Quarta-feira, 14 de setembro
Ofensas gratuitas
Está chegando a hora de depositar o
voto nas urnas. Falta muito pouco. Apenas 18 dias. E quanto mais perto das
eleições, mais os bichos ficam raivosos. A gente tem visto de tudo nessa reta
final, até mesmo coisas impensáveis, como por exemplo, um Jair Bolsonaro
“arrependido” por coisas que disse na pandemia. Ora, um ser que não consegue se
compadecer, ter compaixão pelo ser humano, então fica difícil acreditar que
possa ter essa dádiva de ter um coração arrependido.
É sabido por todo mundo que o
jornalismo, o bom jornalismo, ressalte-se, não é visto com bons olhos pelos
presidentes e seus seguidores. Frequentemente eles são atacados,
principalmente, e especialmente, quando são mulheres.
Um dos alvos preferidos dele é a jornalista
Vera Magalhães, apresentadora do programa Roda Viva, na TV Cultura, e também
colunista do jornal o Globo, e comentarista da rádio CBN.
No dia do debate ente os candidatos a
presidente da República ela havia sido ofendida pelo presidente Jair Bolsonaro.
Ela havia sido escalada como uma das jornalistas para fazer perguntas aos
candidatos.
O debate aconteceu no domingo, 28 de
agosto e foi promovido pela TV Bandeirantes. No segundo bloco do programa a
jornalista perguntou para Ciro Gomes: “A
cobertura vacinal está despencando nos últimos anos. Em que medida que a
desinformação difundida pelo presidente pode ter agravado a pandemia de covid?”.
A questão era para ser comentada por
Ciro, e Bolsonaro comentaria a resposta do presidenciável. Entretanto, depois que Ciro falou, o
presidente ignorou a pregunta dele, não a comentou, ao invés disso, partiu
direto para a ofensa contra a jornalista. “Vera,
não podia esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim.
Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como
esse, fazer acusações mentirosas a meu respeito. Você é uma vergonha para o
jornalismo, mas tudo bem”.
A atitude foi bastante criticada por
veículos de imprensa e pelos demais candidatos presentes ao debate. Bolsonaro
não pediu desculpas à jornalista.
A campanha continuou seu curso. Em
todos o Brasil redes de rádio e de TV estaduais promovem debates com os
candidatos a governador. Nesta terça-feira, 13, foi a vez do debate com candidatos
ao governo do Estado de São Paulo, transmitido pelo Uol, em parceria com a
Folha de São Paulo e a TV Cultura.
O debate foi realizado no Memorial da
América Latina e teve início às 22hs. Dele participaram os candidatos; Fernando
Haddad (PT), Rodrigo Garcia (PSDB), Tarcísio de Freitas (Republicanos),
Vinícius Poit (Novo) e Elvis Cezar (PDT). Em São Paulo, Haddad é líder nas
pesquisas de intenção de voto.
Tudo correu bem no debate. Propostas
foram apresentadas, críticas foram feitas, aqui e acolá alguns ataques, mas
tudo dentro do limite da normalidade em um debate eleitoral.
A surpresa veio ao final do debate. Dessa
vez a jornalista Vera Magalhães não fazia parte perguntas aos candidatos. Ela
assistia ao debate em um espaço reservado a jornalistas convidados.
O deputado federal Douglas Garcia
(Republicanos), vai até a área onde estava Vera Magalhães, e bastante exaltado,
profere ofensas a ela, usando, inclusive, a mesma frase usada por Bolsonaro no
debate promovido pela TV Bandeirante: “Vera você é uma vergonha para o
jornalismo brasileiro”. O deputado já se aproxima de Vera com o celular em
punho. Ela também começa a gravar a cena. Enquanto isso a discussão continua.
O diretor de redação da TV Cultura, que
era o mediador do debate, pega o celular do deputado e o atira longe, ele vai
busca-lo e volta para continuar agredindo a jornalista. Nesse momento, os
seguranças intervêm e retiram o parlamentar do recinto.
Circula entre os bolsonaristas uma fake
news que afirma que Vera Magalhães tem um contrato irregular com a TV Cultura
na qual ganha R$ 500 mil anualmente. Vera já desmentiu essas mentiras. Nas
ofensas que proferiu após o debate, o candidato voltou a insistir nesse ponto.
Após a discussão, Vera postou o
seguinte esclarecimento em suas redes sociais: “Eu ganho R$ 22 mil por mês da TV Cultura, desde o ano de 2020, num
contrato que é público, que ele como deputado já requereu e ao qual ele tem
acesso, e que eu já publiquei nas minhas redes sociais. Ele veio mentir
novamente”.
A jornalista Vera Magalhães precisou de
escolta para deixar o Memorial da América Latina.
Em suas redes sociais ela questionou o
candidato Tarciso de Freitas pela atitude do deputado bolsonarista. Ele havia
sido convidado para o debate por Tarcísio. “Gostaria de saber se o candidato
@tarcisiogdf concorda com a postura de seu convidado para o debate. Eu estava
trabalhando. Sentada, quieta, sozinha. É esse o tipo de aliado técnico que o
senhor terá em SP, candidato? Isso está correto?”, escreveu Vera em sua rede
social.
Autoridades e políticos repudiaram o
ataque feito pelo deputado à jornalista, inclusive o próprio Tarcísio, que
defende a punição do deputado, inclusive pela própria Assembleia Legislativa de
São Paulo. “Eu não posso falar pelo partido, mas eu acho que esse tipo de
atitude tem que ser punida severamente. Inclusive, pela Alesp”, disse ele.
Nesta quarta-feira, 4, ao menos cinco
deputados entraram com pedido de cassação do deputado. Bolsonaro não se
pronunciou sobre o caso. E também como poderia, se foi ele quem deu a senha
para a agressão à jornalista Vera Magalhães pelo deputado Douglas Garcia,
quando também ofendeu a jornalista no debate da Band.
Não só em debate Vera Magalhães foi
ofendida por Bolsonaro e seus seguidores. Isso já aconteceu inúmeras vezes por
Bolsonaro, pela família dele, e por seguidores. Este blog presta solidariedade a
jornalista responsável e competente que é Vera Magalhães e afirma: “Vera você é
orgulho para o jornalismo brasileiro”.
Esse blog também alerta aos caros e leitores de leitoras para não entrarem em embates sobre a questão política, principalmente com bolsonaristas. A escalada de violência tem aumentado, e mais ainda aumentará até as eleições. Se Bolsonaro perder as eleições, então será o ápice dessa tragédia que já vivemos.
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