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O capitão perdido no meio do tiroteio
Posted by Cottidianos
on
12:54
Sábado,
21 de março
O
coronavirus continua tocando fogo no mundo e continuará por mais alguns
meses... Pelo menos é o que se espera.
Esta
postagem começa em continuação ao assunto anterior que foi a crise diplomática
criada entre China e Brasil pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro.
O
presidente da Câmara Rodrigo Maia, David Alcolumbre (DEM-AP), e Antônio Anastasia
(PSD-MG), logo se apressaram a pedir desculpas pela escorregada na casca de
banana do deputado Eduardo Bolsoanro. A bancada ruralista, fiel apoiadora do
governo criticou a atitude do deputado.
O
pai de Eduardo, e presidente da República, Jair Bolsonaro, com sua caraterística
de minimizar as situações sejam elas simples, graves, ou constrangedoras, disse:
“Não há nenhum problema com a China. Zero
problema com a China. Se tiver que ligar para o presidente chinês, eu ligo, sem
problema nenhum”.
Mas
as coisas não bem assim como Bolsonaro diz. Desde que aconteceu o incidente, o
Itamaraty vem tentando desde quarta-feira (18), um contato entre o presidente
brasileiro, Jair Bolsonaro, e o presidente chinês Xi Jinping.
O
contato vem sendo conduzindo pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto
Araújo, que por ocasião da postagem de Eduardo Bolsonaro, culpando a China pela
disseminação do coronavírus, posicionou-se favorável ao deputado e contrário à
China, mostrando certa subserviência ao deputado, dando, desse modo, uma aula
de como não deve se comportar um ministro de Relações Exteriores. O ministro
sugeriu, inclusive, que os chineses pedissem desculpas ao Brasil.
Mas
o fato é que, apesar de estapafúrdia, a provocação do filho do presidente não
foi gratuita, nem foi à toa. É um plano da extrema direita brasileira em casos
em que ela está se complicando por alguma situação, algum fato, essa extrema
direita cria mais um fato, uma polêmica, como se fosse uma tentativa de tirar o
foco de uma questão e coloca-la em outra que não estava em discussão.
E
qual é o fato novo que pode ter provocado o ataque de Eduardo Bolsonaro à
China: a má condução do pai na crise do coronavirus. Bolsonaro está
absolutamente perdido em relação a essa questão, perdido e equivocado. O mundo
todo corre numa direção no enfretamento da crise, e ele corre em direção oposta.
Desde
o início dessa crise, o presidente vem, sistematicamente, errando no
posicionamento adotado para o enfrenta-la.
Vamos
falar desse assunto, porém, antes, é interessante que vejamos a nota da embaixada
da China no Brasil em reação a acusação de Eduardo Bolsonaro de que a culpada
pelo coronavirus era o parceiro comercial. Também se o leitor não estiver
interessado em ler a nota pode avançar para o ponto seguinte que não haverá
nenhum problema algum na compreensão da continuidade do texto. Fica a seu
critério.
“Em 18 de março, o deputado federal
Eduardo Bolsonaro fez acusações sem fundamentos anti-China no seu Twitter,
atacando as medidas tomadas pelo governo chinês no combate à COVID-19 e
difamando o nosso sistema político. Estamos extremamente chocados por tal provocação
flagrante contra o governo e povo chinês. Manifestamos nossa profunda
indignação e forte protesto pela atitude irresponsável do deputado Eduardo
Bolsonaro.
Como deputado federal é figura
pública especial, as palavras do Eduardo Bolsonaro causaram influências
nocivas, vistas como um insulto grave à dignidade nacional chinesa, e ferem não
só o sentimento de 1,4 bilhão de chineses, como prejudicam a boa imagem do
Brasil no coração do povo chinês. Geram também interferências desnecessárias na
nossa cooperação substancial. Tal comportamento é totalmente errôneo e
inaceitável, veementemente repudiado pelo lado chinês. O Embaixador Yang
Wanming já comunicou ao chanceler Ernesto Araújo a nossa posição solene. Temos
pleno conhecimento da política externa brasileira com a China e acreditamos que
nas suas linhas não houve qualquer mudança.
Ao mesmo tempo, opomo-nos às
difamações e insultos contra a China impostos por qualquer um e sob qualquer
forma. A parte chinesa não aceitou a gestão feita pelo chanceler Ernesto Araújo
na noite do dia 18. O deputado Eduardo Bolsonaro tem que pedir desculpa ao povo
chinês pela sua provocação flagrante. O lado chinês defende sempre e de forma
resoluta os seus princípios e jamais será ambíguo e tolerante com qualquer
prática que afronte os seus interesses fundamentais. Esperamos que alguns
indivíduos do lado brasileiro, na sua minoria, abandonem as suas ilusões e
muito menos subestimem a nossa resolução e capacidade de salvaguardar os nossos
próprios interesses.
Ao longo do ano passado, com o
esforço conjunto dos dois países, o relacionamento sino-brasileiro tem se
desenvolvido de forma saudável e estável. O Presidente Xi Jinping e o
Presidente Jair Bolsonaro efetuaram uma troca de visitas, conseguindo alcançar
novos consensos sobre as relações bilaterais. O Diálogo Estratégico Global
China-Brasil foi realizado com pleno sucesso, fazendo com que a nossa confiança
política mútua fosse consolidada.
Desde o surto do COVID-19, os
nossos dois países têm mantido contatos estreitos e amistosos. O Presidente
Bolsonaro manifestou a solidariedade para com o governo e povo chinês, razão
pela qual o lado chinês agradece muito. Atualmente, de acordo com o pedido do
Ministério de Saúde do Brasil, estamos ajudando o país a adquirir os materiais
médicos mais urgentes da China.
Ao longo do último dia, temos
recebido apoio e solidariedade de todos os setores da sociedade brasileira. Ao
manifestarmos a nossa gratidão, percebemos que os que atrapalham o
desenvolvimento das relações bilaterais se limitam a uma minoria na população
brasileira, enquanto a maioria esmagadora está em defesa da nossa fraternidade.
Esperamos que o Itamaraty possa tomar ciência do grau de gravidade desse
episódio e alertar o deputado Eduardo Bolsonaro a tomar mais cautela nos seus
comportamentos e palavras, não fazer coisas que não condizem com o seu
estatuto, não falar coisas que prejudiquem o relacionamento bilateral e não
praticar atividades que danifiquem a nossa cooperação. Temos a certeza de que o
Itamaraty certamente vai levar em consideração o quadro geral das relações
sino-brasileiras e envidar esforço junto conosco para salvaguardar o ambiente
favorável do nosso relacionamento.
Retomemos
então o assunto que ficou pendente no parágrafo anterior ao início da nota.
O
presidente, Jair Bolsonaro, tem sido totalmente irresponsável no que diz respeito
a disseminação do novo vírus. Ele tem ido na contramão de tudo o que recomendam
as autoridades em saúde, no Brasil e o no mundo.
Por
exemplo, em uma entrevista exibida na noite desta sexta-feira (20), no SBT, ele
criticou medidas adotadas pelos governos estaduais e municipais, como por
exemplo, o fechamento dos templos religiosos durante esta pandemia pela qual o
mundo atravessa. “Muita gente para dar
satisfação ao seu eleitorado toma providências absurdas. Fechando shopping, tem
gente que quer fechar igreja, [que] é o último refúgio das pessoas. Eu acho que
o pastor vai saber conduzir o seu culto. Ele vai ter consciência —o pastor, o
padre —, se a igreja está muito cheia, falar alguma coisa. Ele vai decidir lá”.
A
declaração foi dada ao programa de entrevistas, Dois Dedos de Prosa, apresentado por Ratinho. O programa teve
duração de 50 minutos e nele o presidente falou sobre a pandemia do
coronavirus, e sobre assuntos relacionados ao governo.
Já
chegam a 22 duas o número de pessoas da comitiva que viajou com Bolsonaro aos
Estados Unidos e que estão contaminadas pelo coronavirus. Mesmo assim, Ratinho
ignorou a recomendação dos sanitaristas e entrevistou o presidente sem usar
máscaras, aliás, nenhum dos dois usava máscaras, nem apresentador, nem entrevistado,
em mais um ato irresponsável. Um deboche à saúde pública, e um desrespeito aos
médicos, e ao próprio ministério da saúde, que, diga-se de passagem, tem feito
um ótimo trabalho, apesar das infantilidades do presidente.
E
qual a recomendação dos médicos sanitaristas? É que se evite a redução do
contato social. Evitar aglomeração de pessoas, é uma das principais medidas
para conter o avanço da doença, Outra medida fundamental é a higienização das
mãos. E o que tem feito governadores e prefeitos? Exatamente isso: impedir que
haja aglomeração de pessoas para que haja, com isso, impedimento da transmissão
e do contágio da doença. No estado de São Paulo, por exemplo, o governador,
João Dória (PSDB), recomendou que templos religiosos de qualquer crença, evitem
realizar cultos por 60 dias.
E
o que faz o presidente Jair Bolsonaro? Diz em entrevista que tudo isso está
errado e que há em tudo isso um interesse eleitoreiro. Na verdade, parece que
há um interesse eleitoreiro sim, mas é do presidente para com os líderes
religiosos das igrejas evangélicas que apoiam Bolsonaro. Com as igrejas
fechadas esses pastores e suas igrejas perdem milhões de reais que arrecadam de
seus fiéis. Então, é melhor propagar a ideologia de que é necessário manter as
igrejas abertas, em detrimento da saúde da população, do que ver os pastores
terem os lucros reduzidos por um período de tempo.
Esse
compartimento irresponsável do presidente em relação ao coronavirus e a saúde
da população brasileira vem sendo reiteradamente repetido desde o início da
crise. A impressão que dá é que, Bolsonaro, tal qual Lula, e o PT não tem um
projeto de nação, de melhorar a nação, mas sim, um projeto pessoal de poder. Bolsonaro
e Lula são duas personalidades doentias e a doença deles é a sede de poder. Quanto
mais poder tiverem melhor. E a nação? ... Dane-se a nação.
Mas
o lado bom é que, à despeito de Bolsonaro, o governo tem tomado medidas para
amenizar a situação. Uma delas, por exemplo, é o pedido de decretação de
calamidade pública, já autorizada esta semana pela Câmara e pelo Senado. O decreto
foi publicado no Diário Oficial da União
imediatamente após a votação no Senado, nesta sexta-feira, 20.
O
decreto permite que o presidente destine mais recursos para a área da saúde, gastando
mais que o previsto, sem que, com isso, desobedeça as metas fiscais. Isso é
importante pois no momento em que estamos é preciso direcionar recursos para
combater o vírus.
“Nos termos atuais, o estado de calamidade
pública é inédito em nível federal. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
prevê essa condição temporária, que suspende prazos para ajuste das despesas de
pessoal e dos limites do endividamento; para cumprimento das metas fiscais; e
para adoção dos limites de empenho (contingenciamento) das despesas.
Segundo o governo, o reconhecimento
do estado de calamidade pública, previsto para durar até 31 de dezembro, é
necessário “em virtude do monitoramento permanente da pandemia Covid-19, da
necessidade de elevação dos gastos públicos para proteger a saúde e os empregos
dos brasileiros e da perspectiva de queda de arrecadação”,
diz texto do site da Agência Câmara de Notícias.
“O governo federal anunciou uma série de
medidas de enfrentamento à crise, como linhas de crédito, desoneração de
produtos médicos, socorro às companhias aéreas e fechamento de fronteiras”,
diz ainda o texto da Agência Câmara.
De
fato, ainda no dia 15, o governo havia determinada o fechamento das fronteiras,
pelo prazo de quinze dias, com oitos países com os quais possuem divisa
terrestre: Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana Francesa, Guiana, Paraguai,
Peru e Suriname.
O
ministério da Saúde, na pessoa de seu comandante, o ministro, Luiz Henrique
Mandetta, tem feito um excelente trabalho na condução dessa crise. Na montanha
russa do coronavirus, ainda nem chegamos a curva mais aguda, aquela que dá um
frio na barriga, ainda estamos no início dessa curva. Se todos se cuidarem e,
com isso, cuidarem uns dos outros, talvez essa curva nem seja tão acentuada,
caso contrário...
Temos
que pensar também em nosso sistema de saúde, que em alguns estados da federação
brasileira, está em situação precária. Com aumento vertiginoso de casos que
costuma acontecer com o coronavirus, como temos visto em outros países, o sistema
de saúde de brasileiro entrará em colapso, e ai não já teremos mais um problema
grave. Teremos dois: o coronavirus e o colapso do sistema de saúde: uma combinação
bastante explosiva e fatal.
Este
blog termina esta postagem com um pedido aos leitores e leitoras: Não acreditem
no presidente quando ele minimiza a questão do coronavirus. A questão é séria. Os
cuidados tem que ser tomados. A aglomeração de pessoas deve ser evitada. Os cuidados
higiênicos devem ser obedecidos. Isso não é questão política. É questão de sobrevivência.
Lembrando
que, até a data de ontem, 20, os dados em relação ao coronavirus eram os
seguintes: casos suspeitos, 11.278, casos confirmados, 904, casos descartados,
1841, e 11 mortes.
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