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Até Francisco, Obama?!
Posted by Cottidianos
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04:17
Segunda-feira,
04 de novembro
| Imagem: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=3505880 |
De
novo a espionagem!
Essas
câmeras “Big Brother” da NSA (Agência Nacional de Segurança) parece não ter
fim. Dessa vez as denuncias de espionagem atingem o Vaticano. Possivelmente
essas conversas foram ouvidas ainda quando a sucessão de Bento XVI estava em
discussão. Segundo a revista italiana Panorama, o período de abrangência destas
escutas ocorreu entre 10 de dezembro de 2012 e 08 de janeiro de 2013. Ainda segundo a revista, foram monitorados os
telefonemas de vários bispos e cardeais que estavam no Vaticano por ocasião do
conclave, inclusive, os telefonemas de Jorge Mario Bergoglio, hoje Papa
Francisco, quando ele ainda era cardeal. Ernest Von Freyberg, porta-voz do
Vaticano, afirmou que não havia, por parte do Vaticano, nenhuma preocupação em
relação a esse assunto.
Depois
da presidente do Brasil Dilma Roussef, foi a vez da Chanceler alemã Ângela
Merkel, ter suas comunicações interceptadas.
Como Dilma, Merkel também cobrou explicações de Obama.
Anteriormente,
a desculpa de Obama era sempre a mesma: “A principal coisa que quero enfatizar
é que não tenho interesse em fazer nada além de garantir que possamos impedir
um ataque terrorista”, afirmou ele durante uma coletiva de imprensa, na Casa
Branca, em 09 de agosto.
| Imagem: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/depois-de-escandalo-sobre-bengasi-obama-fala-em-aumentar-seguranca-das-embaixadas |
Com
as novas denúncias atingindo diretamente os parceiros europeus e provocando neles
a ira, o presidente norte-americano mudou o tom do discurso e já considera
declarar ilegal as escutas de conversas de líderes aliados.
A rede
de espionagem americana não poupa ninguém. Na Espanha, recentemente, foram
espionadas mais de 60 chamadas telefônicas em apenas um mês, segundo o jornal El Mundo. Em uma coisa todos estão de
acordo: a espionagem americana já foi longe demais. Os líderes mundiais já
estão se unindo para tomar providencias contra essa invasão de privacidade. Em decisão
conjunta, os governos do Brasil e da Alemanha apresentaram no dia 01 deste mês,
na Organização das Nações Unidas, um projeto que defende o direito à
privacidade nas comunicações digitais. O documento defende a tese de que a
interceptação, vigilância ilegal das comunicações e coleta de dados pessoais
constituem-se em atos que violam a privacidade e a liberdade de expressão. O documento
defende ainda que o combate ao terrorismo deve estar em harmonia com o Direito Internacional,
e exige sejam adotadas medidas que parem essa espionagem desenfreada.
O projeto
segue agora para apresentação em uma comissão da ONU, depois vai para o
plenário da Assembleia dessa entidade, onde se reúnem os países que compõem
as Nações Unidas. Se aprovado será a oportunidade de se criar um padrão de
conduta nas comunicações digitais e em outras tecnologias de Inteligência.
John Kerry, Secretário de Estado Americano, afirmou que ele e o presidente Barack
Obama, descobriram que muita coisa no setor de espionagem funcionava no “piloto
automático”. Por outro lado, agentes da NSA, afirmaram que a função deles era
apenas executar o que lhe pediam as autoridades governamentais.
A prova
de que os líderes mundiais estão muito aborrecidos com essa questão foi a
visita do deputado do Partido Verde Alemão, Hans-Christian Ströbelle, a Edward
Snowden, em Moscou. O encontro, como tudo na vida de Snowdwen nos últimos
meses, foi em lugar secreto.
Ströbelle
foi consultar Snowden sobre a possibilidade de um possível depoimento dele na
investigação sobre a espionagem praticada pela NSA, na Alemanha. Em toda boa
história de espionagem há um complicador. A complicação nesse caso, surge do
fato do ex-agente americano não poder deixar o solo russo, sob pena de perder o
status de refugiado. Há a possibilidade de Snowden depor através de carta, ou
ainda de algum investigador alemão ir até Moscou para ouvi-lo.
Acho
que o pessoal na Casa Branca e na NSA já descobriu ter exagerado na dose de
espionagem e arranjou um problema político em nível internacional. Isso sem
falar do constrangimento causado a ambas as partes.
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| Imagem: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=3505880 |
Quanto
a Snwoden... Esse vai muito bem obrigado e de consciência tranquila. Com saudades
de casa e da família, isso é evidente, porém a vida segue em frente, mesmo para
exilado político: Snowden já arranjou trabalho lá pela Rússia. É responsável
pela manutenção de um importante site naquele país. Quem pensa que ele não está
fazendo amizades, engana-se. Ele até aproveitou a visita do deputado alemão
para enviar uma carta a Ângela Merkel, na qual diz o seguinte:
A quem interessar possa:
Fui convidado a escrever-lhe sobre sua investigação a respeito da vigilância em massa.
Sou Edward Joseph Snowden, ex-empregado através de contratos [terceirizados] ou diretamente como um especialista técnico para a U. S. National Security Agency, a Central intelligence Agency [CIA] e a Defense Intelligence Agency.
No exercício de minhas funções para estas organizações, acredito ter testemunhado violações sistemáticas da lei por parte de meu governo que me levaram a uma obrigação moral de fazer algo. Como resultado de ter revelado estas preocupações, tenho enfrentado uma campanha severa e persistente de perseguição, o que me forçou [a me afastar] para longe da minha família e de meu lar. No presente vivo no exílio, sob a garantia de um asilo temporário na Federação Russa, de acordo com a lei internacional.
Estou confortado pela resposta a meu gesto de expressão política, tanto nos Estados Unidos quanto no exterior. Cidadãos por todo o mundo e altas autoridades – inclusive nos Estados Unidos – julgaram ser a exposição de um sistema gigantesco de vigilância invasivo e difuso um serviço de utilidade pública. Estas revelações sobre esta espionagem resultaram em propostas de novas leis e políticas públicas para enfrentar tais abusos da confiança pública, antes mantidos em segredo. Os benefícios para a sociedade deste crescente conhecimento estão ficando claros e ao mesmo tempo perigos alegados têm-se mostrado menores.
Embora o resultado de meus esforços tenha se mostrado positivo, meu governo
continua a tratar dissenso como deserção, e procura criminalizar um discurso de
natureza política com acusações de felonia que não oferecem a oportunidade de
defesa. Contudo, falar a verdade não é crime. Tenho confiança em que, com o
apoio da comunidade internacional, o governo dos Estados Unidos abandonará este
comportamento ameaçador. Espero que quando as dificuldades desta situação
humanitária estiverem resolvidas, poderei cooperar com a averiguação
responsável dos fatos, a respeito das revelações expostas na mídia, sobretudo
quanto à verdade e autenticidade dos documentos [a respeito], de modo
apropriado e de acordo com a lei.
Mantenho a expectativa de falar-lhe(s) diretamente,
em seu país, quando esta situação estiver resolvida e agradeço por seus
esforços em prol da legislação internacional que nos protege a todos.
Com meus melhores votos,
Edward Snowden
31 de outubro de 2013.



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