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Expresso 150
Posted by Cottidianos
on
00:03
Sexta-feira,
30 de setembro
“Um trem que chega, um outro parte
Do
mesmo jeito em qualquer estação
Destino
incerto, sem finos trajes
Indecifrável,
mas simples ao coração
Não
há segredo, é como um beijo sem fim
Tão
bela a vida, desprevenida
Que
eu mesmo faço
Passo
a passo, então”
(Trem – Banda Suricato)
Caros
leitores e leitoras. Se você estiver numa plataforma esperando o Expresso 150,
e lhe oferecerem um Cappuccino, sai correndo porque você pode estar entrando
numa fria.
Seja sincero, e responda a seguinte
pergunta: Quais setores e instituições brasileiras não estão corrompidos? Considerando
que todos os dias, ao abrimos os jornais ou ligarmos a TV nos deparamos com uma avassaladora
onda de corrupção que abrange os mais diversos setores e instituições da
sociedade: polícia, hospitais, governo, empresas, agremiações esportivas, e nos
poderes: Legislativo, Executivo, e Judiciário, reconheço que fiz uma pergunta
difícil, e que nos causa revolta.
Algo de muito errado está acontecendo
com nossa sociedade. Não é normal que tenhamos tantos de casos de corrupção
pipocando em todos os lugares. Sem dúvida que precisamos de uma reforma previdenciária,
de uma reforma política, e de uma reforma econômica, mas para que qualquer
delas dê resultado, é mais urgente que se reforme a mente e o caráter da
sociedade, e quando digo sociedade, entenda-se aquela parte dela cujos valores
morais e éticos estão deteriorados. Refiro-me àqueles cujas mentes são fracas e
doentias, a ponto de usarem as funções que exercem nas instituições públicas e
nas empresas, para prejudicar o Estado e cidadão, e as próprias instituições,
desvirtuando assim, os objetivos para os quais tais empresas e instituições são
destinadas. Para todos os lados que se olhe deparamo-nos com um virar do avesso
da ética e da moral. É preciso antes de tudo, e urgentemente, reformar o
cidadão.
Nós, todos nós, enquanto cidadãos e
cidadãs brasileiros, e que ainda acreditamos que podemos e devemos viver em um
país sério, não podemos mais tolerar tais tipos de comportamento. Costuma-se
banalizar a violência que ocorre nas grandes cidades. Dizemos: “Ah, mais um
assalto”! “Ah, mais uma morte”! E tudo vira estatística, quando, na verdade, o
que deveríamos fazer era queimar os neurônios e pensar no por que ocorreu mais
uma morte, ou mais um assalto.
Da mesma forma também banalizamos somas.
Isso mesmo, banalizamos somas astronômicas. Já pensaram em somar toda a quantia
de dinheiro que, diariamente, temos notícias de que foi desviado desta ou
daquela instituição? Da Petrobrás então, nem se fala. Milhões pra aqui. Bilhões
pra acolá. É tanto dinheiro que é roubado dos cofres públicos que daria pra
reformar o Brasil. Deveríamos pensar mais e nos indignar ainda mais, e usar
essa indignação para dizer: “Chega”! “Basta de corrupção”!
São tantas figuras da política e do
empresariado nacional presos, investigados, ou detidos para averiguação. A Justiça
Federal, atuando na Lava Jato, sob a mão de ferro do juiz Sérgio Moro, tem
feitos muitas prisões, condenações, detenções para averiguação, mandados de
busca e apreensão. Isso é coisa nova no Brasil, em tratando da prisão de
políticos e empresários poderosos.
Mas apenas prender não basta. É preciso
fazer com que esses figurões devolvam cada centavo do que roubaram. Se não, o
sujeito vai preso, fica lá uns meses, ou três, quatro anos, que seja, e depois
sai, joga o dinheiro para cima para que ele caia sobre a ele como chuva farta,
e ainda ri da justiça, da sociedade, e da própria canalhice.
E o que fazer quando o próprio agente da
lei se torna bandido? O que fazer quando a sociedade paga, e paga caro, a esses
agentes, para que a defenda dos indivíduos que são ameaças à sociedade, e eles,
ao contrário, libertam esses indivíduos mediante dinheiro ilícito?
Falo da Operação Expresso 150, cuja
segunda fase, batizada de Cappuccino, e que investiga a venda de decisões
judiciais, no Estado do Ceará. Naquele estado estava se desenrolando um
repugnante conluio entre advogados e desembargadores, com o objetivo de
libertar criminosos mediante a concessão de habeas corpus, principalmente,
durante plantões judiciários. Entre 2011 e 2012, a quadrilha também
possibilitou o ingresso nos quadros da administração pública, a mais de 300
pessoas para ocupar o cargo de soldado, sem que houvessem sido aprovados em
concurso público.
Nesta segunda fase, a Polícia Federal
prendeu os desembargadores da ativa, Sérgia Maria Mendonça, Francisco Pedrosa
Teixeira, e o desembargador aposentado, Valdsen Alves. 14 advogados também são
alvos das investigações. Os bandidos, que sob o manto da lei usavam o nome
digno de desembargadores e advogados, também cobravam caro para livrar da
prisão assaltantes de bancos e traficantes. O valor base era de R$ 150 mil,
entretanto, podia variar de R$ 50 mil a R$ 500 mil.