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Juiz das garantias: Avanço ou retrocesso no Judiciário?

Posted by Cottidianos on 22:19

Domingo, 29 de dezembro
A justiça só é cega / Quando não quer ver
Quando a lei se nega / A se fazer valer
Para uns implacável / Para outros maleável
Ou até negociável
...
A impunidade / É um grave problema
É a face mais falha da sociedade
É o lado mais sujo do sistema
(Impunidade – Tribo de Jah)



Um lugar paradisíaco.  Desses que revigoram qualquer corpo e mente cansados. Um afago para o corpo e para a alma. Um lugar cercado pela beleza que resta do pouco que restou da exuberante Mata Atlântica. Areia branca e fofinha a se perde de vista: um fino tapete para pés cansados. A água morna em cor verde esmeralda convida a um suave mergulho. Acresça a tudo isso uma praia privatiza e teremos o cenária dos sonhos para se tirar uns dias de férias.
Este lugar é a Base Naval de Aratu, que fica localizada na Península de Paripe, na Bahia. Esse belo paraíso natural fica a apenas 42 km do centro de Salvador. É lá que o presidente, Jair Bolsonaro, está passando as férias.
Neste sábado, 28, foi o primeiro dia de férias do presidente no local. Ele chegou a praia de Inema por volta das 11h30min da manhã. Levou consigo a filha, Laura, de 9 anos, e mais uma comitiva de trinta pessoas. A primeira dama, Michele, ficou em Brasília, e vai passar a virada de ano com familiares. Michele deverá ser submetida a uma cirurgia nos próximos dias, mas segundo fontes oficiais não é nada grave.
O presidente deverá voltar aos seus compromissos em Brasília no dia 05 de janeiro. Descanso merecido, depois de um ano cheios de tensões e polêmicas, acusações, alfinetadas em adversários, e outras situações desagradáveis. Confusões essas, diga-se de passagem, criadas pelo próprio presidente e seus filhos.
Aratu, era um dos lugares favoritos da ex-presidente, Dilma Rousseff, e do ex-presidente Lula. Como vemos, o presidente tem muito mais em comum com Lula e Dilma do que podíamos imaginar. Por exemplo, nas bobagens que a ex-presidente dizia. Estocar vento foi apenas uma delas. Com uma diferença: as bobagens que Dilma dizia dizia eram do tipo piada de salão, a maior consequência delas é o riso. As bobagens que o presidente e seus diletos filhos falam, não. Essas preocupam, e muito.
Enfim, Bolsonaro viajou de férias, porém... Engraçado é que com Bolsonaro sempre tem um porém... Antes de viajar ele, como se diz no meio popular, “embaralhou o meio de campo” no judiciário ao criar a figura do juiz das garantias. Os tribunais e comarcas de todo o país devem estar quebrando a cabeça para saber como resolverão a questão agora transformada em lei.
O fato que provocou muitas discussões e uma avalanche de críticas, se deve ao fato de que o presidente, dia 24, véspera de Natal, sancionou a lei que reforma o Código Penal e o Código de Processo Penal, popularmente chamada de “pacote anticrime”, enviada ao Congresso pelo ministro Sérgio Moro. O texto inicial enviado por Moro entrou no Congresso cheio de vigor e saiu desidratado. O texto final foi publicado no Diário Oficial da União no dia 25, e entrará em vigor no dia 23 de janeiro do próximo ano.
O pacote anticrime era a “menina dos olhos” de Moro. Era a sua principal meta desde que assumiu o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Em fevereiro, o próprio ministro foi pessoalmente ao Congresso entregar as propostas. Grande parte delas, partes importantes foi soterrada, enterrada, sepultada, na votação que ocorreu na Câmara dos Deputados, na quarta-feira, 4, quando os deputados votaram o pacote anticrime com o placar de 408 votos favoráveis e 9 contrários, e duas abstenções.
Uma semana após ser aprovado na Câmara, na quarta-feira, 11, o plenário do Senado também aprovou o projeto, que seguiu para ser sancionado pelo presidente da República, o que foi feito na véspera de Natal.
O texto final, na verdade é uma mistura das propostas enviadas por Sérgio Moro e das propostas enviadas anteriormente às de Moro pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, que também havia enviado ao Congresso propostas semelhantes às de Moro para reforma do Código Penal e de Processo Penal. Na redação final do texto, a Câmara dos Deputados acabou privilegiando as propostas enviadas por Moraes mais que as de Moro. Desde 2018, os parlamentares já analisavam a proposta de Moraes.
Como sabemos, pelo menos no Congresso, Moro é visto com certa reserva. Afinal, foi pelas mãos dele que passaram a condenação de muitos políticos influentes e outros tantos tiveram seus nomes investigados e citados. Ao que parece, ironia das ironias, aqueles que lutam contra o combate à corrupção não são bem vistos naquele ambiente parlamentar. Inclusive líderes do chamado centrão e de partidos de oposição o acusam de criminalizar a política.
O governo poderia ter sido um grande aliado de Moro na aprovação da proposta conforme constava do texto original, mas ao contrário, “pôs as barbas de molho”, isto é, não agiu com vontade necessária para que o projeto de Moro fosse aprovado na integra, ou pelo menos aprovado em grande parte. Foi o jeito então Moro ir, pessoalmente, ao Congresso defender sua proposta, mas com o cenário descrito no paragrafo anterior à sua espera naquele ambiente, ele não teve muito êxito. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, o acusou de descumprir acordo com o governo que era priorizar as reformas, e de feito “cópia e cola” do projeto apresentado anteriormente por Alexandre de Moraes.
Enfim, o projeto anticrime foi aprovado, e algumas das alterações foram o aumento da pena máxima de 30 para 40 anos, aumento da pena de homicídio, ampliação da permanência de presos perigosos em presídios federais de 360 dias para três anos, proibição de saída temporária para presos por crime hediondo, sugestão da criação de um banco nacional de perfil balístico para melhorar a investigação de crimes.
Outros pontos do pacote anticrime esse blog foi buscar no site do Senado Federal, diz o texto publicado no site:
Embora o Congresso tenha retirado da proposta o excludente de ilicitude para agentes de segurança pública — no qual não responderiam por crime quando no exercício da função e dentro das suas prerrogativas —, um ponto que vem no texto é o que considera legítima defesa os atos de agentes que repelem agressão ou risco de agressão à vítima mantida refém durante a prática de crimes.
O texto também prevê aumento da pena por roubo quando for usada arma branca, como faca. Esse aumento pode ser de um terço até a metade da pena. Em caso de roubo quando houver uso de arma de fogo de uso restrito ou proibido, a pena pode ser aumenta em até a metade de sua duração. Para quem vende ilegalmente armas, a pena aumentou da faixa de quatro a oito anos para a faixa de seis a 12 anos.
Além disso, a lei aumenta a pena máxima de oito para 12 anos para servidores públicos que cometem o crime de concussão — exigir vantagem indevida, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela.
No quesito delação premiada, novas regras devem dificultar o uso das declarações e as medidas cautelares em favor do delator”  
Fonte: Agência Senado
Porém um dos pontos mais polêmicos foi a criação do juiz das garantias, e que provocou muitas críticas do próprio ministro da Justiça, Sérgio Moro, de associações de magistrados, e de diversos políticos contrários à medida.
De acordo com o Código de Processo Penal vigente, o juiz que acompanha a fase de investigação e produção de provas é o mesmo que julga e profere a sentença em um processo.
Esse procedimento muda com a redação da nova lei anticrime. Agora será um juiz a acompanhar a fase de investigação e a produção de provas. Ele permanecerá no caso até o momento em que a denúncia for apresentada ao Ministério Público. Esse será o papel a desempenhar na cena jurídica o juiz das garantias. A partir daí, entrará em cena um outro juiz que conduzirá o caso até o final. Caberá a ele analisar provas, ouvir testemunhas, e julgar os acusados. Esse juiz poderá inclusive, determinar o arquivamento do inquérito quando decidir que não há argumento suficientes para a investigação.
Apesar da medida ser elogiada por grandes nomes do meio jurídico, e até por ministros do STF, ela, na verdade, é uma espécie de pegadinha. O que deu celeridade nas investigações da Lava Jato e que mandou tanta gente importante para a cadeia foi o modelo vigente, no qual o juiz acompanha o caso do início ao fim.
Já imaginou se fosse necessário dois juízes a acompanhar o mesmo processo, como naquelas provas de revezamento em que um atleta passa o bastão para outro? Certamente, os processos iriam demorar bem mais, pois até que o novo juiz se inteirasse inteiramente do caso isto levaria um pouco mais de tempo.
Outro aspecto a ser considerado são os custos para o Judiciário. Em grande parte das comarcas brasileiras, principalmente, naquelas afastadas dos grandes centros urbanos a falta de juízes já e uma realidade. Como contar com dois juízes onde não há nenhum, precisando vir alguém de outra comarca para suprir a necessidade?  Haverá abertura de concursos públicos para esta função?
E porque a pressa em fazer valer a instauração do juiz das garantas, uma medida que afetará profundamente o judiciário de todo o país, e não apenas de uma comarca ou outra? Os tribunais estão todos de recesso. Voltam dia 08 de janeiro. Os prazos processuais estão suspensos até dia 20 de janeiro. Certamente não dará tempo de implantar essas medidas. E aí, como fazer? Como agir?
Em resposta às críticas, Bolsonaro foi muito polido nas redes sociais, seu meio de comunicação preferido: “Na elaboração de leis, quem dá a última palavra sempre é o Congresso. Não posso sempre dizer NÃO ao parlamento, pois estaria fechando as portas a qualquer entendimento”, escreveu ele. Esse, definitivamente, não é o Bolsonaro. Se ele quisesse, poderia ter vetado esse ponto da lei. Afinal, ele não é de levar em consideração a opinião de ninguém, conforme demonstrado já em dezenas de vezes.
Então por que não disse não? Talvez, mais uma tentativa de proteger o filho, Flávio Bolsonaro, familiares e amigos? Quem sabe?
Lembremos que, recentemente, o Ministério Público deflagrou uma operação de busca e apreensão em endereços ligados a Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, e outras pessoas ligadas aos dois, inclusive amigos e familiares de Queiroz, seu ex-assessor na Alerj. Logo após a realização da operação, Flávio foi às redes sociais criticar o juiz, Flávio Itabaiana, que conduz as investigações do caso.
Flávio Itabaiana, 27a Vara Criminal do Rio de Janeiro, é conhecido como juiz linha dura. Com a medida do juiz das garantias já passando a vigorar no dia 23 de janeiro, ele só poderá atuar no processo que apura a conduta de Flávio Bolsonaro como deputado estadual no Rio de Janeiro, e de Fabrício Queiroz, seu assessor naquele época, até a formalização da denúncia no MP.
A figura do juiz dos garantias não é nenhuma novidade, pelo menos não no Congresso, ela já ronda aquela casa legislativa desde 2009, quando, naquela época, já se discutia um novo Código de Processo Penal. A figura do juiz das garantias foi incluída no pacote anticrime, sancionado pelo presidente, pelo deputado Marcelo Freixo (PSOL), que fazia parte do grupo de trabalho que analisou as propostas do pacote anticrime.
A figura do juiz das garantias, tidas por muito como “avanço civilizatório” é na verdade um entrave, um obstáculo, um empecilho, para aqueles que desejam uma justiça mais ágil e mais célere. E também para aqueles que desejam ver morto, ou pelo menos, sem força, o monstro da corrupção que insiste em reinar em nosso país.
Por outro lado, ficam felizes, Lula, Dilma, Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Marcelo Freixo, os deputados e senadores que estão na mira da Lava Jato, e tantos outros. Será que os brasileiros estarão começando a descobrir que Bolsonaro, Dilma, e Lula tem muito mais em comum do que o gosto pela paradisíaca Base Naval de Aratu?

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Caso Queiroz volta a preocupar os Bolsonaro

Posted by Cottidianos on 17:23

Terça-feira, 24 de dezembro


Quedas e tombos, quem não está sujeito a eles?
Alguns são graves, gravíssimos, como foi o caso do acidente que vitimou o apresentador, Gugu Liberato, em 22 de novembro deste ano.
Outros são coisinhas à toa. Tombinhos dos quais o sujeito levanta-se rapidinho, e ainda sacode a poeira, como foi o caso do tombo que o presidente, Jair Bolsonaro, levou na noite desta segunda-feira, 23, segundo relatos oficiais, em um dos banheiros do Palácio da Alvorada.
Nesse caso, não havia poeira para sacudir, a não ser que o banheiro estivesse em reformas, o que não era o caso. Nada demais. Apenas um susto, e o presidente foi liberado na manhã desta terça-feira, 24, pela equipe médica do hospital onde passou  a noite, porém com a recomendação de repouso. Vale lembrar que o presidente passou por uma cirurgia no abdômen quando foi vítima de uma facada quando estava em campanha pela presidência ainda no ano passado. Em decorrência desse fato, o presidente já precisou ser submetido a outras quatro cirurgias.
Por falar nisso, esse é um fato ainda envolto nas nevoas do mistério. Apenas se sabe quem foi o autor da facada, Adélio Bispo, entretanto, muitas coisas ainda estão soltas, como as peças de um quebra-cabeças a ser montado. Não se sabe, por exemplo, quem foi o mandante, se é que houve, quem pagou os advogados caríssimos que defenderam Adélio. Até delação premiada o homem não aceitou fazer, sustentando a versão de que agiu sozinho.
Voltando ao momento presente e ao tombo que o presidente levou na noite de segunda, segundo relatos da Folha, já nesta manhã, o presidente foi visto caminhando e conversando com funcionários nas dependências do Alvorada. Foi apenas um susto.
Susto grande e que tem rondado a Família Bolsonaro como um fantasma que se recusa a ir embora deste mundo, assombrando, especialmente, o filho zero 1, Flávio Bolsonaro, é essa escandalosa relação dele com o ex-assessor, Fabricio Queiroz, no caso das “rachadinhas” quando ele ainda era deputado estadual pelo Rio de Janeiro.
Na manhã de quarta-feira, 18, o Ministério Público-Rio de Janeiro, cumpriu 24 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, e de familiares de Ana Cristina Siqueira Vale, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro.
É a primeira vez que a PF faz uma operação ostensiva no caso a fim de investigar as denúncias de lavagem de dinheiro e peculato quando Flávio era deputado estadual pelo Rio de Janeiro.
A operação foi deflagrada apenas três semana após ter sido destrava pelo Supremo Tribunal Federal. Em Julho, a troca de informações entre o Coaf e o Ministério Público havia levado o presidente do STF, Dias Toffolli, a paralisar as investigações. Instaurado em Julho de deste ano, o inquérito corre em sigilo, e busca apurar se o deputado praticou os crimes de lavagem de dinheiro e peculato durante o seu mandato como deputado na Alerj.
Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz são suspeitos de praticar o esquema de “rachadinha” no gabinete do parlamentar na Alerj. Esta prática ilegal funciona da seguinte forma: um prestador de serviços, ou até mesmo um servidor público, repassa ao parlamentar parte do salário recebido pelo serviço prestado ao próprio parlamentar.
Com isso, o político age de má fé duas vezes: uma quando se aproveita de alguém que está precisando do emprego e topa entrar no esquema, e outra quando lesa os cofres públicos. Também pode entrar no esquema funcionários fantasmas: alguém que nunca deu expediente no gabinete de um deputado, por exemplo, mas recebe o salário como se desempenhasse funções naquela repartição pública, com o compromisso de também devolver parte do salário ao parlamentar. É mais uma das tantas formas de corrupção que assolam o nosso país.
Essa investigação foi iniciada em julho de 2018. Em dezembro daquele ano uma reportagem feita pelo jornal o Estado de São Paulo, revelou que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) havia encontrado movimentações atípicas na contas de Fabrício Queiroz. Entre saques e depósitos, havia sido movimentada a quantia de R$ 1,2 milhão entre 2016 e 2017. Entre 2014 e 2015, já haviam passado pela conta de Fabricio outros R$ 5,8 milhão. A conta também estava recheada por centenas de depósitos feitos por assessores que prestavam serviços no gabinete de Flávio Bolsonaro.
É muito dinheiro para ser movimentado para um assessor que recebia um salário de R$ 23 mil.
Muitos desses assessores entram na categoria dos funcionários fantasmas, como é o caso de Ana Cristina, que nunca chegou nem a retirar o crachá funcional para adentrar as dependências da Alerj.
Flávio Bolsonaro afirma que nunca agiu de forma ilegal, embora a lógica mostrada pelas investigações o desdigam. Pelos dados mostrados pela PF e pelo MP fica bem claro o círculo vicioso do dinheiro: a quantia saia da conta dos assessores, passava pela conta do Queiroz, e depois voltava para Flávio.
De qualquer modo, é provável que essa investigação, mesmo que venha a comprovar culpa de Flávio Bolsonaro, não resulte em punição para ele. Ele agora é senador, e o senador não vai julgá-lo culpado por um ato praticado quando ele ainda era deputado. É como se a nova condição política do filho do presidente o resgatasse de qualquer ilícito praticado no passado. Coisas da justiça e da política brasileira que a gente fica às vezes sem entender a lógica e a coerência de tais julgamentos.
Para finalizar este artigo, este blog diz: “não acreditem em políticos e muito menos em suas promessas”, elas, as promessas servem apenas para tapar o sol com a peneira ou para fazer afagos à bases eleitorais dos candidatos. Depois de eleitos elas são facilmente esquecidas.
Por exemplo, logo após a campanha eleitoral, em fins de novembro de 2018, Bolsonaro disse em sua conta no Twitter, que, em seu governo, não editaria nenhum indulto de Natal. O indulto representa uma espécie de perdão a pena e que geralmente é concedido próximo ao Natal.
Fui escolhido presidente do Brasil para atender aos anseios do povo brasileiro. Pegar pesado na questão da violência e criminalidade foi um dos nossos principais compromissos de campanha. Garanto a vocês, se houver indulto para criminosos neste ano, certamente será o último”, escreveu ele na ocasião.
Apenas nessa fala já se vão, pelo menos, duas promessas não cumpridas: uma foi a de “pegar pesado” no combate à violência e a criminalidade. Esses quesitos, inclusive, o combate a corrupção, que também foi uma de suas promessas de campanha, ficaram muito abaixo do esperado, em alguns momentos, inclusive, Bolsonaro, afastou quem tentou se empenhar na luta contra a corrupção.
Por exemplo, agora mesmo, depois da operação de busca e apreensão em endereços de envolvidos no caso Queiroz, o presidente disse em relação ao Ministério Público: “Todo poder tem que ter uma forma de sofrer um controle. Não é do Executivo, é um controle”. Ora, um presidente que se elegeu com a bandeira da luta contra a corrupção, agora quer calar o órgão que busca um país mais transparente e livre da corrupção. Isso é, no mínimo, estranho.
Outra das promessas descumpridas por Bolsonaro em sua publicação no Twitter, em novembro de 2018, foi a de não editar mais indultos de Natal. Ele, que disse que, aquele o indulto de fins de 2018, seria o último, mas acabou de conceder mais um perdão natalino. Nesta segunda-feira, 23, o presidente assinou decreto com as regras para o indulto de Natal deste ano. O texto autoriza perdão da pena para agentes de segurança pública condenados por crimes culposos praticados durante o exercício da profissão. Crimes culposos são aqueles praticados sem intenção.
Um decreto de Natal nunca havia sido concedido a uma categoria em especifico, e essa é novidade desse decreto. O indulto deste ano também vale para militares das Forças Armadas que tenha praticado crimes não intencionais em operações de garantia da Lei e da Ordem. O texto foi publicado nesta terça, 24, e passa a valer a partir desta data. A justiça terá que ser acionada para que seja concedida a soltura de cada beneficiado, uma vez que o decreto não tem efeito automático.
A polícia no Brasil anda tão violenta... Se antes ela atirava para depois averiguar, essa parece ter se tornado a regra amparada pela lei... Será que desresponsabilizar agentes de segurança pública ajuda no combate a violência ou atrai ainda mais violência?
Talvez sejamos obrigados a concordar com o jornalista, Thiago Amparo, em seu artigo para a Folha, publicado nesta terá, 24, sob o título Bolsonaro arrisca ao transformar indulto em afago a policiais. Diz o jornalista no artigo: “Simbolicamente, pode-se ler o indulto natalino de Bolsonaro como uma versão póstuma do projeto de excludente de ilicitude, morto no Congresso Nacional

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Greta Thunberg: Uma pirallha do barulho

Posted by Cottidianos on 18:51

Domingo, 15 de dezembro


Ela tem tradição. A primeira edição dela foi publicada em 1923. Já são quase 97 anos informando com credibilidade. Uma senhora revista. Falo da americana Times. A Times é um dos veículos de comunicação semanal de maior circulação em todo o planeta.  Além dos Estados Unidos, é publicada também na Europa e na América Latina. A edição do semanário publicada em Londres cobre o Oriente Médio e a África. Uma edição também é publicada em Hong Kong. No Canadá a Times editada em Toronto.  Segundo informação do Wikipédia Brasil, a Times “tem a maior circulação do mundo para uma revista semanal de notícias e tem um público de 26 milhões de pessoas, 20 milhões das quais baseadas nos Estados Unidos. Em 2012, teve uma tiragem de 3,3 milhões de exemplares, tornando-se a 11ª revista de maior circulação nos Estados Unidos e a segunda de circulação semanal, atrás da People”.
Foi essa revista de peso que, semana passada, concedeu o título de personalidade do ano, a ativista sueca, Greta Thunberg.
É impressionante como os ataques verbais a jovem ativista vem acontecendo com certa frequência.
Semana passada mesmo, depois que já era tornado público o fato de que ela fora eleita personalidade do ano pela revista americana começaram a circular notícias de que a publicação americana já concedeu o prêmio a pessoas que de boas e santas não tinham nada, como por exemplo, o alemão Adolf Hitler, o soviético Josef Stalin e o iraniano aiatolá Ruhollah Khomeini. E é verdade. Apesar das polêmicas escolhas, a informação é verídica, segundo checagem feita pelo site AFP Brasil.
Obviamente, tudo isso faz parte da linha editorial da revista, cujo critério não é escolher heróis ou vilões, mas as pessoas que dentro de um determinado ano, tiveram maior impacto nas notícias, que foram destaque dentro do meio noticioso, seja para o bem ou para o mal.
Oxalá seja louvado, esse foi ano foi a vez da ativista sueca ter forte destaque nos noticiários do mundo todo. Que bom a pessoa a quem a revista concedeu o prêmio este ano caminha na claridade, lutando por causa justa e de interesse no bem estar de toda a humanidade.
Assim como uma casa não se constrói do dia para a noite, como num passe de mágica, assim também as convicções forte e ideias arejadoras não surgem do nada. Para construir uma casa é preciso planejamento, alicerce, colocar tijolo por tijolo, e assim por diante. Para formar convicções forte a respeito de algum tema também é preciso uma ideia aqui, outra acolá, uma conversa, as notícias que nos chegam pelo meios de comunicação impressos, pelo rádio, pela TV, ou pela Internet. Tudo isso e, principalmente, as reflexões que brotam do íntimo da consciência de cada um vão formando ideais e princípios que mudam o mundo.  
A paixão da jovem de 16 anos pela causa ambiental começou na escola. Tinha ela 11 anos quando foi apresentada a crise climática por um de seus professores. Certo dia, o professor resolveu levar para a sala de aula um vídeo para ser exibido aos alunos e que mostrava as consequências terríveis para o clima do planeta se algo não fosse feito, com urgência, para conter os efeitos das alterações climáticas. E aquele vídeo deve ter impressionado grandemente a menina.
Naquela noite, ela deve ter tido pesadelos no qual apareciam geleiras derretendo, cidades sendo inundadas pelo elevação do nível dos oceanos, ursos polares famintos, maremotos, terremotos, furacões, tsunamis, e tantos outros monstros semelhantes.
A estudante foi então sugada por um túnel de tristeza que a levou a um estado depressivo. Quase não tinha vontade de falar, alimentava-se muito pouco, a vida social dela ficou ameaçada. Obviamente, os pais ficaram preocupados.
Foi por essa época que a família começou a formar os hábitos que Greta tem hoje: hábitos alimentares mais conscientes, como evitar o consumo de carnes, por exemplo. Também passaram a cultivar os próprios vegetais, além de instalarem painéis solares em casa, e a dar preferência a outros meios de transporte que não o avião.
A depressão passou, mas de tudo isso, como uma fênix que renasce das cinzas, emergiu uma adolescente profundamente preocupada com a questão climática.
A ativista, Greta Ernman Thunberg, nasceu em 3 de janeiro de 2003. O interessante é a família da ativista está toda centrada no ramo do entretenimento. A mãe, Malena Ernmam, é cantora de ópera. O pai, Svante Thunberg, é ator. O avó paterno, Olof Thunberg, é ator e diretor, e a avó paterna, Mona Anderson, é atriz. Dessa árvore genealógica pautada no entretenimento nasceu um rebento de ativista. Assim é a vida: imprevisível.
Em agosto do ano passado, a jovem sueca, resolveu fazer uma greve diferente: uma greve escolar. Todas as sextas-feiras, ela deixava a mochila com material escolar e, ao invés de ir à escola, ela ia para a frente do Parlamento sueco, em Estocolmo. Ficava lá, segurando cartaz com apelos ambientalistas, na tentativa de convencer os políticos suecos a tomarem consciência da importância da luta para conservar vivo o planeta.
E quem disse que “uma andorinha só não faz verão” estava errado, pelo menos no caso de Greta. Seu gesto chamou a atenção da imprensa e logo sua greve escolar passou a ser transmitida pelos canais de comunicação, atravessou fronteiras, e inspirou o movimento global “Sextas-feiras para o futuro”.
Em março deste ano, aquela menina parada na frente do parlamento sueco, com um grito solitário a favor do planeta, viu que não estava mais sozinha.  No dia 15 daquele mês, o movimento “Sextas-feiras para o futuro”, liderado por Greta, fez uma grande mobilização global que atingiu cerca de 123 países. Era a juventude exigindo que os adultos prestassem mais atenção e levassem mais a sério a questão das mudanças climáticas que põe em risco todo o planeta.
Por tudo isso, Greta Thunberg tem sido muito criticada, atacada por alguns líderes mundiais, como Donald Trump, e Jair Bolsonaro.
No início da tarde de sábado, 07, dois índios da etnia Guajajara foram mortos às margens da BR-226, no munícipio de Jenipapo dos Vieiras, no Maranhão. O local fica a 500 quilômetros da capital, São Luís.
No dia domingo, 8, Greta fez uma crítica à morte dos índios, e disse que os povos indígenas no Brasil estavam sendo mortos por defenderem a floresta. Na terça-feira, 10, Bolsonaro foi questionado, em frente ao Palácio da Alvorada, por jornalistas, sobre se ele estava preocupado com a morte dos índios e os comentários de Greta. Ao que o presidente respondeu: “Como é, índio? Qual o nome daquela menina lá? Não, lá de fora, lá. Aquela Tabata, não. Como é? Greta. A Greta já falou que os índios morreram porque estão defendendo a Amazônia. É impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí. Uma pirralha”.
O interessante em Greta é que ela sempre responde às críticas de seus adversários com bom humor, e com a jovialidade que lhe é própria da idade. Respondendo ao comentário de Bolsonaro, na capa de sua rede social, ela mudou o status para “Pirralha”.
Após saber que Greta tinha sido escolhida pela Times como personalidade do ano, o presidente brasileiro voltou a atacar a jovem sueca. “Tem até uma pirralha que tudo o que ela fala à nossa imprensa, a nossa imprensa, pelo amor de Deus, dá um destaque enorme. Ela está agora fazendo o seu showzinho lá na COP25. Mas tudo bem. Eu acredito que nós temos, ao trabalhar em equipe, meios de mudar o Brasil”.
A ativista também foi criticada por Donald Trump. Após saber da escolha da Times para personalidade do ano, Trump escreveu no Twitter: “Ridículo. Greta deve trabalhar seu problema de gestão da raiva e depois assistir a um bom filme com algum amigo. Relaxe, Greta, relaxe”.
Como havia feito com Bolsonaro, Greta usou de ironia para responder a outra ironia, e respondendo a Trump, ela mudou seu status no Twitter e escreveu: “Uma adolescente trabalhando no controle da sua raiva. Atualmente descansando e assistindo a um filminho com um amigo”. É como diz o ditado: “Enquanto os cães ladram a caravana passa”.
Lembrando que, em setembro deste ano, o filho do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo, também havia publicado uma foto fake da ambientalista. Na foto original a ativista faz uma refeição, enquanto viaja em um trem, com paisagens ao fundo. Na foto fake montada por Eduardo Bolsonaro, ao invés da paisagem, aparecem crianças africanas pobres, sentadas na calçada de algum povoado. Lutar pelo meio ambiente não é coisa de pirralha, mas montar foto fake com quem se dedica a essa causa, isso sim, é coisa de pirralho.
Na verdade, os críticos de Greta são pessoas que, ideologicamente, tem o mesmo perfil. E as críticas a sua escolha pela Times como personalidade do ano, tem muito de “dor de cotovelo”. Tipo aquela história: “Por que ela e não eu?”
Tratando mais especificamente do caso brasileiro, é evidente o descaso e o desprezo que tem o presidente Jair Bolsonaro para com a questão ambiental. Ele não está nem aí se a floresta está sendo queimada, ou desmatada, ou que índios estejam sendo assassinados. O importante é que os que desmatam ilegalmente a Amazônia, e os que ilegalmente exploram as reservas indígenas estejam beneficiados.  São vastos as falas do presidente estimulando essas ações.
Na terça-feira, 10, o presidente assinou uma Medida Provisória, que regulariza a questão fundiária. A medida precisa da aprovação do Congresso, em até 120 dias, para virar lei. Segundo o governo, as novas regras simplificam e modernizam o processo de regularização fundiária.
Segundo a reportagem Porque Bolsonaro se irrita tanto com Greta, de autoria de Antonio Carlos Prado e Gilherme Sette, publicada pela revista Isto É no último dia 13, A MP tem um bonito nome “mas esconde uma armadilha: a de dar aos grileiros as terras que eles roubaram a partir de 2014. A medida será bombardeada no Senado, conforme já anunciou o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, mas chega a ser inacreditável a iniciativa do ex-capitão a favor da grilagem: é presentear o ladrão com o produto de seu roubo”, diz trecho da reportagem Na verdade, a MP da regularização fundiária parece mais um prêmio aos grileiros que invadem e desmatam a floresta do que propriamente um avanço como pretende o governo.
Para Brenda Brito, pesquisadora do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a MP está associada aos interesses da bancada ruralista no Congresso. “Se o Congresso Nacional aceitar essa MP, será cúmplice de mais uma anistia ao roubo de terra pública, já que quem invadiu após 2011 sabia que estava cometendo um crime. Vai reforçar a mensagem de que invadir e desmatar são ações que merecem ser premiadas ao em vez de punidas”.
Diz uma lei da natureza que os semelhantes se atraem. Greta e Bolsonaro não são em nada semelhantes no campo das ideias. Ideologicamente falando, na questão ambiental, a ativista sueca Greta Thunberg é a luz, aquela que vem exortar os homens a preocuparem-se com o futuro do planeta, que é, afinal, nossa casa comum. Sem planeta Terra e sem seus recursos, não existe raça humana. Bolsonaro, ao contrário, é o representante das trevas, aquele que prega o atraso e a destruição dos recursos naturais, e dos povos que lutam por essa causa.
É por isso que Bolsonaro não suporta aquela pirallha de apenas 16 anos, escolhida como personalidade do ano pela Times. É ela é o seu oposto. O seu avesso.

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Metamorfose

Posted by Cottidianos on 15:22
Sábado, 23 de novembro

Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
(Metamorfose Ambulante – Raul Seixas)


Gugu Liberato

A raça humana, principalmente os ocidentais, sempre encararam a morte como um tabu, a até mesmo a tem em conta de grande tristeza. Entretanto, se pensarmos bem, e para quem acredita, a vida não termina quando o corpo material desce à sepultura ou entra nos fornos dos crematórios. Ela nada mais é que um processo de metamorfose, e nesse processo tudo se transforma... e para melhor.
Apenas relembrando a origem e breves conceitos da palavra para nos situarmos melhor dentro da ideia. Metamórṗhosis  é uma palavra derivada do grego (meta) mudança  e (morpho) da forma.
Em biologia, metamorfose é o nome dado ao processo de desenvolvimento pós-embrionário, que ocorre em diversas classes de animais. Resumindo: na primeira fase, um embrião é formado dentro de um ovo, quando a casca do ovo se parte e nasce o embrião, este transforma-se em larva, depois a lava transforma-se em pupa, que é a fase em que o animal sofre suas transformações mais profundas. Após essas fase surge o animal em sua fase adulta e definitiva.
Alguns animais sofre uma metamorfose incompleta, outros, ao contrário, sofrem uma metamorfose completa.
Um dos processos de metamorfose mais perceptíveis a nós, talvez seja o da borboleta. Muitas vezes, quando vemos uma delas voando pelos jardins, pulando de flor, espalhando néctar, lindas, leves, coloridas, tal qual bailarinas em alguma apresentação de um maravilhoso balé, nem nos damos conta de que aquela borboleta já foi uma limitada e feia lagarta, arrastando-se pesadamente nos galhos e folhas de alguma planta.
Assim também não é nossa existência terrena? Sobre nós não recaem todos os dias o peso das preocupações e das ansiedades pelas coisas que passaram e pelas que ainda estão por vir como se fosse um ciclo interminável que nos faz passar pela vida pesadamente como as lagartas?
Depois, entramos no casulo chamado morte e dela saímos com um corpo novo, cheio do esplendor das possibilidades infinitas que nos permite voar de estrela em estrela, de universo em universo, espalhando o doce néctar das flores em espaços etéreos de paz e harmonia. Como tudo o que é novo, a alma assusta um pouco, tem dificuldades de usar o novo corpo, as novas e infinitas possibilidades, mas tudo é uma questão de aprendizado. Aliás, essa é uma coisa que nunca se encerra. Por que mais que saibamos, nunca  saberemos tudo.
Se algum de vocês tivesse a oportunidade de perguntar a uma borboleta se ela sente saudades do tempo em que era lagarta, o que acham que ela responderia? Sim ou não?
Para quem se vai para as moradas eternas é tempo de recomeçar a vida de outra forma e em outro lugar. Quem fica, chora e lamenta. Obviamente a saudade, o convívio que se teve por anos a fio, e muitos outros fatores fazem com que as lágrimas escorram pelas faces de olhos que ainda não são capazes de contemplar a beleza das flores e o esplendor dos jardins que existem do lado de lá.
Nesta sexta-feira, 22, foi a vez de Gugu Liberato, 60 anos, um dos mais queridos e talentosos apresentadores da TV brasileira, passar por esse processo de metamorfose, de passar da matéria ao espírito, de transmutar-se de um ser em outro, habitando em outro plano.
Sabe aquele ditado popular que diz: “a morte só quer uma desculpa”. Foi, mais ou menos assim com o Gugu. Na quarta-feira, 20, o apresentador estava em sua casa, em Orlando, Estados Unidos, quando o ar condicionado apresentou problemas. Coisa simples. Conserto rápido. Deve ter pensado o apresentador. E lá se foi ele para o sótão fazer, ele mesmo, o conserto.
Enquanto fazia o reparo, Gugu caiu de uma altura de 4 metros. Sofreu uma lesão na cabeça que provocou sangramento intracraniano. Foi levado ao Orlando Health Medical Center. Porém, chegou à unidade médica em estado neurológico tão grave que não foi indicado pelos médicos que o atenderam qualquer procedimento cirúrgico.
Ainda enquanto estava em estado de observação foi constatada ausência de atividade cerebral. Após a morte do apresentador, a assessoria de imprensa dele divulgou nota, reproduzida abaixo na íntegra.
Este é um momento que jamais imaginamos viver. Com profunda tristeza, familiares comunicam o falecimento do pai, irmão, filho, amigo, empresário, jornalista e apresentador Antônio Augusto Moraes Liberato (Gugu Liberato), aos 60 anos, em Orlando, Florida, Estados Unidos.
Nosso Gugu sempre viveu de maneira simples e alegre, cercado por seus familiares e extremamente dedicado aos filhos. E assim foi até o final da vida, ocorrida após um acidente caseiro.
Ele sofreu uma queda acidental de uma altura de cerca de quatro metros quando fazia um reparo no ar condicionado instalado no sótão. Foi prontamente socorrido pela equipe de resgate e admitido no Orlando Health Medical Center, onde permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva, acompanhado pela equipe médica local.
Na admissão deu entrada em escala de *Glasgow de 3 e os exames iniciais constataram sangramento intracraniano. Em virtude da gravidade neurológica, não foi indicado qualquer procedimento cirúrgico. Durante o período de observação foi constatada a ausência de atividade cerebral. A morte encefálica foi confirmada pelo Prof. Dr. Guilherme Lepski, neurocirurgião brasileiro chamado pela família, que após ver as imagens dos exames em detalhes, confirmou a irreversibilidade do quadro clínico diante de sua mãe Maria do Céu, dos irmãos Amandio Augusto e Aparecida Liberato, e da mãe de seus filhos, Rose Miriam Di Matteo.
Ainda não temos detalhes sobre o traslado para o Brasil. Informações sobre velório e sepultamento serão passadas assim que tudo estiver definido.
Ele deixa três filhos, João Augusto de 18 anos e as gêmeas Marina e Sophia de 15 anos.
Atendendo a uma vontade dele, a família autorizou a doação de todos os órgãos.
Gugu sempre refletiu sobre os verdadeiros valores da vida e o quão frágil ela se revela. Sua partida nos deixa sem chão, mas reforça nossa certeza de que ele viveu plenamente. Fica a saudade, ficam as lembranças - que são muitas - e a certeza que Deus recebe agora um filho querido, e o céu ganha uma estrela que emana luz e paz.
E assim, de forma trágica, um acidente doméstico pôs fim a uma das carreiras mais brilhantes da TV brasileira.
Nascido em São Paulo, em 10 de abril de 1959, Antônio Augusto Liberato dos Santos começou a trabalhar cedo. Aos 12 anos de idade, já era office-boy em uma imobiliária da capital paulista. Depois exerceu as atividades de auxiliar de escritório. Também desempenhou as funções de coroinha, ajudando os padres na missa da paróquia.
Porém, enquanto fazia tudo isso, é para a televisão, para uma oportunidade de trabalhar nela, que estavam voltados os olhos e o coração de Gugu. E para isso, ele teve que ser insistente, persistente, uma vez que não conhecia ninguém no meio televisivo.
Já aos 14 anos, ele escrevia cartas ao apresentador Silvio Santos, sugerindo programas e dando ideias para os já existentes. Enviava-as pelo correio. Nunca recebeu respostas à essas correspondências. Desapontado, resolveu entregar as cartas pessoalmente. O pessoal da TV nem ao menos deixou ele chegar perto de Silvio Santos.
Em 1973, Silvio apresentava um programa na TV Globo, chamado Programa Silvio Santos. Segundo informações obtidas no site MemóriaGlobo, o Programa Silvio Santos era apresentado por ele, e desde 1962, integrava a grade de programação da TV Paulista. Em 1965 Roberto Marinho comprou a TV Paulista, o programa passou a ser exibido pela Globo apenas para a cidade de São Paulo. O longo programa — tinha 8 horas de duração — só passou a ser exibido também para o estado do Rio de Janeiro, a partir de julho de 1969.
Sem deixar de apresentar seu programa dominical, Silvio Santos passou por diversas emissoras de rádio e televisão. O apresentador deixou a Globo em 1976, e seguiu sua própria trilha de sucesso, inclusive montando seu próprio grupo de comunicação.
Gugu resolveu se inscrever em uma gincana do programa, apenas com o firme propósito de entregar a bendita carta. Entregou. Novamente, não obteve resposta.
O adolescente não deu o braço a torcer. Voltou ao programa, novamente para participar da gincana, e entregou uma segunda carta. Dessa vez, Silvio Santos reconheceu o insistente jovem e lhe fez uma proposta: “Você quer trabalhar comigo?”. Imaginem se a resposta seria negativa. Gugu foi trabalhar com Silvio Santos, e, aos 14 anos já era assistente de produção de programas comandados por Silvio na Record e na extinta TV Tupi, e, aos 19 anos já era exercia o cargo de produtor.
Uma dúvida ainda pairava, se era realmente isso que queria, e Gugu foi cursar odontologia. O coração falou mais alto e ele voltou a televisão.  Em 1981, seguiu junto com o patrão para o recém-fundado SBT (Sistema Brasileiro de Televisão).
Sua primeira chance em frente às câmeras foi quando, em 1981, participou como jurado do humorístico, Alegria 81. Ainda naquele ano, estreou como apresentador quando fazia entradas ao vivo em intervalos dos filmes da Sessão Premiada, ocasião em que distribuía brindes aos telespectadores.
A luz do sucesso brilhou em definitivo para ele quando passou a apresentar, ainda na década de 80, o programa Viva a noite: um programa de variedades que ia da música ao ocultismo. Além do sucesso de audiência, Viva à noite (1982 a 1992) Gugu também apresentou no SBT, programas de bastante audiência, tais como; TV Animal (1988-1982); Passa ou Repassa (1988-1994); Sabadão Sertanejo (1991-1996); Domingo Legal (1993 a 2009).
Em 2009, Gugu trocou o SBT pela Record. Neste canal televisivo o Programa do Gugu não alcançou o êxito esperado. O contrato entre Gugu e a Record foi rompido em 2013. Ele ainda voltou a emissora em um programa de temporada chamado, Gugu, que mesclava variedade com reportagens.
Em 2018 rendeu-se aos formatos modernos de programas televisivos e comandou o primeiro “Power Couple Brasil” uma competição entre casais, e depois um concurso de calouros chamado “Canta Comigo”. A segunda temporada deste programa, previamente, grava ainda está no ar.
Em 1987, Gugu quase foi para a Globo. Chegou a assinar contrato com a emissora carioca. Gravou alguns programas piloto, mas estes não chegaram a ir ao ar. Silvio Santos não deixou que seu pupilo se fosse.
O empresário e comunicador pagou uma alta multa rescisória e Gugu ficou no SBT. Claro, teve o salário multiplicado e outras vantagens. Foi aí que a Globo trouxe Fausto Silva. Fausto trabalhava na TV Band e era um apresentador pouco conhecido. Saiu de lá para ser o rei das tardes de domingo na Globo, fazendo concorrência com o programa apresentado por Gugu, no SBT.
A marca de todos os programas apresentados por Gugu era a alegria. Era impossível não se envolver com a alegria transmitida pelo apresentador em seus programas, alegria aliada a um grande carisma. Não é à toa que quando souberam de sua morte todos os grandes nomes da comunicação brasileira, e artistas famosos que apresentaram-se em seus programas, falaram dele com grande carinho e emoção.
Gugu se foi. Cumpriu sua missão aqui nesta Terra. Foi um presente que Deus nos deu por empréstimo, e chegou a hora de chama-lo de volta.
Era lagarta, agora virou borboleta a voar nos esplendores da eternidade. Ele agora vive a completude de sua metamorfose.




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Castelos de areia

Posted by Cottidianos on 11:31
Domingo, 17 de novembro


Esse mundo anda mesmo muito estranho e complicado de se viver. Já não se sabe mais em quem confiar. Como diz o ditado popular: “Todo cuidado é pouco”.  Essa semana, recebi pelo WhatsApp, um vídeo que mostrava policiais em uma delegacia de polícia. Eles apresentavam no vídeo um homem, aparentando ter 60 anos, talvez um pouco mais.
O homem, segundo policiais, oferecia bombons a desconhecidos no ônibus. O fato é que ele misturava, junto ao recheio dos doces, comprimidos de Rivotril — medicamento indicado no tratamento de crises epilépticas, espasmos infantis, transtornos de ansiedade e de humor, cujo efeitos colaterais podem incluir sonolência, lentidão de pensamento, dentre outros. Quando a pessoa a quem o homem oferecia o bombom aceitava e comia o produto, logo começava a apresentar estes sintomas, tornando-se presa fácil para um assalto.
Não só em bombons o homem colocava o Rivotril, mas também em outros produtos como água de coco, por exemplo.
Quando vi o vídeo: fiquei pensando. Será que isso é verdade, mesmo? — A gente sempre fica querendo que a notícia não fosse verdade, talvez não querendo acreditar que existam pessoas tão más.
Coincidentemente, a realidade mostrou que podem existir pessoas bem piores que o homem do vídeo que os policias apresentavam na delegacia.
Neste sábado (16), quatro pessoas morreram, na cidade de Barueri, cidade da região da Grande São Paulo, após ingerir bebida alcoólica oferecida por desconhecidos. Três deles eram moradores de rua. A polícia suspeita é de que as vítimas tenham sido envenenadas.
As vítimas foram identificadas como Edson Sampaio da Silva, 49, Luiz Pereira da Silva, 49, Marlon Alves Gonçalves, 49, e Denis da Silva, cuja idade não foi divulgada.
Além dos mortos, Renilton Ribeiro Freitas, 43, Silvia Helena Euripes, 54, Vinicius Salles Cardoso, 31, e Sidnei Ferreira de Araújo Leme, 38, também ingeriram a bebida e passaram mal, tendo sido encaminhadas ao Hospital Municipal de Barueri. Sidnei está fora de perigo, e a previsão é de que receba alta neste domingo. O estado dos outros três é grave, porém estável.
O incidente aconteceu por volta das 8h30 da manhã de sábado. As vítimas estavam na Cracolândia, região central da capital paulista — distante cerca de 25 quilômetros da região central de Barueri — quando desconhecidos passaram e ofereceram uma garrafa, suspostamente, com bebida alcoólica a uma das vítimas. O homem compartilhou a bebida com mais outras sete pessoas. O grupo começou a passar mal na rua Duque de Caxias, região central de Barueri.  
No mundo em que a gente vive hoje, é complicado até aceitar coisas oferecidas por desconhecidos. É difícil saber se a pessoa que nos oferece alguma coisa com um sorriso nos lábios tem o coração iluminado ou não.


Outro fato que chamou a atenção durante a semana foi ver a cidade italiana de Veneza debaixo d’água. A cidade sofreu a pior inundação em 53 anos. Alagamentos são comuns ao venezianos. Mas desta vez o que preocupou e aborreceu os cidadãos daquela cidade foram os dias seguidos de alagamento.
Todos sabemos que em tudo isso tem o dedo do homem interferindo no clima do planeta e provocando todos esses incidentes e tragédias envolvendo a natureza. A água em Veneza foi invadindo tudo o que encontrava pela frente, inclusive a Assembleia Regional do Vêneto. Veneza é a capital da região que abriga o poder legislativo. E, especialmente, nesse órgão do governo, a natureza foi bastante irônica.
E essa ironia foi relatada pelo conselheiro regional Andrea Zanoni, membro do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda. Ele postou fotos no Facebook da Assembleia invadida pela água, e escreveu: “Ironia do destino, a assembleia foi alagada dois minutos depois de a maioria ter rejeitado nossas emendas para combater as mudanças climáticas. Não tem imagem mais significativa que a água alagando a assembleia e forçando a fuga dos representantes do povo vêneto”.
Segundo Zanoni, entre as propostas de combate às mudanças climáticas estavam: financiamentos para fontes renováveis, a substituição dos ônibus a diesel por veículos menos poluentes e medidas para reduzir o impacto do descarte de plástico.
A natureza está dando seu recado. Os sinais estão aí para todos verem: Calor excessivo em algumas regiões do planeta, frio em excesso em outras, derretimento das geleiras, aumento do nível das águas do oceano.
Enquanto isso, alguns líderes mundiais fecham os olhos e ouvidos a todos esses sinais. Vejam o exemplo de Veneza. Os homens públicos de lá ignoraram as propostas de combate as mudanças climáticas e, e por ironia, tiveram sua casa legislativa alagada. Se continuarem ignorando a questão a água não apenas alagará seus prédios, mas engolirá a cidade. Não por vingança da natureza, mas por imprudência dos homens.
A hora para o mundo de um modo geral, é de preservar os paraísos naturais, de parar com as queimadas, e harmonizar de tal forma progresso e natureza que os dois vivam em harmonia. Pois não adianta nada ter um esplendoroso progresso e uma natureza em fúria que o engula.
É bom que os governantes e líderes mundiais entendam, assim como cada um de nós também, que priorizar apenas o progresso e a evolução da tecnologia, sem ter o mesmo cuidado com a preservação do meio ambiente, é como construir belos castelos de areia à beira-mar. Por mais encantadores, charmosos, e bem construídos que eles sejam vem a água do mar, e com sua força, em segundos, transforma em areia a bela construção.                               


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