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A força de um vírus
Posted by Cottidianos
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13:32
Domingo,
15 de março de 2020
Salve
queridos leitores e leitoras, começo este texto com um texto de um vídeo que
recebi pelo WhatsApp. Achei interessante e resolvi partilhar com vocês. O vídeo
é uma animação e mostra dois personagens sentados em um banco à beira mar, em
um posição em que ficam de frente para o mar e de costas para quem os observa. Entre
eles acontece o seguinte diálogo:
—
Qual a verdadeira causa do coronavírus?
—
A mesma coisa que ameaça TODOS OS
PROBLEMAS que ameaçam nossa existência.
—
E o que é isso?
—
Para abrir nossos olhos e nos fazer perguntar O QUE ESTAMOS FAZENDO AQUI?
—
Isso não faz sentido. Qual a conexão?
—
Veja como um vírus tão pequeno como esse nos mostra que SOMOS TODOS IGUAIS. Nos ensina o quanto NÓS DEPENDEMOS TODOS UM DO OUTRO.
E nos obriga a CUIDAR UNS DOS
OUTROS. Mesmo que vivamos no outro
lado do mundo. Você compreende nosso papel aqui? Cuidar um do outro. Estamos
em uma sociedade integral! E não vamos esquecer de cuidar da nossa natureza. TODOS NÓS DEPENDEMOS DELA!
—
Muito interessante! Eu nunca pensei nisso dessa maneira.
***
30 de dezembro de 2019
Wuhan, China
O
Dr. Dr. Li Wenliang, oftalmologista e professor em uma faculdade de Medicina,
em uma Universidade de Wuhan, realiza um fórum online chamado WebChat. O médico
está preocupado e divide essa preocupação com seus alunos de Medicina. Ele relata
que sete pacientes haviam sido acometidos por uma pneumonia viral. Haviam sido
tratados com medicamentos da medicina tradicional e não obtiveram sucesso no
tratamento. Por esse motivo, os pacientes haviam sido colocados em quarentena
em um hospital em Wuhan. Ainda naquele mesmo dia em que os pacientes foram
colocados em quarentena, a Administração Médica do Comitê de Saúde Municipal de
Wuhan, emitiu um comunicado falando da urgência do tratamento de uma pneumonia
de origem desconhecida.
Alguns
médicos que participavam do Webchat aventaram a possibilidade de estes
pacientes terem sido infectados por SARS (Síndrome respiratória aguda grave) —
que causa nos pacientes sintomas semelhantes aos da gripe. Apesar de também ser
causada por uma das derivações do coronavirus (coronavírus SARS-CoV), ela é
muito mais grave do que as outras infecções por coronavírus. A SARS também teve
sua origem na China, em 2002.
Ainda
na noite do dia 30, oito médicos que participaram do Webchat do Dr. Li
Wenliang, e que levantaram a possibilidade de os doentes em quarentena estarem
com SARS foram presos pela polícia de Wuhan, acusados de fabricarem e
difundirem rumores que perturbavam a ordem social.
31 de dezembro de 2019
Wuhan
Enquanto
todos se preparavam para a festa da passagem de ano, comprando seus vinhos,
champagnes, preparando os pratos, e escolhendo as peças de roupa para usarem a
noite, a equipe medica se debruçava sobre a misteriosa pneumonia, tentando
decifrá-la. Ainda naquele dia, o Comitê de Saúde de Wuhan, informou a OMS
(Organização Mundial da Saúde), que vinte e sete pessoas na província de Hubei,
haviam sido diagnosticadas com a pneumonia.
A
maioria dessas pessoas eram donos de bancas no Mercado por Atacado de Produtos
do Mar de Huanan — um mercado de alimentos e animais vivos (peixes, aves, e
mariscos), em Wuhan.
Com
sete desses infectados em estado crítico e em quarentena, o sinal vermelho foi
aceso, e o Comitê Municipal de Saúde de Wuhan fez um comunicado público informando
aos moradores acerca da situação. Imediatamente, as cidades de Macau, Hong
Kong, e Taiwan, trataram de reforçar o controle das chegadas.
9 de janeiro de 2020
O
Centro de Prevenção e Controle das Doenças da China informa que uma nova
espécie de coronavírus, denominado cientificamente, Covid-19, havia sido o
agente causador de 15 dos 59 casos de pneumonia.
Daí
em diante, o microscópico vírus se alastrou pelo planeta inteiro como quem põe
fogo em um monte de palha seca. Segundo dados do site RTP Notícias do dia 13 de
março, o total de casos confirmados de pessoas infectadas pelo vírus é de
138.260, 5.079 mortes, e 70.675 recuperações.
Ainda
segundo dados do RTP, na Europa o caso mais crítico é na Itália onde 115.113
pessoas estão infectadas e 1.016 mortes por coronavirus. Na Ásia o país mais
crítico é justamente o epicentro de toda essa pandemia, a China. Lá foram diagnósticados
80.801 casos, e 3.176 mortes. Na África, os números são inexpressivos se
comparados a outros países. O índice mais alto de infectados está no Egito, com
80 casos, e duas mortes. Na América, o número maior de infectados está nos
Estados Unidos, onde o número de infectados é de 1.832, e o de mortes
confirmadas pelo vírus é de 41. Na Oceania, a Austrália registra 199 casos, e 3
mortes.
O
mundo já passou por muitas epidemias: H1N1, Zica, Ebola, e tantas outras, porém,
nenhuma delas, certamente, fez o estrago que o coronavirus está fazendo ao
redor do planeta nas áreas da saúde, educação, economia, cultura, religião,
esportes. Enfim, o vírus está alterando a vida no planeta como um todo.
Em
todo o mundo, a recomendação é de que os eventos que envolvam aglomerações de
pessoas sejam cancelados, suspensos, adiados. E assim tem sido, importantes
campeonatos esportivos tem sido cancelados, bem como eventos culturais, templos
religiosos, todos tem suspendido suas atividades. Campeonatos de futebol tem
sido realizados com portões fechados, sem a presença do público. Empresas tem
permitido a seus funcionários trabalharem em casa.
Em
meio, a tudo isso ainda vemos casos de irresponsabilidade de pessoas que ainda
acham que tudo isso é brincadeira. Por exemplo, em Belo Horizonte, no Hospital
Mater Dei, localizado no bairro Santo Agostinho, um homem de 44 anos que estava
internado, suspeito de ser portador Covid-19, fugiu do hospital na madrugada
deste sábado para domingo.
Segundo
relatos dos funcionários do hospital, o homem havia chegado do norte da
Alemanha, na fronteira com a França, em 06 de março. Três dias depois ele apresentou
os primeiros sintomas: tosse, coriza, dor, mal-estar e prostração. No dia 11 o
estado de saúde dele piorou. Ele disse aos pacientes que tinha síndrome do
pânico e a situação na qual estava envolvido o incomodava bastante. O home
aproveitou um descuido dos enfermeiros e da segurança do hospital, cortou a
pulseira de identificação, e fugiu tranquilamente do hospital como se fosse um
visitante. Se, de fato, esse homem
estiver com a doença ele, de fato, representa uma ameaça para a população.
Em
Brasília, o marido de uma paciente que havia sido diagnosticado com
coronavirus, se recusou a fazer o exame, e até mesmo a ficar em isolamento. Por
três dias ele permaneceu nessa teimosia. Foi preciso que a Justiça, na
terça-feira, 10, o obrigasse a fazer os testes. Realizados os exames, ele
testou positivo para a nova doença. É bem provável que esse homem também tenha transmitido
o vírus para outras pessoas nesse período em que se recusou a fazer os testes e
ficar em isolamento.
Outra
irresponsabilidade foram as das pessoas que foram às ruas neste domingo para a
manifestação pró-Bolsonaro e contra-Congresso neste domingo. As manifestações
marcadas ainda antes de a OMS enquadrar o coronavirus na categoria de pandemia,
foram desestimuladas pelo próprio presidente, e canceladas pelos organizadores
do evento. Porém, mesmo diante de todas essas orientações contrárias,
apoiadores do presidente ainda saíram às ruas em diversas cidades.
O
próprio presidente, Jair Bolsonaro — que estava em isolamento, no Palácio do Planalto,
depois que, o secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, Nestor
Foster, futuro embaixador dos Brasil nos EUA, o senador Nelsinho Trad (PSDB), e
Karina Kufa, advogada do presidente, testarem positivo para coronavirus —
também se contradisse, e na manhã deste domingo, deixou o isolamento, e foi
para a Esplanada dos Ministérios, local onde se concentraram os atos em
Brasilia. Ele não desceu do veículo que o conduzia no comboio presidencial,
porém foi seguido por manifestantes. O comboio seguiu em carreata pelo Eixo
Monumental, e seguiu em direção ao Estádio Nacional.
Detalhe:
em Brasília, segundo dados divulgados Ministério da Saúde neste sábado, 14, o
Brasil já tem 121 casos de coronavirus confirmados em 13 estados, sendo que 72%
dos casos centralizam-se em São Paulo e Rio de Janeiro.
Dado
que o novo vírus avança em escala geométrica, o presidente e seus apoiadores
deveriam ser um pouco mais prudentes. Afinal, o coronavírus é microscópico, mas
já mostrou que pode fazer estragos gigantes e que não veio para brincar.
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