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O poder do amor
Posted by Cottidianos
on
13:07
Domingo,
27 de maio
Enquanto
o país tenta ensaiar uma volta à normalidade depois da semana conturbada que
passou, com greve dos caminhoneiros, greve que ainda não se dissipou de todo, e
com falta de combustíveis, e de alimentos nos supermercados e feiras-livres,
este blog foge um pouco de tudo isso para falar do sublime sentimento do amor,
que deveria ser o combustível a alimentar e mover o mundo. Certamente, isso nos
proporcionaria uma era de excelência nas relações humanas e de paz entre as
nações.
***
Se
a solidão for demais
E
em teu coração não sentires a paz
Eu
quero estar bem perto
Como
alguém que torce por teu bem
Como
ponte sobre as águas turvas
Hás
de me encontrar
Como
ponte sobre as águas turvas
Hás
de me encontrar”
(Ponte Sobre Águas Turvas (Bridge
Over Troubled Water)
Paul
Simom
– Versão Pe. Zezinho
CD – Francisco e
Clara, o musical)
O poder do amor
Como
uma brisa que acaricia as folhas de uma árvore frondosa na mata selvagem, ou
tal qual a folha que vaga tão suave ao vento que mais parece uma bailarina a
dançar os clássicos dos clássicos da música universal, ou como o vento que
sopra vigoroso sobre as ondas, assim é o amor.
São
belas e sonoras as palavras do apóstolo Paulo aos Coríntios, palavras estas que
atravessaram os tempos e vieram ecoar em nossos ouvidos. Dizia ele àquela
comunidade que mesmo que nós tivéssemos as línguas dos homens e dos anjos, mas
não tivéssemos o amor seríamos apenas como o metal que soa ou como o sino que
repica. E ainda que se nós tivéssemos o dom da profecia, e se conhecemos todos
os mistérios da ciência, e se tivéssemos uma fé tão grande que fosse capaz de
transportar os montes, mas não tivéssemos amor, isso de nada nos adiantaria.
Quando
ainda nem existíamos foi o amor que nos gerou. E quando ainda éramos crianças
muito pequenas a necessitar de cuidados foi o amor que nos cuidou, mesmo tendo
ele mesmo que perder noites de sono, ou ter o sono interrompido ao menor sinal
de nosso choro fosse por qual motivo fosse.
E
quando fomos crescendo tal qual planta frágil a precisar daquele toque de
jardineiro a fortalecer lhe a raiz para que ela entrasse solo adentro a buscar
nutrientes a fim que crescesse forte e vigorosa a ponto de dar frutos
apetitosos que saciasse a fome daquele que estava faminto, e que, ao viajante
permitisse encontrar debaixo de suas copadas o refresco e animo para revigorar
as forças e prosseguir a caminhada foi o amor que nos proporcionou tudo isso.
Este
nobre sentimento foi a tônica dos discursos de todos os grandes líderes
religiosos desde tempos imemoriais. Nenhum deles pregou o ódio e a violência.
Se alguma “religião” hoje em dia prega esses sentimentos nocivos com certeza
esses ensinamentos não vêm da força divina que rege o universo, mas tão somente
de falsas interpretações dos livros sagrados e do egoísmo que ecoa alto nos
seguidores de tais ensinamentos.
O
amor é como uma força motriz que impulsiona o mundo e dá aos fracos o poder de
se tornarem fortes quando o perigo ameaça àqueles de quem se gosta ou por que
se tem grande estima.
A
quem amam os corruptos, os maus e os violentos senão a si mesmos? A quem querem
eles ajudar senão a si mesmos? E fazendo assim eles se tornam como a semente
que apodrece dentro da terra antes mesmo de nascer.
Os
corações iluminados ao contrário não podem apodrecer dentro da terra sem que
tenham, ao menos, brotado. Eles sentem a mesma necessidade que sente a semente
sadia: querem brotar, crescer, florescer e frutificar.
Assim
como o amor, comparado às flores, precisa do sol para que desabroche em cores
vivas e com grande esplendor, assim o ódio precisa de maus sentimentos para que
cresça cada vez mais tenebroso.
Há
tempos a sociedade vive uma encruzilhada: ao mesmo tempo em que avançam as grandes
inovações e mudanças nos campos da ciência e da tecnologia, parece haver um
retrocesso nos campos moral, ético, e em todas as áreas do comportamento. Para
não desmentir esse pensamento vemos a grande quantidade de gente sem caráter no
executivo e legislativo, congresso esse que também é um reflexo da sociedade
brasileira.
A
rede mundial de computadores também é palco de dualidades, uma vez que, ao
mesmo tempo em que nos proporciona manter contato com pessoas do mundo inteiro,
dando às informações uma celeridade nunca vista antes na história da
humanidade, e realização de um número incontável de campanhas filantrópicas,
também permite que por trás da tela de um computador se escondam mentes
perturbadas e dispostas a semear e fazer o mal.
Na
religião não é diferente. Também nela a via de dualidade está presente.
Enquanto a maioria dos diferentes credos religiosos se utiliza do religare para
promover a vida, outras minorias a utilizam para, em nome de Deus, matar e
destruir vidas.
Também
por causa de todas essas contradições não devemos julgar a exceção como se
fosse o todo. Todas as maravilhas da ciência e da tecnologia devem e podem ser
bem aproveitadas pelo homem. Bem como a religião deve ser um caminho que leve a
Deus, desde que se entenda que também há outros caminhos e crenças que também
levam o homem, ou a alma deste, ao mar de amor infinito. Pois o que,
normalmente se vê por aí é um grupo religioso se afirmar como o único caminho
para o infinito, muitas vezes, agredindo, ferindo, e humilhando aqueles que
seguem outra estrada na esperança de encontrar o mesmo Deus infinito.
Quando
os homens compreenderem que o amor não morre nunca, e que ele é tão eterno
quanto o autor da criação. Quando compreenderem que ele é capaz de sobreviver a
todas as vicissitudes da vida, então saberão que esse nobre sentimento são as
asas libertadoras que permitem ao homem transpor as barreiras do tempo e da
eternidade, asas que o tornarão livre para viverem sua maior vocação que é o
amor e a caridade.
Quando
também os homens vislumbrarem que o ódio e a maldade são como sanguessugas
pequenas que se alimentam de maus sentimentos e, nesse alimento, encontram
forças para crescer, e quando compreenderem que esses mesmos sentimentos são
como grossas correntes a prender os que odeiam e fazem o mal nas moradas
escuras e tenebrosas da eternidade sem nunca poderem experimentar a liberdade,
apenas a solidão da prisão em que eles próprios se enredaram, então quererão
fugir destes sentimentos, como diz o ditado popular, “como o diabo foge da
cruz”.
Falando
de amor, na manhã de sábado, dia 19 de maio, o mundo acompanhou o casamento do
príncipe Harry com a atriz Meghan Markle. Uma história de amor que mais parece
contos de fada parecido com o de qualquer moço e moça que se descobrem
apaixonados e que desejam imergir suas emoções na doce taça do vinho da
felicidade.
Seria
igual se Harry não representasse uma instituição: a realeza britânica. Aí tudo
muda de figura, com direito, inclusive, a transmissão ao vivo para o mundo
inteiro.
Chamou
bastante atenção nesse casamento o protagonismo que noivo e noiva deram aos
negros através do canto e da própria cerimonia religiosa. Esse protagonismo não
é por acaso: a noiva é filha de uma afro-americana, e descende de escravos que
trabalharam nas plantações de algodão, na Geórgia, Sul dos Estados Unidos. Uma
árvore que assume as próprias raízes, ao invés de renega-las, só tem por
destino elevar sua copada em direção ao alto e à luz. Ambos, noivo e noiva
deixavam transparecer a felicidade em seus semblantes. Sinal de que o amor
estava presente naquela cerimonia.
O
reverendo Michael Bruce Curry, um pastor negro da Igreja Episcopal dos Estados
Unidos, convidado pelo casal para proferir a homilia daquela data solene que
marcaria suas vidas, fez um discurso que abordou o tema do qual trata esta
postagem: o amor, e que merece ser relembrado aqui.
***
"Ponha-me
como um selo em seu coração, como um selo em seu braço; porque o amor é tão
forte quanto a morte, uma paixão sólida como a sepultura. Seus clarões são
clarões de fogo, uma chama violenta. Muitas águas não podem apagar o amor, nem
inundações podem afogá-lo.
Dr.
Martin Luther King Jr. disse certa vez: ‘Precisamos descobrir o poder do amor,
o poder redentor do amor. E quando descobrirmos isso, seremos capazes de fazer
deste velho mundo um novo mundo. O amor é o único caminho.’
Há
poder no amor. Não o subestime. Qualquer um que já tenha se apaixonado sabe o
que eu quero dizer. Mas pense no amor
sob qualquer forma. Ser amado e expressar amor é bom. Há alguma coisa certa a
respeito disso. E por um motivo.
Um
antigo poema medieval diz: 'Onde houver o amor verdadeiro, o próprio Deus
estará presente.' Na Bíblia, João diz isso da seguinte forma: 'Amada (o), vamos
amar um ao outro porque o amor vem de Deus; todos os que amam são filhos de
Deus. Aquele que não ama não conhece Deus Porque Deus é amor.'
Há
poder no amor. O amor pode ajudar e curar quando nada mais pode. O amor pode
levantar e liberar para a vida quando nada mais o fará. E o amor que aproxima
duas pessoas é o mesmo amor que pode mantê-las juntas, seja no cume da
felicidade ou nos vales da dificuldade.
O
amor é forte como a morte. Seus clarões são clarões de fogo. Muitas águas não
podem apagar o amor. O amor pode ver através de você. Há poder no amor. Mas o amor do qual eu falo não é apenas para
casais que se casam ou apenas para relações pessoais.
Jesus
de Nazaré nos ensinou que o caminho do amor é o caminho para uma relação
verdadeira com o Deus que criou todos nós, e o caminho para uma relação
verdadeira com os outros como filhos de um único Deus, como irmãos e irmãs na
família humana de Deus.
Um
erudito disse isso da seguinte maneira: 'Jesus encontrou o mais revolucionário
movimento da História humana: um movimento construído sobre o amor
incondicional de Deus pelo mundo e o mandato para viver este amor' (Charles
Marsh, 'The Beloved Community'). E ao fazer isso, mudamos vidas e o próprio
mundo. Há um motivo para isso.
Um
velho 'spiritual' pode sugerir por quê: 'Se você não pode pregar como Pedro,
E
não pode rezar como Paulo, Você pode falar do amor de Jesus, Como ele morreu
para nos salvar Há um bálsamo em Gileade Para curar os feridos Há um bálsamo em
Gileade Para curar a alma doente do pecado. Apenas fale sobre o amor de Jesus,
como ele morreu para nos salvar.'
Ele
não sacrificou sua vida por si mesmo, por nada que pudesse ganhar. Ele fez isso
pelos outros, pelo outro, pelo bem e o bem-estar de outros. Isso é amor. Como
Paulo diz isso? O amor não é invejoso, rude ou arrogante O amor não busca os
seus próprios interesses. O amor é altruísta, se sacrifica, é bom e justo.
O
amor busca o bem e o bem-estar do outro. O amor cria espaço para que o outro
seja. Esse amor, esse é o caminho de Jesus. E é o que muda o jogo. Imagine
nossos lares e famílias quando esse caminho de amor é escolhido.
Imagine
nossos bairros e comunidades quando o amor é o caminho. Imagine nossos governos
e nossos países quando o amor é o caminho. Imagine os negócios e o comércio
quando o amor é o caminho. Imagine o mundo quando o amor é o caminho.
Nenhuma
criança iria para a cama com fome em um mundo como esse. A pobreza seria
história em um mundo como esse. Nós trataríamos uns aos outros como filhos de
Deus, sem prestar atenção nas diferenças. Nós aprenderíamos a largar nossas
espadas e escudos à beira do rio e não estudaríamos mais a guerra. Haveria um
novo céu, uma nova terra, um novo mundo. Uma nova e bela família humana.
Este
é o sonho de Deus O amor é tão forte quanto a morte Seus clarões são clarões de
fogo Muitas águas não podem apagar o amor".