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Demônios na igreja e no santuário

Posted by Cottidianos on 23:50

 Sexta-feira, 14 de outubro

 


Dia 30 de outubro é dia do eleitor brasileiro voltar às urnas para dar um cheque mate. Para decidir que vai comandar o Brasil pelos próximos quatro anos. Queira Deus que tenham a sabedoria necessária para fazer essa escolha.

Além de presidente, os eleitores dos seguintes estados escolherão seus governadores:

Alagoas – Paulo Dantas (MDB) X Rodrigo Cunha (União Brasil)

Amazonas – Wilson Lima (União Brasil) X Eduardo Braga (MDB)

Bahia – Jerônimo Rodrigues (PT) X ACM Neto (União Brasil)

Espírito Santo – Renato Casagrande (PSB) X Carlos Manato (PL)

Mato Grosso do Sul – Renan Contar (PRTB) X Eduardo Riedel (PSDB)

Paraíba – João Azevedo (PSB) X Pedro Lima (PSDB)

Pernambuco – Marília Arraes (Solidariedade) X Raquel Lyra (PSDB)

Rio Grande do Sul – Onyx Lorenzoni (PL) X Eduardo Leite (PSDB)

Rondônia – Marcos Rocha (União Brasil) X Marcos Rogério (PL)

Santa Catarina – Jorginho Mello (PL) X Décio Lima (PT)

São Paulo – Tarcísio de Freitas (Republicanos) X Fernando Haddad (PT)

Sergipe – Rogério Carvalho (PT) X Fábio Mitidieri (PSD)

A campanha dos candidatos está em pleno vapor, e a coisa que menos os brasileiros tem visto ser debatidas são as propostas que os candidatos tem para melhorar o país. São ataques de todos os lados em uma campanha suja, de ambos os lados. O candidato Jair Bolsonaro enveredou pelo caminho enlameado dos ataques, terreno no qual caminha com maestria, e Lula o seguiu nessa senda.

Está bem tenebroso navegar pelas redes sociais, pois elas estão cheias de mentiras e acusações tanto de um lado como de outro. Se ligamos a TV no horário eleitoral gratuito, as coisas não mudam muito. Enquanto isso, as propostas, item fundamental no debate para a escolha de quem governará uma nação vão sendo deixadas em segundo plano.

Vale sempre ressaltar que os ataques e fakews bolsonaristas são bem mais intensos e violentos, pois, como já disse, esse campo eles dominam bem.

Um caso gravíssimo de fakenews, pelo menos o que mais me chocou, foi produzido pela ex-ministra da Mulher, Família, e Direitos Humanos, Damares Alves, senadora eleita pelo Distrito Federal.

                                                                                                Damares Alves

No último sábado, 8, Damares participava de um culto evangélico na Assembleia de Deus Ministério da Fama, na cidade de Goiânia, Goiás. A pastora começou a pregação, e as palavras que os lábios dela pronunciaram não eram palavras santas, nem orantes, mas, sim, mentiras, inverdades, histórias que basta ouvi-las para que saibamos que se tratam de inverdades. E o que é ainda pior, a ex-ministra se aproveitou de um momento de oração, no qual as pessoas estão, de certa forma, fragilizadas, no qual estão tentando se religarem com o divino.

Damares diz no culto que crianças estariam sendo violentadas. Segundo ela, os casos se originariam na ilha de Marajó, Pará. “Fomos para a Ilha de Marajó e lá nós descobrimos que as nossas crianças estavam sendo traficadas por lá. Nós temos imagens de crianças nossas, brasileiras, de quatro anos, três anos, que, quando cruzam as fronteiras, sequestradas, têm os seus dentinhos arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral. Nós descobrimos que essas crianças comem comida pastosa, para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”.

Damares Alves foi ministra da Mulher, Família, e Direitos Humanos no período entre janeiro de 2019 a março de 2022, ainda em sua fala no culto ela afirma que durante o período em que era ministra ela recebeu vídeos que comprovam o que ela dizia. “Eu descobri que nos últimos sete anos no Brasil explodiu o número de estupros de recém-nascidos. Nós temos imagens lá no ministério de crianças de oito dias sendo estupradas. Nós descobrimos que um vídeo de estupro de crianças custa entre R$ 50 mil e R$ 100 mil”.

E, mais uma vez, usa a religião para falar de política: “a guerra contra Bolsonaro que a imprensa levantou, que o Supremo levantou, que o Congresso levantou, acreditem, não é uma guerra política, é uma guerra espiritual”.

Vejam a irresponsabilidade e a gravidade das declarações da senadora recém eleita. Pensem nas crianças que estavam naquela igreja ouvindo aquela fala criminosa, e em como isso afetou o psicológico delas.

Damares disse ainda em sua fala que havia encaminhado essas denúncias às autoridades competentes. Mas que autoridades competentes são essas, não se sabe. A Polícia Federal, o Ministério Público, disseram não ter recebido nenhuma denúncia nos termos postos pela ex-ministra. Entidades que desenvolvem trabalhos com crianças no Pará também disseram desconhecer os fatos citados pela ex-ministra.

Depois que ficou evidente que ela estava mentindo, a ministra disse que a denúncia sobre crianças se baseou em “conversas com o povo na rua”. “O que eu falo no meu vídeo são as conversas que eu tenho com o povo na rua. Eu não tenho acesso, os dados são sigilosos, mas nenhuma denúncia que chegou na ouvidoria deixou de ser encaminhada”, disse ela.

E essa mulher foi eleita senadora. Depois, os eleitores reclamam do Congresso, mas se esquecem de eles mesmo puseram esses irresponsáveis lá.

Outro fato que provocou revolta em quem leva a sério a questão da fé foi o que aconteceu no santuário de Aparecida no dia 12 de outubro, feriado nacional, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

Vendo o público de seus comícios diminuir, Bolsonaro anda em busca de uma foto na qual esteja rodeado de muita gente. No dia 08 de outubro, ele esteve em Belém do Pará, participando de uma das maiores festas religiosas do Brasil: O Círio de Nazaré, festa que homenageia Nossa Senhora de Nazaré.

E no dia 12 de outubro, o presidente foi a Aparecida do Norte. Em Belém, as coisas decorreram dentro de uma certa normalidade. Mas em Aparecida.... Aí os bolsonaristas deram seu showzinho particular.

Sob forte esquema de segurança o presidente foi recebido com vaias e aplausos. Enquanto um grito gritava “mito”, o outro o chamava de “genocida” e “assassino”. Alguns bolsonaristas que assistiam a missa dentro da Basílica vaiaram o padre celebrante. Eles tentaram puxar o coro de “mito’, mas não tiveram adesão. Isso se deu na missa das 14hs. Pe. Eduardo Ribeiro, o celebrante pediu silêncio aos manifestantes e disse aos presentes que preparassem o preparassem o coração, pois tinham ido ali para rezar.  

Do lado de fora, no pátio da basílica, equipes da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo, e jornalistas da TV Aparecida, emissora da igreja católica foram hostilizados por apoiadores do presidente.

Na missa a manhã, Dom Orlando Brandes havia dito que o Brasil precisava vencer muitos dragões: “Temos o dragão do ódio, que faz tanto mal. E o dragão da mentira, e a mentira não é de Deus, é do maligno. O dragão do desemprego, o dragão da fome. O dragão da incredulidade”.

Mais tarde, nas redes sociais, apoiadores do presidente disseram que vaiaram o padre por causa da fala na qual destacava o cenário de fome em nosso país. Para eles, falar de fome e tentar fazer alguma coisa pelas pessoas que sofrem é ser esquerdista.

Após esses lamentáveis episódios em Aparecida, o Pe. Zezinho, um dos expoentes da música católica, se afastou das redes sociais. O religioso anunciou que vai se afastar das redes até o dia 31 de outubro, dia seguinte à votação do segundo turno das eleições. “Continuam a dizer que sou mau padre, que sou comunista e que sou traidor de Cristo e da Pátria porque ensino doutrina social cristã. Espero que estes católicos irados que desqualificam qualquer bispo ou padre que ousa ensinar um fiel a pensar como católicos consigam o que querem. Querem um Brasil direitista ou esquerdista, porque está claro que não aceitam nenhuma pregação moderada que propõe diálogo político, social e ecumênico”.

Com certeza, não foi só o Pe. Zezinho que se afastou das redes sociais. O clima por lá anda muito pesado, tenso, contaminado pelas fake news, e dominado pelo ódio. E, enquanto isso, a gente espera que um raio de esperança consiga atravessar toda essa escuridão e nos trazer um pouco de paz.


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