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FELIZ 2017
Posted by Cottidianos
on
17:03
Sábado,
31 de dezembro
“Vós, o povo,
tendes o poder – o poder de criar máquinas.
O poder de criar
felicidade!
Vós, o povo,
tendes o poder de tornar esta vida livre e bela...
de faze-la uma
aventura maravilhosa”.
(Charles
Chaplin)
“Aos
trancos e barrancos”, como diz o ditado popular, chegamos ao final de mais um
ano... E que ano, meus Deus do céu!
2016,
para os brasileiros em especial, foi um ano em que tudo aconteceu. Presidente
caiu. Outro não eleito foi elevado a essa condição. Caíram as máscaras de muito
políticos bons-moços. A Lava Jato lavou à jato muito da sujeira, e da podridão
daqueles que conduzem os destinos da nossa nação. Desemprego e inflação
voltaram a bater em nossa porta. Ufa! Calma, não acabou. Ainda tem pelo menos umas
setenta e sete delações premiadas da Odebrecht, que são como metralhadoras
apontadas para as cabeças de diversos políticos, e não de qualquer político,
mas daqueles em quais sempre depositamos certa confiança, ainda que tímida
confiança, pelo que nos acostumamos a ver por aí. A pergunta é: sobrará Brasil
depois das delações da Odebrecht?
Quem
sabe não seja, justamente, nesse momento conturbado de nossa história que
começamos a encontrar o caminho para o Brasil com o qual todos sonhamos: um
Brasil mais próspero, mais justo e mais humano, com melhor aplicação dos
recursos que pagamos em impostos, e com melhor divisão de renda.
E no
mundo, o que vemos?
As
ondas de refugiados invadindo os países, principalmente da Europa, como se
fosse um grande tsunami; o ódio provocado por grupos radicais que fazem sofrer
a tanta gente inocente, perseguida, apenas porque segue essa ou aquela
tendência cultural ou religiosa.
O problema
é que por ambição ou por ódio, os homens estão simplesmente se esquecendo de
que são o que são em essência: humanos. Estão se esquecendo de que o coração
que tem dentro de si não se chama dispositivo, se chama apenas coração, e que
esse órgão vital que bate no peito de um, bate, igualmente, no peito de cada
habitante desse planeta.
Os
homens estão se esquecendo de que fomos feitos para a paz e para a
fraternidade, e não para a guerra e para o ódio, e que se continuarmos nesse
ritmo, em um futuro próximo não teremos mais nem coração, nem homem, nem
planeta. O planeta esse, sim, talvez sobreviva e se refaça como faz uma fênix que
sempre renasce gloriosa das cinzas. Afinal já foram tantas as eras e períodos
que a nossa mãe terra enfrentou, alguns mais quentes, outros mais frios, ela,
porém, sempre resistiu soberana, com mudanças bruscas, é verdade, mas sempre
firme. Os que habitaram essas eras nem sempre. Sumiram, desapareceram no tempo,
viraram cinzas, fósseis, risco no qual também incorre a raça humana, se não
criar uma consciência humana e ecológica.
Este
texto termina dizendo que, mesmo que tenhais enfrentado problemas e
dificuldades esse ano, levantai a cabeça, sacudi a poeira, e daí a volta por
cima. Afinal novo ano começará, e nele as esperanças serão renovadas como serão
renovadas tuas forças no Deus altíssimo que ama e protege aqueles que nele
confiam.
A
todos e todas que acompanham esse blog, FELIZ, E PRÓSPERO ANO NOVO! E que venha
2017!
Abaixo,
o Cottidianos deixa como complemento dessa mensagem, o primoroso texto do
discurso proferido pelo genial Charles Chaplin, no filme, O Grande Ditador, de
1940. Esteja você em qualquer parte do planeta em que estiver, essa discurso
parecerá uno, e é uno a toda humanidade, pois são coisas que precisam ser
gritadas em cima dos montes. São verdades que a humanidade precisa, não apenas
ouvir, mas também, e principalmente, internalizar.
***
Discurso
Final do Filme "O Grande Ditador" (1940) - Speech by Charlie Chaplin
- A Message for All Mankind
Sinto
muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo
governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível –
judeus, gentios... negros... brancos.
Todos
nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos
viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos
de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra,
que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O
caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A
cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio...
e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A
máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos
conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis.
Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos
de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem
essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A
aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas
é um apelo eloquente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal...
à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de
pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres,
criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera
inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem
caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura
de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam
desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de
retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados!
Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos
escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as
vossas ideias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo,
que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e
que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E
com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se
fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados!
Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo
de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um
só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo,
tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o
povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma
aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder,
unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos
assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É
pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só
mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores
liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo,
abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência.
Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam
à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!
Hannah,
estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai
rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos
entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da
cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem
ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da
esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!
Charles
Chaplin - 1940