Sementes da violência
Segunda-feira, 27 de março
O que está acontecendo com nossa sociedade? O que está acontecendo com nossas crianças? Por que as pessoas estão ficando cada vez mais embrutecidas? Essas são perguntas que tenho me feito ao assistir o noticiário dos últimos dias para cá. Coisas que eu antes eu só via em filmes de horror está acontecendo na realidade. É assustador.
No
final do ano passado, ou no início conversava com uma amiga brasileira que mora
na Itália. Ela me chamava atenção para o fato que de há alguns crimes que são
caraterísticos dos Estados Unidos, outros da Itália, outros do Brasil, e assim
por diante. Mas parece que as coisas estão mudando. Massacre em escolas, por
exemplo, eles já começaram a acontecer por aqui.
O
dia de hoje começou como normalmente começa na Escola Estadual Thomazia
Montoro, no bairro de Vila Sonia, em São Paulo: um dia de aulas tranquilo, com
seus problemas é verdade, mas nada grave. Porém, de repente, tudo mudou.
Um
adolescente de 13 anos, que frequentava as aulas do oitavo ano na escola,
usando máscara, e esfaqueou quatro professoras e um aluno. Segundo testemunhas,
o aluno foi ferido quando tentava defender uma das professoras. A professora
Elisabete Tenreiro de 71 anos, foi atingida nas costas e não resistiu aos
ferimentos. Os outros feridos foram encaminhados a hospitais da região. Um
aluno também foi levado ao hospital em estado de choque.
Um
dos alunos que estuda na mesma classe do agressor, deu entrevista hoje pela
manhã a rádio CBN, e disse que foi tudo muito rápido, e que ele pegou a todos
de surpresa. O adolescente disse também que, na semana passada, houve uma briga
entre o agressor e um dos alunos. O agora assassino chamou o companheiro de classe
de macaco, e o menino não gostou, e isso provocou uma briga. Segundo o
entrevistado, o agressor disse que iria provocar o massacre, mas ninguém levou
isso a sério.
A
tragédia só não foi maior porque uma professora imobilizou o adolescente e
outra tirou a faca das mãos dele. O adolescente foi apreendido pelos policiais
e levado para a 34ª Delegacia de Polícia.
Outro
fato semelhante que, por pouco, não acabou em tragédia, aconteceu na cidade de
Monte Mor, interior de São Paulo. O caso aconteceu no dia 13 de fevereiro —
coincidentemente, uma segunda-feira pela manhã — na Escola Estadual Antonio
Proesser.
Um
jovem de 17 anos, aluno da escola, chegou ao local trajando roupas pretas e,
amarrada ao braço, usava uma braçadeira com a suástica nazista. Os portões
estavam fechados e o adolescente não conseguiu entrar na escola. Mas, conseguiu
arremessar uma bomba caseira no banheiro da escola por cima do gradeado.
Houveram duas explosões. O susto foi grande, mas ninguém ficou ferido.
O
jovem foi apreendido pela polícia por defender uma bandeira que pregava o ódio
e a intolerância, principalmente contra os judeus. Na residência dele a polícia
também encontrou materiais alusivos ao nazismo, e uma arma airsoft.
Outros
casos, que não envolvem armas, mas envolve a violência do racismo também já
aconteceram em escolas brasileiras.
A
professora já havia começado a aula. Um dos alunos se levanta e a vai em
direção com um pacote embrulhado para presente. Alguns alunos amigos dele já
sabiam do que se tratava e começaram a dar risadas.
A
professora toda contente achando que havia realmente ganhado um presente, abre
o pacote. Dentro dele havia uma esponja de aço, dessas de lavar panelas. Sem
perder o autocontrole, a professora aceita o “presente” do aluno, e diz que vai
aceitar porque “tudo que vem, volta”. Entretanto, alguns alunos relatam que,
após o episódio, a professora chorou, pois viu no gesto do aluno uma atitude
machista e racista.
Esses
não casos isolados e já aconteceram em escolas de diversas do sul e sudeste do
país. Temos que cuidar para que esses gestos criminosos e desagradáveis não se
tornem regra geral. Quem sabe, não esteja por trás de tudo isso, uma juventude
que pede socorro? O importante é saber descobrir, juntos, pais e educadores
como ajudar essas crianças e adolescentes.
Ainda
na área da violência, um fato que assustou os brasileiros foi a descoberta pela
Polícia Federal de um plano para assassinar autoridades e servidores do serviço
público. Entre os alvos estavam o promotor de Justiça do Ministério Público de
São Paulo, Lincoln Gakya, que integra o Gaeco, grupo especializado em combate
ao crime organizado.
Gakya
vive sob forte esquema de segurança desde dezembro de 2018, quando pediu a
transferência de Marcola, líder da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), e
de outros integrantes da organização, para um presídio federal de segurança
máxima. As transferências foram efetivadas no ano de 2019.
O
ex-juiz, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, e atual senador, Sérgio
Moro, também era um dos alvos da quadrilha.
O
anúncio da operação chamada de Operação Sequaz foi feita na segunda-feira, 23,
pelo ministro da Justiça, Flávio Dino. Naquele dia foram realizadas buscas e
apreensões e prisões em cinco estados. Os bandidos planejavam realizar ataques,
homicídios e sequestros contra diversas autoridades.
Não
era um plano que ainda estava no papel, em desenvolvimento, ao contrário,
descobriu a PF, esse plano já estava em fase de realização. Desde o ano passado
os criminosos seguiam e vigiavam os alvos. O objetivo deles era causar grandes
alvoroço e medo com as mortes das autoridades, e com os sequestrados eles planejavam
usá-los como moeda de troca por líderes das facções.
O
plano era ousado e traçado para ocorrer simultaneamente em vários estados,
dificultando com isso o trabalho da polícia. A maioria dos investigados é de
São Paulo e Paraná.
Tudo
isso porque o crime organizado movimenta milhões de reais todos os anos. Por isso
é tão difícil acabar com ele. É um negócio lucrativo. Não é à toa que tem tanto
peixe graúdo obtendo vantagens desse esquema criminoso. Quando os bandidos
fazem de tudo para libertar os líderes de suas facções, eles estão cuidando
para que o negócio continue, que o crime continue a ser lucrativo para eles. Não
é à toa que eles estão aterrorizando a população do Rio Grande do Norte. E não
é um negócio feito apenas nas fronteiras do país. As rotas do narcotráfico para
outros países são uma espécie de expansão dos “negócios” para além das
fronteiras.
No
meio de toda essa confusão, vem o presidente Lula e coloca mais lenha na fogueira.
Ele parece não entender que o mundo e muito desde o seu último mandato como
presidente ocorrido entre 2003-2011. Naquela época as redes sociais não eram
tão influentes como são hoje. As notícias hoje se espalham com a velocidade com
que se espalha fogo em palha seca.
Percebi
isso durante ainda durante a campanha quando Lula foi o entrevistado do
programa Flow. No fim da entrevista o Igor, apresentador do podcast, perguntou:
“Lula, como é que as pessoas te acompanham nas redes sociais?” e Lula responde com a maior naturalidade “Não
sei”. Então, portanto quando ele fala ele não tem a dimensão e o alcance do que
suas falas vão causar nas redes sociais.
Na
terça-feira, 21, Lula dava uma entrevista para ao Brasil 247. E durante a entrevista
relembrou o período que passou na prisão. De vez em quando ia algum procurador
ou delegado visitá-lo formalmente. A esse respeito Lula disse: “De vez em
quando um procurador entrava lá de sábado, ou de semana, para visitar, se
estava tudo bem. Entravam três ou quatro procuradores e perguntava ‘tá tudo
bem?’. Eu falava ‘não está tudo bem. Só vai estar bem quando eu foder esse
Moro’. Vocês cortam a palavra ‘foder’ aí…”
Ao
se dar conta de que havia falado uma bobagem, Lula pediu para os jornalistas
cortarem o trecho da entrevista no qual usou um palavrão para se referir a
Sérgio Moro, e aí também não se deu conta de que a entrevista estava sendo
transmitida ao vivo no canal do Youtube do Brasil 247. O resultado é que sua
fala foi muito mal avaliada nas redes sociais.
Na
mesma entrevista Lula também falou que dizia as autoridades que o visitavam que
iria se “se vingar dessa gente ao provar sua inocência”.
Obviamente,
Moro foi procurado para se pronunciar sobre a fala do presidente. O senador
disse, não com essas palavras, que Lula estava tentando criar uma cortina de
fumaça para esconder que o plano do ministério da fazenda para equilibrar
receitas e despesas ainda não havia sido apresentado até o momento.
.
para ser divulgada antes da reunião do Copom, do Banco Central. E aí tínhamos
perspectiva de redução de juros. No final, não teve nada”, disse Sérgio Moro.
A
poeira nem havia baixado quando surge essa descoberta por parte da PF do plano
de assassinar e sequestrar autoridades, inclusive, Sérgio Moro. E mais uma vez
o presidente fala bobagem.
Na
manhã da quarta-feira, 22, Lula estava em visita ao Complexo Naval de Itaguaí,
Rio de Janeiro, quando foi questionado sobre o plano dos bandidos para assassinar
o senador. “Quero ser cauteloso. Vou descobrir o que aconteceu. É visível que é
uma armação do Moro. Eu vou pesquisar e saber o “porque” da sentença. Até
porque fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu a
parecer pra ele”, e ao dizer mais essa bobagem Lula colocou em cheque o
trabalho da PF e do próprio ministro da Justiça Flávio Dino, que havia
anunciado a realização da operação.
E
com isso Lula elevou Sérgio Moro. Ele que deveria olhar para cima, mirar nos
objetivos de governo, resolve remoer mágoas do passado contra seu algoz. Lula
deu a Moro uma narrativa para a fala de Lula ligando a fala do presidente de prejudicá-lo
à ameaças que ele e sua família sofreram. Obviamente uma coisa não tem nada ver
com a outra. Mas do jeito que funcionam as redes sociais bolsonarista isso é
bem fácil de virar produto para fake news.
A
verdade é que Lula os meses avançam e o governo Lula ainda não fincou pé no
chão para valer, principalmente na economia, e na falta de apoio no Congresso a
ponto de levar o escritor Paulo Coelho a dizer que a respeito de Lula: “seu
novo mandato está patético”.
A
crítica de Paulo Coelho veio neste domingo, 26. “Décadas apoiando Lula, noto
que seu novo mandato está patético. Cair na trampa de ex-juiz desqualificado,
incapacidade de resolver problema do BC, etc. Não devia ter me empenhado na
campanha. Perdi leitores (faz parte) mas não estou vendo meu voto valer a pena”.
Durante
a campanha o escritor declarou voto em Lula e fez críticas ao governo de Jair
Bolsonaro.
Porém,
ainda há muito tempo para o governo Lula achar o rumo certo, e para alguém
falar para o presidente parar de falar bobagem. Ter um assessor que o alerte
para o não cometimento de deslizes.
Até
porque, não queremos de volta a nos comandar o clã Bolsonaro. Michele já se tornou
presidente do PL Mulher, e parece estar gostando da atividade política. O
marido dela ainda está nos Estados Unidos.
A
colunista do Uol Carla Araújo destacou em sua coluna que o presidente do PL
Valdemar Costa Neto anunciou que quando Bolsonaro voltar ao Brasil, ele será
presidente de honra do partido, com salário equivalente ao de ministro do STF,
que hoje é de R$ 39 mil, porém com previsão de aumento para R$ 41,6 mil em abril.
Uma coisa que gostaria de saber é como Bolsonaro está lidando com esse protagonismo que Michelle Bolsonaro tem assumido, ele que é não admite que as mulheres possam ser protagonistas em alguma coisa.