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Amigo da onça

Posted by Cottidianos on 23:02
Segunda-feira, 20 de julho
O que importa é ouvir a voz que vem do coração
(Milton Nascimento, Fernando Brant)



Hoje, 20 de julho, é Dia do Amigo. É com carinho que ofereço a vocês o texto abaixo. FELIZ DIA DO AMIGO!

***



Ah, amigo, amiga! Como diz a bela Canção da América, escrita por Milton Nascimento e Fernando Brant: Você “é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração”. Com você a vida se torna como um dia de sol. Sob os radiantes e calorosos raios de sol dá vontade de ir aos parques, à praia, dá vontade de fazer piquenique, de sorrir. 

Todos os dias deveria ser dia do amigo. Aliás, todos os dias deveriam ser de pais, de mães, dos namorados, também. Quem sabe a vida não fosse mais cheia do brilho e dos encantos da lua?

Mas o fato é que hoje é seu dia! Convenções humanas, mas tá valendo. Coisas da Assembleia Geral das Nações Unidas, que convencionou o dia 30 de julho como Dia Internacional da Amizade. Isso foi em 27 de abril de 2011. Porém, sempre tem os poréns na vida e isso a torna mais interessante.  No Brasil, Uruguai e Argentina, essa data especial é comemorada mesmo, é no dia 20 de julho. Curiosamente, foi esse o dia no qual o homem chegou à lua, não é por isso que a amizade tem um brilho especial, mas que é muita coincidência, isso é.

Na Argentina, a data foi criada por Enrique Ernesto Febbraro. O maluco argentino, em comemoração ao dia 20 de julho, dia em que o homem pisou na lua, enviou cerca de quatro mil cartas para vários países. Ele via nesse fato histórico uma prova de uma que se os homens se unissem não haveria objetivos impossíveis.


Um cachorro pode ser amigo de um homem, afinal, a linguagem, o código universal da amizade, é o carinho, o afeto, o bem querer. Mas, responda rápido: Você seria amigo de uma onça? Não! Pra falar a verdade, nem eu teria coragem de ser amigo de uma onça.

Mas tem gente que tem essa coragem! Não acredita?! Juro que é verdade.

Gruener e Sirga são amigos. Eles moram em Botswana, fronteira com a África do Sul, Namibia e Zimbabwe. Por aqueles campos e savanas eles passeiam muito, e palavras não são necessárias. O que é importante mesmo saber por consciência, ou intuição, que um se preocupa com o outro.

Aconteceu assim: Em 2012, Gruener resgatou um filhote de leoa. Uma leoa havia tido quatro filhotes e, dentro da jaula, os leões mataram três deles. O que sobreviveu foi abandonado pela mãe.

Vendo aquele pequeno e frágil animal, que talvez tivesse, no máximo, dez dias de vida, o fazendeiro Willy de Graaf, teve dó do animal e pediu que Gruener arranjasse um jeito de salvá-la. Vendo a leoa quase sem vida Valentin Gruener, um jovem alemão de vinte e sete anos, que trabalha no Projeto Vida Selvagem Modisa, se encarregou da missão.

O jovem levou a leoa para um parque de vida selvagem, financiado por Willy. A dedicação de Gruener foi total. Ele praticamente tornou-se “mãe adotiva” de pequena leoa, a quem deu o nome de Sirga.



Às vezes o jovem alemão, pensava consigo mesmo: “Esse bichinho fofinho, cheio de energia, correndo pra lá e pra cá, feito criança sapeca, vai crescer e ficar grande e pesado, e o que é que eu vou fazer?”.

Sirga cresceu e, para surpresa geral, homem e animal se tornaram amigos. Passam o tempo correndo por entre os arbustos, e Gruener brinca com a leoa como se estivesse brincando com um gato... Um gato bem grande é verdade. Eles brincam de ficar embaixo das árvores, de lutar e também de caçar. O jovem até pensou em ensinar Sirga a caçar de verdade, mas quem é que vai ensinar padre nosso a vigário. O caçar para os animais e instintivo. Um belo dia eles descobrem que sabem fazer e, mesmo sem que alguém os tenha ensinado, eles voltam para casa com uma presa entre os dentes. Quando for grande e forte o suficiente, Sirga, certamente, voltará para casa com um antílope. É a natureza dela.

E Gruener faz longas caminhadas pelas savanas de Botswana para que seja despertado em Sirga o instinto da caça. Pelo menos três vezes por semana eles fazem longas caminhadas por entre aquelas paragens. Caminham cerca de quatro, cinco horas. Na verdade, os dois amigos meio que caçam juntos. Gruener ensina algumas coisas, dá algumas dicas, digamos assim, mas ao mesmo tempo, Sirga também o deixa participar da brincadeira de caçar.



O parque cedido por Willy de Graaf aos dois, possui cerca de 500 hectares de terra, um lugar pequeno, mas onde eles podem habitar com liberdade. A intenção é de que Sirga não seja devolvida ao mundo selvagem. Afinal de tanta proximidade com os humanos, Sirga acabou perdendo o medo deles, e numa dessas pode levar um tiro de algum caçador assustado.

O interessante nisso tudo é que há sentimento e, coisa impensável entre um homem e uma leoa: abraço. Isso mesmo! Abraços! Toda vez que Gruener abre a jaula, Sirga corre para abraçá-lo, jogando suas pesadas patas no pescoço, mais ou menos como faz um cãozinho que é só alegria quando o dono chega em casa.

É isso, amizade não escolhe cor, nem raça, nem religião, nem quer saber se acontece entre humanos e humanos, ou entre humanos e animais. Ela é gratuita, como gratuito é o ar que respiramos. E, quando verdadeira, é como o aroma de perfumadas flores a invadir os corações.

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