Ciclos
Sexta-feira,
02 de dezembro
A
vida é como uma grande roda gigante. É cíclica. Tudo vem, e logo tudo passa. Há
pouco estávamos todos preocupados com as eleições brasileiras. Elas chegaram e
passaram. É bem que verdade que os bolsonaristas ainda estão por aí
esperneando, mas isso também passará. Ninguém fica chorando a vida inteira. “O
choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria”, diz o salmo
30:5. E foi assim, um ciclo de eleições se iniciou e findou. Da mesma forma, em
janeiro termina o ciclo governo Bolsonaro, e começará mais um ciclo de governo
para Lula. Oxalá, queira Deus, que seja melhor do que o vivido por nós nesses
quatro últimos anos.
Agora,
todas as atenções, todos os olhares, todas as manchetes estão voltadas para o
Qatar, país que sedia a 22ª edição da Copa do Mundo. Uma Copa do Mundo cheia e
particularidades e peculiaridades. É a primeira Copa a ser sediada por um país
do Oriente Médio. Geralmente o torneio mundial de futebol acontece no mês de
julho, mas este ano está acontecendo nos meses de novembro/dezembro devido as
altas temperaturas Qatar.
Os verões no país são extremante quentes,
passam de 40º graus. Por isso a FIFA achou melhor realizar o torneio no outono
quando as temperaturas caem para 25º a 30º graus. Outra coisa que chama a
atenção é a área territorial do Qatar, muito menor do que os demais países que
sediaram Copas do Mundo. A área territorial ocupada pelo Catar é de 11,6 mil km2.
Bom para as equipes que não precisam ficar se descolocando de avião de um
lugar para outro. Entretanto, o que falta de área territorial no Catar, sobre
em dinheiro.
Outra
particularidade, é que, diferentemente da grande maioria dos países que já
sediaram Copas no Catar os direitos humanos não são respeitados. Para começar,
as catarenses devem ser totalmente submissas aos homens. Elas não podem estudar
no exterior, casar, procurar empregos, viajar para outros países. Em resumo, é
como se a mulher fosse incapaz.
Se
uma mulher catarense é infeliz no casamento e quiser se divorciar, ela terá de
ser muito corajosa, os obstáculos são quase intransponíveis, e, mesmo assim,
quando a mulher consegue a façanha, perde a guarda dos filhos.
Outro
público que sofre horrores no Catar são os homossexuais. A prática é
considerada crime punível com até sete anos de prisão. O preconceito contra o
público LGBTQIA+ é tão forte que, já nesta Copa do Mundo, um repórter de
Pernambuco ostentava uma bandeira do estado onde mora, e a bandeira foi
confiscada pela polícia catariana por remeter a bandeira LGBT.
As
explorações dos migrantes sofrem exploração de todo tipo com autorização da
lei. O país do Oriente Médio construiu estádios belíssimos e modernos para esta
Copa. Alguns desmontáveis. É só terminar o campeonato e recolher as estruturas.
Obviamente, isso custou muito dinheiro, mas custou também vidas humanas. Cerca
de 400 a 500 trabalhadores morreram durante a construção dos estádios. Nem se
estivéssemos falando de países pobres isso seria admissível, imagina então num
país cheio da grana.
Liberdade
de expressão? No Catar? Qual nada. O regime persegue violentamente qualquer voz
que ouse discordar das regras vigentes.
Por
essas e outras a gente fica se questionando sobre o que vale mais: o dinheiro
ou a liberdade. De que adianta viver numa gaiola de ouro e não poder voar para
lugar algum?
Era
desejo de jogadores de sete seleções europeias usarem uma braçadeira com as
cores da causa LGBTQIA+. A iniciativa faz parte do movimento “One Love” e
surgiu na Holanda. As braçadeiras são uma forma de inclusão, de mostrar que o
futebol é para todos. A braçadeira seria usada por capitães das seleções da
Inglaterra, País de Gales, Holanda, Alemanha, Suíça, Bélgica e Dinamarca.
Os
jogadores, entretanto, foram calados pela FIFA. A entidade proibiu a iniciativa
e ameaçou dar cartão amarelo para eles antes mesmo do início da partida. Os
alemães deram um jeito de protesto contra o ato da FIFA. Na sexta-feira, 23,
antes da partida contra o Japão, no momento em que tiravam a foto oficial da
equipe, os alemães botaram na mão boca, como a dizer ao mundo: Fomos
silenciados.
Polêmicas
à parte, e bola rolando em campo, o espetáculo está bonito. Campeãs indo embora
na primeira fase, outras zebras aparecendo, surpresas aparecendo, como é o caso
do Japão vencendo as campeãs Alemanha e Espanha, e assim vamos nos aproximando
das oitavas de final.
O
Brasil estreou muito bem, com direito a golaço de Richarlison. Jogão contra a
Sérvia. 2 x 0 para o Brasil. Depois veio jogo contra a Suíça. A seleção
canarinho venceu pelo placar de 1 x 0, também com direito golaço de Cassimiro.
Porém, foi um jogo mais morno, não tão bom quanto o jogo contra a Sérvia, no
qual o Brasil foi mais quente, mais ofensivo. Mas, não dá para reclamar. Brasil
está classificado para as oitavas de final.
Hoje,
sexta-feira, 02, o Brasil joga contra Camarões.
Estará em campo o time reserva. O técnico Tite resolveu poupar os titulares.
Bom para os titulares que descansarão, bom para os reservas que terão
oportunidade de mostrar seu trabalho, e bom para nós, torcedores, que teremos
oportunidade de ver um novo desenho de jogo em campo, sem sobressaltos.
Quem
apareceu por lá pelo Catar para ver o jogo do Brasil foi Eduardo Bolsonaro.
Deixou aqui os patriotários na frente dos quarteis, clamando por uma
intervenção militar, pedindo SOS a ETs, cantando Hino Nacional para pneu em
rodovia, e foi ver a seleção brasileira, com direito a hotel cinco estrelas,
buffet de luxo, e outras cositas mais. É como diz a letra a do samba “malandro
é malandro, e mané é mané”.
No
mais, a vida segue seu curso. A transição do governo Bolsonaro para o governo
Lula continua a todo vapor, muito trabalho, e muitas especulações. Os
bolsonaristas continuam com seus chamados golpistas, dentre eles a deputada
Carla Zambelli, o pastor Silas Malafaia, alguns militares aliados a Bolsonaro.
Dias
atrás, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido do presidente Jair
Bolsonaro, inventou de entrar com uma ação esdruxula pedindo a anulação de
algumas urnas usadas no segundo turno. Mais uma vez, questionando a lisura do
processo eleitoral, e o que é pior, sem provas.
A ação era tão sem sentido, que o ministro Alexandre de Moraes, não apenas rejeitou a ação, como ainda multou o PL em 22,9 milhões. Note-se, 22 foi o número usado por Jair Bolsonaro nas eleições deste ano. Qualquer semelhança é mera coincidência?
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