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Tempos de verbas magras e propinas gordas

Posted by Cottidianos on 01:01
Terça-feira, 11 de julho

Sessão da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ)

Fosse na antiguidade,  ou na atual modernidade, ou na tão falada pós-modernidade, para ganhar medalhas de ouro no campeonato das nações ditas avançadas, desenvolvidas, há que suar a camisa, treinar, trabalhar, incentivar, apostar todas as fichas na educação. Para ganhar as olimpíadas do progresso é preciso ter boas escolas, boas universidades, professores bem remunerados, e alunos motivados.

Abramos a cortina do passado e nos depararemos com civilizações onde arte e cultura eram abundantes e fartas, e tinham como projeto desenvolver o homem em sua totalidade. Em Atenas, por exemplo, na Grécia antiga, o objetivo principal era desenvolver o homem como um todo: preparo físico, psicológico, e cultural.

Descortinemos o presente e veremos que as cidades que estão equilibradas no campo econômico e dele colhem frutos abundantes, são nações que apostaram na educação como pilar principal de suas sociedades, como por exemplo, Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, Suécia, Japão, e tantas outras.

Educação é a luz que se acende, não para se colocar embaixo da mesa, mas em lugar de destaque na casa para que ela possa iluminar a todos.

E no Brasil? Fala-se tanto em recuperação da economia, em recessão, em desemprego, e tudo o mais que os governantes e os cidadãos devem se preocupar. Isso é uma visão imediatista. Mas olhemos ao longe e nos perguntemos para onde caminhamos. Para a mediocridade? É verdade que, de mediocridade já está cheio o Congresso Nacional. Como poderemos correr se tivermos pés de barro, por não termos acompanhado as tendências de países desenvolvidos. Se não cuidarmos seremos ultrapassados até mesmo pelos países em desenvolvimento.

A situação atual da educação no Brasil não é lá das melhores. Se já era capenga, em meio à crise, se tornou mais ainda. As universidades federais que deveriam ser celeiro do conhecimento estão operando no vermelho. As verbas das quais elas dispõem para pagamentos de contas darão para quitar as dívidas, no máximo, até setembro. Em outubro é bem possível que a fonte seque e as universidades não consigam mais arcar os custos de manutenção.

O corte no orçamento para este setor, foi violento: 7% este ano. A estimativa é de que governo libere pouco mais de R$ 3 bilhões para 63 instituições de ensino no país, para as despesas básicas como salários de terceirizados, e despesas de água e luz, dentre outras.

Os reitores das universidades federais estão se virando nos trinta para fazer render o pouco dinheiro que tem. Estão dando uma de malabarista para equilibrar as contas. E para isso, muitas vezes estão tendo que cortar na pele. A Universidade de Brasília (UnB) demitiu cerca de 175 terceirizados, outras universidades também seguiram o mesmo caminho de corte de pessoal.

Os estudantes bolsistas sofrem na pele a crise no sistema educacional. O Programa Nacional de Assistência Estudantil sofre com os cortes de verbas. Setores essenciais como laboratórios também passam por dificuldades.

Peça chave nas universidades, os professores também estão sendo prejudicados por todo esse cenário caótico. Um projeto que existe desde 2009, que visa levar para a Suíça, professores de Física, está ameaçado. No país europeu, os professores brasileiros tem a oportunidade de reciclar e aumentar os seus conhecimentos no CERN (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear), maior laboratório de física do mundo. A instituição dá um show de bola quando se trata de experimentos na área de física. Para começar, a área abrangida pelo CERN equivale a dez estádios do Maracanã.

O governo financiava a passagem dos professores e uma ajuda de custo para as despesas na Suíça. Veio à crise e os professores tiveram que enfiar a mão no bolso para pagar a própria passagem. No ápice desses momentos difíceis não há verbas nem para passagem, nem para despesas de custeio. Alguns professores que pretendem ir à Suíça, e que não querem perder essa excelente oportunidade de pisar, pelo menos, por algum tempo no primeiro mundo da Física, estão fazendo vaquinha pela Internet para arrecadar cerca de R$ 15 mil. O dinheiro servirá para levar 20 professores para o CERN.

Cientistas e pesquisadores são atletas principais no time da ciência, e se esses atletas não tiveram incentivo como poderão ganhar campeonato. A educação é exercício fundamental para a nação que quer ser rica e prospera.

É preciso cortar gastos, é necessário, mas educação deveria ser prioridade. O que nos incomoda, e muito, é ver que o dinheiro que deveria ir para setores essenciais e que são pilares em qualquer nação desenvolvida vão para os bolsos de políticos corruptos.

Enquanto isso, eles ficam lá em Brasília, debatendo, discutindo, alguns ofendendo a nação com suas posições retrogradas e defensoras do crime de corrupção, crime esse que ceifa tantas vidas em nosso país.

Hoje, por exemplo, foi um dia decisivo na tramitação da denuncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer. O senador Sergio Zveiter, apresentou o seu parecer. Antes disso, porém, houve muito bate boca entre os deputados integrantes da CCJ. Na leitura do seu relatório, Zveiter, recomendou que a CCJ e o plenário autorizem o STF a analisar a denuncia contra Temer.

Ora se Temer diz que a denuncia é frágil, então porque montou uma operação de guerra para tentar barrar a denuncia na Câmara dos Deputados? A base aliada do governo trocou 13 membros da comissão, e a recomendação é trocar quem se manifeste favorável à autorização da denuncia.

Nos últimos dias, o governo não tem governado. O que Temer tem feito é usar a máquina do Estado em sua própria defesa. Em apenas dois dias teve reunião com 33 deputados, um de cada vez, para oferecer cargos e vantagens àqueles que ficarem do seu lado. Isso não é dito expressamente, e ate negado pelo Planalto, mas, na realidade foi isso o que aconteceu.

Quando Joesley Batista disse que Temer não tinha nenhuma cerimônia quando o assunto se tratava de pedir propina, agora se vê que Michel Temer também não tem nenhuma cerimônia quando o assunto se trata de se manter no poder a qualquer custo.

Mais do que educação aos políticos de nossa terra, está faltando vergonha na cara.

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