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Cartão de vacina fake de Bolsonaro

Posted by Cottidianos on 01:25

Sexta-feira, 05 de maio


 Falar de corrupção no Brasil é clichê, lugar comum. Afinal, esse tema por aqui, infelizmente, é uma questão cultural que já dura séculos. Vem desde o tempo em que os portugueses desembarcaram aqui e levaram para Portugal primeiramente, nosso ouro vermelho, e por fim, ouro metal em sua forma mais pura, e também as pedras preciosas nas quais o solo era próspero.

Aliás, essa terra sempre foi uma terra abençoada. Não foi à toa que, Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Pedro Alvares Cabral, já no mês de maio do distante ano de 1500, escrevia ao rei de Portugal, Dom Manuel: “Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados... Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem”.

Do trecho da carta de Caminha destacado acima nasceu acima nasceu a expressão a se dizer desta terra: “Em se plantando tudo dá”.

O Brasil se assemelhava aos primeiros portugueses que aqui chegaram e aos que os seguiram nos séculos posteriores até que fosse declarada nossa independência em relação à coroa portuguesa, a uma mesa farta, cheia das melhores comidas e dos melhores vinhos.

Mas esse prazer que os portugueses sentiam ao se regalar neste banquete chamado Brasil, não era um anseio de preservação de nossas matas, de nossas florestas, e dos índios que aqui habitavam. Ao contrário, era um prazer mercantilista. Passado o êxtase da descoberta, os portugueses logo empunharam suas armas e saíram por aí a explorar, de matar ou escravizar os indígenas que, nada mais natural, insistiam em combater àqueles que destruíam suas riquezas, ou melhor, as riquezas que a mãe natureza os presenteava.

Interessante é que a poeira do passado e daquela gente que não via uma terra a ser preservada, mas um mineral ser extraído, ainda hoje voa pelo vento da modernidade, provocando igualmente, morte e destruição. A reencarnação daquela lógica mercantilista podemos ver, tão claro como as águas cristalinas das fontes que cortavam o coração das selvas nativas de norte a sul, e de leste a oeste.

E ela está presente nos garimpeiros ilegais que destroem as áreas de preservação ambiental dos índios Ianomâmis e de tantas outras tribos espalhadas pelo Brasil, especialmente, na Região Norte. É igual o sentimento: Quando o garimpeiro vê uma terra indígena, ele não vê uma terra a ser preservado, e um povo que merece exercer o direito à vida tanto quanto eles.

Muito pelo contrário. Esses predadores da natureza quando veem uma área de preservação ambiental, eles conseguem enxergar apenas o muito dinheiro que podem extrair de debaixo daquele solo. E logo se põem, avidamente, a poluir os rios, matar os peixes e expulsar os animais silvestres de seu habitat.  

E quando fazem isso, tiram, literalmente, a fonte de alimentação de todo um povo. E o resultado é o que temos visto. Indígenas magros, esqueléticos, sedentos de água para beber e de alimentos para matar a fome. E os invasores ainda contaram, por anos, com as benções de um governante insensível a questão das minorias. Ele, mesmo, poeira do passado daqueles exploradores que aqui chegaram sem nenhum sentimento pela terra e pela gente que aqui habitava, a não ser obter lucros.

Estas reflexões se tornaram um pouco longas para introduzir o texto, entretanto necessárias, para a compreensão do mesmo, e até, de nós mesmos, enquanto brasileiros e brasileiras, e enquanto ser humanos que somos.

Imaginem então se as nossas riquezas em água, vegetação, solo, minerais, fauna e flora, tivessem sido bem usados, bem conservados. Hoje, certamente, seríamos uma das nações mais prósperas do planeta. E não somos por causa da incompetência e da ambição dos governos em suas esferas municipal, estadual e federal.

Quando pensamos em corrupção em nosso país, logo nos surge à mente palavras como Brasília, Congresso, governo federal. Muitas vezes não nos damos conta de que os atos corruptivos se desenvolvem embaixo do nosso nariz, na cidade onde moramos, nos Estado no qual vivemos.

Quantos milhões de reais já não foram gastos em estradas e pontes que ligam o nada a lugar nenhum, em obras inacabadas, ou que demoram anos para serem finalizadas? São centenas os casos desse desperdício do dinheiro público. Alguém lucrou com essas obras e, com certeza, não foi a população que delas precisava.

Se adentráramos os gabinetes das Câmaras de Vereadores, das Assembleias Legislativas, e no Congresso Nacional, também veremos os predadores agindo, sorrateiramente, desviando dinheiro dos cofres público para aumentar seu patrimônio pessoal, desvirtuando dessa forma o fazer política, corrompendo o ser político. São como ratos que entram em nossa dispensa e comem nosso queijo.

E ainda tem pessoas que os ratos entram na dispensa delas, roubam-lhes aos alimentos e elas ainda batem no peito e dizem: “Esse rato é nosso amigo. Por eles lutaremos, iremos presos, e até morreremos. E assim os espertos deixam os bolsos dos tolos vazios.

E quando falo em corrupção sei que ela não está apenas neste ou naquele partido, nesse ou naquele político. Em todos os cestos há laranjas podres. É preciso saber escolher as melhores. É isso que o povo brasileiro não tem sabido fazer. Ultimamente só tem escolhidos as laranjas podres para colocar dentro do cesto. Agindo assim de forma insensata, ainda querem exigir melhorias. Uma palavra cabe nesse contexto: Insensatez. Isso para não usar outra palavra mais pesada.

Feitas essas reflexões, prossigamos.

Um laudo feito pela equipe do Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do Ministério Público do Rio (MP-RJ), confirmou aquilo que nós já sabíamos: Que houve prática de rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Agora o MP do Rio prossegue nas apurações para averiguar se o vereador se beneficiou desse esquema.

O laudo apontou que Jorge Luiz Fernandes, chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro desde 2018, recebeu um total de R$ 2,14 milhões provenientes de contas de outros seis servidores do gabinete do vereador.

Essa movimentação financeira na qual os servidores de um determinado político repassam grande parte do salário que ganham para uma conta de terceiro, é típica do crime de peculato, mais conhecido no meio político como “rachadinha”. É uma prova robusta essa levantada pela 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada.

O laudo aponta também que o chefe de gabinete usou contas pessoais para pagar despesas do vereador. A prova já é suficiente para mostrar que Jorge Luiz Fernandes cometeu crime de peculato.

O laudo foi obtido pelo jornal O Globo. O documento mostra que entre os anos de 2009 e 2018, o chefe de gabinete do filho “zero dois” de Jair Bolsonaro recebeu valores dos seguintes servidores: Juciara da Conceição Raimundo (R$ 647 mil, em 219 lançamentos), Andrea Cristina da Cruz Martins (R$ 101 mil, em 11 lançamentos), Regina Célia Sobral Fernandes (R$ 814 mil, 304 lançamentos), Alexander Florindo Batista Júnior (R$ 212 mil, em 53 lançamentos), Thiago Medeiros da Silva (R$ 52 mil, em 18 lançamentos) e Norma Rosa Fernandes Freitas (R$ 185 mil, em 83 lançamentos).

Reportagens publicadas anteriormente em outros veículos de imprensa dão conta de que a ex-mulher de Bolsonaro Ana Cristina Valle e madrasta de Carlos Bolsonaro, era lotada como funcionária no gabinete do vereador, mas nunca apareceu para trabalhar. A típica funcionária fantasma. Reportagem publicada anteriormente pela revista Veja não apenas no gabinete de Carlos Bolsonaro houve rachadinha, mas também no de Flávio Bolsonaro, e também de Jair Bolsonaro quando este era deputado.

Ou seja, estamos diante de uma família de trambiqueiros que os incautos aclamam como “mito”.

Falando em trambicagem, essa semana foi revelada mais uma de Jair Bolsonaro. Não bastasse a tentativa de se apossar de joias valiosíssimas dadas pelo sheik árabe, o Brasil acaba de ficar sabendo que o ex-presidente também falsificou cartão de vacina dele próprio, da filha, Laura, e de servidores dias antes de viajar para uma temporada nos Estados Unidos. Quer dizer, ele pode não ter falsificado o cartão de vacinação, mas, muito provavelmente, partiu dele a ordem.

No amanhecer da quarta-feira, 03, a Polícia Federal saia pelas ruas de Brasília para cumprir mais uma missão. Fazer buscas e apreensões na casa do ex-presidente, Jair Bolsonaro, e de seus servidores, e prender alguns deles. Um desses presos foi o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Toda a operação foi autorizada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes dentro do inquérito das milícias digitais que tramita no Supremo Tribunal Federal. A operação da PF batizada de “Venire” tem como inspiração a expressão em latim: “Venire Contra Factum Próprio” (Vir contra seus próprios atos”, e um princípio base do Direito Civil e do Direito Internacional. A aplicação desse princípio decorre da boa-fé objetiva e da lealdade contratual, exigíveis de todos os contratantes e mandatários.

A PF investiga a inserção de dados falsos no ConectSus referentes a vacinação contra a Covid-19 feitas por um grupo ligado a Jair Bolsonaro para obter vantagens ilícitas.

Foram falsificados os cartões de vacinação de Jair Bolsonaro, da filha dele, Laura. Laura tem 12 anos. Foram falsificados também os dados de vacinação de Mauro Cid e da mulher, e da filha dele. Todos viajaram junto com Bolsonaro para os Estados Unidos.

A fraude aconteceu em 21 de dezembro do ano passado, poucos dias antes de ele viajar para os Estados Unidos para não ter que passar a faixa para Lula. No dia 27 do mesmo mês os dados foram retirados do ConectSus em 27 do mesmo mês. Após o lançamento dos dados no Sistema Único de Saúde é possível gerar um comprovante de imunização. Uma vez que esse objetivo havia sido atingido, os dados foram apagados.

Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid”, disse a Polícia Federal.

O responsável por inserir as informações falsas no sistema foi João Carlos de Souza Brecha, secretário municipal de Governo da cidade de Duque de Caxias. Quem apagou os dados do sistema foi a servidora Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva. Ela alegou “erro” de inserção.

Foram presos na operação; o coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro; o sargento Luis Marcos dos Reis, que era da equipe de Mauro Cid; o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros; o policial militar Max Guilherme, que atuou na segurança presidencial; o militar do Exército Sérgio Cordeiro, que também atuava na proteção pessoal de Bolsonaro; o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.

Além disso foram realizados 16 mandatos de busca e apreensão. Os mandatos de prisão preventiva e de busca e apreensão foram cumpridos em Brasília e no Rio de Janeiro.

Nessa operação foi apreendido o celular de Jair Bolsonaro. Obviamente, a PF vai extrair dados, tais como, mensagens enviadas, arquivos de fotos e vídeos. A PF poderá até mesmo recuperar dados que tenham sido apagados. Imagina o que pode sair daí. Por causa disso, muitos aliados do ex-presidente estão de cabelos em pé.

Montar um plano desses para tentar burlar leis brasileiras e estadunidenses é muita idiotice. E quando pensamos no motivo, o plano se torna ainda mais idiota: Não querer se vacinar contra um mal que assolava o mundo inteiro, e que ainda está por aí, mesmo que sem a virulência dos primeiros dias.

Triste imaginar que um homem desses chegou ao poder, e que ainda tenha tantos seguidores.


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