Muito prazer! Sou o coronavírus.
Domingo, 04 de outubro
Em
março deste ano, o coronavirus começava a se espalhar pelo país. Dia 16, as
mortes pela doença já chegavam a 234. Muitas pessoas assustadas com a situação.
Outras nem tanto.
O
cantor, sertanejo Cauã, da dupla, Cleber e Cauã, estava entre estes últimos. Sentado
tranquilamente em sua residência, tomando umas e outras com os familiares, o
cantor dava risada e batia no peito, dizendo: “Deita em nós coronavírus. Entra
coronavírus, vem em nós”. Gravaram a cena e postaram nas redes sociais”. Não apenas
o cantor, mas também as outras três pessoas que aparecem no vídeo, zombavam do
vírus.
Passaram
os meses e a pandemia no Brasil foi piorando dia após dia. Milhares de pessoas
perderam a vida por causa da doença, e milhões foram contaminados. Dentre esses
contaminados, ironicamente, estava o Cauã. E o caso dele não foi nem um pouco
leve.
O
cantor começou a sentir os primeiros sintomas no dia 07 de agosto. Foi parar na
UTI de um hospital de Goiânia, em estado grave. Chegou a ficar com 75% do
pulmão comprometido. Não mudou de plano espiritual, pois alguém lá em cima deve
ter pedido ao chefe para dar mais uma chance ao moço.
Não
apenas o Cauã pegou coronavírus, mas também o pai e a mãe dele chegaram a ficar
hospitalizados, vítimas da doença. Felizmente, os três recuperaram-se. Passaram
maus bocados, mas conseguiram sair da “gripezinha” com vida.
No
dia 25 de agosto ele esteve no programa da Fátima Bernardes. Estava em um
quarto do hospital, mas ainda deitado na cama. Continuava precisando de oxigênio,
porém, uma forma mais branda do que na Unidade de Terapia Intensiva. Ele havia
saído de lá no dia anterior, após dez dias de internação. Sem contar os dias
que já tinha ficado no hospital antes da passagem pela UTI.
Na
entrevista ao programa Encontro com Fátima Bernardes, o cantor relatou que às
vezes ele pensava que se morresse seria mais vantagem, tanta era a dor e o
desconforto que sentia. Mas de repente, segundo ele, veio aquela força
interior, e ele sentiu que precisava ser curado, não apenas do Covid-19, mas de
toda uma vida e atitudes erradas que vinha tomando.
Entre
essas atitudes estava a ansiedade, a inquietude. Um cara que só pensava em
ganhar dinheiro. Nem férias tirava. Dez anos sem gozar desse benefício que todo
trabalhador goza. Ele também revelou que era arrogante e que, nem aos próprios
filhos amava direito. Mas de repente, veio a doença e o jogou num leito de UTI.
Ali ele ficou diante da fragilidade da vida. Entre a vida e a morte, ele teve
bastante tempo para refletir.
Assim,
é o coronavírus. Ele gosta de gente que o desafie. Pois, ao desafiá-lo, não
tomam os cuidados necessários. Coisas simples, mas de grande eficácia contra o
vírus, como por exemplo, usar máscaras, limpar as mãos com álcool gel, evitar
aglomerações, e assim por diante.
Foi
assim com o Cauã. Foi assim com tanta gente. Também chegou a vez do presidente
dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na
madrugada de sexta-feira, 02, o presidente anunciou que ele e a primeira-dama,
Melania haviam sido contaminados com o coronavírus. “Esta noite, Melania e eu testamos positivo para Covid-19. Começaremos
nosso processo de quarentena e recuperação imediatamente. Vamos passar por isso
juntos!” Postou ele em rede social.
Na
manhã de sexta-feira, o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows,
informou que o estado de saúde do presidente era bom, que ele sentia sintomas
leves, e que deveria permanecer trabalhando no cargo. Porém, ainda na
sexta-feira, após sentir febre e cansaço, o presidente foi transferido para um
hospital militar nos arredores de Washington.
O
susto veio para o casal presidencial veio quando eles foram informados de que
Hope Hicks, 31 anos, assessora do presidente, havia contraído o vírus. A assessora
havia viajado com eles no mesmo avião com destino a Cleveland, onde ele
participaria do primeiro debate eleitoral com o Joe Biden, candidato do Partido
Democrata.
Na
quarta-feira, 30, ela também havia acompanhado o presidente em um comício realizado
em Minnesota. No evento, muitas pessoas não usavam máscaras.
A
equipe médica do presidente diz que ele se sente bem, mas Trump é duplamente
grupo de risco por causa da idade e do sobrepeso. Então mais um motivo para se
ter ainda mais atenção e cuidado. Ainda segundo os médicos, Trump pode ter alta
já nesta segunda-feira, 05.
Parece
que esse de tal de coronavírus é bem caprichoso. À uma ironia, ele sempre paga
com outra ironia. Todos sabem que o presidente Donald Trump, minimizou a
pandemia, e minimizou também os cuidados recomendados para combatê-la,
inclusive o uso de máscaras. Vários foram os eventos em que ele foi visto sem
usá-la.
Foi
somente quando o pandemia já havia se alastrado pelo país que ele reconheceu a
seriedade da situação. Porém, esse parece ter sido um reconhecimento apenas
oficial, pois na prática, nas atividades cotidianas, o presidente continuou a
desafiar o vírus.
E
eis que a apenas 30 dias das eleições presidenciais norte-americanas, na qual
Trump, figura como candidato, o coronavírus resolve se apresentar para ele, e
dizer: “Muito prazer, presidente Donad
Trump! Eu sou o coronavírus”. E lança sobre os Estados Unidos uma incógnita.
Mesmo
que deixe o hospital já nesta segunda-feira, o presidente Trump e sua mulher,
terão que cumprir um período de quarentena. E como ficarão os debates que ainda
restam entre ele e Joe Biden? E os comícios?
E os assuntos que ficaram em segundo plano por causa do anúncio da contaminação por Covid-19 do presidente, como por exemplo a sonegação de impostos, e o processo de confirmação da juíza conservadora, Amy Coney Barlett, para o Supremo Tribunal? Como reagirá o eleitorado americano diante desses novos fatos?
Diante de tudo isso, a única certeza é a vantagem nas pesquisas eleitorais do Democrata sobre o Republicano. Porém, se essa vantagem indicará uma vitória de Biden sobre Trump, isso é outra incógnita.
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