Luz vermelha no mundo
Domingo, 28 de novembro
Final do ano de 2019.
Enquanto
o mundo festejava as festas de Natal e se preparava para mais uma noite de Réveillon
com toda a alegria e votos de Feliz Ano Novo que lhe é característica, na
China, mais precisamente na cidade de Wuhan, localizada na província de Hubei,
um vírus silencioso se espalhava sorrateiramente. Os médicos chineses pensaram
se tratar de casos de pneumonia. Depois descobriram que estavam lidando com uma
desconhecida variante do coronavírus. Até então haviam sido identificados seis
tipos de coronavírus. Esses tipos de vírus causam no máximo um resfriado comum.
Porém,
o novo vírus se manifestou de uma forma totalmente diferente dos seus pares
anteriores. Ele provocou a doença terrível, denominada pelos cientistas de
Covid-19... E mudou o curso da história do planeta. Em 11 de março de 2020, a
Organização Mundial da Saúde reconheceu que estávamos diante de uma pandemia. O
restante da história vocês já sabem muito bem como se desenvolveu.
Desde
então, nós, habitantes deste pequeno grande planeta — pequeno em relação a
imensidade de astros, estrelas, galáxias, e planetas que o rodeiam, e grande em
relação a si mesmo — temos vivido de sobressaltos em sobressaltos. Pensávamos
que tudo estaria resolvido, pelo menos em parte, com as vacinas.
Mas,
como temos visto mundo afora, as coisas parecem não ser tão simples assim.
Primeiro há os amantes do coronavírus. Sim, pasmem, leitores e leitoras há, sim,
os amantes do vírus. Seja eles governantes, como o do Brasil, por exemplo, que
fez de tudo para o vírus demorasse mais tempo no país, e matasse o maior número
de pessoas possível, como há também as pessoas do movimento anti-vacina, que
veem as vacinas como causadoras de mortes, e não o vírus. Para elas, a ameaça
esta não no coronavírus, mas nas vacinas aplicadas contra ele. É um modo tosco,
e até ingênuo de pensar. Ignorância mesmo.
A
questão é que essa ignorância não prejudica apenas a pessoa que é portadora
dela, mas todo um coletivo. Tanto é que alguns países enfrentaram, outros ainda
enfrentam a pandemia dos não vacinados. São eles os responsáveis, por exemplo,
pelo aumento dos casos de Covid-19 na Europa. Os Estados Unidos também já
enfrentaram problemas semelhantes. Então, por tudo isto, podemos concluir que o
pessoal antivacina não são apenas ignorantes, mas também, irresponsáveis.
Semana
passada o mundo entrou novamente em alerta. Mais um sobressalto. Na
sexta-feira, 26, a OMS anunciou o registro de mais uma variante do coronavírus
surgida na África do Sul. A nova variante recebeu dos cientistas o nome de
Ômicrom, em referência a última letra do alfabeto grego. A OMS classificou essa
variante como “variante preocupante”.
E
o motivo da preocupação é que a nova variante. possui 50 mutações, algo ainda
não registrado antes em variantes do coronavírus. Mais de 30 dessas mutações se
concentram na chave que o coronavírus usa para entrar nas células, chamada de
“spike”. A spike é para onde se concentram os esforços dos cientistas ao
desenvolver as vacinas contra o coronavírus. A nova variante também apresenta
maior risco de infecção pela Covid-19.
Apesar
de os cientistas ainda não saberem exatamente quão transmissível ou perigosa é
a nova variante, eles estão apavorados apenas em saber o número de mutações que
ela carrega.
O
fato é que, além da África do Sul, a variante já foi detectada também na
Alemanha, Austrália, Bélgica, Botsuana, Dinamarca, Hong Kong, Israel, Itália,
Reino Unido, República Tcheca. Vários países já começam a proibir voos com
origem na África do Sul.
No
Brasil, o governo federal publicou uma portaria em edição extra do Diário
Oficial da União, na qual proíbe, temporariamente, voos originários de seis
países, a saber; África do Sul, Botsuana, Eswatini (ex-Suazilândia), Lesoto,
Namíbia e Zimbábue. A proibição começa a valer nesta segunda-feira, 29. A recomendação
da proibição dos voos havia sido feita ao governo federal pela Anvisa, na
sexta-feira, 26.
A
portaria foi assinada neste sábado, 27, pelos ministros Ciro Nogueira (Casa
Civil), Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública), Marcelo Queiroga (Saúde),
e Tarcísio Freitas (Infraestrutura).
Ainda
na sexta-feira, apesar da nota técnica emitida pela Anvisa, a criança mimada, e
quando digo “criança mimada” estou me referindo ao presidente Jair Bolsonaro, o
menino birrento, e egocêntrico que mora dentro dele, passou o dia dizendo que não
iria proibir voos.
Bolsonaro
foi questionado por um apoiador sobre a questão e respondeu: “Tem que
aprender a conviver com o vírus. Não vai vedar [a entrada de estrangeiros],
rapaz. Que loucura é essa? Fechou o aeroporto o vírus não entra? Já está aqui
dentro”. O homem ainda questionou o presidente sobre a nova onda de
Covid-19 na Europa, e o presidente respondeu dizendo que o apoiador estava “vendo
muita Globo”.
Enfim,
Bolsonaro passou o dia repetindo que não iria proibir voos com origem na região
onde surgiu a nova variante do coronavírus, mas, certamente, deve ter sido pressionado
pelos seus ministros, pois, ainda no fim da tarde da sexta-feira, 26, o ministro
chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, divulgou nota em que afirmava a proibição
dos voos.
Ainda
se comportando como criança birrenta, dessas que fazem beicinho, que esperneiam,
e choram quando contrariadas, o presidente reclamou: “Não é Anvisa quem
decide? Pergunta pra Anvisa. Ponto final. Eu não tenho opinião. Eu sou um
presidente que não tenho como decidir as questões voltadas à pandemia. Quem
decide é o Supremo.”
Ainda
com relação ao coronavírus, os líderes mundiais parecem que ainda não compreenderam
que o incomodo vírus veio para testar os limites da globalização, e para dizer que
somos todos elos de uma mesma corrente. Não adianta as campanhas de vacinação
avançarem apenas nos países mais desenvolvidos e deixar as regiões mais pobres
do planeta sem cobertura vacinal. Pois, justamente, essas regiões, podem se
tornar celeiros de novas e mais perigosas variantes, e então o belo trabalho de
vacinação feita nos países ricos, pode ir embora com a mesma fragilidade dos
castelos de areia na beira do mar, levados pelas suaves ondas.
No
sábado, 24 de novembro de 2019, os torcedores do Flamengo estavam em êxtase. O
time havia ganhado o título da Taça Libertadores daquele ano. Os jogadores
ainda estavam no gramado do estádio Monumental de Lima, no Peru. O
ex-governador do Rio, afastado do cargo por corrupção, também estava presente no
estádio.
O
jogador do Flamengo Gabigol estava ainda no gramado, alegremente, conversando
um integrante da comissão técnica. Ele havia sido o herói do jogo ao marcar
dois gols contra o rival River Plate — o placar do jogo foi de 2 x 0 por Flamengo
— e levar o time carioca à vitória. Witzel se aproxima do jogador, aperta a mão
dele, cumprimenta-o, em seguida se ajoelha aos seus pés. O jogador que estava
sorrindo, fecha a cara, se afasta do governador, e saí andando em outra direção.
Wilson Witzel protagonizou uma cena patética. Ao ver aquela cena, não pude deixar
de estranhá-la, e de ver que havia algo errado com aquele homem, e havia mesmo
uma hipocrisia sem tamanho.
Neste
sábado, novamente houve decisão da Libertadores da América. Dessa vez, a final foi
entre dois grandes do futebol brasileiro: Palmeiras x Flamengo. Gabigol até
chegou a marcar um gol na partida, mas o Palmeiras marcou dois e ficou com o
título.
Pois
bem, o presidente Jair Bolsonaro, que era palmeirense até poucos dias atrás, resolveu
mudar de time nessa decisão da Libertadores e declarou seu apoio ao Flamengo. E
por que Bolsonaro traiu o verdão? Por simples cálculo político.
O
Flamengo possui uma das maiores torcidas do Brasil, e portanto, de acordo com raciocino
baixo dele, renderia mais votos. Além disso, a diretoria do clube carioca é simpática
a ele, suas ideias, e seu governo.
Portanto, caros leitores, não esperem fidelidade de Jair Bolsonaro, em lugar algum: nem no futebol, nem na política. Ele troca de clubes de futebol ou de partido como quem troca de roupa. E também não esperem que ele esteja interessado em coronavírus, em economia, em inflação, educação, ou outro assunto qualquer, pois o único objetivo dele parecer ser a reeleição, e tirando isso, nada mais importa.
Postar um comentário