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Caso Queiroz volta a preocupar os Bolsonaro
Posted by Cottidianos
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17:23
Terça-feira,
24 de dezembro
Quedas
e tombos, quem não está sujeito a eles?
Alguns
são graves, gravíssimos, como foi o caso do acidente que vitimou o
apresentador, Gugu Liberato, em 22 de novembro deste ano.
Outros
são coisinhas à toa. Tombinhos dos quais o sujeito levanta-se rapidinho, e
ainda sacode a poeira, como foi o caso do tombo que o presidente, Jair
Bolsonaro, levou na noite desta segunda-feira, 23, segundo relatos oficiais, em
um dos banheiros do Palácio da Alvorada.
Nesse
caso, não havia poeira para sacudir, a não ser que o banheiro estivesse em
reformas, o que não era o caso. Nada demais. Apenas um susto, e o presidente
foi liberado na manhã desta terça-feira, 24, pela equipe médica do hospital
onde passou a noite, porém com a
recomendação de repouso. Vale lembrar que o presidente passou por uma cirurgia
no abdômen quando foi vítima de uma facada quando estava em campanha pela
presidência ainda no ano passado. Em decorrência desse fato, o presidente já
precisou ser submetido a outras quatro cirurgias.
Por
falar nisso, esse é um fato ainda envolto nas nevoas do mistério. Apenas se
sabe quem foi o autor da facada, Adélio Bispo, entretanto, muitas coisas ainda
estão soltas, como as peças de um quebra-cabeças a ser montado. Não se sabe,
por exemplo, quem foi o mandante, se é que houve, quem pagou os advogados
caríssimos que defenderam Adélio. Até delação premiada o homem não aceitou
fazer, sustentando a versão de que agiu sozinho.
Voltando
ao momento presente e ao tombo que o presidente levou na noite de segunda, segundo
relatos da Folha, já nesta manhã, o presidente foi visto caminhando e
conversando com funcionários nas dependências do Alvorada. Foi apenas um susto.
Susto
grande e que tem rondado a Família Bolsonaro como um fantasma que se recusa a
ir embora deste mundo, assombrando, especialmente, o filho zero 1, Flávio
Bolsonaro, é essa escandalosa relação dele com o ex-assessor, Fabricio Queiroz,
no caso das “rachadinhas” quando ele ainda era deputado estadual pelo Rio de
Janeiro.
Na
manhã de quarta-feira, 18, o Ministério Público-Rio de Janeiro, cumpriu 24
mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Flávio Bolsonaro, Fabrício
Queiroz, e de familiares de Ana Cristina Siqueira Vale, ex-mulher do presidente
Jair Bolsonaro.
É
a primeira vez que a PF faz uma operação ostensiva no caso a fim de investigar
as denúncias de lavagem de dinheiro e peculato quando Flávio era deputado
estadual pelo Rio de Janeiro.
A
operação foi deflagrada apenas três semana após ter sido destrava pelo Supremo
Tribunal Federal. Em Julho, a troca de informações entre o Coaf e o Ministério
Público havia levado o presidente do STF, Dias Toffolli, a paralisar as
investigações. Instaurado em Julho de deste ano, o inquérito corre em sigilo, e
busca apurar se o deputado praticou os crimes de lavagem de dinheiro e peculato
durante o seu mandato como deputado na Alerj.
Flávio
Bolsonaro e Fabrício Queiroz são suspeitos de praticar o esquema de
“rachadinha” no gabinete do parlamentar na Alerj. Esta prática ilegal funciona
da seguinte forma: um prestador de serviços, ou até mesmo um servidor público,
repassa ao parlamentar parte do salário recebido pelo serviço prestado ao
próprio parlamentar.
Com
isso, o político age de má fé duas vezes: uma quando se aproveita de alguém que
está precisando do emprego e topa entrar no esquema, e outra quando lesa os
cofres públicos. Também pode entrar no esquema funcionários fantasmas: alguém
que nunca deu expediente no gabinete de um deputado, por exemplo, mas recebe o
salário como se desempenhasse funções naquela repartição pública, com o
compromisso de também devolver parte do salário ao parlamentar. É mais uma das
tantas formas de corrupção que assolam o nosso país.
Essa
investigação foi iniciada em julho de 2018. Em dezembro daquele ano uma
reportagem feita pelo jornal o Estado de São Paulo, revelou que um relatório do
Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) havia encontrado
movimentações atípicas na contas de Fabrício Queiroz. Entre saques e depósitos,
havia sido movimentada a quantia de R$ 1,2 milhão entre 2016 e 2017. Entre 2014
e 2015, já haviam passado pela conta de Fabricio outros R$ 5,8 milhão. A conta
também estava recheada por centenas de depósitos feitos por assessores que
prestavam serviços no gabinete de Flávio Bolsonaro.
É
muito dinheiro para ser movimentado para um assessor que recebia um salário de
R$ 23 mil.
Muitos
desses assessores entram na categoria dos funcionários fantasmas, como é o caso
de Ana Cristina, que nunca chegou nem a retirar o crachá funcional para
adentrar as dependências da Alerj.
Flávio
Bolsonaro afirma que nunca agiu de forma ilegal, embora a lógica mostrada pelas
investigações o desdigam. Pelos dados mostrados pela PF e pelo MP fica bem
claro o círculo vicioso do dinheiro: a quantia saia da conta dos assessores, passava
pela conta do Queiroz, e depois voltava para Flávio.
De
qualquer modo, é provável que essa investigação, mesmo que venha a comprovar
culpa de Flávio Bolsonaro, não resulte em punição para ele. Ele agora é
senador, e o senador não vai julgá-lo culpado por um ato praticado quando ele
ainda era deputado. É como se a nova condição política do filho do presidente o
resgatasse de qualquer ilícito praticado no passado. Coisas da justiça e da
política brasileira que a gente fica às vezes sem entender a lógica e a coerência
de tais julgamentos.
Para
finalizar este artigo, este blog diz: “não acreditem em políticos e muito menos
em suas promessas”, elas, as promessas servem apenas para tapar o sol com a peneira
ou para fazer afagos à bases eleitorais dos candidatos. Depois de eleitos elas
são facilmente esquecidas.
Por
exemplo, logo após a campanha eleitoral, em fins de novembro de 2018, Bolsonaro
disse em sua conta no Twitter, que, em seu governo, não editaria nenhum indulto
de Natal. O indulto representa uma espécie de perdão a pena e que geralmente é
concedido próximo ao Natal.
“Fui escolhido presidente do Brasil para
atender aos anseios do povo brasileiro. Pegar pesado na questão da violência e
criminalidade foi um dos nossos principais compromissos de campanha. Garanto a
vocês, se houver indulto para criminosos neste ano, certamente será o último”,
escreveu ele na ocasião.
Apenas
nessa fala já se vão, pelo menos, duas promessas não cumpridas: uma foi a de “pegar
pesado” no combate à violência e a criminalidade. Esses quesitos, inclusive, o
combate a corrupção, que também foi uma de suas promessas de campanha, ficaram
muito abaixo do esperado, em alguns momentos, inclusive, Bolsonaro, afastou
quem tentou se empenhar na luta contra a corrupção.
Por
exemplo, agora mesmo, depois da operação de busca e apreensão em endereços de
envolvidos no caso Queiroz, o presidente disse em relação ao Ministério Público:
“Todo poder tem que ter uma forma de
sofrer um controle. Não é do Executivo, é um controle”. Ora, um presidente
que se elegeu com a bandeira da luta contra a corrupção, agora quer calar o órgão
que busca um país mais transparente e livre da corrupção. Isso é, no mínimo,
estranho.
Outra
das promessas descumpridas por Bolsonaro em sua publicação no Twitter, em
novembro de 2018, foi a de não editar mais indultos de Natal. Ele, que disse
que, aquele o indulto de fins de 2018, seria o último, mas acabou de conceder
mais um perdão natalino. Nesta segunda-feira, 23, o presidente assinou decreto
com as regras para o indulto de Natal deste ano. O texto autoriza perdão da pena
para agentes de segurança pública condenados por crimes culposos praticados
durante o exercício da profissão. Crimes culposos são aqueles praticados sem
intenção.
Um
decreto de Natal nunca havia sido concedido a uma categoria em especifico, e
essa é novidade desse decreto. O indulto deste ano também vale para militares
das Forças Armadas que tenha praticado crimes não intencionais em operações de garantia
da Lei e da Ordem. O texto foi publicado nesta terça, 24, e passa a valer a
partir desta data. A justiça terá que ser acionada para que seja concedida a
soltura de cada beneficiado, uma vez que o decreto não tem efeito automático.
A
polícia no Brasil anda tão violenta... Se antes ela atirava para depois
averiguar, essa parece ter se tornado a regra amparada pela lei... Será que
desresponsabilizar agentes de segurança pública ajuda no combate a violência ou
atrai ainda mais violência?
Talvez
sejamos obrigados a concordar com o jornalista, Thiago Amparo, em seu artigo
para a Folha, publicado nesta terá, 24, sob o título Bolsonaro arrisca ao transformar indulto em afago a policiais. Diz o jornalista no artigo: “Simbolicamente, pode-se ler o indulto
natalino de Bolsonaro como uma versão póstuma do projeto de excludente de
ilicitude, morto no Congresso Nacional”
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