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Djokovic, o Bolsonaro do tênis

Posted by Cottidianos on 12:34

Domingo, 16 de janeiro

Se a quadra de tênis fosse um reino, Novak Djokovic seria o rei, assentado no trono, tendo na cabeça uma coroa de ouro. O atleta é perfeito naquilo que sabe fazer: jogar tênis. É um gênio nessa modalidade de esporte.

Mas saindo das quadras, tirando a coroa da realeza, e vestindo os trajes de um simples mortal, o sérvio se revelou um idiota. É arrogante, antipático. Essas caraterísticas dele já eram conhecidas. Mas, em 2019, veio a praga do coronavírus — esse vírus que até hoje nos causa preocupação — e o tenista sérvio tirou mais algumas máscaras e revelou caraterísticas que o mundo não conhecia a respeito de sua personalidade.

Djokovic mostrou não ter nenhuma empatia e respeito para com os seus irmãos em humanidade. Revelou-se um negacionista ferrenho, desses que desdenham da doença, rejeitam a vacina, e desprezam a ciência e, para completar, é adepto do movimento antivacina. Se a quadra de tênis fosse um país, o tenista sérvio seria um Jair Bolsonaro na presidência.

Desde os primeiros dias desse ano de 2022, o mundo tem acompanhado com bastante interesse a novela Novak Djokovic, o bad boy do tênis.

O Australian Open, o primeiro grande slam deste ano, começa na segunda-feira, 17. Grandes nomes do mundo do tênis darão o melhor de seus esforços nas quadras australianas, em mais uma temporada do torneio. No Melburn Park jogarão nomes como, Rafael Nardal, Naomi Osaka e Ash Barty.No ano passado, Djokovic, foi o campeão do torneio, levantando seu 9o troféu na Austrália.

Mas no ano passado, ainda estávamos sendo assolados gravemente pela pandemia, e não tínhamos ainda as salvadoras vacinas. Correu o tempo, e correu também cientista de todo mundo em busca de uma solução para a pandemia do coronavírus. Os esforços dele foram bem-sucedidos e, em tempo recorde, tínhamos uma vacina contra o coronavírus.

Com as vacinas vieram também uma série de exigências. Uma delas foi que, para se entrar em determinados lugares, participar de competições, e realizar diversas outras atividades, passou a ser exigido a apresentação da carteira de vacinação. Se já se vacinou, entra. Se não, fica de fora. Simples assim.

Foi numa dessas que, em setembro do ano passado, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, alguns ministros, e outros membros de sua comitiva, estando em Nova York para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), foi obrigado a comer pizza em uma calçada, simplesmente, porque não pode adentrar nas dependências do restaurante novaiorquino que exigia a apresentação da carteira de vacina contra a covid-19.

Com o Australian Open não foi diferente. É exigido do atleta a comprovação de que tomou a vacina, ou apresentar um certificado de dispensa dela, assinado por uma junta médica. Não tendo tomado a vacina, aliás, criticando-a sempre que pode, o bad boy do tênis, resolveu participar do torneio.

Com a permissão dos organizadores do torneio, botou na mala o certificado de dispensa exigido pelas autoridades australianas, junto com o comprovante de que se recuperara de Covid-19 recentemente, e partiu para a Austrália.

Desembarcou na quarta-feira, 5, no aeroporto de Melbourne com um sorriso no rosto. Sorriso esse que logo lhe sumiu do rosto quando, ainda no aeroporto, as autoridades australianas lhe disseram não aceitavam a autorização especial que o isentava da vacina. Djokovic teve o visto de entrada negado e foi informado que teria de deixar o país nas próximas horas.

Era o primeiro capítulo da novela bastante assistida em todo o planeta desde aquele dia. O Jornal Nacional do dia 05 de janeiro chamou o episódio de “vexame planetário”.

Após um interrogatório que cerca de oito horas, as autoridades australianas concluíram que faltava informação na documentação dele. Ele não conseguiu justificar a permissão especial que o dispensava de apresentar o comprovante de vacinação e foi encaminhado a um hotel de refugiados, em Carlton, Melbourne, cujas condições de acomodação são péssimas.

Djokovic recorreu à Justiça Australiana e, na segunda-feira, 10, o juiz federal, Anthony Kelly, concedeu ao esportista o direito de permanecer no país e disputar o Australian Open. O juiz considerou a decisão de barrar o tenista “irracional”, e ordenou que fossem devolvidos documentos pessoais que haviam sido apreendidos no aeroporto, e que Djokovic fosse libertado em 30 minutos.

Na terça-feira, 11, o tenista foi visto treinando na sede do Australian Open, mas sua participação no torneio ainda era incerta.

Nesta sexta-feira, 14, novo capítulo na novela que prendeu a atenção de pessoas dentro e fora do mundo esportivo. O governo australiano decidiu cancelar o visto do número 1 do mundo no tênis, entretanto, ele não poderia ser deportado pois apresentara recurso, e o governo aguardaria o pronunciamento da justiça. Segundo o ministro da Imigração, as razões para cancelar o visto de entrada do tenista sérvio seriam de “saúde e ordem pública”.

E a agitada e tensa trama prosseguiu. Neste sábado, 15, o governo australiano determinou que Djokovic fosse detido novamente no Park Hotel, em Melbourne, o mesmo hotel de refugiados que havia sido detido anteriormente. Ele ficará lá até que a Justiça se pronunciasse sobre o seu processo de extradição por não ter tomado a vacina contra a Covid-19. A audiência foi realizada neste domingo. Os advogados do tenista tentaram obter uma liminar para permitir que ele permanecesse no país e disputasse o Australian Open.

Toda novela, por mais audiência que tenha, chega uma hora que tem o seu último capítulo. Com a novela, Djokovic, bad boy do tênis, não foi diferente. Na madrugada deste domingo, a Justiça australiana indeferiu o pedido de Novak Djokovic para permanecer no país, e disputar a edição 2022 do Australian Open, mesmo sem estar vacinado contra a Covid-19.

A decisão pôs fim a tentativa da defesa do sérvio de reverter o segundo cancelamento de seu visto. O tenista estrearia no torneio já nesta segunda-feira, 17, dia em que o começam as competições. Com o indeferimento do recurso, o tenista sérvio foi obrigado a deixar o país.

Para Djokovic estava em jogo, não apenas mais um Grande Slam, mas a oportunidade de bater o recorde de 21 títulos de Grande Slam ((Australia Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open). Ao ser deportado, o tenista sérvio, número um do mundo, perde o direito ao visto australiano por três anos, ou seja, por três anos ele não poderá disputar o Australian Open. Se Djokovic já vinha arranhando a sua imagem durante a pandemia com suas atitudes inconsequentes, com o episódio Australian Open, ele quebra a sua imagem, além de ser submetido a um “vexame planetário”.

Algumas das perguntas que ficam, caros leitores e leitoras, são as seguintes: Vale a pena prejudicar uma carreira, um emprego, um trabalho, ao dar ouvidos as baboseiras que dizem esse povo do movimento antivacina? Vale a pena insistir em não querer se vacinar quando o mundo, mais uma vez, é sacudido pela Ômicron, nova variante do coronavírus, e por surtos de gripe? É lícito por a própria saúde e a saúde dos outros em risco ao negar a ciência?

Após a decisão, o atleta disse: “Agora vou tirar um tempo para descansar e me recuperar”. Descansar e se recuperar: Apenas isso não basta Djokovic. É preciso que você pense e repense suas atitudes irresponsáveis e inconsequentes que podem, inclusive, pôr em risco a saúde daqueles que se esforçam por seguir todos os protocolos exigidos pela ciência no combate ao coronavírus, inclusive, no ato de tomar a vacina contra a doença, ato que ajudado a evitar tantas mortes por Covid-19. Descanse, Djokovic, pois o mundo já está cansado de pessoas irresponsáveis como você.

O tenista sérvio prova com seu exemplo que ser o número 1 no jogo não significa necessariamente ser o número 1 na vida. Para ser o número 1 no jogo é preciso uma boa dose de talento, habilidade, e técnica, e isso, reconheçamos, Djokovic possui. Mas, para ser o número 1 na vida, é necessário bem mais que isso. É preciso uma consciência expandida, senso de responsabilidade, empatia, amor e respeito ao próximo.

O sérvio provou nessa pandemia que ainda não despertou esses requisitos em sua consciência. A irresponsabilidade dele é tamanha que em junho de 2020, em plena pandemia, organizou o Adria Tour, torneio de tênis cujas partidas se desenvolveram na Croácia e na Sérvia. Um desses jogo chegou a ter 4.000 pessoas presentes nas arquibancadas.

Tudo como se o mundo não estivesse atravessando uma pandemia, nesses jogos não havia a menor preocupação com distanciamento social, máscaras, ou álcool gel. Dane-se a ciência, era a regra nas partidas organizadas por Djokovic. Foi nesse evento que reuniu as 4.000 pessoas que o sérvio, sua esposa e outros tenistas contraíram covid. Ele veio a público pedir desculpas.

A defesa de Djokovic, para justificar a isenção especial que recebeu, afirmar que o tenista tinha se recuperado, recentemente, de Covid-19, apresentou exame. O primeiro teste de Covid teria sido feito em 16 de dezembro de 2021, e depois de não apresentar febre ou dificuldade respiratória ele se candidatou a isenção especial para competir no primeiro grande slam do ano. Tais documentos foram apresentados na segunda-feira, 10, data da audiência do tenista na Justiça australiana.

Como novela boa sempre tem que ter uma pitada a mais de pimenta, chega a respeitada revista alemã, Der Spiegel e diz que o tenista sérvio pode ter falsificado esse exame.

A Der Spiegel confrontou os documentos apresentados pela defesa de Djokovic à Justiça australiana com dados do Instituto de Saúde da Sérvia e verificou inconsistências entre as informações contidas em ambos os documentos.

Um desses indícios apontou que o teste negativo para a covid-19, havia sido produzido antes de um segundo teste com resultado positivo. Outra informação curiosa apontada pela revista é em relação ao QR registrado no teste Covid do atleta, datado de 16 de dezembro.

Quando a Der Spiegel acessou esse código verificou que, no espaço de pouco mais de uma hora, havia dois resultados diferentes para o mesmo código. O resultado do primeiro teste realizado às 13h19min, horário local, aparece como negativo. E no teste realizado às 14h33min, o resultado aparece como positivo.

Outra coisa chama atenção em toda essa confusão. Se Djokovic diz que testou positivo para Covid-19 em 16 de dezembro, por que ele foi a uma cerimônia no Novak Tennis Center, em Belgrado, ocorrido em 17 de dezembro, com menos de 24 horas após teste positivo para Covid-19?

No evento, o tenista foi fotografado, sorrindo com a maior naturalidade, sem máscara de proteção, abraçando crianças e distribuindo prêmios a jovens fãs, nesse evento que era beneficente.

E não parou por aí. No dia seguinte a esse evento, o atleta, postivado para Covid, ao invés de estar em quarentena, estava participando de uma sessão de fotos e dando entrevista para o esportivo francês L’Equipe. Novak Djokovic diz que não sabia que estava com Covid. Ora, quem acaba de fazer um teste para Covid, e pode ter suspeita da doença, se gosta realmente das pessoas que o rodeiam, o certo é se colocar logo em quarentena, e não sair por aí, beijando, abraçando, e dando entrevistas.

A respeito do comportamento de Djokovic, deixo aos leitores e leitoras três alternativas:

A)    Djokovic estava mentindo ao falar que testara positivo para Covid-19.

B)     Ele realmente queria contaminar pessoas, mostrando, dessa forma, seu lado mais cruel.

C)     O atleta é um grande irresponsável.

O caro leitor pode escolher uma delas, ou mais de uma.

***

Davi Seremramiwe, indígena, primeira criança a ser vacinada no Brasil


Aqui no Brasil, temos boas notícias. Já chegaram ao país as vacinas para as crianças. Um grande alívio para os pais que, em meio a escalada de casos de Covid-19, e surto de gripe, veem se aproximar o início do ano letivo. 

Mas as coisas não foram assim tão simples. Dessa vez também teve o fator complicador chamado Jair Bolsonaro a colocar dúvidas sobre a eficiência das vacinas para as crianças. É o “Dr. Bolsonaro” mais uma vez, cumprindo seu papel, de espalhar dúvidas e confusão, e negar a ciência.

Bolsonaro é tão idiota que sabota o próprio governo. Um dia depois que o governo federal anunciou o cronograma de vacinação para as crianças, ele voltou a criticar a vacina direcionada ao público infantil.

A Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] lamentavelmente aprovou a vacina para crianças entre 5 e 11 anos. A minha opinião eu quero dar para você aqui. A minha filha de 11 anos não será vacinada!”, disse ele em entrevista a TV Nordeste, do estado de Pernambuco, na quinta-feira, 6.

Durante a entrevista o presidente também lançou dúvidas sobre a idoneidade dos técnicos da Anvisa. “E você vai vacinar seu filho contra algo que o jovem por si só uma vez pegando o vírus a possibilidade de ele morrer é quase zero? O que é que está por trás disso? Qual é o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual é o interesse daquelas pessoas ‘taradas por vacina’? é pela sua vida? É pela sua saúde? Se fosse estariam preocupados com outras doenças do Brasil, que não estão”, acrescentou ele.

Na entrevista a TV Nordeste Bolsonaro também questionou o repórter se se ele tinha conhecimento de crianças de 5 a 11 anos que tivesse morrido de Covid. Além de ser sádico o presidente também é desinformado, pois, de acordo com o próprio ministério da Saúde, desde o início da pandemia 311 crianças com idade entre 5 e 11 anos perderam a vida por causa da Covid.

As palavras do presidente ecoam na fraca mente de seus eleitores, basta ver nos discursos deles quando falam de vacina.

                                               Antonio Barra Torres - Diretor da Anvisa

No sábado, 8, o diretor presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, deu uma resposta digna de aplausos ao presidente, Jair Bolsonaro, e que merece ser reproduzida na íntegra.

 

Íntegra da nota

Nota – Gabinete do Diretor Presidente da Anvisa, Sr. Antonio Barra Torres

Em relação ao recente questionamento do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, quanto à vacinação de crianças de 05 a 11 anos, no qual pergunta "Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí?", o Diretor Presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, responde:

Senhor Presidente, como Oficial General da Marinha do Brasil, servi ao meu país por 32 anos. Pautei minha vida pessoal em austeridade e honra. Honra à minha família que, com dificuldades de todo o tipo, permitiram que eu tivesse acesso à melhor educação possível, para o único filho de uma auxiliar de enfermagem e um ferroviário.

Como médico, Senhor Presidente, procurei manter a razão à frente do sentimento. Mas sofri a cada perda, lamentei cada fracasso, e fiz questão de ser eu mesmo, o portador das piores notícias, quando a morte tomou de mim um paciente.

Como cristão, Senhor Presidente, busquei cumprir os mandamentos, mesmo tendo eu abraçado a carreira das armas. Nunca levantei falso testemunho.

Vou morrer sem conhecer riqueza Senhor Presidente. Mas vou morrer digno. Nunca me apropriei do que não fosse meu e nem pretendo fazer isso, à frente da Anvisa. Prezo muito os valores morais que meus pais praticaram e que pelo exemplo deles eu pude somar ao meu caráter.

Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar.

Agora, se o Senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate.

Estamos combatendo o mesmo inimigo e ainda há muita guerra pela frente.

Rever uma fala ou um ato errado não diminuirá o senhor em nada. Muito pelo contrário.

Antonio Barra Torres

Diretor Presidente - Anvisa

Contra-Almirante RM1 Médico

Marinha do Brasil

 Bolsonaro disse que a resposta de Barra Torres foi agressiva. Mas continuou atacando a Anvisa e as vacinas. O presidente Jair Bolsonaro possui espírito hitleriano. O führer, e a alta cúpula do III Reich, se alimentavam de confusão, de ódio, e de mentiras. Quanto mais confusão estivesse acontecendo no país e no entorno deles, melhor. As pessoas, mesmo as mais próximas, não eram importantes, eram úteis. Uma vez que não serviam mais, eram descartadas. A paz os irritava. Foi assim que levaram a Alemanha daquele tempo para o abismo. assim agiu o führer. Assim age Bolsonaro. Assim agem os espíritos que estão na escala mais baixa da evolução.



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