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Milagres em meio a dor

Posted by Cottidianos on 18:19

12 de fevereiro

O que fazer quando a terra treme a seus pés e você fica sem chão. No campo das emoções costumamos usar essa expressão para significar uma coisa diante da qual ficamos sem reação, sem saber o que fazer.

Mas o que fazer quando a terra não apenas treme, mas também se enfurece, no plano da realidade e as pessoas, não apenas ficam sem chão, mas também sem casa, e muitas vezes sem vida.

O mundo tem acompanhado com tristeza o terremoto que sacudiu a Turquia e a Síria. Na segunda-feira, 6, um terremoto de 7,8 de magnitude na Escala Richter, atingiu a Turquia, na fronteira com a Síria. Depois desse primeiro abalo sísmico, aconteceu ainda um segundo, de magnitude 7,6.  Entre um e outro ocorreram vários outros pequenos tremores de terra.

O terremoto provocou uma tragédia de proporções gigantescas.  Os números de mortos nos dois países já passam de 19 mil. Övgün Ahmet Ercan, especialista em terremotos da Universidade Técnica de Istambul, estima que ainda haja 180 mil pessoas soterradas entre os escombros. O cálculo de Ercan foi feito com base em edifícios destruídos pelo tremor. O número de prédios que vieram a baixo com a força dos tremores é de cerca de 6 mil.

Apesar do número alto de mortes, a estimativa é de que esse número aumente ainda mais devido a temperaturas muito baixas, de menos de 5º graus, que afetam a região, dificultando o trabalho das esquipes de resgates e voluntários, e prejudicando a própria resistência do corpo dos que se encontram já debilitados debaixo dos escombros.

A resposta da tragédia por parte das autoridades tem sido muito questionada pela população. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan reconhece que há deficiências em relação a atuação do governo, mas também diz: “É impossível estar preparado para um desastre como este”. Ninguém está preparado para um desastre de tamanha magnitude, mas as autoridades que cada ação rápida ajuda a salvar muitas vidas.

Em muitos lugares as equipes de resgates não chegaram com a rapidez que exigia o momento, e até compreensível que isso acontecesse. Agora, imaginem o desespero daqueles qie tem parentes debaixo dos escombros, implorando por ajuda, e a pessoa sem ter o que fazer diante de tal situação. Os pedidos de ajuda dos que estavam debaixo da terra foram sumindo, sumindo, até que só o silêncio se fez ouvir debaixo dos escombros, e em cima deles apenas o som do choro de quem sabia que havia perdido alguém amado.

Vi numa reportagem na TV, um jornalista dizendo que ele estava recebendo dezenas de pedidos de socorro de quem estava em apuros, mas que se sentia impotente, pois nada podia fazer. São situações bastante tristes, bastante dolorosas.

Vários países já enviaram equipes de resgastes, medicamento, médicos, alimentos, e toda a ajuda que elas possam enviar. O Brasil também enviou ajuda humanitária para a Turquia. A missão é coordenada pelo ministério das Relações Exteriores, através da Agência Brasileira de Cooperação. A missão também envolve os ministérios da Saúde, ministério da Defesa, e ministério do Desenvolvimento Regional, e ministério da Justiça e Segurança Pública.   

Equipes de resgate e salvamento, assim como equipamentos emergenciais, serão transportados pela aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB). Ao todo, embarcam na operação de assistência humanitária 42 pessoas, inclusive 34 especialistas bombeiros de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, mais pessoal médico e de defesa civil.

Também serão enviadas seis toneladas de equipamentos para ajudar nas buscas e para sustentar as equipes durante os trabalhos e quatro cães farejadores para ajudar na localização das vítimas do abalo sísmico. O Ministério da Saúde doou três “kits calamidade” que contêm, cada um, 250 kg de medicamentos e itens emergenciais. Os kits têm capacidade para atender até 1.500 pessoas pelo período de um mês”, informa o site da Agência Brasileira de Cooperação (ABC).

Em todas as tragédias há os milagres. E as coisas que fazem a gente ficar pensando em que existem muitas coisas que estão além de nossa compreensão. Que nos trazem a sensação de que há algo mais. Há universo, um mundo invisível trabalhando.

Por exemplo, como explicar um bebê nascer sob os escombros, passar diversas horas soterrado e, ainda assim, sobreviver, levando-se em conta ainda as baixíssimas temperaturas que envolveram seu nascimento, dando ainda mais dramaticidade ao acontecimento? O caso foi o seguinte.

Khalil al Shami, 34 anos, revirava os escombros do prédio onde morava a família do irmão, Abdalá Mleihan, em Jindires, noroeste da Síria. Durante essa atividade, ele reconheceu as pernas da cunhada, Aafra. Tirou mais alguns escombros e encontrou a sobrinha recém-nascida, ainda ligada a mãe pelo cordão umbilical.

A previsão era de que Aafra desse a luz no dia seguinte, mas é provável que tenha entrado em estado de choque no momento do terremoto, e o nascimento da menina tenha se dado em consequência disso. Aafra estava morta. Shami pensou que a bebê também estivesse, porém, quando o cordão umbilical foi cortado, um choro forte ecoou pelo ar, e um sorriso de esperança iluminou o rosto de Shami. Imediatamente a menina foi levada para um hospital, onde as enfermeiras a colocaram numa incubadora e lhe deram vitaminas.

Ela chegou com os membros dormentes por causa do frio, sua pressão arterial estava baixa. Prestamos os primeiros socorros e a colocamos sob perfusão, porque ela ficou muito tempo sem ser alimentada”, disse o médico Hani Maaraf. O profissional da saúde disse ainda que a menina apresentava hematomas, mas que o quadro dela é estável, e que ela nascera pesando 3,175 gramas. Ainda segundo Hani Maaraf, a pequena guerreira síria nasceu, provavelmente, sete horas depois do terremoto.

No prédio de quatro andares, sob o qual nasceu numa condição impensável para que uma criança venha ao mundo, e que seria a morada da menina, foram encontrados os corpos do pai Abdlá Mleihan; da mãe, Aafra; das três irmãs; de um irmão, e de uma tia da recém-nascida. A menina foi a única sobrevivente da família que habitava aquele lar.

Outro caso que também chama a atenção é de um menino de dois anos, resgatado de debaixo dos escombros, nesta quinta-feira, 9. O menino morava em um prédio que desabou na cidade de Antakya, no sul da Turquia. O pequeno ficou soterrado por cerca de 79 horas.

Outra imagem comovente desta tragédia é a de uma menina de sete anos, imprensada entre uma pedra o chão, quase esmagada pela rocha enorme. Com um dos braços a menina protege a cabeça do irmão mais novo que ela. As crianças ficaram soterradas por cerca de 17 horas, e depois foram retiradas em segurança pelas equipes de resgate.

É impressionante a capacidade de certas pessoas resistirem a situações extremas. Certamente, nesses momentos se faz presente uma força espiritual poderosa, fornecendo-lhe o necessário para que sobreviva.

Certamente, milagres como esses devem estar acontecendo em vários recantos da Síria e da Turquia, apenas não chegam a grande mídia.

Este blog se alinha com o povo da Síria e da Turquia, neste momento de dor e sofrimento, e pede a Deus que socorra os que sofrem e guie as equipes de socorro até àqueles que ainda estão debaixo dos escombros.


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