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Governo Temer: um governo que agoniza
Posted by Cottidianos
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23:47
Quarta-feira,
28 de junho
“Ele é dono da
justiça
Ele tem um leão ao seu lado
Ele mora na pedreira.
Também ele é Xangô na cachoeira
Xangô meu pai vem me proteger
Xangô meu pai vem me abençoar
Xangô meu pai vem me proteger
Xangô meu pai vem me abençoar...”
(Xangô, Meu Pai
- Compositor: Genaro Da Bahia
/ Interpretação Janaína Reis)
"Hoje, o Senado Federal tomou uma decisão que
entra para a história das grandes injustiças. Os senadores que votaram pelo
impeachment escolheram rasgar a Constituição Federal. Decidiram pela
interrupção do mandato de uma presidenta que não cometeu crime de
responsabilidade. Condenaram uma
inocente e consumaram um golpe parlamentar."
Essas
foram palavras da ex-presidente Dilma Rousseff, dia 31 de agosto de 2016, logo
após o senado federal referendar o processo de impeachment e afastar a
presidente.
Por
muito tempo, Dilma gritou, junto com a militancia do PT, que estava sendo
vítima de um golpe. Se afirmava inocente. Hoje sabemos que de inocente, Dilma
não tinha nada. Ela sabia de todas as irregularidades que rondavam sua campanha
eleitoral, e assinava embaixo. Sabe-se também, há tempos, que nem o PT, nem o
presidente Lula são flor que se cheire.
Mas
quanto a estar sendo vítima de um golpe, analisando os fatos subsequentes, fica
a dúvida: será que Dilma estava com a verdade, pelo menos nesse ponto?
Conhecedores
hoje do carater do presidente Temer, um homem a quem as investigações revelam
frio, e ávido por gordas propinas, ficamos a nos perguntar: quantos conluios
não foram travados nos bastidores entre Temer e o PSDB, entre Temer e Gilmar
Mendes, entre Temer e os demais partidos da base aliada?
Será
que quando, em agosto de 2016, o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo
Tribunal Eleitoral, deu voto a favor do prosseguimento da ação do PSDB que
impugnaria a chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer, chapa vencedora
das eleições de 2014, não estava apenas colocando lenha na fogueira na qual
Dilma já estava ardendo?
Não
estaria Gilmar Mendes pensando mais à frente na substituição da presidente pelo
vice-presidente — seu amigo de visitas e almoços particulares — o que de fato
aconteceu? Isso então explicaria sua radical mudança de posição quando o
processo chegou ao seu final e ele teve que dar o voto de minerva desempatando
a questão, e votando contra a cassação da chapa?
Será
que também o apego do PSDB ao governo não segue a mesma linha? Bem como o
arquivamento do processo de cassação de Aécio Neves, pelo senador peemedebista,
João Alberto Souza, presidente do Conselho de Ética do Senado, não fazem parte
do mesmo pacote de benesses?
Por
falar em apego, é de espantar o apego que o nosso atual presidente tem pela
cadeira presidencial. Lembra uma criança birrenta na qual as mãos parecem criar
garras afiadas quando está agarrada a algum brinquedo, ou coisa, e a mãe ou o
pai fazem menção de tirar de suas mãos.
Rodrigo
Janot, procurador-geral da República apresentou, na segunda-feira (26),
denúncia contra o presidente Michel Temer perante o Supremo Tribunal Federal,
por corrupção passiva. A denúncia foi feita com base na delação dos acionistas
do grupo J&F, controlador da JBS. Janot também apresentou denúncia contra o
ex-deputado federal Rodrigo Loures, homem de confiança de Temer.
A
denúncia de Rodrigo contra Michel Temer marca um fato inédito na história
política brasileira. É a primeira vez que um presidente é denunciado estando
ele no exercício do mandato.
É
muito provável que Janot também apresente outra denúncia contra o presidente
por obstrução à justiça.
Um
dia após a denúncia, na terça-feira (27), Michel Temer fez um pronunciamento à
nação no qual explicaria a denúncia de Janot. O que se viu, porém, foi quase uma
confissão de culpa, pois o presidente, em vez de se defender das acusações do
seu algoz, preferiu partir para o ataque num pronunciamento vazio de sentido e
significado, e cheio de contradições e inverdades.
Que
faz uma pessoa que se sente injustiçada? Às acusações ela apresenta provas
evidentes de que não cometeu nenhum delito. Uma pessoa nessa situação é
cuidadosa em defender sua honra e sua moral, quebrando, um a um os argumentos e
acusações daquele que o acusa.
Em
nenhum momento Temer fez isso. Não explicou nada dos fatos evidentes em provas dos
quais é acusado, nem sobre a relação que tem com o seu fiel servidor “da sua mais
estrita confiança”, Rodrigo Rocha Loures, que, segundo as provas apresentadas
por Janot, e a delação dos irmãos Batista, era quem, atualmente, arrecadava o
dinheiro sujo para o presidente.
E
Temer lá. Naquela posição arrogante, tipo: daqui não saio, daqui ninguém me
tira. O presidente tenta aparentar uma calma em um cenário pra lá de caótico. Temer
aparenta uma calma que mais parece cinismo do que calma.
O
caminho da denúncia agora é, uma vez acolhida pelo Supremo Tribunal Federal,
segue para a Câmara dos Deputados, para a Comissão de Constituição e Justiça,
que tem até dez sessões para debater o caso. É escolhido um relator para o
caso. Depois os advogados do presidente tem prazo de dez dias para
manifestação. Após o que o relator tem cinco sessões para apresentar o voto. Em
seguida, o pedido de autorização é votado em plenário da Câmara dos Deputados. Aí
é que mora o perigo, pois a Câmara dos Deputados pode autorizar o processo o STF
julga a denúncia — se isso acontecer o presidente é afastado por 180 dias — ou
pode rejeitar a denúncia e arquivá-la.
O
que se espera é que os Srs. deputados e Sras. deputadas entendam o doloroso momento
de transformação pelo qual atravessa o Brasil, e respondam com seu voto pelo
prosseguimento da ação.
Porém,
de um Congresso que está pouco se lixando para os princípios de ética,
moralidade, e honestidade, e que parece ter jogado na lata do lixo esses
importantes conceitos para o crescimento moral e econômico de uma nação,
pode-se esperar qualquer coisa, apesar de as provas contra o presidente e seu
assessor, Rocha Loures, serem fartas.
As
provas no Supremo Tribunal Eleitoral também eram fartas quando da cassação da
chapa Dilma-Temer naquela instituição, e a decisão deu-se num empate, e foi
decidida pelo presidente daquela casa, Gilmar Mendes, que isentou o presidente
de culpa, livrando-o da cassação. Que pena que Gilmar Mendes teve a bola do
jogo nos pés, quando estava cara a cara com goleiro, e em vez de fazer o gol, mandou
a bola para longe das redes.
A
verdade é que temos um presidente moribundo, agonizante, e sem moral nenhuma
para nos governar. Que fará ele? Passará o governo todo se defendendo de
acusações? Sim, pois isto é só o começo, certamente, outras virão, e mais
fortes. E o Brasil, presidente, como é que fica? Parado todo esse tempo, e,
principalmente, quando se encontra em meio à tão grave crise?
Xangô,
Xangô, orixá da justiça, olha por nós, e bate tua poderosa machada no chão de
nossas casas legislativas, principalmente, no Congresso Nacional, e na Presidência
da República, e tira de lá os maus e desonestos.