Nas trevas da maldade e da ignorância
Domingo,
28 de março
Para
todas as coisas na vida, seja no plano objetivo ou no plano subjetivo, no plano
material ou no plano espiritual, há diferentes graus, camadas, e texturas. Por
exemplo, há diferentes graus de iluminação: há algumas esplendorosas, outras
mais tímidas. Também há vários graus de bondade, algumas pessoas tem o coração
totalmente aberto, outras mais ou menos, e assim por diante. Também com as
trevas é assim: Há trevas nas quais brilha um fio de luz, e há trevas que é
breu total.
Alguns
espíritos de porco que vemos circulando por aí parecem ter saído das trevas,
mas daquelas formadas pelo breu total.
O
Brasil ultrapassou a triste marca dos 300.000 mil mortes por Covid-19. Não é
pouca coisa. Não é apenas um número. Não são apenas estatísticas. Por trás
desse somatório há vidas que se foram para sempre, deixando atrás de si um rastro
de saudades de quem fica. Histórias vividas e encerradas abruptamente por uma
doença cruel que não dá nem tempo aos familiares de cumprir as formalidades
próprias a qualquer velório. Não deixa margem para que amigos e familiares de
quem se foi se apoiem e se consolem mutuamente. Não dá oportunidade dos
familiares de segurarem na mão do doente naquele momento de dores tão intensas
para ele e dizer: Estamos do seu lado. Força! Reaja! Você vai conseguir. Também
não deixa margem ao doente de fazer um último pedido de perdão a algum
desafeto, nem recomendações aos entes queridos.
Muitas
vezes, o máximo que se consegue, é enviar uma mensagem pela rede social, ou
fazer uma chamada de vídeo. Porém, devido a velocidade com que a doença evolui,
muitos nem isso podem fazer. Tornando o momento da partida ainda mais dolorido
e cheio de sofrimento.
Apesar
de todo esse quadro, ainda vagueiam entre nós espíritos ruins em forma humana. Muitos
são os casos dos quais temos tido notícias.
No
momento em que faltam vacinas no Brasil, dois homens foram presos em Natal, RN,
acusados de roubar 20 doses da vacina Coronavac que seriam aplicadas em idosos
acima de 75 anos.
Eles
invadiram a unidade de Saúde, pegaram uma caixa com 20 doses da vacina, e
fugiram. Isso aconteceu na manhã do dia 22, segunda-feira.
Em
São Paulo, na quarta-feira, 24, dois homens chegaram de moto em uma Unidade
Básica de Saúde, renderam uma enfermeira e roubaram 98 doses também de vacina
contra a Covid-19. Eles chegaram a unidade de Saúde com a desculpa de que
queriam saber informações sobre a campanha de vacinação.
Em
Minas Gerais, reportagem mostrada pela revista Piauí, trouxe a denúncia de que
políticos e empresários mineiros tomaram escondido a vacina contra a Covid. O
grupo, que é ligado ao setor de transportes do estado, teria sido imunizado na
terça-feira, 23. Os familiares do grupo também foram imunizados com a primeira
dose da vacina.
Para
entender melhor o caso, voltemos ao dia 24 de fevereiro. Naquele dia, o Senado
havia aprovado um projeto de lei, de autoria do presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco, que permitia a compra de vacinas contra a Covid-19 pela iniciativa
privada. O texto diz que todas as vacinas adquiridas por esses grupos devem ser
doadas ao SUS (Sistema Único de Saúde) na sua integralidade enquanto não forem
vacinados todos os brasileiros pertencentes ao grupo de risco, determinados
pelo PNI (Programa Nacional de Imunização), elaborado pelo Ministério da Saúde.
Mesmo
após a imunização desses grupos, as empresas devem doar ao SUS, pelo menos 50%
das doses que forem compradas por elas. Os 50% de doses que ficarem em poder
das empresas devem administradas de forma gratuita. Elas não podem
comercializar o imunizante. O projeto de lei foi encaminhado para votação na
Câmara dos Deputados, e no dia 02 deste mês o PL foi aprovado. A Câmara encaminhou
então a Lei para a sensação presidencial, o que foi feito no dia 10 de março.
Segundo
a reportagem da Piauí, os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da viação Saritur
foram os responsáveis pela organização da vacina, que teria sido aplicada no
grupo de pessoas, às escondidas, em um dos galpões da empresa. Ao agir assim,
eles descumpriram por completo o que a lei estabelece. Ou seja, agiram com quem
faz contrabando de mercadoria.
Entre
os políticos, um dos vacinados foi o ex-senador, Clésio de Andrade. Ele contou
a revista que tem 69 anos, e quem nem precisava tomar a vacina, pois a vez na
fila de pessoas a serem vacinadas no estado, já seria na semana seguinte. Mas,
como a vacina foi oferecida a ele de forma gratuita, ele aceitou.
Ainda
segundo a revista, outro político vacinado foi o deputado estadual de Minas,
Alencar da Silveira, (PDT). A Piauí apurou que a enfermeira chegou atrasada ao
posto de Saúde improvisado para aplicação das vacinas, pois já havia vacinado
outro grupo de pessoas na mineradora Belgo Mineira, pertencente ao grupo
ArcellorMittal Aços.
De acordo com a revista Piauí, os empresários R$
600 pelas duas doses do imunizante da Pfizer. Um flagrante claro de violação da
lei. A segunda dose da vacina está marcada para ser aplicada no grupo de cerca
de 50 pessoas daqui a um mês.
Ou
seja, se a Pfizer não vendeu essas doses aos empresários, de onde elas saíram,
provavelmente de algum mercado paralelo. Não bastassem os fura-filas da vacina,
ainda surgem também os contrabandistas de vacinas contra a Covid-19.
O
Ministério Público está investigando o caso. Se confirmadas as suspeitas, os empresários
podem responder pelo crime de importação ilegal de medicamentos. A Polícia
Federal também abriu inquérito para apurar o caso.
A
Pfizer negou que tenha vendido ou distribuído imunizantes no Brasil que estejam
fora do que foi acertado através do Programa Nacional de Imunização.
A
polícia também está investigando um grupo suspeito de oferecer um lote de 200
milhões de vacinas contra a Covid-19, ao Ministério da Saúde, de forma
fraudulenta. O grupo dizia atuar em nome de um grande grupo farmacêutico, que
não teve o nome divulgado pela polícia.
Dois
suspeito se apresentaram ao Ministério da Saúde dizendo que tinha exclusividade
para a comercialização do lote de vacinas. O combinado seria que o grupo
receberia 50% do valor na assinatura do contrato do lote a ser entregue. Os
bandidos ofereceram 10 milhões de vacinas em pronta entrega pelo valor de R$
270 milhões.
Os
próprios funcionários do ministério desconfiaram da proposta e acionaram a
Polícia. Federal. A proposta havia sido feita ainda no mês de fevereiro. A PF
então iniciou as investigações e concluiu que os suspeitos não estavam
autorizados a falar em nome do grupo farmacêutico que diziam representar.
Na
manhã desta quinta-feira, 25, a PF cumpriu sete mandados de busca e apreensão
nas cidades de Paracatu, em Minas, e em Vila Velha, Espírito Santo. A ordem
para o cumprimento dos mandados foi expedida pela 10a Vara Federal
do Distrito Federal.
Nenhum
valor chegou a ser pago à quadrilha. A operação recebeu o nome de “Taipan”, e
apura os crimes de associação criminosa, estelionato, falsificação de
documentos, e de produtos destinados a fins medicinais.
Além
de tudo isso, ainda temos as festas clandestinas sendo realizadas. Na manhã da
quinta-feira, 25, a prefeitura de São João do Meriti, município da baixada
fluminense interditou uma casa de shows. O interessante é que a boate ficava em
frente à prefeitura.
Durante
à noite, a polícia recebeu denúncias de que havia aglomeração no local, e que a
maiorias das pessoas não usava máscara, nem respeitava nenhum distanciamento
social.
O
dono da casa de shows ainda ficou bastante irritado com a interdição do local,
e disse que estava respeitando todas as normas. Enfim, gente sem nenhuma noção
da gravidade do momento que o país atravessa, e o que é pior, sem nenhum
respeito pela própria vida, nem pela vida do próximo. Em meio a tanta dor e
sofrimento fica a pergunta: O que eles comemoram?
E
assim vamos seguindo, em meio à pandemia, vendo pessoas com comportamento suicidas
e decisões políticas equivocadas, como equivocada foi a decisão do prefeito de
São Paulo, Bruno Covas.
Na
quinta-feira, 18, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, anunciou várias medidas
com a finalidade de conter a escaladas de aumento de casos e de mortes na
cidade, e a fim de reduzir a pressão no sistema de saúde. O prefeito antecipou
cinco feriados deste ano, e dois do ano de 2022. A antecipação dos feriados
começou a valer na sexta-feira, (26/03), e vai até o domingo, (04/04).
O
objetivo era o de fazer as pessoas ficarem em casa, e talvez muitos fiquem, mas
muitos descerão para as praias, pois, na cabeça do brasileiro, feriado
significa festas e viagens.
Quando
Bruno Covas antecipou os feriados em São Paulo, a luz vermelha imediatamente
acendeu para os prefeitos das cidades circunvizinhas e, principalmente, nas
cidades litorâneas. Já neste final de semana filas quilométricas começaram a se
formar na descida para as praias do litoral. Prefeitos dessas cidades
endureceram as medidas, mas como deter uma multidão?
Alguns
atos praticados pelos negacionistas beiram a barbárie. De sexta (26) para sábado
(27) turistas destruíram barreiras que foram instaladas com a finalidade de
dificultar o acesso às praias de Maresias, Juquehy, e Camburi, que ficam
localizadas em São Sebastião, litoral norte de São Paulo.
São
Sebastião é apenas uma das cidades litorâneas que receberam uma enxurrada de
turistas após a decretação dos feriados em São Paulo. Felipe Augusto (PSDB),
prefeito de São Sebastião fez um desabafo através das redes sociais: Ele disse
que a cidade já não tem mais condições de internar pessoas por falta de
insumos, e acrescentou: “Fique na sua
casa, não venha ao litoral norte neste momento. Nós dependemos, sim, do
turismo, mas nesse momento nós dependemos da saúde. Precisamos evitar o colapso
ainda maior”.
E
é bom lembrar que os bárbaros negacionistas não são pessoas analfabetas e
pobres. Para ter casa naquela região do litoral precisa ter muito dinheiro. Ou seja,
dinheiro e conhecimento esses bárbaros que destruíram as barreiras sanitárias
em São Sebastião tem, o que eles não tem é empatia, isto é, a capacidade de se
colocar no lugar do outro. Também não possuem nenhuma vontade de ajudar o país
a sair dessa crise sanitária imensa em que nos encontramos. Atitudes como essas
representam uma grande pobreza de alma e de coração.
Esses
endinheirados apenas querem mostrar que podem, que ninguém impede o direito
deles de ir e vir. E aqui há bastante semelhança com o que prega o presidente
Jair Bolsonaro que chama os prefeitos e governadores de tiranos quando eles
tentam adotar medidas sanitárias e restritivas mais severas. É nisso que dá. Os
seguidores do presidente seguem as ordens dele à risca.
Bastante
controversa então essa decisão do prefeito de São Paulo. Dar feriado para as
pessoas ficarem em casa. Elas não ficam em casa e vão aproveitar esses dias no
litoral, para levam o vírus, e de lá trazem mais vírus.
Enquanto
alguns brincam de roleta russa, o vírus vai se alastrando pelo país, de forma
cada vez mais mortífera e alarmante, de forma até então nunca vista. Tornando o
país celeiro de novas variantes do vírus, que podem se tornar ainda mais letal.
Há quase dois meses o país bate recorde diários de novos casos de Covid-19 e de
número de mortos pela doença.
No
país já são, até agora, 310.694 mil mortos, e 12.489.232 os casos registrados
desde o início da pandemia. Na quarta-feira, 24, o Brasil atingiu a triste
marca de 300 mil mortos pela Covid-19. Para se ter uma ideia do descontrole da
pandemia, em apenas 28 dias o Brasil registrou 50.000 mil mortes. De quarta-feira
para cá, ou seja, em apenas em apenas 04 dias o país registrou mais 9.607
mortes.
Em
alguns dias da semana, já alcançamos a marca dos 3.000 mortos por dia. Os especialistas
dizem que podemos bater a marca dos 5.000 mortos por dia. E não estamos longe
disso. O mais assustador, é que, além do número de mortos, também aumenta, de
forma vertiginosa, o número de pessoas contaminadas pela doença.
Emoldurando
o cenário desta tragédia, o país enfrenta um quadro de UTIs quase lotadas, em
algumas cidades isso já aconteceu. Há também o risco de falta de insumos para
serem usados na intubação de pacientes e, até mesmo, risco de falta de
oxigênio, à exemplo do que aconteceu em Manaus.
A
verdade é que o coronavírus encontrou no Brasil um ninho perfeito para reproduzir-se,
multiplicar-se, e por sua vez, dá origem a novas variantes mais transmissíveis e
mais letais.
Tudo
isso nos lembra as palavras de Jesus, no evangelho de Lucas 17: 26-29.
“E, como aconteceu nos dias de Noé, assim
será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em
casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os
consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló:
Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas no dia em que
Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos”
Assim
agem os tolos negacionistas. O dilúvio já chegou. Do céu chove foge e enxofre
sobre o país. E eles estão sorrindo, negando, fazendo carreatas e manifestações
por todo o país contra as medidas sanitárias, contra os fechamentos e
lockdonws, fazendo festas clandestinas, correndo para se aglomerarem nas
praias, e jogando pedras nos profissionais de saúde, que já estão exaustos de
uma rotina estafante que parece não ter fim.