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Apenas uma pausa para o BBB

Posted by Cottidianos on 21:31

 Quarta-feira, 24 de fevereiro

 


Karol Conká e Nego: participantes do BBB-21


Não acompanho a edição 21 do Big Brother Brasil. Respeito quem gosta e quem acompanha o programa. Eu mesmo já acompanhei algumas edições dele. Já votei. Já torci. Já me irritei e me alegrei com este ou aquele participante. Antes o programa era comandado pelo jornalista Pedro Bial. O Bial é sempre genial, mesmo comandando um reality show ele dava um jeito de fazer sua estrela de jornalista brilhar. Seus textos, por ocasião da eliminação dos candidatos eram sempre muito bons.

Entretanto, depois fui perdendo o entusiasmo pelo BBB. É como uma novela sempre com o mesmo enredo e os mesmos tipos de personagem. Preferi sair da tela da TV e ir para a janela, acompanhar o BBB da vida real. Pelo menos nesse, aqui e acolá, variam os personagens. O enredo é o mesmo de dentro da casa, mas, enfim, é vida real. Vida que segue.

No jogo da vida também, às vezes ganhamos, à vezes perdemos, às vezes eliminamos alguém, às vezes somos eliminados,  outras vezes damos ou recebemos o presente do anjo, e por aí vai. Como disse: vida que segue. O importante é seguir sem mágoas, sem ressentimentos. Até porque essas coisas são venenos. Se decidirmos beber do cálice tóxico cheio dessas substâncias o problema é só nosso. Somos nós, compreendidos como corpo e espírito, físico e espiritual, quem sentirá as consequências. E quem bebe veneno não espere nada de bom.

Enfim, como já disse, não acompanho o BBB. Mas, por não gostar de uma coisa,ou de um programa, não devemos nos desligar de todo. Sempre tem que ter uma antena ligada, pois, de tudo podemos extrair uma reflexão, uma lição para a nossa própria vida.

Mesmo não estando ligado na casa mais vigiada do Brasil, é impossível, nestes tempos de Internet, não ficar sabendo de algumas coisas que se passam lá dentro. Não tem como fugir disso. Você abre um site e de lá já salta uma manchete relacionada ao assunto. Na TV. O BBB é produto da Globo. Então nos programas do canal também se fala disso. É produto e toda empresa tem que divulgar seus produtos. Isso é normal.

Então, estava vendo o Bom Dia Brasil, na quarta-feira da semana passada, dia 17, e ao final do programa foi anunciado que, Nego Di, um humorista, participante do reality show havia sido eliminado na noite anterior com uma taxa de rejeição de 98,76%, e seria o entrevistado do programa Mais Você, apresentado pela Ana Maria Braga. Curioso, até para ver como estava um cara que tem uma taxa de rejeição tão alta. E o cara estava arrasado. Conversava normal com a Ana Maria, mas dava para ver que a eliminação tinha mexido com ele.

Durante o Mais Você, Ana Maria Braga, conversa com o participante e vai mostrando cenas do programa, onde ele teria errado, e questionando-o sobre aqueles comportamentos. Não vou entrar aqui em detalhes sobre as falhas do Nego Di dentro da casa, mas mesmo sem acompanhar o programa, só por aqueles trechos, já, dava para ver que ele tinha, como diz o ditado popular, “pisado na bola” com alguns participantes, tivera algumas atitudes egoístas mesmo.

Durante a entrevista, também fiquei sabendo que havia uma participante no programa, uma cantora chamada Karol Conká, que estava tumultuando o ambiente e agindo como uma vilã: ofendendo e magoando todo mundo. Depois comecei a prestar mais atenção e vi que em outros programas, inclusive de rádio, se fazia referência a ela.

Tudo bem, correu a semana, fiquei refletindo sobre a eliminação de Nego Di e sua alta taxa de rejeição.

Por coincidência, estava, no dia de hoje, novamente assistindo o Bom Dia Brasil, quando a apresentadora, Ana Paula Araújo, anunciou que Ana Maria Braga entrevistaria, logo em seguida ao Bom Dia Brasil, justamente a participante Karol Conká. Não consegui deixar de ver a entrevista.

Soube pela Ana Maria que a participante havia sido eliminada na noite anterior com um índice de rejeição ainda maior: 99, 17%. Karol bateu o recorde de rejeição de todas as edições do BBB. O recorde de Nego Di durou apenas uma semana e já foi cedido para a Karol.

Ao ver as cenas da participante na casa logo ficou evidente sua atitude má e egoísta. Ela se justificou dizendo que ela não era daquele jeito e que sua atitude na casa se devia a traumas pelos quais ela havia passado durante fases de sua vida.

Porém nada justifica. Tanto Nego Di quando Karol Conká entraram no reality show e deram o que de pior havia dentro deles. Se tivessem deixado aflorar dentro da casa suas melhores qualidades, certamente, não teriam tido índices de rejeição tão altos por parte do público. Adotaram, dentro da casa mais vigiada do Brasil, uma atitude que pode, inclusive, prejudicar suas carreiras profissionais.

A vida também é uma espécie de reality show. Nós, todos os dias, desempenhamos nossos papéis. Vivemos nossas vidas, e nem nos damos conta de que, em algum lugar do universo há um Big Pai que, desse lugar sagrado, observa todas as nossas atitudes, e, ao final, pode nos dar o grande prêmio, ou não.

Portanto, cabe a nós, todos os dias, examinarmos nossas consciências e nossas atitudes. Nunca é demais dar um mergulho dentro de si e fazer uma análise de como está sendo o nosso agir para conosco mesmos e para com aqueles que nos rodeiam, seja em casa, no trabalho, ou em qualquer lugar a que formos.

O comportamento do público que assiste ao BBB-21 talvez também nos dê um recado para os tempos sombrios em que estamos vivendo, no qual são constantes os discursos de ódio e os ataques a este ou aquele. A sociedade está cansada desses comportamentos e desses discursos proferidos por bocas raivosas.

Queria Deus que as pessoas estejam se dando conta de que uma sociedade alicerçada no ódio não poderá produzir outra coisa senão ódio. E que num país onde o governante privilegia as armas de fogo, em vez de incentivar a educação e a cultura apenas será como um livro de capa colorida e bem ilustrada por fora, mas vazio de conteúdo por dentro.


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Arraia miúda

Posted by Cottidianos on 23:56

 Domingo, 21 de fevereiro


Deputado Federal Daniel Oliveira

Em briga de peixe grande, arraia miúda cai fora”.

Quem fala demais, dá bom dia a cavalo”.

Início a postagem de hoje com esses dois ditos populares para falar do caso do deputado Daniel Silveira, cuja prisão em flagrante, noite de terça-feira, 16, tem tido repercussão na imprensa e provocado muitos debates. A ordem de prisão foi dada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moares. A reação do ministro veio depois de assistir a um vídeo publicado nas redes sociais pelo deputado e que continha fortes acusações e até mesmo ameaças contra os ministros do STF.

O vídeo publicado por Daniel Silveira excede todos os limites da liberdade de expressão, e passa para o nível da ofensa pessoal. Com palavras de baixo calão e em tom de ameaça, o deputado ofende a honra dos ministros, além de atacar também os pilares da democracia. No vídeo, ele defende a cassação dos magistrados e a volta do AI-5, um dos atos mais violentos e repressivos do regime militar.

As palavras de Silveira contra os ministros do Supremo são tão odiosas que ele diz até mesmo que imaginou Fachin e todos os ministros levando uma surra: “Eu quero saber o que você vai fazer com os generais… os homenzinhos de botão dourado, você lembra? Eu sei que você lembra, ato institucional nº 5, de um total de 17 atos institucionais, você lembra, você era militante do PT, Partido Comunista, da Aliança Comunista do Brasil… O que acontece, Fachin, é que todo mundo está cansado dessa sua cara de PALAVRÃO que tu tem, essa cara de vagabundo... várias e várias vezes já te imaginei levando uma surra, quantas vezes eu imaginei você e todos os integrantes dessa corte… quantas vezes eu imaginei você na rua levando uma surra… Que que você vai falar? que eu tô fomentando a violência? Não… eu só imaginei… ainda que eu premeditasse, não seria crime, você sabe que não seria crime… você é um jurista pífio, mas sabe que esse mínimo é previsível…. Então qualquer cidadão que conjecturar uma surra bem dada com um gato morto até ele miar, de preferência após cada refeição, não é crime”, diz o deputado em um trecho do vídeo.

O vídeo tem a duração de dezenove minutos e todo ele tem o mesmo teor do trecho destacado acima. Posteriormente, a rede social retirou do ar o vídeo.

O ordem de prisão foi dada monocraticamente por Alexandre de Moraes, mas no dia seguinte a decisão foi submetida em plenário para apreciação dos demais ministros do STF sobre se manteriam ou não a prisão de Daniel Silveira. O resultado foi que os onze ministros votaram por unanimidade para a manutenção da prisão do deputado. A decisão final, porém, seria da Câmara dos Deputados. Era o plenário da Câmara que decidiria se o deputado continuaria preso ou não.

A batata quente foi então para a mão dos deputados. E a Câmara decidiu por 364 votos a favor pela manutenção da prisão dele, 130 contra, e 3 abstenções. Por lá ninguém quis derrubar uma decisão unânime do STF, nem criar ainda mais conflito numa relação que já vem desgastada desde que os grupos bolsonaristas se voltaram contra o STF e contra as instituições democráticas. Desde então tem sido constantes os ataques verbais ao STF e seus ministros.

O ódio nunca é remédio para mal nenhum. Ao contrário, ele aprofunda as diferenças e bloqueia o diálogo. Além de ter ameaçar os regimes democráticos os discursos de ódio ainda podem desaguar na violência física. Foi o que vimos recentemente ao olharmos para os Estados Unidos quando o ex-presidente, Donald Trump incitou seus seguidores a acreditar, sem provas, que as eleições realizadas em clima de absoluta lisura tivessem sido fraudadas, e depois os inflamou a marcharem para o Capitólio, onde fomos testemunhas daquelas cenas horríveis e vergonhosas que se seguiram. É preciso, portanto, cortar pela raiz esse mal.

O deputado Daniel Silveira, em vários momentos de sua defesa, invocou a liberdade de expressão e a imunidade parlamentar. Ora, liberdade de expressão está mais relacionada à discussão e o debate das ideias, do que com a ameaças e impropérios. Isso não é liberdade de expressão, é crime. De outro lado, a imunidade parlamentar não pode dar ao deputado o direito de lutar contra o ideal democrático sob o qual ele se elegeu e ao qual jurou defender. Seria um contrassenso se fizesse o contrário, e muito mais que contrassenso, um crime.

E que motivos foram esses que levaram Daniel Silveira a achar que era o rei do radicalismo de extrema direita e a fazer um discurso tão exaltado contra os ministros do Supremo?

O fato que gerou discurso tão odioso tem sua origem ainda em abril de 2018. Naquela ocasião, o STF julgava um habeas corpus do presidente Lula. O ministro Luiz Edson Fachin era o relator do caso. Em 03 de abril daquele ano, o general Villas Boas publicava no Twiter, um post em que dizia que o exército compartilhava o “repúdio à impunidade.  Dizia a postagem:

Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?

General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) April 3, 2018.

A sessão de julgamento foi longa. Durou quase onze horas. Porém, ao final, por 6 votos a 5, os ministros do STF rejeitaram o pedido da defesa de Lula de que ele não fosse preso antes que recursos em outras instâncias da justiça fossem analisados. Lula foi preso, pois já havia sido condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro. Esse é um resumo do fato.

No dia 11 de fevereiro deste mês, o Estadão trouxe uma reportagem em que mostrava que no livro, General Villas Bôas: Conversa Com O Comandante, de Celso de Castro, o general Villas Boas revelou que aquela postagem no Twiter, feita em 2018, havia sido planejada com o alto comando das Forças Armadas.

Apesar da postagem trazer em si um significado de pressão sobre os ministros do STF, pelo que se tem notícia, nenhum deles se posicionou publicamente em relação a ela naquele momento. Houve um certo silêncio em relação a isso, como se o STF não pretendesse esticar a discussão.

Entretanto ao ficar sabendo das revelações de Villas Boas no livro, no dia 15 de fevereiro, Fachin se pronunciou publicamente sobre o assunto. Disse que era ‘intolerável’ e ‘inaceitável’ qualquer tipo de pressão contra o Judiciário, e disse ainda que “A declaração de tal intuito, se confirmado, é gravíssima, e atenta contra a ordem institucional. E ao Supremo Tribunal Federal, cabe a guarda da Constituição”.

 No mesmo dia, Daniel Silveira vai ao Twiter, e escreve:

Não Fachin! Intolerável e inaceitável não são as pressões sobre o judiciário. Intolerável e inaceitável é que marginais da lei componham a suprema corte. Intolerável e inaceitável é que você esteja nesta corte.

Isso sim é intolerável, isso sim é inaceitável. — Daniel Silveira (@danielPMERJ) February 15, 2021

Comprando assim, uma briga que não era dele.

No dia seguinte, 16 de fevereiro, Villas Boas também vai ao Twiter e ironiza a reação de Fachin: “Três anos depois”, escreve ele. Gilmar Mendes também entra na briga, e escreve na rede social: “A harmonia institucional e o respeito à separação dos Poderes são valores fundamentais da nossa República. Ao deboche daqueles que deveriam dar o exemplo responda-se com firmeza e senso histórico: Ditadura nunca mais!

No mesmo dia 16, não tendo o Brasil assuntos gravíssimos como a questão do descontrole da pandemia do coroanavírus, surgimento de novas variantes, a questão do auxílio emergencial, a questão da vacina, ou seja, não tendo mais o que preocupar o deputado Daniel Silveira, eis que ele vai novamente às redes socais e grava o vídeo em que ofende os ministros do STF, ameaça à democracia, envergonha a Câmara dos Deputados, e a maioria do povo brasileiro que não aderiu ao discurso de ódio da extrema direita.

Como vimos o vídeo provocou a prisão do deputado e pode também lhe custar o mandato, uma vez que foi aberto contra ele um processo no Conselho e Ética da Câmara. O problema é que os processos naquele órgão do parlamento andam iguais tartarugas na areia da praia: bem devagarzinho, mas tão devagar que a gente nem percebe que eles elas estão andando. Talvez o processo de Daniel Silveira ande mais rápido pois é preciso dar uma resposta ao STF, mas vamos ver o andar da carruagem.

É possível também que o deputado seja expulso do PSL, partido ao qual pertence.

Ou seja, se meteu em briga de peixe grande, e deu bom dia a cavalo.

Se tivesse ficado quieto, as ironias entre STF e militares não teriam passado disso. Apenas uma poeira que levantou e baixou e nada mais. Bem feito para o deputado que provocou todo esse imbróglio entre Legislativo e Judiciário. Bom mesmo que perca o mandato, assim talvez aprenda a lição.

Ainda sobre o deputado, vale dizer que ele é de uma arrogância extrema. Ele é um ferrenho defensor do não uso da máscara de proteção contra o coronavírus. O deputado chama o instrumento de “focinheira ideológica”.

No dia 26 de janeiro, ele estava no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.  Embarcaria em um voo da companhia aérea Gol. Como se recusava a usar máscara de proteção, item obrigatório a todo passageiro, a companhia aérea o impediu de pegar o voo.

Agora, por ocasião de sua prisão, o deputado protagonizou mais um desses ridículos episódios. Aconteceu quando ele foi levado ao IML para fazer os exames de corpo de delito.

O deputado chegou ao local sem máscara. Mas um funcionário lhe entrega uma, e ele respondeu que tinha “dispensa” de usar o equipamento. Uma funcionária do IML então exige que ele use a máscara.

Segue trecho desse dialogo extraído do site Globo.com:

“Não existe dispensa”, diz ela.

“Não existe? Não? Eu faço o quê? Rasgo?”, rebate o parlamentar. “A senhora não manda em mim não”.

Silveira caminha pelo local e volta a se dirigir a ela.

“Meu irmão, a pior coisa é militante petista. Militante petista é um c*****. Reconhece e fala, “Pô, agora eu vou fazer meu espetáculo’. Não está falando com vagabundo não”.

A mulher volta a dizer que, dentro das dependências da Polícia Civil, ele precisa usar máscara.

“E se eu não quiser botar?”, ele responde. “Se a senhora falar mais uma vez, eu não boto”, diz o deputado, que é acalmado pelo homem de distintivo. “Se a senhora falar mais uma vez eu tiro essa p***. Respeita que não está falando com vagabundo, não. Não fala mais não que eu não vou usar. A senhora é policial eu também sou polícia e aí. Eu sou deputado federal e aí?”, diz Silveira.

Novamente, o homem de distintivo tenta acalmá-lo: “Deputado, deputado”.

“A senhora acha que eu não conheço a p*** da lei não? Folgada para c****”.

Após a discussão, o deputado federal é encaminhado para uma sala, para aonde vai usando a máscara, mas ao chegar ao local, as imagens mostram ele com o nariz descoberto.

Na sala, quem filma conversa com Daniel e pergunta antes de parar de gravar: “Encerrar aqui?”.

O deputado responde: “Encerra aí”.

Chamou a atenção nesse episódio todo envolvendo o deputado bolsonarista, Daniel Silveira, o silêncio do Palácio do Planalto, e do presidente, Jair Bolsonaro, em relação a um assunto tão importante como a prisão de um aliado.

Porém, Daniel foi esquecido pelo presidente, em primeiríssimo lugar porque não é parte do clã Bolsonaro. Se a reação do ministro Alexandre de Moraes tivesse sido dirigida, em vez de Daniel, a algum de seus filhos, o presidente teria virado a República do avesso, e teria se envolvido de corpo e alma no caso.

O segundo motivo vem na esteira do primeiro: Daniel Silveira é apenas um aliado, e aliados, para o presidente, são tão descartáveis quanto um destes copos plásticos que usamos para beber água: nos servem naquele momento, depois tem destino certo: o lixo. Que o digam o falecido Gustavo Bebiano, Regina Duarte, e Sérgio Moro.

Em terceiro lugar, talvez mais importante nesse caso, o presidente estava aproveitando a ocasião para “passar a boiada”, dessa vez interferindo na Petrobras.


O presidente passou dias criticando a política de preços da estatal. Na verdade, estava igual cobra venenosa: preparando o bote. Na noite de sexta-feira, o presidente anunciou a troca no comando da Petrobras: sai Roberto Castello Branco, e entra o general da reserva Joaquim da Silva e Luna. Ex-ministro da Defesa e atual diretor-geral da hidrelétrica Itaipu Binacional. A indicação do presidente ainda precisa ser chancelada pelo conselho de administração da estatal.

O mercado financeiro ficou de cabelos em pé e com a pulga atrás da orelha com a indicação de um general para presidir a empresa. O temor deles é que o presidente venha a interferir na estatal com a finalidade de segurar a alta dos preços do diesel para acalmar a categoria dos caminhoneiros que, dias atrás, já ameaçaram e iniciaram uma greve que não teve sucesso.

Após as intenções do presidente de interferir na estatal, a empresa perdeu R$ 28 bilhões em valor de mercado. E, dizem os especialistas, o país pode pagar um preço muito alto a longo prazo.  Aguardemos para ver como vai reagir o mercado com a abertura dos negócios nesta segunda.

A Petrobras entra em uma posição complicada. Não vale a pena investir em ações da empresa até ter uma clareza maior em relação a como seria uma gestão do general Silva Luna e até que ponto o Governo seguirá intervindo”, disse Thiago de Aragão, da consultoria de risco político da Arko Advice.

E assim, uma a uma, as máscaras do presidente vão caindo. Ele prometeu acabar com a corrupção, mas ao contrário, acabou foi com a força tarefa da Lava-Jato, operação marco no combate à corrupção, prometeu também uma agenda liberal, mas vai cada mais se distanciando dela.

O temor dos agentes financeiros se justifica pois, recentemente, no governo de Dilma Rousseff, também se praticou uma política de preços na Petrobras, que não andava de acordo com a flutuação dos preços de mercado internacional, e deu no que deu. Segundo reportagem publicada no site da revista Exame neste dia 21 de fevereiro, quando a presidente Dilma Rousseff enveredou por esse caminho pelo o presidente Bolsonaro também está querendo ir, a contenção de preços levou a uma “perda de R$ 100 bilhões. O cálculo inclui o que a companhia deixou de ganhar e o que gastou a mais em despesa financeira, fruto da ausência de paridade do combustível com os preços internacionais. A petroleira, na ocasião, mantinha o preço da gasolina quase congelado como forma de segurar a inflação, enquanto seu endividamento pesava cada dia mais, uma vez que era, em sua maior parte, em moeda estrangeira”.

Outra medida que não foi vista com bons olhos pelos investidores foi a decisão do presidente, anunciada na quinta-feira, 18, durante uma live, foi a isenção de qualquer imposto federal sobre o diesel. A medida começará a valer a partir de 1o de março. PIS, Cofins, e Cide, são os impostos federais que incidem sobre o diesel.

Nesse caso, a preocupação dos investidores é o impacto bilionário que essa isenção de impostos sobre o diesel causa nas contas do governo, contas essas que já estão cambaleantes. Jair Bolsonaro, não entrou em detalhes de qual o impacto dessas medidas nas contas públicas nem como esse prejuízo será compensado.

O presidente, nos arroubos de querer agradar uma categoria, corre o risco de jogar o país inteiro num abismo de incertezas. E, nesse caso, como diz o ditado popular: a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, que nesse caso, são os governados.

O engraçado nisso tudo, ou trágico, não sei, é que o ministro Paulo Guedes que entrou para o governo como a promessa de que seria o homem que cumpriria essa agenda liberal, de não intervenção do governo nas estatais, e que, em diversas ocasiões, foi apontado pelo presidente Jair Bolsonaro como o posto Ipiranga na área econômica, ou seja, aquele que tem todas as soluções para todos os problemas, hoje permanece apenas como figura decorativa no governo.  A própria demissão de Castello Branco da presidência da Petrobras é motivo de constrangimento para Paulo Guedes: Castello é homem de confiança e muito próximo de Guedes.

Em várias ocasiões, e sempre que pode, o presidente repete seu mantra: “Quem manda sou eu”. Então, seguindo essa linha de raciocínio, podemos até dizer que não existe equipe de governo: existe apenas o Bolsonaro, e como ele parece não se importar muito com os rumos do país, mas apenas com sua família e com seu mesquinho projeto de poder, então só nos resta pedir que tenha Deus tenha piedade de nós.

E olhem que, emoldurando todo esse quadro, todas essas mesquinharias e discursos de ódio, ainda temos entre nós, e pairando sobre nós, uma pandemia que já vitimou mais de 45.000 pessoas, novas variantes do coronavírus mais transmissíveis, um ministro da Saúde incompetente, e uma campanha de vacinação que carece de planejamento e que anda mais devagar que tartaruga.

É muita arraia miúda nesse mar. Quem tem o coração cheio de ódio, arrogância, e mesquinharias, pode até ocupar posto de peixe grande, viver como peixe grande, agir como peixe grande, mas no fundo no fundo, será sempre uma arraia miúda. Isso serve, não apenas para o deputado Daniel Silveira, mas para muita gente Brasil afora.


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Macabros carnavais

Posted by Cottidianos on 00:52

Quarta-feira, 17 de fevereiro

 

É aquela que fere

Que virá mais tranquila

Com a fome do povo

Com pedaços da vida

Como a dura semente

Que se prende no fogo

De toda multidão

(A Terceira Lâmina – Zé Ramalho)



Boate lotada em Vidigal, RJ

 

Imagine que você está andando pelas ruas da cidade e, de repente, em uma esquina qualquer, surge um assaltante, aponta uma arma para sua cabeça e lhe diz em tom furioso:

— Passe tudo o que você tem.

Claro, você, contrariado, e amedrontado, entrega tudo o que tem para evitar o mal maior, afinal, mais importante que todos os pertences que esteja carregando naquele momento, a coisa mais importante que você possui é seu bem maior: a vida. O resto? Bem, do resto, do que foi levado, se cuida depois, até se pode adquirir outros pertences mais e melhores.

Pois bem, saíamos do nível individual e vamos para o coletivo.

A humanidade andava bem tranquila pelas esquinas do mundo, e de repente foi surpreendida por ameaçadora voz:

— Passe tudo o que você tem.

E lá se fomos nós a entregar nossa liberdade de ir vir, nosso desejo de estar com as pessoas que amamos e que nos amam também. Ficamos sem poder abraçar, beijar, dar carinho. Trancamo-nos dentro de casa. A casa passou a ser quartel general.

De repente, só nos restou os olhos para que pudéssemos ler a alma das pessoas, uma vez que o sorriso esteve escondido pelas máscaras de proteção.

O coronavírus também roubou empregos e vidas.

Também este vírus terrível roubou-nos a explosão de alegria que é a festa carnavalesca. A cartase que se via todo ano pelas ruas do Brasil, silenciou. Não houve a apoteose das escolas de samba da Marques de Sapucaí, com todo o seu luxo e beleza. Os blocos de rua que empolgavam e arrastavam foliões pelas ruas do Brasil afora ficaram mudos, parados extáticos.

O eletrizante carnaval de Salvador com seus frenéticos trios elétricos estava triste, chorando em algum lugar da praça Castro Alves. Muito menos desfilaram os bonecos gigantes pelas ruas tomadas de frevos e do fervor dos foliões, em Recife, capital do frevo.

Este ano foi tudo diferente. Não teve carnaval. Os dias que teriam sido de muita folia se os tempos fossem os de outrora foram dias normais como quaisquer outros com as pessoas indo e vindo de seus trabalhos.

É compreensível o poder público ter suprimido o feriado de carnaval e proibido as festas públicas cheias de aglomeração. Afinal, como todos estão cansadíssimos de saber, estamos em meio a uma pandemia que já deixou por toda a parte danos físicos e materiais.

É compreensível que muita gente tenha preferido festejar entre os familiares dentro de casa, com as pessoas que habitam naquela residência. Também é compreensível que os artistas tenham, feitos suas lives transmitidas através das ondas da Internet. A rainha da música baiana, a brasileiríssima, Ivete Sangalo, contava ontem, 16,  pela manhã, a Ana Maria Braga, no programa Mais Você, que para ela esses foram dias bem tristes. Certamente não apenas para Ivete estes dias foram sentidos dessa forma, mas, para toda a classe artística, acostumada com a bajulação dos fãs e com a grande energia que envolve os bailes carnavalescos sejam eles em clubes, ruas, ou avenidas.

Porém, as coisas funcionaram desse jeito para as pessoas com senso de coletividade e de amor à própria vida. Gente que tem a capacidade de ver uma realidade que se descortina em seu horizonte e que seja por princípios morais e éticos, ou até mesmo por necessidade, resolve agir em conformidade com ela

Entretanto, para os filhos e adeptos da deusa grega Hedonê, não existe essa coisa de se preocupar com o bem comum, nem o cuidado com o outros, nem a percepção de que somos todos elos de uma mesma corrente, e que se um elo estiver doente, ou frágil, ou com defeito, ele será capaz de fazer desabar uma estrutura inteira. Aos filhos dessa deusa uma coisa apenas interessa: o prazer.

Filha de Eros e Psique, para Hedonê o ideal era levar uma vida prazerosa. Todo ser aspira a uma vida de prazeres e recompensas. Todo nós estamos constantemente lidando e experimentando essa questão. É inerente ao ser humano.

O dilema surge quando a questão do prazer é tratada sob a perspectiva do hedonismo. Nessa doutrina ou filosofia de vida, o prazer é encarado como finalidade única da vida humana.

Para os filhos de Hedonê não é o senso de pertencimento a coletividade, a busca do bem estar de si e dos outros que move a busca da felicidade. Para eles, o motor, a mola propulsora dessa busca é o prazer pelo prazer.

E os hedonistas, mesmo sem saber de sua filiação materna, proporcionaram cenas de arrepiar os cabelos neste carnaval, assim como já haviam protagonizado essas cenas semelhantes por ocasião das festividades de Natal e Ano Novo, quando multidões, desrespeitando o apelo das autoridades para que permanecessem em suas casas, evitando, dessa forma, aglomerações, a fim de frear a transmissão do vírus, novamente, invadiram as praias, e se fartaram, e se banquetearam em escandalosas festas clandestinas, sem a menor preocupação com regras sanitárias, nem muito menos com uma ameaça perigosa chamada: coronavírus.

Do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, apesar da proibição por parte de poder público de festas e aglomeração, o que se viu foi, justamente, muita gente reunida em praias e nas tais festas clandestinas.

No dia 05 deste mês, a região da praia de Capão da Canoa, litoral norte do RS, foi colocada na fase de bandeira vermelha. Apesar disso, o que se viu em Capão da Canoa, neste carnaval foram dezenas de pessoas aglomeradas, sem a menor preocupação com o uso de máscaras, imagina então álcool gel. Com os bares fechados, cada qual levava sua própria bebida. Os jovens bebiam e dançavam na beira do mar totalmente alheios ao fato de a cidade apresentar 4 mil casos de Covid-19, 77 mortes, e de os leitos de UTI estarem, na sexta-feira, 12, com uma lotação de 81,8%.  

Saindo do Rio Grande do Sul para o Rio Grande do Norte, também lá teve aglomeração. Na famosa praia de Pipa, cidade onde inexistem leitos de UTIs, uma multidão desfilava pelas ruas estreitas, sem mascaras de proteção.

As pessoas, principalmente em Pipa, não querem usar a máscara. Pipa nos causa estranheza pela falta de empatia e civilidade das pessoas. Há falta de educação mesmo. Uma aglomeração muito grande e uma falta de respeito, empatia e preocupação com o próximo”, disse o porta-voz da PM, tenente-coronel Eduardo Franco.

O trabalho da PM em meio a toda essa falta de empatia, é como “enxugar gelo”, expressão usada pelos agentes da PM de Pipa. “Elas colocam na nossa frente e quando dão as costas retiram”, disse um deles em relação ao pedido para que as pessoas usem máscaras.

No Sudeste, o Rio de Janeiro também foi palco de aglomerações e festas clandestinas. Também lá era como se a pandemia não existisse. As festas atravessavam a madrugada e só terminavam com dia claro. Todas elas regadas a muita bebida e nenhuma preocupação com medidas sanitárias.

Chamou, particularmente, a atenção uma festa no Vidigal. Imagens feitas pelo Globocop, helicóptero usado pela Globo para sobrevoar a cidade em suas reportagens, mostrou uma boate com três andares, superlotados. Do alto, a impressão que dava eram de que as pessoas estavam espremidas umas contra as outras tamanha era a quantidade de gente que estava na boate.

Autoridades cariocas disseram que não podiam entrar no Vidigal e acabar com a festa porque é uma área dominada pelo tráfico, e era impossível fazer uma intervenção lá sem que houvesse confronto entre traficantes e policiais, o que poderia agravar ainda mais a situação.

Também nas praias cariocas se viu aglomeração e muito desrespeito.

Este blog citou apenas estes poucos casos, mas eles ilustram bem o que aconteceu em todo o país. Digamos que são apenas uma amostra do desrespeito que, mais uma vez, reinou em solo nacional.

É por tudo isso e muito mais que em um relatório produzido pelo Lowy Institute, um centro de estudos baseado em Sidney, Austrália, o Brasil ficou em último lugar no combate a pandemia. A pesquisa avaliou governos de 98 países. No topo da lista, figurando como bons exemplos nessa luta estão Nova Zelândia, Vietnam, Tailândia, e Tawian.

Esses irresponsáveis que ignoram as medidas sanitárias não se dão conta que o país já chegou a marca de 240 mil mortes por coronavírus, e de que estamos próximos de completar um mês sob uma taxa de mortes em 24 horas acima de 1.000. 

Talvez não se deem conta de que a variante P1, surgida no Amazonas, mais perigosa e mais transmissível, já começa a circular, ainda de maneira discreta, por todo o território nacional.

É por essas e outras também que especialistas dizem que o Brasil pode ter uma terceira onda da doença ainda pior do que a primeira e a segunda. Ou seja, o que está ruim, pode ainda ficar pior.

Se o nosso processo de vacinação estivesse andando rápido ainda poderíamos respirar um pouco mais tranquilos, mas a vacinação por aqui, apesar de estar acontecendo, está andando a passos de tartaruga. Tudo isso, em grande parte, devido um ministro da Saúde sem a menor competência para o cargo, e um presidente negacionista que quer empurrar garganta abaixo dos brasileiros, remédios sem nenhuma eficácia comprovada contra o coronavírus.

Por falar nele, esse filho ilustre de Hedonê, esteve, neste carnaval, novamente, provocando aglomerações. Está em São Francisco do Sul com a família aproveitando para descansar um pouco. Ele não está preocupado com essa coisa toda de pandemia, nem muito menos com transmissão de vírus.

Foi lá que ele voltou a atacar a imprensa e disse que “O certo é tirar de circulação, não vou fazer isso porque eu sou um democrata, Globo, Folha de S.Paulo, Estadão, Antagonista… que são fábricas de fake news”.

Os veículos de imprensa, principalmente, os citados pelo presidente são muito perigosos. Os jornalistas que trabalham nas mídias que criticam o governo são subversivos, pois eles fazem um sério trabalho sério de investigação, e mostram a verdade podre que se esconde nos corredores de Brasilía.  

O presidente acabou com a Lava Jato. Agora os esquemas de corrupção nas estatais podem continuar agindo com tranquilidade. Resta acabar com essa imprensa incomoda, que denúncia.

É mais um filho de Hedonê, e como tal busca o prazer como finalidade única da vida. Aonde ele está nos momentos mais críticos da pandemia? Andando de moto, de barco, pescando, ou em alguma atividade lúdica.

Alguma preocupação com o combate à pandemia? Pra que, não é? Afinal, todos vão morrer um dia. Por isso, para ele, a palavra de ordem é sabotar: Sabotar o combate à pandemia, sabotar o trabalho dos governadores, sabotar a vacina, sabotar o meio ambiente, a cultura, a educação, e o que mais encontrar pela frente.  

 


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Depois da vitória, o deboche

Posted by Cottidianos on 09:14

Quinta-feira, 04 de fevereiro

O governo obteve uma grande vitória, recentemente: conseguiu eleger o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

O presidente da República, Jair Bolsonaro, investiu pesado — e quando digo investir pesado, é investir muito dinheiro — para garantir que Lira e Pacheco fosse eleitos. Ele, que durante a campanha presidencial era um árduo defensor da velha política baseada no toma lá dá cá, que nada mais é do que a manutenção do balcão de negócios no Congresso quando o executivo oferece cargos, e também dinheiro, em troca de apoio para votar seus projetos.

Hoje, vemos que Bolsonaro apenas fingia ser contra a velha política, assim como fingia ser a favor da luta contra a corrupção, desse modo, enganou e mantém enganados aqueles seus apoiadores que continuam gritando, vaziamente, mito, mito.

Porém, invertamos a ordem das coisas e comecemos a narração dos fatos pelo seu final, e não pelo seu início. E o final foi a festa de arromba que Lira concedeu a cerca de 300 convidados, na casa dele, no Lago Sul, região nobre de Brasília, após a votação que o tornou o novo presidente da Câmara. A festa começou logo após a votação, no dia 01 de fevereiro e se estendeu até a madrugada do dia 02.

Se alguém vê as fotos e imagens que circulam pela Internet, vai pensar que os deputados e deputadas, ministros de estados, e assessores que por lá estiveram, estavam em festa nos tempos pré-pandemia. Tempos em que a gente nem sonhava com a ameaça e, depois, com a realidade terrível do coronavírus.

Aglomeração total. Máscaras de proteção, distanciamento social, e álcool gel eram artigos desnecessários naquela festa. Minto em relação ao álcool: havia muito circulando entre os convidados, mas não era para higienizar as mãos. Era para ser ingerido mesmo. E com que vontade eles esvaziavam os copos. Minto também em relação às máscaras: os garçons e os outros profissionais que trabalhavam no evento, usavam máscaras, sim. Só eles.

O evento organizado por Lira foi um tapa na cara dos brasileiros. Um escândalo. Naquele dia 01, o Brasil registrava 609 mortes por Covid-19. Lembrando que estávamos saindo de um fim de semana e, geralmente, os números divulgados sobre a doença costumam ser mais baixos devido a repasse das Secretárias Estaduais de Saúde. Mas a média móvel de mortes em 07 dias, naquele dia era de 1.062. E assim, já são quase duas semanas com um média do mortes por Covid-19, acima de 1.000.

No dia da festa para comemorar a vitória de Lira, o total de mortos pelo coronavírus desde o início da pandemia era de 225.143 óbitos.

A festa dada pelo novo presidente da Câmara e na qual estavam seus aliados, e até alguns adversários, era também um atestado de hipocrisia.

Hora antes, em seu primeiro discurso como presidente da Câmara, Arthur Lira dizia: “O país atravessa a mais cruel, devastadora e feroz pandemia do último século, o povo sofre com seus efeitos e mais do que nunca precisa que os poderes da República atuem com harmonia e responsabilidade, sem abrir mão de sua independência, pois a democracia é um mosaico em que os contrastes produzem ao final um resultado multifacetado, como é a nossa sociedade”.

Se, realmente, houvesse uma preocupação com a saúde do povo brasileiro, eles mesmo teriam dado o exemplo. Mas, como vimos não foi bem isso que aconteceu.

Claro, que o deputado tem o direito de comemorar a vitória. Afinal, não é todo dia que alguém se elege presidente da Câmara. O que ele não tinham era o direito de comemorar essa vitória regada a champagne com Covid em cima de uma montanha de cadáveres tombados pelo coronavírus.

Essa eleição tanto da Câmara quanto do Senado, tiveram os ingredientes que sempre estiveram presentes em outras votações do Congresso: mentiras, intrigas, traições, muito dinheiro na jogada, e oferecimento de cargos públicos em troca de apoio.

O governo despejou muito dinheiro no Congresso, e o Congresso brasileiro, não negando a sua inclinação, se rendeu ao seu habitual fisiologismo, e se vendeu em troca de dinheiro e de cargos.

O governo de Jair Bolsonaro, sem dúvida, conseguiu uma grande vitória, mas, pelo menos na Câmara, ficou refém daquilo que de pior existe na política brasileira: os políticos do Centrão. Estes não possuem lealdade a quem quer que seja. Nem a direita, nem a esquerda, talvez nem a eles mesmos eles devem lealdade. E logo partirão para cima do presidente como abutres querendo mais e mais cargos, mais poder e participação no governo.

Pode se dizer que Jair Bolsonaro conquistou uma vitória, mas em se tratando do Centrão, não significa que conquistou aliados. E os conquistou até que não contrarie os desejos dos que integram essa corrente política.

Pelo menos de uma coisa se sabe: se os pedidos de impeacheamente contra Jair Bolsonaro não saíram da gaveta de Rodrigo Maia, com certeza da gaveta de Arhur Lira é que não sairão.

Falando em Rodrigo Maia, ele sai dessa eleição como o grande derrotado. Empenhou-se na campanha de Baleia Rossi, seu preferido, mas as coisas não andaram como ele previa. Um a um os políticos da base de apoio ao candidato Baleia Rossi, que era o candidato apoiado por Maia foram pulando do barco. E ele, que até então dava as cartas na Câmara, se viu então sozinho, abandonado, inclusive, pelo seu próprio partido.

Aglomeração total. Máscaras de proteção, distanciamento social, e álcool gel eram artigos desnecessários naquela festa. Minto em relação ao álcool: havia muito circulando entre os convidados, mas não era para higienizar as mãos. Era para ser ingerido mesmo. E com que vontade eles esvaziavam os copos. Minto também em relação às máscaras: os garçons e os outros profissionais que trabalhavam no evento, usavam máscaras, sim. Só eles.

O evento organizado por Lira foi um tapa na cara dos brasileiros. Um escândalo. Naquele dia 01, o Brasil registrava 609 mortes por Covid-19. Lembrando que estávamos saindo de um fim de semana e, geralmente, os números divulgados sobre a doença costumam ser mais baixos devido a repasse das Secretárias Estaduais de Saúde. Mas a média móvel de mortes em 07 dias, naquele dia era de 1.062. E assim, já são quase duas semanas com um média do mortes por Covid-19, acima de 1.000.

No dia da festa para comemorar a vitória de Lira, o total de mortos pelo coronavírus desde o início da pandemia era de 225.143 óbitos.

A festa dada pelo novo presidente da Câmara e na qual estavam seus aliados, e até alguns adversários, era também um atestado de hipocrisia.

Hora antes, em seu primeiro discurso como presidente da Câmara, Arthur Lira dizia: “O país atravessa a mais cruel, devastadora e feroz pandemia do último século, o povo sofre com seus efeitos e mais do que nunca precisa que os poderes da República atuem com harmonia e responsabilidade, sem abrir mão de sua independência, pois a democracia é um mosaico em que os contrastes produzem ao final um resultado multifacetado, como é a nossa sociedade”.

Se, realmente, houvesse uma preocupação com a saúde do povo brasileiro, eles mesmo teriam dado o exemplo. Mas, como vimos não foi bem isso que aconteceu.

Claro, que o deputado tem o direito de comemorar a vitória. Afinal, não é todo dia que alguém se elege presidente da Câmara. O que ele não tinham era o direito de comemorar essa vitória regada a champagne com Covid em cima de uma montanha de cadáveres tombados pelo coronavírus.

Essa eleição tanto da Câmara quanto do Senado, tiveram os ingredientes que sempre estiveram presentes em outras votações do Congresso: mentiras, intrigas, traições, muito dinheiro na jogada, e oferecimento de cargos públicos em troca de apoio.

O governo despejou muito dinheiro no Congresso, e o Congresso brasileiro, não negando a sua inclinação, se rendeu ao seu habitual fisiologismo, e se vendeu em troca de dinheiro e de cargos.

O governo de Jair Bolsonaro, sem dúvida, conseguiu uma grande vitória, mas, pelo menos na Câmara, ficou refém daquilo que de pior existe na política brasileira: os políticos do Centrão. Estes não possuem lealdade a quem quer que seja. Nem a direita, nem a esquerda, talvez nem a eles mesmos eles devem lealdade. E logo partirão para cima do presidente como abutres querendo mais e mais cargos, mais poder e participação no governo.

Pode se dizer que Jair Bolsonaro conquistou uma vitória, mas em se tratando do Centrão, não significa que conquistou aliados. E os conquistou até que não contrarie os desejos dos que integram essa corrente política.

Pelo menos de uma coisa se sabe: se os pedidos de impeacheamente contra Jair Bolsonaro não saíram da gaveta de Rodrigo Maia, com certeza da gaveta de Arhur Lira é que não sairão.

Falando em Rodrigo Maia, ele sai dessa eleição como o grande derrotado. Empenhou-se na campanha de Baleia Rossi, seu preferido, mas as coisas não andaram como ele previa. Um a um os políticos da base de apoio ao candidato Baleia Rossi, que era o candidato apoiado por Maia foram pulando do barco. E ele, que até então dava as cartas na Câmara, se viu então sozinho, abandonado, inclusive, pelo seu próprio partido.


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Irracionalidade

Posted by Cottidianos on 08:01

Quinta-feira, 04 de fevereiro



Quanto tempo você aguentaria ficar amarrado por correntes na cintura e nos pés?

E quanto tempo você ficaria amarrado por correntes na cintura e nos pés, em pé, dentro de um barril?

E se toda essa situação humilhante acontecesse com você em pleno calor escaldante de verão?

Melhor nem pensar nisso, não é? È algo que nos parece a nós, terrivelmente desconfortante. Algo impensável.

Porém, infelizmente, essa situação ocorreu, e pasmem os senhores e senhoras, essa crueldade foi cometida contra uma criança, e mais espantoso ainda, o autor de tal atrocidade foi cometida pelo pai da criança.

O fato aconteceu na cidade de Campinas, São Paulo. No sábado, 30 de janeiro, homens da polícia foram a uma casa no bairro Jardim Itatiaia, após receber denúncias anominos de vizinhos da família.

Ao chegar lá, os policiais encontraram um menino de 11 anos, nú, dentro de um barril de metal. Para que evitar que o garoto saísse dali, foi colocado sobre o barril uma telha de metal e uma pesada pia de mármore.

Quando os policiais retiraram a telha e a pia de cima do barril, encontraram uma criança em estado de desnutrição, que mal conseguia se mexer. Ele tinha a cintura e as mãos amarradas por correntes.

Segundo a polícia, o frágil ser estava há cerca de cinco dias sem comer. A comida que recebia era casca de frutas e fubá crú. Os policiais pergutaram ao menino há quanto tempo ele estava ali. Ele não soube responder ao certo, mas os policiais acreditam que ele estava vivendo essa tortura há cerca de um mês. Concluíram isso baseado em relatos dos vizinhos que disseram que a criança havia sumido da rua onde brincava com outras crianças por esse período de tempo.

Desde o começo de janeiro já estava sendo preso no tambor. Ele teria que ficar em pé nessa amarração, que era feita com os braços presos em cima do tambor”, disse o delegado, Daniel Vida da Silva.

O menino, que fazia as necessidades fisiológicas, ali mesmo, dentro do barril, além de faminto, também estava com muita sede quando os policiais o encontraram, e não era pra menos, neste mês de janeiro fez um calor intenso em Campinas. Ele chegou a se alimentar das próprias fezes para sobreviver.

O garoto disse aos policiais que tinha sido colocado ali por que ele pegava coisas para comer sem pedir ao pai e à mãe, no caso, a madrasta. Ele disse também que os irmãos podiam pegar comida sem pedir, ele não.

Foi preciso que os policias usassem alicate para cortar as correntes que prendiam  o menino ao barril. Depois de libertado, o menino foi levado para o hospital para tratamento. Ele também deverá passar por acompanhamento psicológico.

O repórter Luiz Crescenzo, repórter da TVB, filial da TV Record, em Campinas, disse quando entrava ao vivo para o programa Fala Brasil, que quando os policias cortaram as correntes do menino e o libertaram ele pediu para ser adotado pela equipe.

O pai do menino, a namorada dele, e a filha dela, foram presos. O pai acusado de tortura, e as duas mulheres de omissão. 

É uma história revoltante. Não há como ouvi-la, ou ver as imagens sem se sentir sensibilizado com a história. A história do menino comoveu todo o país, foi, e ainda está sendo destaques em todas as mídias e veículos de comunicação.

 Segue o link para a reportagem exibida no programa Fala Brasil, da TV Record:

https://www.youtube.com/watch?v=JxgiXLucxss


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