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O som que vem do Mediterrâneo
Posted by Cottidianos
on
23:54
Sexta-feira,
30 de agosto
Imagem: http://sociaisculturaisetc.blogspot.com.br/2013/08/zubin-mehta-rege-orquestra-filarmonica.html |
Na
noite de domingo, 18 de agosto, ondas sonoras invadiram o ar da cidade de
Campinas, no Estado de São Paulo, espalhando um som de qualidade superior,
distribuindo, especialmente, ao público presente na Praça Arautos da Paz, os
efeitos benéficos que a música dos grandes mestres pode proporcionar. Esse som
veio de longe, de muito longe da pátria Brasil. De onde veio? Do mar
mediterrâneo, de uma república parlamentar, conhecida em todo o mundo como
Israel. Agora ficou fácil adivinhar! Isso mesmo! A Orquestra Filarmônica de
Israel, uma das maiores orquestras do mundo, regida pelo conceituado maestro
Zubin Metha, esteve em Campinas.
O
concerto foi apresentado ao ar livre. Fazia frio àquela noite! Muito frio! E
chuviscava também. Apesar disso, cerca de dez mil pessoas compareceram ao local
para assistir a apresentação. – Tivesse feito calor aquela noite esse público
teria sido, pelo menos, umas cinco vezes maior.
A
expectativa era grande por parte de todos. Homens, mulheres, jovens, velhos,
crianças aguardavam ansiosos pela entrada dos músicos no palco. Quando isso
aconteceu, os músicos foram recebidos com aplausos, muitos aplausos. O concerto
começou com a execução emocionante do Hino Nacional Brasileiro. Zubin Metha
pediu que o público cantasse o Hino durante a execução e a beleza do momento
foi sublime. Em seguida, a orquestra apresentou o Hino de Israel, o público
ouviu respeitosamente. Em seguida, foram apresentadas as peças:
_ Sinfonia Nº
4 em Fá menor, op. 36,
escrita pelo compositor Tchaikovsky.
_ Johann Strauss (filho), dito Johann StraussII – a
abertura da operetaDie Fledermaus. (O
Morcego). Ainda desse compositor foi executada as peças Tritsch-Tratsch Polka e Vozes
da Primavera.
_ O final da segunda Suite da peça musical Dafnis y Cloe, de
Maurice Ravel.
Zubin Metha surpreendeu a todos
quando finalizou o concerto com a música Tico-Tico
no Fubá, do compositor Zequinha de Abreu. Uma das canções brasileiras mais
conhecidas. Uma canção alegre e envolvente que já foi gravada por grandes nomes
da música, como Carmem Miranda e Ray Conniff. A canção, um sucesso nos anos
40,fez parte da trilha sonora de cinco flimes americanos; Alô Amigos (Saludo
Amigos); A Filha do Comandante (Thousandscheer); Kansas City Kity; Copacabana e Escola de Sereias (Bathing Beauty).
Os acordes precisos, as execuções perfeitas, os tempos fortes e
fracos da música e o brilhantismo e a eficiência dos músicos afastou o frio para
bem longe. Ao final todos se sentiram satisfeitos.
A apresentação me fez pensar uma analogia. O corpo humano é uma
máquina perfeita, desde que os seus órgãos, nervos, tecidos estejam em perfeita
harmonia. Somos seiscentos e quarenta músculos, três bilhões de células
nervosas. Tudo isso e muito mais sustentados por um esqueleto que possui a
leveza do alumínio, entretanto mais forte que o concreto e resistente como o
aço. No comando de toda essa complexa engenharia está o cérebro. São 100
bilhões de neurônios, pequenos operários, trabalhando a todo instante, em
intensa atividade, formando conexões que levam e trazem sensações a todo o
corpo através do sistema nervoso. O cérebro funciona como uma eficiente sala de
controle. Através dele são controlados; os movimentos, o sono, a fome, a sede e
muitas a outras atividades vitais à sobrevivência de nossa espécie. Além de
toda essa complexidade, ele ainda é o responsável pelo controle de nossas emoções;
raiva, medo, dor, tristeza, alegria, dentre tantas outras.
Um maestro está para uma orquestra, assim como o cérebro está para
o corpo humano. É ele o líder, aquele que vai conduzir os seus músicos aos
acordes perfeitos, a sonoridade expressiva. Conhece a função de cada
instrumento, suas caraterísticas, seus timbres, alturas e intensidades. Antes
de submeter uma música a sua orquestra o maestro já teve um contato solitário
com o compositor através do estudo da partitura. A experiência o fez decorar
acordes e melodias. O som que passa despercebido aos ouvidos da imensa maioria
encontra eco na audição perfeita do regente. E o que dizer das suas mágicas
mãos? Nelas e nos instrumentos se concentra a atenção dos músicos durante uma
apresentação. Literalmente, em suas mãos está o andamento da peça musical. Como
o cérebro, ele funciona como centro de controle do sistema musical. A mão ágil
do maestro garante que os instrumentos de cordas, sopros, metais e percussão
executem rigorosamente o tempo rítmico, a dinâmica e o andamento imaginado pelo
compositor no momento de criação da peça musical.
Ao final o inconfundível som dos aplausos mostra que a eficiência
do maestro, a qualidade da orquestra e a beleza do som agradaram aos ouvidos do
público, tornando suas almas mais leves e seus espíritos mais elevados.