do PT na Câmara.
É
uma reação em cadeia: Os garimpeiros ilegais invadem as terras indígenas,
começam a trabalhar com mercúrio para separar ouro dos demais minérios. O
produto contamina os rios e, por consequência, os peixes que nada naquelas
águas são contaminados. A pesca é uma das fontes de alimentação dos povos
indígenas. Ao comerem os peixes, os indígenas sofrem uma intoxicação
irreversíveis, e logo passam a sofre com problemas de capacidade motora.
É
uma lógica absolutamente cruel. Uma lógica de morte. O governo Bolsonaro,
claramente, estava ao lado dos garimpeiros ilegais, e não dos indígenas, então
a expressão “presidente genocida” que tantas ouvimos durante toda a pandemia,
nunca foi tão apropriada a Jair Bolsonaro. Tanto em relação ao coronavírus
quanto ao caso dos indígenas a prioridade primeira do presidente era o lucro, e
não a vida.
Na
ação os deputados também destacam estes aspectos: “A responsabilidade por essa tragédia é conhecida no Brasil e no mundo.
Na verdade, além da omissão dolosa, o primeiro Representado [Bolsonaro] é
diretamente responsável por autorizar, incentivar e proteger o garimpo ilegal
nas terras indígenas Yanomami e em várias regiões da Amazônia. Essa política de
Estado comandada diretamente pelo ex-mandatário da Nação e executada, também
por ação e/ou omissão dolosa pela segunda representada [Damares] e outros
atores integrantes do desgoverno encerrado em 31.12.22, contribuiu de maneira
decisiva para a contaminação dos rios (mercúrio) e, consequentemente, resultou
nos impactos na alimentação (pesca) e nas condições de sanitárias (saúde) dos
povos tradicionais que vivem e sobrevivem nas áreas onde não deveria haver
garimpos, legais ou ilegais”, dizem eles.
Em
relação aos desdobramentos dos atos golpistas, as reações a eles continuam a
todo vapor. Na manhã da quarta-feira, 18, o ex-secretário de Segurança do DF, e
ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, prestou depoimento prestou
depoimento à Polícia Federal. Em audiência de custódia ele disse ter sido o
primeiro ministro a entregar o relatório de transição, que jamais questionou o
resultado das urnas, que não há manifestação dele nesse sentido.
Disse
também que saber do pedido de prisão expedido contra ele foi como ter tomado um
tiro de canhão no peito e que, chegar ao Brasil tendo que esconder o rosto para
não ser fotografado pelos jornalistas foi como um pesadelo. Torres também disse
que é um cidadão equilibrado e que não faz parte dessa guerra ideológica que se
instalou no país. Porém, para questões chaves para as quais a polícia esperava
respostas, ele nada falou.
Alexandre
de Moraes marcou novo depoimento de Anderson Torres para o dia 02 de fevereiro.
Quem sabe até lá, ele se torne mais colaborativo.
Certamente,
todos vocês conhecem aquele ditado que diz: Onde há fumaça, há fogo. Se o
ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, e ex-ministro da Justiça do
governo Jair Bolsonaro é tão inocente assim, porque então ele deixou o aparelho
celular em Orlando, na Flórida, onde estava passando férias, quando foi
expedido o pedido de prisão contra ele. Por que não trouxe o celular, fazendo
com os policias quebrem a cabeça tentando acessar os dados de celular pela
nuvem.
E aqui a gente lembra de outro ditado popular: Quem não deve, não teme.
Torres
está preso no 4º Batalhão de Polícia Militar, no Guará — região distante cerca
de 15 quilômetros do centro de Brasília. Ele é investigado por omissão nos atos
golpistas do 08 de janeiro, em Brasília. Para complicar ainda mais a situação, durante
operação de busca e apreensão, foi encontrada na casa dele, uma minuta
golpista, que pretendia modificar o resultado das eleições, através de interferência
no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O
ex-secretário diz que a minuta lhe foi entregue por um desconhecido e que
estava na casa dele numa pilha de papéis que seriam incinerados. Mas juristas
dizem que o documento foi elaborado por alguém que entende de lei porque é
muito bem escrita, tendo início, meio e fim, escritos de forma clara e bem
definida.
Agora,
a PF investiga se o documento circulou entre integrantes do governo Bolsonaro
no final do ano. Pela equipe do ex-presidente é cada vez mais clara a certeza
de que Bolsonaro tentou, de fato, dar um golpe, e reverter o resultado das
eleições que se deram dentro de um processo democrático e limpo.
Alexandre
de Moraes, ministro do STF responsável pelo inquérito das fake news e a Polícia
Federal também andam tendo muito trabalho, são muitas decisões a serem tomadas,
muita busca e apreensão a serem realizadas, e a caça aos golpistas continuam. Quando
os bolsonaristas clamavam por golpe militar, e atacavam as instituições da
República, muitos deles, provavelmente, não soubessem quão séria é a tentativa
de golpe, e muito mais séria ainda é quando ele se realiza, coisa que, para
nosso alívio, não aconteceu.
Olhando
para as peças do quebra-cabeças que está sendo montado pela PF, faz todo o
sentido os fatos que se sucederam à eleição: o sepulcral silêncio do
ex-presidente Jair Bolsonaro, a sua recusa em passar a faixa para Lula, até o
PL, de Valdemar Costa Neto, partido de Bolsonaro, tentou, através de uma ação
ridícula, questionar na Justiça, o resultado do segundo turno da eleição
presidencial.
Quem
está louco para mostrar que não tem nada a ver com essa história toda, e que
foi enganado pelas forças de Segurança do DF é o governador afastado Ibaneis
Rocha. No dia 13 de janeiro, ainda quando estávamos em choque com toda aquela barbárie
que aconteceu em Brasília, e quando Ibaneis foi afastado do governo, ele nem
esperou ser chamado da PF para ser interrogado. Apresentou-se espontaneamente na
sede da PF para prestar depoimento.
Na
sexta-feira, 20, a PF fez uma operação de busca e apreensão na casa de Ibaneis
(MDB), e também na casa do ex-secretário interino de Segurança Pública do DF,
Fernando de Souza Oliveira. Buscas também foram realizadas no Palácio dos Buritis,
sede do governo do DF.
Ao
saber dessa operação, Ibaneis postou em sua rede social o seguinte:
No
momento da Operação ele não estava em Brasília, mas logo se apressou em voltar
a capital federal. Também nesta segunda-feira, a defesa do governador afastado
entregou a PF o celular dele para ser periciado.
Não
se sabe se Ibaneis é culpado ou inocente, mas é difícil que um culpado corra
atrás da polícia para entregar provas. No caso de Ibaneis, mais do que o
interesse em desvincular seu nome dessa sujeira toda está o de voltar ao poder,
de voltar ao governo do Distrito Federal.
Ainda
no campo do terrorismo, uma decisão bastante acertada do presidente Lula foi demitir
o comandante do Exército, o general Júlio Cesar de Arruda. Para o lugar dele
foi nomeado o general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva.
A
demissão de Arruda decorreu de uma crise de confiança instalada após os atos
golpistas de 8 de janeiro. Porém, a gota d’agua para que o general Arruda fosse
demitido foi a insistência em manter no cargo o tenente-coronel Mauro Cid. Cid está
à frente de um importante batalhão do Exército em Goiânia.
Há
pouco dias do fim do mandato, Bolsonaro nomeou Cid para esse cargo. O
presidente Lula havia determinado a imediata remoção de Mauro Cid desse posto,
mas ele não acatou a ordem do presidente. A decisão era fácil: Ou o presidente
demitia Arruda, ou perdia o controle da situação, e como Lula não é bobo nem
nada, a primeira opção foi tomada sem sofrer muito.
Cid
era homem de confiança de Jair Bolsonaro, atuava como ajudante de ordem dele,
chegando a assumir o posto de conselheiro-geral do chefe. Além disso, é
investigado pela PF por suspeita de transações financeiras feitas no gabinete
do presidente e também por vazar dados de investigação sigilosa da PF, em
agosto de 2021.
Para
começar, esses acampamentos nem deveriam ter sido iniciados. Ora, senhores e
senhoras, manifestantes que se aglomeram em frente aos quarteis do exército pedindo
intervenção militar não são manifestantes, são golpistas, e suas
reinvindicações passam bem longe da ideia de democracia.
Segundo,
que eles deveriam ter sido desfeitos logo após a baderna que eles promoveram em
Brasília por ocasião da posse de Lula em 12 de dezembro, chegando inclusive a
invadir a sede da Polícia Federal, em protesto contra a prisão do índio
bolsonarista, José Acácio Serere Xavante. Na noite daquele mesmo dia, os
golpistas já haviam ateado fogo a ônibus, e depredaram placas de sinalização.
Na
véspera de natal, o terrorista George Washington de Oliveira Souza, juntamente
com Alan Diego colocaram uma bomba em um caminhão de combustível que estava
estacionado em uma das vias de acesso ao aeroporto de Brasília. Ele disse em
depoimento que o objetivo era causar o caos na capital federal para forçar o
Exército a uma intervenção militar.
Depois
a polícia descobriu que havia um terceiro envolvido nesse plano macabro: o
jornalista Wellington Macedo de Souza. George e Alan estão presos. O jornalista
está foragido.
No
dia 25, dia de Natal, um grupo de indígenas apoiadores de Bolsonaro, e que
ainda protestavam contra a prisão de José Acácio Serere Xavante furou o
bloqueio de proteção ao STF e chegaram ao entorno da Corte, área da qual
estavam proibidos de chegar. Eles protestaram em frente à marquise do STF. O índio
pelo qual eles faziam protestos havia participado de manifestações
antidemocráticas e defendido, publicamente, que a eleição de Lula e Alckmin era
uma fraude que Bolsonaro deveria voltar ao poder.
Houve
também os episódios ocorridos logo após a vitória de Lula no segundo turno das
eleições quando os terroristas invadiram as rodovias de todo o país, paralisando
e prejudicando serviços essenciais, tudo isso com a complacência da Polícia
Rodoviária Federal.
Posto
todos esses fatos na mesa, não há como dizer que há golpistas nas Forças
Armadas, e muitos. Proteger quem ameaça à democracia é ser conivente com o
golpismo. E as imagens que víamos eram de polícias rodoviários, não reprimindo
os manifestantes, mas, sim, confraternizando com eles, tirando selfies, e em
muitos casos, protegendo-os.
Enfim,
o que o Brasil quer agora é paz. Paz para o povo e para o governo. O que o
Brasil quer é se livrar desses terroristas que ameaçam a democracia. O Brasil
também quer punição para todos os que participaram da barbárie em Brasília, no
dia 08 de janeiro. Que sofram as sanções da lei que foi o autor intelectual,
quem financiou, quem apoiou e quem executou aquela afronta a nossa democracia,
sejam eles civis ou militares.
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