Milagres em meio a dor
12 de fevereiro
O
que fazer quando a terra treme a seus pés e você fica sem chão. No campo das
emoções costumamos usar essa expressão para significar uma coisa diante da qual
ficamos sem reação, sem saber o que fazer.
Mas
o que fazer quando a terra não apenas treme, mas também se enfurece, no plano
da realidade e as pessoas, não apenas ficam sem chão, mas também sem casa, e
muitas vezes sem vida.
O
mundo tem acompanhado com tristeza o terremoto que sacudiu a Turquia e a Síria.
Na segunda-feira, 6, um terremoto de 7,8 de magnitude na Escala Richter, atingiu
a Turquia, na fronteira com a Síria. Depois desse primeiro abalo sísmico,
aconteceu ainda um segundo, de magnitude 7,6.
Entre um e outro ocorreram vários outros pequenos tremores de terra.
O
terremoto provocou uma tragédia de proporções gigantescas. Os números de mortos nos dois países já
passam de 19 mil. Övgün Ahmet Ercan, especialista em terremotos da Universidade
Técnica de Istambul, estima que ainda haja 180 mil pessoas soterradas entre os
escombros. O cálculo de Ercan foi feito com base em edifícios destruídos pelo
tremor. O número de prédios que vieram a baixo com a força dos tremores é de
cerca de 6 mil.
Apesar
do número alto de mortes, a estimativa é de que esse número aumente ainda mais
devido a temperaturas muito baixas, de menos de 5º graus, que afetam a região,
dificultando o trabalho das esquipes de resgates e voluntários, e prejudicando
a própria resistência do corpo dos que se encontram já debilitados debaixo dos escombros.
A
resposta da tragédia por parte das autoridades tem sido muito questionada pela
população. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan reconhece que há
deficiências em relação a atuação do governo, mas também diz: “É impossível estar preparado para um
desastre como este”. Ninguém está preparado para um desastre de tamanha
magnitude, mas as autoridades que cada ação rápida ajuda a salvar muitas vidas.
Em
muitos lugares as equipes de resgates não chegaram com a rapidez que exigia o
momento, e até compreensível que isso acontecesse. Agora, imaginem o desespero
daqueles qie tem parentes debaixo dos escombros, implorando por ajuda, e a
pessoa sem ter o que fazer diante de tal situação. Os pedidos de ajuda dos que
estavam debaixo da terra foram sumindo, sumindo, até que só o silêncio se fez
ouvir debaixo dos escombros, e em cima deles apenas o som do choro de quem
sabia que havia perdido alguém amado.
Vi
numa reportagem na TV, um jornalista dizendo que ele estava recebendo dezenas
de pedidos de socorro de quem estava em apuros, mas que se sentia impotente,
pois nada podia fazer. São situações bastante tristes, bastante dolorosas.
Vários
países já enviaram equipes de resgastes, medicamento, médicos, alimentos, e
toda a ajuda que elas possam enviar. O Brasil também enviou ajuda humanitária
para a Turquia. A missão é coordenada pelo ministério das Relações Exteriores,
através da Agência Brasileira de Cooperação. A missão também envolve os
ministérios da Saúde, ministério da Defesa, e ministério do Desenvolvimento
Regional, e ministério da Justiça e Segurança Pública.
“Equipes de resgate e salvamento, assim como
equipamentos emergenciais, serão transportados pela aeronave KC-30 da Força
Aérea Brasileira (FAB). Ao todo, embarcam na operação de assistência
humanitária 42 pessoas, inclusive 34 especialistas bombeiros de São Paulo,
Minas Gerais e Espírito Santo, mais pessoal médico e de defesa civil.
Também serão
enviadas seis toneladas de equipamentos para ajudar nas buscas e para sustentar
as equipes durante os trabalhos e quatro cães farejadores para ajudar na
localização das vítimas do abalo sísmico. O Ministério da Saúde doou três “kits
calamidade” que contêm, cada um, 250 kg de medicamentos e itens emergenciais.
Os kits têm capacidade para atender até 1.500 pessoas pelo período de um mês”, informa o site
da Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
Em
todas as tragédias há os milagres. E as coisas que fazem a gente ficar pensando
em que existem muitas coisas que estão além de nossa compreensão. Que nos
trazem a sensação de que há algo mais. Há universo, um mundo invisível
trabalhando.
Por
exemplo, como explicar um bebê nascer sob os escombros, passar diversas horas
soterrado e, ainda assim, sobreviver, levando-se em conta ainda as baixíssimas
temperaturas que envolveram seu nascimento, dando ainda mais dramaticidade ao
acontecimento? O caso foi o seguinte.
Khalil
al Shami, 34 anos, revirava os escombros do prédio onde morava a família do
irmão, Abdalá Mleihan, em Jindires, noroeste da Síria. Durante essa atividade,
ele reconheceu as pernas da cunhada, Aafra. Tirou mais alguns escombros e
encontrou a sobrinha recém-nascida, ainda ligada a mãe pelo cordão umbilical.
A
previsão era de que Aafra desse a luz no dia seguinte, mas é provável que tenha
entrado em estado de choque no momento do terremoto, e o nascimento da menina
tenha se dado em consequência disso. Aafra estava morta. Shami pensou que a
bebê também estivesse, porém, quando o cordão umbilical foi cortado, um choro
forte ecoou pelo ar, e um sorriso de esperança iluminou o rosto de Shami.
Imediatamente a menina foi levada para um hospital, onde as enfermeiras a
colocaram numa incubadora e lhe deram vitaminas.
“Ela chegou com os membros dormentes por
causa do frio, sua pressão arterial estava baixa. Prestamos os primeiros
socorros e a colocamos sob perfusão, porque ela ficou muito tempo sem ser
alimentada”, disse o médico Hani Maaraf. O profissional da saúde disse
ainda que a menina apresentava hematomas, mas que o quadro dela é estável, e
que ela nascera pesando 3,175 gramas. Ainda segundo Hani Maaraf, a pequena
guerreira síria nasceu, provavelmente, sete horas depois do terremoto.
No
prédio de quatro andares, sob o qual nasceu numa condição impensável para que
uma criança venha ao mundo, e que seria a morada da menina, foram encontrados
os corpos do pai Abdlá Mleihan; da mãe, Aafra; das três irmãs; de um irmão, e
de uma tia da recém-nascida. A menina foi a única sobrevivente da família que
habitava aquele lar.
Outro
caso que também chama a atenção é de um menino de dois anos, resgatado de
debaixo dos escombros, nesta quinta-feira, 9. O menino morava em um prédio que
desabou na cidade de Antakya, no sul da Turquia. O pequeno ficou soterrado por
cerca de 79 horas.
Outra
imagem comovente desta tragédia é a de uma menina de sete anos, imprensada
entre uma pedra o chão, quase esmagada pela rocha enorme. Com um dos braços a
menina protege a cabeça do irmão mais novo que ela. As crianças ficaram
soterradas por cerca de 17 horas, e depois foram retiradas em segurança pelas
equipes de resgate.
É
impressionante a capacidade de certas pessoas resistirem a situações extremas.
Certamente, nesses momentos se faz presente uma força espiritual poderosa,
fornecendo-lhe o necessário para que sobreviva.
Certamente,
milagres como esses devem estar acontecendo em vários recantos da Síria e da
Turquia, apenas não chegam a grande mídia.
Este blog se alinha com o povo da Síria e da Turquia, neste momento de dor e sofrimento, e pede a Deus que socorra os que sofrem e guie as equipes de socorro até àqueles que ainda estão debaixo dos escombros.
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