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O Brasil e seus desgovernos

Posted by Cottidianos on 22:18
Quinta-feira, 07 de abril


Há no momento atual brasileiro, alguns fatos que causam revolta, outros causam asco, outros indignação, e alguns causam a mim curiosidade. Um desses fatos que me causam curiosidade é o apoio que intelectuais artistas, e cantores têm dado à Dilma, à Lula, e ao PT. Eles tem se reunido nos teatros universitários, ido ao Palácio do Planalto, discursado em eventos públicos os quais contam com a presença da presidente e do ex-presidente. Isso me deixa absolutamente perplexo. Pois penso que o conhecimento deveria ser uma luz em meio às trevas a conduzir aqueles que buscam sair, libertar-se da ignorância.

Mas hoje em dia, com toda a profusão de canais midiáticos que existe no seio da sociedade, só é ignorante quem quer. As notícias estão aí. Os depoimentos estão aí. As evidências de crimes são gritantes. Está tudo aí para quem quiser ver. Mas fico impressionado como ainda há tanta gente — que se autointitula esclarecida — que acredita em estórias da carochinha.

Outra coisa interessante que descobri em meio a tudo isso, é que também há ignorantes, entre aqueles que conseguiram sair da caverna e enxergar a luz. Aqui, falo da mais importante alegoria da filosofia, que é o Mito, ou Alegoria da Caverna, de Platão. Fazendo um brevíssimo resumo dessa alegoria, nela Platão nos conta que um grupo de homens vivia preso dentro de uma caverna desde o início de seu nascimento. Acorrentados e sempre voltados para a parede da caverna, só conseguiam compreender o mundo exterior, através das sombras que vinha da entrada da caverna, e que eram projetadas nas paredes à sua frente. Ou seja, não compreendia nada do mundo. Um desses prisioneiros conseguiu sair da caverna e ver como era o mundo exterior em toda a sua intensidade, nuances, cores e formas verdadeiras. Voltou para a caverna e tentou fazer compreender aos outros companheiros que a visão que eles tinham do mundo não era real, e foi ridicularizado.

Pois bem, vejo esses intelectuais que ficam por aí defendendo pessoas que levaram o país à ruína, como esse homem que saiu da caverna e enxergou a luz, porém a luz que esse homem atual de quem falo, enxergou, não era luz de verdade, de uma forma ou de outra, esse pobre homem continuou a ver sombras.  De tão acostumado que estava com elas, quando foi lhe mostrada à realidade, ele ainda insistiu em ver sombras e pensar que eram formas verdadeiras. O conhecimento é uma faca de dois gumes: Ele tanto pode abrir os olhos de um intelectual, ou pode cega-lo para sempre.

Mas enfim, o Brasil é um país democrático, não há censura, e todos podem se expressar livremente. As pessoas são livres, inclusive, para defender corruptos e corruptores, para querer a volta dos militares, e outros absurdos mais. Espero, e espero com confiança, que estes que defendem essas tolas ideias e tolos princípios sejam sempre a minoria, e que a maioria tenha uma melhor visão do mundo e da realidade. Enfim, espero que essa maioria não seja cega e bitolada, e que não ache que o mundo das sombras seja o mundo real.

Feita essa breve observação, debruçemo-nos sobre essa bagunça política que convencionamos chamar de crise. O que temos de concreto? Vejamos. Temos uma presidente que só está sofrendo impeachment por causa de um presidente da Câmara corrupto que queria se vingar dela. Digo isso, pois foi somente quando, no dia 02 de dezembro do ano passado, três deputados petistas votaram a favor da continuidade do processo de cassação de Eduardo Cunha, que ele decidiu caminhar rumo à abertura de um processo de impeachment da presidente. O voto dos petistas foram decisivos para a continuidade das investigações contra Cunha, pois o placar estava apertadíssimo. De certa forma, Eduardo Cunha se vingou.

Mas isso não significa que Dilma seja a vítima em toda essa história, muito pelo contrário. Em campanha pela reeleição, Dilma mentiu à nação e mentiu muito. Prometeu ela: dar prioridade ao controle da inflação; distribuir 3 milhões de moradias no Programa Minha Casa Minha Vida, o programa, ao contrário, andou mais devagar; prometeu ações na área econômica para retomar o crescimento e melhorar os níveis de emprego; não alterar a legislação trabalhista. Bastou dois meses para cortar R$ 18 bilhões dos benefícios do trabalhador; e muitas outras nas áreas de educação e cultura, direitos humanos e sociais, combate à corrupção, infraestrutura, e uma série de outras. Ela também maquiou números e dados estatísticos com a finalidade de ganhar a eleição. Depois tem a questão das pedaladas fiscais, que nada mais são do que pegar dinheiro dos bancos federais para cobrir custos a cargo do Tesouro Nacional.

É verdade que não há uma prova cabal contra Dilma por crime de responsabilidade fiscal, mas também é verdade que, um relatório, divulgado recentemente pelo Banco Central, feito por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), faz um levantamento desde 2001, ainda durante o governo FHC, e aponta que os repasses do Tesouro aos bancos federais e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), começaram a mostrar uma tendência de alta já no final do governo Lula, e cresceram de modo exagerado durante o governo Dilma Rousseff. Explicando de uma forma mais didática: O que o governo fez é como faz alguém que está com a conta bancária no vermelho e, mesmo assim daí por aí tomando empréstimo, para comprar joias e automóveis caros. O relatório do BC derruba a tese de Dilma de que outros governos também fizeram uso das pedaladas fiscais. Outros governos podem até ter feito uso desse recurso nada saudável, mas nem tanto.

Creio que os brasileiros quando pedem o impeachment de Dilma, eles estão realmente querendo isso, mas muito mais, eles querem o fim de um governo com um projeto de poder que não mede esforços e meios escusos para manter-se no poder a qualquer custo. Não precisamos nem ir muito longe, basta apenas analisarmos a Petrobrás. Quanta dinheirama saiu de lá para abastecer campanhas eleitorais do PT, PMDB, e de outros partidos da base aliada, e também da oposição. E quem estava no comando disso tudo? O PT. E quem governava a nação? Lula, e depois Dilma, pilares do PT. Pode um partido estar envolvido até o pescoço em falcatruas sem que seus pilares, suas vozes de comando não estejam sabendo do que passa, mesmo que isso envolva transações bilionárias e de grande importância? A mim me parece inverossímil que eles, os chefes, não soubessem de nada.

Mas afora esses enormes desvios de dinheiro, há ainda as tentativas da presidente de obstruiu a justiça, tentando atrapalhar as investigações da Lava Jato. Se levarmos em conta o dito popular: “Diz-me com quem andas que te direi quem és”, o PT está em maus lençóis, pois seus principais líderes, assessores, ministros, deputados, familiares, amigos, tesoureiros, enfim toda a gente que ronda o universo PT, está direta ou indiretamente, envolvido em crimes de corrupção. Quando falo do PT, quero deixar bem claro que a corrupção não é privilégio de um partido apenas, o mérito do Partido dos Trabalhadores foi transformar esses esquemas que há tempos já existiam, em um sofisticado e bem montado esquema de corrupção que envolveu diversos níveis da administração pública federal, estadual e municipal, e também empresas do setor privado.

Se Dilma sair, entra Temer. O Supremo Tribunal Federal deve estar achando essa saída bem temerosa, pois acaba de enviar à Câmara dos Deputados, um pedido para que se instaure uma comissão para analisar um pedido de impeachment contra o vice-presidente, Michel Temer, do PMDB. Eduardo Cunha (PMDB), a princípio, recusou-se, a obedecer a ordem do STF, mas penso que ele viu que seria uma insensatez sem tamanho ir contra uma ordem da Corte máxima do país, e já está tomando as providências para formar a comissão. Um processo de impeachment que termina vitorioso no Brasil, não é inédito, já tivemos isso com Collor, mas termos uma presidente, e seu vice sofrendo processo de impeachment é absolutamente inédito.

A saída seguinte seria a posse de Cunha, que também enfrenta denúncias de corrupção, e enfrenta processo de cassação. É verdade que ele tem, com recursos e subterfúgios, atrapalhado ao máximo, o andamento do próprio processo de cassação.

Enfim, caros brasileiros e brasileiras, há alguma saída para essa enorme e bagunçada crise política que vivemos? Vocês têm visto, em algum momento, alguém se lembrar de falar de políticas públicas para a saúde, para a educação, para a segurança, e para o desenvolvimento do nosso país? Eu, pelo menos, não tenho visto ninguém levantar essas honrosas bandeiras.

Na verdade, o que temos visto são abutres, rondando o poder, discutindo apoios, fatiando e oferecendo a podre carne dos cargos públicos em troca de apoio para salvar a própria pele.

Deus, como eu gostaria que tudo isso não passasse de um pesadelo, mas não é. Essa situação que vivemos é uma dura e fria realidade da qual o país não sairá sem graves feridas.

E de onde virá a cura para esse nosso Brasil, tão fortemente atacado nos campos da ética e moralidade.


Como resposta, e fechando esse texto, cito os versos do poeta Bob Dylan: “A resposta meu amigo, está voando no vento”.

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