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Jair Bolsonaro, o presidente

Posted by Cottidianos on 23:28
Quarta-feira, 31 de outubro



29 de outubro de 2014.
Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Brasil.
Dois dias haviam se passado desde que a presidente Dilma Rousseff fora reeleita presidente do Brasil. Os petistas estavam em festa, ainda saboreando o gosto da vitória. Os peessedebistas amargavam a derrota do candidato Aécio Neves. Fora uma eleição apertada, marcada por ataques pessoais entre os candidatos desde o primeiro turno.
Fake news haviam sido utilizadas à exaustão. Circulara pelas redes sociais um vídeo de um homem caído ao chão. Motivo: havia cheirado cocaína depois de uma noite de farra. O rosto do homem na foto estava borrado, mas atribuiu-se a ele a figura do senador Aécio Neves. Outra notícia que circulou pelas redes foi a de que a filha de Dilma Rousseff era dona de mais de 20 empresas. Urnas eletrônicas haviam sido adulteradas. Até morto teria doado dinheiro. Circulou também a notícia de que o candidato Eduardo Campos, morto em acidente aéreo quando estava em campanha presidencial, teria doado 2,5 milhões de reais para sua sucessora, Marina Silva.
Todas essas notícias e muitas outras mais circularam pelas redes naquela campanha presidencial, tanto no primeiro quanto no segundo turno. Obviamente, tudo fake news. Notícias falsas mais falsas que uma nota de três reais, que nem existe.
Àquela altura, a operação Lava Jato já fazia seus estragos revelando ao Brasil os podres que ocorrem no submundo do mundo político. A insatisfação e decepção dos brasileiros com todo esse sistema de corrupção, com os partidos políticos e seus integrantes, aumentava cada vez mais, um sentimento, particularmente, direcionado ao PT e seus dirigentes.
Ao fim de todo o processo eleitoral, ainda ao final do dia 26 de outubro, dia da votação em segundo turno, fechadas as urnas e divulgado o resultado oficial, Dilma Rousseff conseguiu ser reeleita, mais uma vez com o apoio do seu padrinho político, Luís Inácio da Silva. Ela obteve 51,64% dos votos válidos (54.501.118 votos). Junto com ela estava Michel Temer.
Dois erros graves de Lula, dois erros que lhe custariam à vida política: o primeiro escolher Dilma Rousseff para concorrer naquelas eleições. Poderia ele mesmo ter se candidatado. Teria continuado seu projeto de poder e dominação da nação brasileira... E teria escapado das garras da justiça. O segundo erro fatal foi escolher Michel Temer (PMDB) para vice de Dilma. Temer, como se sabe, viria a orquestrar, sorrateiramente, nos bastidores de Brasília, a queda da presidente, assumindo ele próprio, a faixa presidencial. 
O candidato do PSDB, Aécio Neves, veio logo atrás com 48,36% dos votos válidos (51.041.155 votos).
Os ânimos dos brasileiros estavam exaltados desde que os protestos populares tomaram as ruas em meados de 2013 e se estenderam pelo ano de 2014, contra a corrupção a falta de segurança e contra os gastos milionários nas construções de estádios e em toda a estrutura que estava sendo montada para receber os jogos e visitantes para a Copa do Mundo.
Os Brasileiros diziam: “Não vai ter Copa” e presidente replicava em tom de teimosia “Vai ter Copa” numa queda de braço inútil, uma vez que o evento já estava marcado com antecedência e o calendário dos jogos montado.
Os políticos tradicionais, os quais chamamos de “as velhas raposas da política” não deram a mínima para o grito de insatisfação que vinha das ruas. Torceram o nariz a toda àquela barulheira e gritaria. Talvez porque estivessem, a grande maioria deles, enredados nas teias da corrupção. Aves de rapina pegando dos cofres da nação tudo quando podiam.
Mas um deles não. Prestava atenção muita atenção em todo esse movimento de cartas no tabuleiro da política... E sentiu que poderia, naquele tabuleiro, dar um xeque mate. Bastava apenas estudar um pouco mais as peças e movimentos do xadrez político... E acreditar no impossível.
Que pensamentos devem ter se passado na cabeça de Jair Messias Bolsonaro quando se sentou sozinho, na mesa de sua casa, e decidiu que era o momento de montar um projeto político que o levasse à presidência da República? Jair acabara de se reeleger, naquelas mesmas eleições de 2014, o deputado federal mais votado do estado do Rio de Janeiro com 464.572 votos, já usando, naquela época, um discurso antipetista.
Por que não tentar vôos mais altos? Porque não se alçar a desafios maiores? Por que não tentar o impossível?
Na verdade, Bolsonaro até já havia tentado se lançar como candidato a, presidente ainda nas eleições de 2014. Ele era do PP, à época, um partido com uma bancada de 40 deputados, mas já envolvido até o pescoço, junto com o PT, nos desvios que dilapidaram os cofres da Petrobrás.
O PP era um partido que, como tantos outros no Brasil, praticava o fisiologismo partidário que é quando as decisões partidárias são pautadas, não pelo bem comum e social, mas pela troca de benefícios e favorecimentos em interesses privados. Alinhamento ideológico não existe nesses partidos. Para seus integrantes a regra é apoiar quem dá mais, quem tem mais poder, não importando se esse alguém está ou não do lado do povo.
Era junho de 2014 e, mesmo com o seu partido surfando nas ondas lamacentas da corrupção, Bolsonaro resolveu se apresentar ao partido como candidato a candidato a presidência. Ele mesmo sabia que não que não tinha chance de ser eleito, mas mesmo assim, queria entrar na corrida á cadeira presidencial.
Os líderes do partido devem ter ponderado: “Bolsonaro é um deputado polêmico. Suas declarações não o ajudam em nada a obter apoio. Anda sempre por aí pelos corredores de Brasília sozinho. Na bancada da câmara mergulha no celular, alimentando redes sociais, não atrai outros deputados ao seu convívio”. Por essas e outras razões disseram a ele um sonoro “não”. Foi então que ele resolveu se candidatar novamente a deputado, tarefa na qual obteve grande êxito como já vimos.
E foi ali, na solidão da fortaleza de seu lar, que ele, sentado em uma mesa, resolveu que ser presidente seria um projeto e não ilusão. E qual terá sido a reação de sua esposa Michelle, a segunda pessoa a saber da sua louca pretensão? E os filhos? A quem foi posteriormente comunicado a decisão. Pelo andar da carruagem devem ter embarcado de cabeça na aventura.
 O fato é que Bolsonaro, talvez impulsionado pela sua votação que o elegeu o deputado federal mais votado do Rio, talvez já pela intensidade do apoio que já emanava das redes sociais, voltou aos trabalhos na Câmara dos Deputados em 2015 com o firme propósito de disputar a faixa presidencial em 2018.
Bolsonaro podia até se sentir sozinho em Brasília, sem muita gente ao seu redor entre seus pares, mas já havia descoberto a força das redes sociais. Através delas viu o seu grupo de apoiadores aumentar cada vez mais. Era chamado de mito. As imagens de Bolsonaro aclamado pela multidão, já eram bem conhecidas daqueles que o seguiam pelas redes sociais, isso há três anos antes desta eleição. Observando o resultado que estava sendo obtido através delas, Bolsonaro foi fazendo uso cada vez mais intenso dessa nova plataforma. Tudo o que fazia, era compartilhado nas redes.
Ele passou a acreditar que era possível o seu sonho maluco.
Em um evento na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAM), em dezembro de 2014, ele dizia: “Estou disposto em 2018, seja o que Deus quiser, tentar jogar para a direita esse país”.
Já no retorno aos trabalhos na Câmara dos Deputados, no início de 2015, em conversa com o deputado Carlos Manato (PSD-ES), um dos poucos deputados com os quais confabulava, ele disse em tom de confidência:
Essa foi minha última campanha como deputado. Vou sair para presidente em 2018. Ao que Manato apenas acenou negativamente com a cabeça, como quem diz: “Está louco!”
Bolsonaro disse a mesma coisa para o deputado Alberto Fraga (DEM-DF). Ao que o deputado respondeu:
Rapaz, tenta o Senado. O Senado é o melhor quadro para você. Você se elege tranquilamente. E acrescentou em tom de brincadeira: “Você sabe que nós somos pessoas polêmicas, e que se a gente ficar sem mandato o que vem de processo em cima da gente é uma coisa absurda.
Alberto Fraga relativizou um pouco na brincadeira. Bolsonaro não era apenas polêmico: ele ultrapassava a fronteira do polêmico. Talvez uma forma de chamar atenção, quem sabe? Pois, mesmo sendo um deputado que não tinha muita influência estava sempre em voga.
Veio o ano de 2016 e Bolsonaro decidiu ir à luta em busca de um partido que acolhesse e aceitasse o seu sonho de sair candidato a presidente nas eleições de 2018.
Em janeiro daquele ano, Jair troca o PP, que era um partido da base do governo, por um partido independente chamado PSC. O novo partido acolheu o candidato, mas não seu projeto. Bolsonaro então resolveu bater em outra porta. O PEN (Partido Ecológico Nacional) aceitou ter Jair Bolsonaro em seu quadro e se propôs a promover sua pré-candidatura à presidência da republica. Mas as divergências começaram antes mesmo da filiação ao partido. Duas questões se faziam necessário resolver para que o casamento entre deputado e partido fossem concretizados.
O primeiro deles é que Bolsonaro era um crítico ferrenho da política ambiental e o próprio nome do partido já mostrava de cara que as visões entre um e outro nessa questão não se combinavam. Conversa vai, conversa vem, em agosto de 2017 o partido mudou de nome e, em abril de 2018, o PEN passou a se chamar Patriota.
Resolvido o problema da nomenclatura, as negociações já estavam em estagio avançando quando, ainda em agosto daquele ano, Bolsonaro descobriu que o PEN havia entrado junto ao Supremo Tribunal Federal com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) contra uma decisão em que aquele órgão determinava o cumprimento da pena imediatamente a partir do julgamento em segunda instância, e não após serem esgotados todos os recursos conforme procedimento que vinha sendo adotado pela justiça.
A ação impetrada pelo PEN era um tiro no coração da Lava Jato. Comentando a questão, o deputado disse na ocasião: “É um noivado (com o PEN), espero que possa evoluir. Se essa ação prosperar, é o fim da Lava-Jato. É uma questão grave. Acredito que o partido possa ter feito de boa fé. Mas como vou chegar num debate presidencial e alguém falar "teu partido enterrou a Lava-Jato"? Dou meia volta e vou embora”. Outro fator que incomodou bastante o deputado foi que o partido havia escolhido para entrar com a ação o advogado Antonio Carlos de Almeida, que também era advogado de José Dirceu. 
A ação impetrada pelo partido interessava e muito a políticos condenados na Lava Jato, de modo especial aos petistas, e de forma ainda mais especial ao presidente Lula. Além de ferir de morte a Lava Jato, a ação também feria de morte o discurso antipetista de Bolsonaro. O jeito foi dizer ao presidente do partido, Adilson Barroso, um muito obrigado pelo convite, mas estou caindo fora. Vou procurar outro casamento.
Enfim, como todo pretendente a um casamento, hora ou outra acaba encontrando a noiva ideal, Bolsonaro flertou com o PSL e com ele se casou em março deste ano. Também não foi assim chegar em casa e tá tudo bem, numa boa. A entrada do deputado no partido causou desconforto. O Conselho Acadêmico Livres, mais conhecido como movimento Livres, surgido no início de 2016, incubado no PSL, detinha 12 dos 27 diretórios do partido. Em sua página na Internet denominada Livres, assim eles se definem: “Somos um movimento liberal suprapartidário que desenvolve lideranças, políticas públicas e projetos de impacto social com o objetivo de renovar a política e construir um Brasil mais livre junto com as pessoas que mais precisam”.
O Livres achou que o projeto de Jair Bolsonaro era incompatível com o projeto deles. Em nota, na ocasião, o movimento disse: “Agora, infelizmente, Livres e PSL tomam caminhos separados. A chegada do deputado Jair Bolsonaro, negociada à revelia dos nossos acordos, é inteiramente incompatível com o projeto do Livres de construir no Brasil uma força partidária moderna, transparente e limpa”.
E assim, foi Jair Bolsonaro entrar por uma porta e o Livres sair pela outra.
E dessa forma também Jair Bolsonaro foi construindo sua imagem de candidato, e desconstruindo e contrariando os manuais da velha política.
E os manuais da velha política rezam que para ser bem sucedido em uma campanha eleitoral na qual se disputa o cargo de líder máximo da nação é preciso 1o) que o candidato seja pertencente a um grande partido que disponha de grande capital econômico, que seja capaz de montar alianças com outros grandes da política, alianças essas que lhe rendam um tempo máximo de rádio e TV, marqueteiros milionários que maquiem com perfeição o candidato a ponto de lhe esconder a menor das rugas de defeitos, e todas essas complexas e intrincadas estruturas que se requer de todas as grandes eleições que envolvem grandes partidos.
E o candidato do PSL chegou sem nada disso. O tempo que conseguiu e que lhe era destinado no horário eleitoral gratuito foram apenas 8 segundos, sem muito dinheiro investido na campanha, isso se comparada aos seus concorrentes de partidos tradicionais da política brasileira como o MDB, PT, e PSDB. Chegou também sem grandes alianças e sem grandes bases eleitorais. Também não fez questão de ser educado com as palavras. Ao contrário sua boca era uma metralhadora potente com balas direcionadas, especialmente, aos petistas.
Apesar de não ter tanto espaço no rádio e na TV, soube usar com uma tremenda eficiência o poder das redes sociais. E o resultado foi o que se viu durante o primeiro e segundo turno: um tsunami bolsonarista invadir o Brasil de norte a sul e de leste a oeste. A cada investida dos adversários. A cada denuncia da imprensa ao invés do candidato murchar ele crescia cada vez mais nas pesquisas.
Tudo ia muito bem na campanha, quando, de repente, um grande susto. Na véspera do feriado do Dia da Independência do Brasil, dia 06 de setembro, o candidato Jair Bolsonaro percorria as ruas da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Era aclamado pela multidão e carregado em triunfo nos braços dela. Um anônimo entre a multidão sacou de uma faca e atingiu o candidato na barriga. Depois se soube que o algoz de Bolsonaro se chamava Adélio Bispo de Oliveira, preso logo após a tentativa de homicídio. O home disse que praticou o ato por discordar das idéias de Bolsonaro.
Perdendo muito sangue, Bolsonaro foi levado às pressas ao hospital de Juiz de Fora onde foi submetido a uma cirurgia para estancar a hemorragia. O que o salvou foi a curta distância entre o local onde ele fazia sua campanha e o hospital. Fosse mais longe este, talvez o candidato não tivesse sobrevivido.
No dia seguinte, 07 de setembro, o candidato foi transferido para o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, 12 horas após a cirurgia na Santa Casa de Misericórdia, em Juiz de Fora. Lá foi submetido a outros procedimentos hospitalares. Enfim, fora de perigo recebeu alta e foi para sua casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Lá, por recomendações médicas, passou o restante da campanha quase recluso, sem sair às ruas para fazer campanha, nem participar de debates. Agora, já na reta final do segundo turno, os médicos o consideraram apto a participar de debates, mas dessa vez foi o candidato que não mais se dispôs a participar de nenhum deles. Mesmo assim, manteve o favoritismo.
E assim, Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, esse militar da reserva, descendente de italianos e alemães, cuja boca mais parecia uma metralhadora a atirar contra negros, homossexuais e outras minorias, que é fã do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, e que acha que a ditadura foi uma fase boa que o Brasil viveu, foi eleito no último dia 28 de outubro, com 55,13% dos votos válidos para comandar o Brasil pelos próximos quatro anos.
A esposa, Michelle Bolsonaro, 20 anos mais nova que o marido, em Entrevista ao Fantástico, refuta as acusações impostas ao marido: “Ele não é nada disso. Ele é taxado que ele é racista, que ele é machista, que ele é homofóbico, mas é tudo mentira. Infelizmente são rótulos que não são verdades”.
É o que o Brasil espera Michelle.
A verdade é que saíram da metralhadora do capitão balas bem ácidas e provocativas, que não chegaram a matar ninguém, mas com certeza, feriram muita gente, como as seguintes:
"Através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada! Só vai mudar, infelizmente, se um dia nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez: matando uns 30 mil, começando com o FHC, não deixar para fora não, matando! Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente." (1999)
"Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre. Vou botar esses picaretas para correr do Acre. Já que gosta tanto da Venezuela, essa turma tem que ir para lá" (2018)
"Somos um país cristão. Não existe essa historinha de Estado laico, não. O Estado é cristão. Vamos fazer o Brasil para as maiorias. As minorias têm que se curvar às maiorias. As minorias se adéquam ou simplesmente desaparecem" (2017)
"Por isso o cara paga menos para a mulher (porque ela engravida)" (2014)
"90% desses meninos adotados [por um casal gay] vão ser homossexuais e vão ser garotos de programa com toda certeza"
"O cara vem pedir dinheiro para mim para ajudar os aidéticos. A maioria é por compartilhamento de seringa ou homossexualismo. Não vou ajudar porra nenhuma! Vou ajudar o garoto que é decente" (2011)
"Quem usa cota, no meu entender, está assinando embaixo que é incompetente. Eu não entraria num avião pilotado por um cotista. Nem aceitaria ser operado por um médico cotista" (2011)
A questão é que em toda eleição há o discurso do candidato, aquele discurso que é feito para ganhar a eleição e um discurso que é feito para governar, que é o discurso do líder de estado. Se o estadista quiser gozar de respeito verdadeiro entre os seus compatriotas e perante a comunidade internacional, terá na maiorias das vezes, que abandonar o discurso infantil do candidato e adotar um discurso e, mais que isso, uma ação moderada e conciliadora. O Brasil dividido do jeito que está precisa de alguém que o torne unidade.
Afinal, diz Jesus Cristo no evangelho que nenhum reino dividido pode permanecer de pé. E mais do que nunca o Brasil precisa permanecer de pé. É isso que todos, brasileiros e brasileiras, esperamos: que Bolsonaro abandone o discurso do candidato e encarne o presidente. Que nos apresente um projeto de nação, e não uma projeto de poder como era plano do partido derrotado por ele nestas eleições.
Além do mais o presidente é cristão, seguidor de Jesus Cristo. E as palavras pronunciadas por Bolsonaro, nem em sonhos, seriam ouvidas na boca do mestre Jesus. E se fossem, certamente, quem as estaria pronunciando não seria o Jesus dos evangelhos.
E mais uma curiosidade, presidente Jair Bolsonaro. Se, no momento em que o Sr. Foi levado ao hospital, na Santa Casa de Juiz de Fora, e relembrando a sua frase em relação ao cotistas
"Quem usa cota, no meu entender, está assinando embaixo que é incompetente. Eu não entraria num avião pilotado por um cotista. Nem aceitaria ser operado por um médico cotista" (2011)
Se naquele momento em que o Sr. se esvaia em sangue, estivesse a sua espera na mesa de operação um médico cotista negro, por acaso o Sr. faria valer o seu egoísmo e rejeitaria ser operado por ele? Preferiria morrer? Abandonar família, esposa e filhos em nome de uma convicção boba?
É Sr. presidente, há momentos na vida em que é necessário jogar na lata do lixo nossas convicções egoístas pelo simples fato de que o sábio tempo e a sábia vida nos apresentam lições mais importantes a serem aprendidas e apreendidas.
A verdade é que os partidos políticos transformaram o Brasil numa pátria onde tudo pode se for a favor de si próprio e dos próprios interesses em detrimento da população que lhes deu o mandato através do voto.
A certeza de impunidade fez muitos rirem das leis, das próprias instituições, e do povo em geral. Por causa dela, meteram as mãos nos cofres públicos como se deles fossem o dinheiro lá contido. Roubaram, roubaram e roubaram sem cerimônia. Precisávamos mesmo de alguém com pulso firme para botar ordem em toda essa bagunça. Precisávamos também de alguém com coração suave para curar os desenganos e traições sofridos durante todos esses anos. Esperamos que Jair Bolsonaro tenha as duas coisas: pulso firme e coração suave. Isso só o tempo nos mostrará.
 Outro ponto a destacar é que a metralhadora do candidato sempre foi apontada, especificamente, contra o PT. Porem, todos agora sabemos, depois do evento da Lava Jato, que a corrupção no Brasil não está apenas no PT. Ela se alastrou por todos os partidos como erva daninha que vai se ramificando e estragando até as plantas frutíferas. Por exemplo, por ocasião do processo de impeachment de Dilma Rousseff estavam na berlinda a presidente e também o, à época, presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Cunha era acusado dos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, e evasão de divisas, crimes pelos quais foi condenado a 15 anos de prisão em 2017.
Estando os dois na berlinda, Dilma e Cunha, Jair Bolsonaro era um ferrenho opositor da presidente do Brasil, tendo inclusive, protocolado o primeiro pedido de impeachment contra Dilma, em março de 2015. Não sem razão o protocolo foi feito naquela data, 13 de março de 2015. Dali a dois dias estavam marcadas manifestações contra o governo da petista em todo o país.
Quanto a Eduardo Cunha, Bolsonaro relativizava. Em entrevista ao Correio Braziliense, em novembro de 2015, em relação ao então presidente da Câmara, ele dizia: “Não acredito que ele se safe dessa. A cassação é voto aberto, não é secreto. Não existe corrupto sem corruptor. Enquanto a Petrobras estava com as portas abertas, tudo o que interessava a Lula e a Dilma era aprovado aqui. Quem é mais criminoso, o mandante ou o corruptor? Todos têm que pagar, mas a pena para o corruptor tem de ser maior. A culpa é da Dilma Rousseff. A corrupção aqui era projeto de poder. Porque, enquanto eles estavam aprovando o que bem entendiam, o governo ia implementando as suas políticas”.
Teria a balança da justiça de Bolsonaro dois pesos e duas medidas? O governo dele no próximo ano estará aí para provar ou desmentir isso?
O certo é que um exemplo bom podemos tirar dessa ascensão de Jair Bolsonaro ao poder: Se você tem um projeto e acredita nele, feche os ouvidos às criticas dos negativistas e pessimistas, e siga em frente. Pois o impossível pode acontecer se você estiver determinado a correr atrás dos seus sonhos.
No mais, parabéns e votos de um governo prospero e sereno ao novo presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro.


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O duelo chega ao fim

Posted by Cottidianos on 23:58
Domingo, 28 de outubro


A fé move montanhas, diz um ditado popular.
Neste domingo, dia 28 de outubro, a comunidade católica, mundo afora, celebrou São Judas Tadeu. O santo foi um dos doze que compunham o grupo de discípulos de Jesus Cristo. Nascido na região da Galileia. Seu pai, Alfeu era irmão de José, pai adotivo de Jesus, e Maria Cléofas, sua mãe, era prima-irmã de Maria, aquela do qual nasceu aquele que viria a ser a pedra angular do cristianismo. Na Cultura popular, São Judas Tadeu é o santo das causas impossíveis.
Neste mesmo domingo, 28, os brasileiros foram às urnas, para mais uma vez, escolher o líder da nação, aquele que comandará os destinos do país pelos próximos quatro anos, a começar em primeiro de janeiro de 2018.
Esta eleição não foi um retrato das demais. Em muitos aspectos diferiu das anteriores.  Inclusive, da eleição que serviu de cenário para o clássico embate entre Fernando Collor e Luís Inácio Lula da Silva, em 1989. Pode-se dizer que o tempero das eleições anteriores, fossem quais fossem os candidatos, foi a esperança. Mesmo quando em 1989 os partidários de Collor usaram o medo do comunismo como método para tirarem votos de Lula — método no qual foram bem sucedidos — a tônica era a esperança. Esperança de que, depois de anos, vivendo na escuridão da ditadura militar, a esperança renascesse como renascem as flores primaveris. Esperança de que mãos amordaçadas e bocas caladas voltassem a experimentar a liberdade. Era uma época em que o Brasil sonhava com liberdades democráticas.
Outro dos momentos marcantes no cenário eleitoral foi em 2002. Nas eleições daquele ano foram para o segundo turno os candidatos Luís Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB). Durante a fase de propaganda eleitoral gratuito, o PSDB exibiu um vídeo da atriz Regina Duarte no qual ela dizia em relação a possível vitória de Lula: “Tô com medo. Faz tempo que eu não tinha esse sentimento, porque sinto que o Brasil nessa eleição corre o risco de perder toda a estabilidade que já foi conquistada. Eu sei que há muita coisa ainda a ser feita, mas também tem muita coisa boa que já foi realizada. Não dá pra ir tudo pra lata do lixo. Nós temos dois candidatos a presidência. Um eu conheço, que é o Serra. É o homem dos genéricos, o combate à AIDS. O outro eu achava que conhecia, mas hoje eu não conheço mais, tudo o que ele dizia mudou muito. Isso dá medo na gente...”
Nestas eleições, pouco se ouviu falar de esperança. É como se o povo brasileiro tivesse desistido dela. Mas é compreensível. Afinal quando se está lutando contra um inimigo apenas nos concentramos nele e perdemos o ângulo de 360 graus, perdemos a capacidade de enxergar aquilo que nos rodeia. As coisas estão lá, ao nosso redor, mas não percebemos, não nos damos conta. E há um inimigo que nos tira o sossego, a esperança de dias melhores, a ser combatido: a corrupção.
Dessa vez, o medo voltou. Os dois lados, PSL e PT o propagaram largamente. Jair Bolsonaro acenava com a possibilidade de, caso o PT vencesse as eleições, o Brasil se transforma numa Venezuela — recurso também usado pelo PSDB de Geraldo Alckmin, cujo desempenho nestas eleições foi ridículo. Do outro lado, Fernando Haddad acenava aos eleitores com a possibilidade de o Brasil vir a se tornar uma Corea do Sul — o candidato não chegou a usar a citação a esse país, ela é apenas usada neste texto apenas como paralelo, como contraponto — um dos países mais fechados do mundo, se Bolsonaro fosse eleito.
Talvez sem darem conta disso os dois candidaatos ameaçaram os eleitores com as mesmas armas pesadas com a qual atiravam um contra o outro. A verdade é que se o PT flertava com a Venezuela de Nicolas Maduro, o PSL flertava com o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, ídolo de Bolsonaro.
Enfim, como em toda a guerra há que ter um vencedor e um perdedor, as urnas celebraram, neste domingo, 28 de outubro, dia de São Judas Tadeu, o santo das causas impossíveis, a vitória do candidato Jair Bolsonaro. O resultado já era esperado. Desde que o imbróglio que foi o anuncio da candidatura de Lula pelo PT — um verdadeiro estelionato eleitoral, uma vez que o partido sabia que ele não podia ser candidato após a condenação em segunda instância — foi desfeito, e Haddad assumiu a cabeça da chapa petista, todos os resultados das pesquisas de intenção de voto anunciavam a vitória do candidato Jair Bolsonaro, que quase levou a faixa presidencial no primeiro turno.
Com 100% da urnas apuradas, Jair Bolsonaro (PSL) obteve 55,13% dos votos válidos (57.797.073), e Fernando Haddad obteve 44,87% (47.039.291).
Os eleitores de Bolsonaro estão com a alma lavada, não necessariamente por causa da vitória do candidato, mas pela derrota do PT. O grito de vitória que grassa na consciência da maioria daqueles que votaram no candidato do PSL parece ser, não o de “elegemos Bolsonaro”, mas o de “derrotamos Lula e o PT”.
O PT, como já disse esse blog foi o grande cabo eleitoral do Bolsonaro. Foi quem o pariu, para usar uma expressão mais visceral. De que forma o PT de Lula é o pai do Bolsonaro? Quando não ouviu o grito que vinha das ruas, desde 2013. Há tempos o povo vinha gritando: “Estamos fartos de corrupção e roubalheira”. Os políticos de todos os partidos, as velhas raposas não souberam decodificar essa mensagem. Continuaram a fazer ouvidos de mercador a todos esses pedidos. Continuaram a rir da cara do povo e roubar e roubar cada vez mais. Pedidos de desculpas à nação pelos erros cometidos? Nenhum. Primeiro porque para pedir desculpas por alguma coisa é preciso ter a humildade e reconhecer que se fez algo de errado.
Por acaso alguém viu essa honrosa atitude de reconhecer que não agiu bem de algum dos petistas ou peessedebistas, ou de algum outro partido?
Mas um desses políticos, que até o ano passado era apenas um deputado folclórico do baixo clero que falava um monte de asneiras e controversias as quais ninguém dava importância, percebeu esse movimento, e, sorrateiramente, há algum tempo atrás, começou a usar a força das redes sociais para conquistar seus eleitores. Difundir seu ódio contra o PT... E fez disso sua plataforma eleitoral.
Às favas os seus discursos de ódio contra negros, homossexuais, e outras minorias. Às favas também os seus discursos a favor da ditadura e seus elogios ao coronel Carlos Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores durante o regime militar no Brasil.
O importante era que ele falava contra os corruptos do PT. O importante era que ele prometia armar a população como se cada um em seu governo fosse agir como soldados de si mesmos em meio a uma sociedade desigual, que, mesmo sem essa denominação formal, é dividida em castas, onde os pertencentes as castas mais altas desfrutam de regalias e privilégios dos quais as castas mais baixas não tem acesso, sendo que todos pagam os mesmos impostos.
O resultado é que um candidato com um dos menores tempos de TV derrotou outros com tempo suficiente no horário eleitoral gratuito. As plataformas mudaram. A mentalidade dos candidatos da velha política, não.
O problema é que as novas plataformas são perigosas, ao mesmo tempo em que são úteis. É como uma arma que pode ser eficiente ou ineficiente, que pode trazer resultados positivos ou negativos dependendo da mão que a maneja, e da consciência que aperta o seu gatilho.
É preciso ter cuidado e não sair por aí compartilhando, e muito menos acreditando em notícias sérias postas em plataformas, como por exemplo, o Facebooke Whattasp. É preciso ter critérios, fazer uma checagem antes em outros veículos de comunicação que são fontes mais confiáveis.
Coisa que não aconteceu nestas eleições. Ao contrário, o que se viu foi uma enxurrada de notícias falsas de ambos os lados, isso tanto nas campanhas para os governos estaduais quanto para a campanha presidencial. Uma irresponsabilidade sem tamanho já usadas em campanhas anteriores, mas exacerbadas nestas eleições que agora chegam ao fim.
Essa também foi uma eleição pitoresca no sentido também de que os dois candidatos a ir para o segundo turno foram os que tinham os maiores índices de rejeição entre os eleitores.
O que se espera agora é que Jair Bolsonaro, o novo presidente do Brasil, respeite a constituição e a democracia, que entenda no contexto atual, não há lugar em nosso país para a volta da ditadura e o fechamento de instituições como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. E que também reconheça que um país é formado por maiorias e minorias e nem por isso privilégios e regalias sejam destinadas apenas a classe A, afinal todos pagam impostos, todos votam, todos tem os mesmos anseios e esperanças de um Brasil melhor.
O que se espera é que o Partido dos Trabalhadores façam uma reavaliação do seu agir e entenda que o que Brasil precisa não é de um projeto de poder de um partido político, mas de um projeto de nação. O Brasil não quer a perpetuação de um grupo político no poder. O Brasil precisa de alternância e de líderes que o tirem do atraso moral e econômico em que ele se encontra.
O que o Brasil precisa e espera é de governantes que tenham a consciência de que os inimigos do país não são as minorias, mas sim, aqueles empresários, políticos, e cidadãos comuns que com suas práticas corruptas levam o país ao fundo do poço da falta de moral e ética, que por sua vez atuam como forças que sugam nossas riquezas econômicas e financeiras.
Que São Judas Tadeu dê uma força para Bolsonaro no Palácio do Planalto para que ele faça o impossível, primeiro afastar de nosso país esse sofisticado esquema criminoso e corrupto que se instalou na máquina pública, e segundo para que ele mesmo, Bolsonaro, não entre no jogo sujo do esquema e não venda a alma ao diabo como fizeram alguns de seus antecessores.



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Entre a cruz e a espada

Posted by Cottidianos on 01:47
Quinta-feira, 18 de outubro

Fernando Haddad e Jair Bolsonaro

Peça decorativa. Ela está ali para que mesmo? Para decorar o ambiente, é verdade. Não possui em si mesma uma função essencial. Apenas serve como adereço. Caso seja despida de beleza, ou sem valor, se retirada do lugar ninguém nem ao menos perceberá.
É esse o papel que teve o presidente Michel Temer nessas eleições. Simplesmente foi ignorado. Ninguém se lembrou dele. Ninguém o quis nos palanques, muito menos sair ao lado dele na foto. Nem mesmo os do próprio partido. Final mais melancólico, impossível. Eleições? Antes que o eleitor pense que este blog silencia sobre elas, falemos sobre isso mais abaixo. Antes vamos dar mais uma olhada nessa peça decorativa sem beleza e sem valor que é o governo deste senhor, que, por ora, comanda nosso país, estando com os dias contados para sair do comando do barco.
No dia de ontem, quarta-feira, 17, a polícia colocou mais uma nota triste na trilha sonora desse melodrama de baixo valor que foi o governo de Temer. Foram 13 meses de investigação minuciosa e de pedidos de prazo de prorrogação para averiguações. A PF concluiu o inquérito que apurava se o presidente Michel Temer, e seus capachos, digo, grupo político, que o circundava, haviam recebido propina de empresas do setor portuário em troca de oferecer a elas vantagens indevidas.
A investigação foi fundamentada em um decreto assinado pelo presidente, no ano passado, no qual prorrogava o prazo de concessões de áreas públicas a empresas do setor portuário. Como em todo o inquérito sério, foram tomadas todas as medidas incisivas a fim de instruir o inquérito, inclusive a quebra de sigilo telefônico, bancário, e fiscal dos envolvidos.
O coronel Lima, amigo de Temer, era peça fundamental nesse esquema. Eram as empresas dele que serviam para captar recursos advindos de propinas da Rodimar. Como sempre, a engenharia do crime arranjava modos de inventar complexas operações financeiras para disfarçar o dinheiro ilegal que entrava na conta do presidente. Essas operações ilegais passavam pelas empresas de fachadas ligadas ao coronel. O inquérito da PF aponta ainda pagamentos feitos pelo grupo Libra.
Grande parte dessa propina chegou a Temer disfarçada de reformas imobiliárias, por exemplo, a reforma feita na casa de Maristela Temer, filha do presidente. A reforma feita na casa de Maristela começou em 2013 e foi até 2015. De acordo com as investigações, pelo menos R$ 1 milhão usados na reforma foram oriundos de propina.
Além de Michel Temer, e da filha dele Maristela Temer, foram indiciados pelo crime de corrupção passiva, o coronel João Batista Lima, e sua esposa, Maria Rita Fratezi, Carlos Alberto Costa, sócio do coronel, Carlos Alberto Costa Filho, filho de Carlos Alberto. Foram indiciados por corrupção ativa o empresário Antonio Celso Grecco, e Ricardo Mesquita, ambos da Rodrimar, e Gonçalo Torrealba, do grupo Libra. O contador Martins Ferreira também foi indiciado. No pacote de indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, e lavagem de dinheiro, não podia ficar de fora, o ex-assessor de Temer, e ex-deputado, Rodrigo Rocha Loures, aquele que aparece em filmagens recebendo uma mala de dinheiro da JBS.
A PF pediu a prisão preventiva do coronel Lima, de Carlos Alberto Costa, da esposa do coronel Maria Rita, e de Almir Martins. O ministro do STF, Carlos Alberto Barroso, em despacho, proibiu que os quatro saíssem do país.
No mês de maio do ano passado, o presidente Michel Temer assinou o decreto que prorrogou de 25 para 35 anos, os contratos de concessões de empresas da área portuária, podendo chegar até 70 anos. Segundo as conclusões do inquérito da PF, entre os anos de 2000 e 2014, cerca de R$ 6 milhões em propinas foram repassadas pelas empresas do setor portuário ao presidente Michel Temer, e outros 17 milhões, também oriundos de propina foram parar nos cofres do MDB.
A conclusão óbvia desse indiciamento, cujas investigações estiveram sob o comando do delegado Cleyber de Malta Lopes, é de que o presidente Michel Temer assinou o decreto dos portos com a finalidade de beneficiar as empresas do setor, e, com isso, arrecadar propina para si mesmo e para seu partido.
Lembremos ainda que no decurso desse caso, ainda houve a conivência do O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, que, em fevereiro deste ano, disse em entrevista à Reuters, que não via indícios de crime na investigação contra Michel Temer no caso do decreto dos portos. Segovia sugeriu ainda que o inquérito fosse arquivado, foi mais além, e ameaçou de sanções o delegado responsável pelo caso. Diante de tantas polêmicas e declarações desastrosas, Fernando Segovia foi demitido do cargo no final de fevereiro, encerrando sua breve e tumultuada passagem como comandante da Polícia Federal. Ele ficou apenas três meses no cargo. Se estivesse ainda no comando, certamente, essa seria mais uma sujeira a ser jogada para debaixo do tapete.
E assim, em período recente, temos uma presidente que sofreu impeachment devido a crimes fiscais, um ex-presidente preso, e o atual presidente indiciado. Uma lástima para a democracia brasileira, e um sinal de que as instituições jurídicas brasileiras funcionam, ainda que alguns magistrados insistam em remar contra a correnteza do estabelecimento da moral e da ética.
E foi sob o pano de fundo desse nefasto e vergonhoso enredo que foi se armando o cenário político atual.
O primeiro turno das eleições presidenciais chegou e passou como passam as águas de uma chuva tão inesperada e forte que é capaz de pegar a todos desprevenidos, arrastando tudo o que encontra pela frente, casas, móveis, carros, telhados. Caminhamos para o segundo turno, para a decisão final, no meio das mesmas águas turbulentas e lamacentas que inundaram o turno anterior destas inusitadas eleições.
O resultado, como vocês já sabem, foi a ida para o segundo turno dos candidatos, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), dois extremos, duas polarizações... E os petistas encontraram um adversário à altura, capaz de trapacear e jogar com as mesmas cartas sujas. As fake news que invadiram as redes sociais estão aí para provar isso.
Quanto aos outros candidatos, tiveram um desempenho pífio. Marina Silva, candidata da Rede, derreteu. No início, ela aparecia bem colocada nas pesquisas de intenções de votos, com chances de chegar a um segundo turno, porém, o que se viu foi uma candidata caindo cada vez mais no abismo dos números dos institutos de pesquisas.
Mariana não obteve o mesmo êxito das duas campanhas anteriores em que disputou: 2010 e 2014. Na primeira, ela obteve 19,6 milhões de votos, e na segunda, 22,1 milhões. Apesar de não ter ido para um segundo turno nessas duas eleições, pode se dizer que ela obteve uma votação que pode se considerar expressiva.
Dessa vez, entretanto, finalizada a apuração dos votos, ela ficou atrás de candidatos que passaram a campanha inteira amargando os últimos lugares nas pesquisas, como por exemplo, Cabo Daciolo (Patriota) e Henrique Meirelles (MDB). Não conseguiu segurar os votos que tinha, nem formar coalizões fortes, além de enfrentar algumas divergências dentro do próprio partido, e obteve apenas 1,06 milhão, o que equivale a 1% dos votos válidos. E olhem que começou esta campanha com boas chances de ir para o segundo turno.
Perto do estreante em campanhas eleitorais, Henrique Meirelles, e da veterana Marina Silva, Daciolo foi vencedor. O candidato investiu apenas R$ 808 reais, enquanto Meirelles investiu 53 milhões, e Marina investiu 4,9 milhões, mesmo assim Daciolo terminou as eleições à frente dos dois.
E o PSDB? O partido pagou um preço bem caro por sua determinação em ficar no barco de Temer quando desabaram as denúncias de corrupção sobre o governo dele. As urnas deram o recado. Geraldo Alckmin, candidato tucano à presidência, mesmo tendo formado uma ampla coalização, o que lhe deu bons cinco minutos no horário eleitoral gratuito, mesmo assim, teve um resultado pífio. Aberta as urnas, Alckmin teve apenas 4,76% dos votos válidos (5.102.873). Para quem já esteve quatro vezes no comando do estado de São Paulo como governador, foi um resultado bem medíocre. Ainda com relação ao PSDB os eleitores vacilaram quando elegeram Aécio Neves (PSDB) para deputado federal, bem como quando elegeram Gleise Hoffman (PT) também para deputada federal. Erraram daqui, acertaram dali, é o jogo da democracia. Um dia a gente ainda aprende a fazer jogadas de mestre neste tabuleiro. Por enquanto ainda estamos na fase do fazer experiências para aprender a jogar de verdade.
Ciro Gomes (PDT) foi quem mais se aproximou de um segundo turno depois de Haddad. As pesquisas indicavam que ele era um candidato em potencial a derrotar Jair Bolsonaro no segundo turno. Porém, talvez por terem relacionado Ciro Gomes a envolvimentos anteriores com o PT, os eleitores acabaram não votando no candidato.
E assim o eleitor brasileiro colocou o país numa encruzilhada, uma situação de suicídio eleitoral. Só não sabe ainda que arma usar: se o revolver com balas de ouro ou de prata.
Chegamos ao segundo turno, com a polarização entre dois extremos radicais: um partido que representam os interesses da esquerda, o PT de Lula? Ou de Fernando Haddad? E outro que representa a direita radical, o PSL, de Jair Bolsonaro.
De um lado, um candidato que representa os interesses de um partido que jogou no lixo a moral e a ética em defesa dos próprios interesses. O líder desse partido está preso por crimes de corrupção, mesmo assim, é quem dá as cartas na campanha presidencial de seu partido de dentro da cadeia, fazendo com o que o candidato, Fernando Haddad, que encabeça a chapa petista, funcione mais como um preposto do ex-presidente.
Lula, certamente, é muito ardiloso, tanto é que demorou muito tempo para que a justiça chegasse nele, mas cometeu pelo menos uns quatro erros graves. Escolher Dilma Rousseff para ser sua sucessora, escolher Haddad para ser candidato nestas eleições, não ter feito um pedido de desculpas a nação, e não ter preparado lideranças para o partido.
Na esteira dos erros cometidos por Lula e pelo seu partido, sempre se fazendo de vítimas, desdenhando das instituições, e se colocando acima da lei, é que surgiu a figura controversa de Bolsonaro. Bolsonaro é cria do PT. Quando o Brasil forma a onda bolsonarista que não para de crescer, o eleitor, na verdade, não está votando em Jair Bolsonaro, mas sim, contra o PT, é a lógica às avessas do chamado voto de protesto. Estaríamos melhores se o voto fosse de consciência, em vez de protesto.
Nesse segundo turno, o PT mudou de roupa, da mesma forma que as serpentes mudam de pele. Primeiro, por ordem do próprio Lula, o seu preposto, Fernando Haddad não tem mais feito as costumeiras visitas à cadeia em busca de orientação. O partido abandonou o tradicional vermelho e passou a usar o verde e amarelo, cores usadas pelo adversário. Ora, todos sabem que não se muda a personalidade apenas mudando a roupa. Uma mudança para ser mudança de verdade precisa ser feita na essência, e não na superfície.
Do outro lado, está um candidato racista, homofóbico, e defensor de torturadores. O candidato a presidente tem alimentado os seus eleitores, basicamente, do ódio contra o PT, e isso tem funcionado. Suas propostas são bem gerais. Nada de especifico é dito sobre seu programa de governo.
Por exemplo, ele defende o combate ao crime através de uma atuação mais atuante das polícias contra os bandidos, e defende também a liberação do porte de armas. As classes médias e altas compram essas ideias, como compram batatas em promoção nas feiras livres. Ledo engano. Esse é um caminho, mas não o ideal.  Tais ações são apenas paliativas. As causas da violência no Brasil apenas serão combatidas na raiz quando for solucionada a grande desigualdade social que reina no país, quando formos um país com uma distribuição de renda mais justa e igualitária. O abismo entre pobres e ricos em nosso país é grande, é preciso construir pontes sobre esse abismo se quisermos classes sociais integradas e harmoniosas.
O outro caminho que nos levará a fazer morrer a criminalidade e o atraso moral é o investimento em educação de qualidade. Quer combater a violência, arme as escolas e os professores de melhores condições de salário e de trabalho e o que era trevas se fará luz.
Se essas atitudes não forem adotadas, apenas viveremos na ilusão de um país que vai bem andando com pés de barro num corpo de ferro.
A batalha nesse segundo turno é, como diz o editorial do estadão do dia 15 de outubro, entre dois planos de governo: um “que não vale o papel que em que está escrito” referindo-se ao PT, e outro que plano de governo que “nem existe” referindo-se ao PSL.

Vale destacar ainda que essa talvez seja uma das eleições mais violentas desde a redemocratização. Os ânimos dos eleitores estão exaltados faz tempo. A citar o próprio Jair Bolsonaro que recebeu uma facada durante visitas aos eleitores, em Belo Horizonte, que quase lhe tirou a vida, vinda de um homem que não concordava com suas posições políticas agressivas. Na Bahia ocorreu o inverso, o mestre de capoeira, Mestre Moa do Katendê, foi esfaqueado após uma discussão sobre política. Moa defendia Haddad enquanto seu agressor defendia Bolsonaro. 
Mestre Moa do Katendê, foi entrevistado por este blog em dezembro de 2014, sob o título Mestre Moa do Katendê: Uma luz que se irradia da Bahia para o mundo – Parte I e parte II. Ao mestre, as homenagens desse blog. Que ele seja bem recebido do outro lado do caminho.

O fato é que é bem pouco provável que Jair Bolsonaro não seja eleito presidente do Brasil no domingo, 28 de outubro. A verdade é que o Brasil está, desculpem a expressão, uma zona. Um país que perdeu a compostura, e está sem norte e sem rumo, resultado de décadas de práticas corruptas, aperfeiçoadas durante os governos petistas.
Os parabéns deste blog vai também para os maiores cabos eleitorais do candidato Jair Bolsonaro, aqueles que forneceram toda a munição para que um discurso de ódio invadisse o país: os petistas e seus líderes insanos. Diante da situação caótica em que se encontra o nosso pais, Bolsonaro com seu discurso de moralização, talvez seja um mal necessário.

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Fanatismos perigosos

Posted by Cottidianos on 00:22
Quarta-feira, 03 de outubro

Jair Bolsonaro e Fernando Haddad


Sectário, o que é um sectário?
Ele é alguém que, segundo os dicionários, “faz parte de uma seita, doutrina, religião, política ou filosofia”.
Ora, todos nós, de um modo ou de outro, fazemos parte de algum grupo cujo combustível são as ideias, sejam elas de cunho político, religioso, doutrinário ou filosófico. Enquanto participantes desses grupos não abandonamos nossos princípios, nossas convicções pessoais. Em outras palavras, mesmo ouvindo os discursos e ordens do dirigente, ainda nos sobra muito de senso crítico para diferenciar aquilo que é certo do que é errado. Somos capazes de discernir entre aquilo que é normal e o que é absurdo.
O sectário, não. Ele segue as ideias do grupo em que está inserido até as últimas consequências. Os homens e mulheres bombas das seitas mais radicais estão aí para provar isso. É como se alguém lhe tirasse o cérebro, as emoções, e lhe colocasse no lugar chips eletrônicos. Assim, o homem não é mais homem, mas sim, uma espécie de robô, que não dirige a si próprio, não age de acordo com a própria consciência. O homem-robô é guiado pelo regime. E se o regime lhes manda se jogar montanha abaixo é isso que farão.
Temos inúmeros exemplos da implantação desses regimes mundo afora. Por exemplo, a Coréia do Norte: um dos países mais fechados do planeta. Um povo que obedece, cegamente, o líder Kim Jong-um. A Coréia do Norte é um bom exemplo de que a dominação das mentes não á apenas uma obra de ficção, mas uma realidade presente em nosso tempo, assim, como o foi em outras eras. A Alemanha de Hitler é outro bom exemplo. Ou seria mau exemplo? A febre global que é a Internet, não existe para os coreanos. Se eles querem navegar nas ondas eletromagnéticas, que usem uma espécie de Intranet, muito bem controlada pelo governo, igual a tudo naquele país. Coisas de Facebook, e outras redes mundiais, nem pensar. Contudo, os coreanos idolatram o líder como quem idolatra a um Deus. É uma lavagem cerebral muito bem-feita.
Enfim, aqui no Brasil, chegamos à fase final do primeiro turno da campanha eleitoral... E é inusitada a cena política que se desenrola diante de nossos olhos.
Depois de uma campanha eleitoral absolutamente atípica, talvez a mais pitoresca dos últimos tempos. Tivemos até um ex-presidente condenado em segunda instância e cumprindo pena de prisão querendo concorrer a presidência, e seu partido fazendo e tentando todas as manobras possíveis e imagináveis para que este fato se concretizasse, para isso, tentando driblar de todas as formas a lei vigente, recorrendo e usando como argumento um parecer do Comitê de Direitos Humanos da ONU que recomendava que Lula participasse das eleições. Os petistas queriam que essa recomendação da ONU tivesse força de lei.
Enfim, depois desses vendavais de paixões, chegamos aos últimos dias de campanha eleitoral entre dois radicais: Fernando Haddad (PT), e Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as intenções de voto para a presidência, enquanto o candidato petista, após a oficialização de sua candidatura, e tendo herdado os votos que seriam destinados ao ex-presidente, vem atrás, em segundo lugar nas pesquisas eleitorais.
Fernando Haddad, por si só, não chega a ser aquilo que conhecemos por radical, porém, o candidato encarna, dizendo de outra forma, herda, o radicalismo de seu partido. Jair Bolsonaro, sim, é o radicalismo em pessoa. Ex-militar, racista e preconceituoso, e que, por ocasião do seu voto no impeachment da ex-presidente, Dilma Rousseff, dedicou seu voto ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que torturou muita gente durante a ditadura militar no Brasil.
Na verdade, Jair Bolsonaro, soube canalizar bem o ódio e a insatisfação que grande parte dos brasileiros tem sentido pela classe política. Foi em sua direção que correram aqueles que durante as manifestações populares em nosso país, gritavam por ordem e contra a corrupção.
Em 2013, essas manifestações tomaram o país, e, sem bandeiras, e sem partidos, levaram o povo a unir em um só pacote, digamos assim, várias reivindicações: por uma melhor educação, por mais segurança, e pelo fim da corrupção, dentre outras.
Depois vieram, protestos mais específicos em 2015 e 2016, que eram mais direcionados aos desmandos feitos pelo PT, em relação à administração da coisa pública, e pela onda de corrupção que se instalou na máquina estatal, tendo esse partido grande responsabilidade pelo esquema criminoso que se instalou no país.
Todo esse ódio, a palavra é forte, mas é assim que sentem os brasileiros em relação à classe política, foram canalizados em votos a favor do candidato Jair Bolsonaro.
Alie-se à toda essa insatisfação com a corrupção que move as engrenagens das empresas e instituições públicas, às quais possuem forte elo com as empresas privadas — especialmente as do ramo empreiteiro — à questão da segurança pública e da violência urbana que tem chegado a níveis insuportáveis e alarmantes em todo o país, principalmente, no Rio de Janeiro.
Os governos, ano após ano, foram deixando que o crime organizado se fortalecesse ainda mais, e, hoje ele se tornou uma pedra no sapato das autoridades do setor de segurança pública, uma vez que seus vermes contaminaram servidores de instituições como a própria polícia. O crime organizado só existe e é tão forte porque o lado podre da polícia acoberta, protege àqueles a quem deveria combater.
Aproveitando-se de todos esses fatores, Jair Bolsonaro se apresentou como o novo messias, aquele que viria a libertar o povo de todas as suas angústias, livrá-los da corrupção, e armá-los, para que, dessa forma, a escalada do crime fosse contida. Também nessa área, prometeu agir com rigor contra os bandidos.
Mas os sinais são claros.... Como diz o ditado, pelo fruto se conhece a arvore.
Em janeiro deste ano, a Folha de São Paulo publicou reportagem em que denunciava que o candidato a presidente, Jair Bolsonaro, estava usando verbas de gabinete para pagar uma conhecida dele, em um distrito a cerca de 50 km de Angra dos Reis (RJ). A mulher de nome Walderice Santos da Conceição, 49 — chamada pelos amigos, e pelo próprio deputado, de Wal — vendia açaí, em pequena loja, de nome, Wal Açaí, por coincidência (?) na mesma rua onde fica a casa de veraneio do deputado, em uma pequena vila, chamada de Vila Histórica de Manbucaba. Ainda segundo a Folha, moradores da região afirmaram que ela também prestava serviços na casa de Bolsonaro.
O que chama atenção em tudo isso é que Wal figurava como um dos 14 funcionários do gabinete do deputado, em Brasília, e recebia um salário bruto de R$ 1.351,00.
Em abril deste ano, em uma palestra no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, Bolsonaro fez afirmações de cunho racista e preconceituoso contra negros e quilombolas. Ele prometeu que, caso seja eleito, vai acabar com as demarcações de terras para essas populações.
Em relação aos indígenas ele afirmou: “Pode ter certeza de que, se eu chegar lá, não vai ter dinheiro pra ONG. Esses inúteis vão ter que trabalhar. Se eu chegar lá, no que depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola. Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí”.
Quanto aos quilombolas, o comentário também foi preconceituoso: “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas (arroba é uma medida usada para pesar gado; cada uma equivale a 15 kg). Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles”, disse o deputado.
Por diversas vezes, também as mulheres e a classe LGBT foi alvo dos comentários ferinos de Bolsonaro. Em uma delas, no ano de 2011, a cantora Preta Gil, filha de Gilberto Gil, participava do programa CQC, quando enviou uma pergunta em vídeos ao deputado perguntando o que ele faria se o filho dele se apaixonasse por uma negra, ao que Bolsonaro respondeu: “Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem-educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu”.
Afora essas polêmicas questões, Jair Bolsonaro também é a favor da redução dos direitos dos trabalhadores, segundo ele, com o objetivo de gerar mais empregos: “Aos poucos, a população vai entendendo que é melhor menos direitos e [mais] emprego do que todos os direitos e desemprego”, disse ele em uma palestra para empresários, em São Paulo. 
Durante uma entrevista para diversos veículos de comunicação, no ano de 2016, o deputado afirmou o seguinte em relação às maiorias e minorias: “Maioria é uma coisa, minoria é outra. Minoria tem que se calar, se curvar à maioria, acabou. Eu quero respeitar é a maioria, e não a minoria”.
Em fevereiro deste ano, em um discurso, uma espécie de comício de pré-campanha, —não se sabe ao certo o local, mas o vídeo está no Youtube — ele voltou a reafirmar sua posição em relação a esse assunto: “Como somos um país cristão, Deus acima de tudo! Não existe essa historinha de estado laico, não! É um estado cristão. Vamos fazer o Brasil para as maiorias. As minorias têm que se curvar às maiorias. A lei deve existir para defender as maiorias. As minorias se adequam ou simplesmente desapareçam”.
Ora, um estado deve ser laico no sentido de que deve acolher a todos, cristãos e não cristãos. Afinal, todos, indistintamente, pagam os mesmos impostos, e, como cidadãos, pertencente à mesma pátria, à mesma nação, tem os mesmos direitos e os mesmo deveres a cumprir. Sem contar que o discurso religioso, em muitas épocas, e em muitos lugares, serviu, e ainda serve atualmente, como poderosa ferramenta de dominação. É preciso fazer uma leitura criteriosa do uso do nome de Deus, pois que, pode ocorrer, querendo, em nome de Deus, agir justamente, o cidadão, o cristão, pode acabar se distanciando em muito dos ensinamentos do mestre Jesus, e praticar a injustiça em vez de justiça, exclusão, em vez de inclusão.
Recentemente, o presidenciável teve que correr para botar panos quentes em uma declaração de seu vice, o general Hamilton Mourão. Durante uma palestra para os empresários do setor do comércio em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, Mourão disse que o pagamento do 13º salário era uma “jabuticaba nas costas dos empresários”. “Temos umas jabuticabas que a gente sabe que são uma mochila nas costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras: 13º salário. Como a gente arrecada 12 (meses) e pagamos 13? O Brasil é o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais. São coisas nossas, a legislação que está aí. A visão dita social com o chapéu dos outros e não do governo”, disse o general. Os empresários, claro, gostam de ouvir esses discursos... e apoiam Bolsonaro.
Não há como não fazer comparações entre Bolsonaro e Trump. Entretanto, Nina Schneider, historiadora da Universidade de Colônia, Alemanha, considera Bolsonaro um pouco mais perigoso. “Bolsonaro é muito mais radical que o presidente americano. Ele faz comentários racistas, homofóbicos e sexistas. Mas o pior é elogiar em público os torturadores, isso o torna muito mais perigoso do que o Trump”, diz ela em reportagem da revista Fórum.
Outro fato a destacar é que Bolsonaro em 26 de anos de Congresso Nacional, em sua vida como deputado, só conseguiu aprovar dois projetos dos 171 que apresentou. Dos dois projetos do deputado que viraram lei um era o que estendia o benefício da isenção de Impostos sobre Produtos Industrializados para bens de informática, e outro o que autorizava o uso da “pílula do câncer”, a fosfoetanolamina sinética. O deputado até que se mostrou bastante atuante, mas o número de projetos apresentados por ele revela que suas ideias não estavam em consonância com a instituição.
No outro extremo, temos Fernando Haddad, o candidato do Lula. Para início de conversa, Haddad assumiu a prefeitura de São Paulo em 2012 após uma disputada eleição com José Serra (PSDB). O PT deu todo apoio ao Haddad, mas sua administração à frente da capital paulista se revelou medíocre. Tanto é que tentou a reeleição em 2016 e perdeu para o candidato João Dória (PSDB). Dória venceu a eleição por 3.085.187 (53,29% dos votos válidos), enquanto Haddad teve apenas 967.190 (16,70% dos votos válidos). O candidato do PT teve menos votos do que o número de votos brancos e nulos que somaram 1,1 milhão de votos.
Se tivesse sido um bom gestor, os paulistanos, certamente, o reelegeriam. É bem verdade que a situação para os petistas, de modo especial nas regiões Sul e Sudeste já estava bem desgastada.
Essa campanha eleitoral foi, de longe para os petistas, a mais tumultuada, por eles próprios, diga-se de passagem. O pesadelo para os petistas começou com a condenação em segunda instância do messias deles, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. A legislação brasileira, através da Lei da Ficha Limpa diz que candidatos condenados em segunda instância não podem concorrer à cargos públicos.
Mesmo sabendo de tudo isso, os petistas armaram um verdadeiro circo, tentando de todas as formas driblar a lei. Apregoaram aos quatros cantos do mundo que a prisão de Lula se dera por motivos políticos, que ele era uma vítima, e blá, blá, blá. Até o último momento insistiram em que Lula era o candidato do PT, até que a candidatura dele foi indeferida, e, na reta final, entrou o candidato Haddad, que antes figurava como vice de Lula.  
A verdade é que o Partido dos Trabalhadores é responsável por toda essa confusão em que se encontra o país atualmente. O partido sob o comando de seu “chefe” institucionalizou a corrupção no país como prática comum. E para esse festim diabólico chamou todos os demais partidos, e todos comeram e se fartaram às custas da nação.
Às vésperas da eleição, a divulgação da delação premiada do ex-ministro petista, Antonio Palocci, vem confirmar aquilo que todos, à exceção dos petistas, já sabiam: que Lula sempre teve conhecimento de todos esse esquema criminoso que tomou conta da Petrobras, sendo ele mesmo, o próprio Lula, quem indicava os diretores para os cargos chaves, aqueles que era possível arrecadar grande parte do dinheiro para o PT e para os partidos “aliados”.
Durante todo esse tempo, do escândalo do mensalão até agora, o PT não fez nenhuma meia culpa, nem pedido de desculpa à nação, nem aos seus seguidores. Ao contrário, sempre se fez de vítima, de coitadinho, de perseguido pelas elites.
Deu no que deu: está se formando no país um outro tipo de radicalismo, talvez até mais perigoso do que o radicalismo petista.
Quem sabe o voto útil, que é aquele no qual o eleitor vota para não ver nenhuma das opções principais ganhar, quem sabe o voto desses eleitores consiga virar o jogo. E aí estaria a chance de presidenciáveis como Ciro Gomes, Marina Silva, Geraldo Alckmin, João Amoedo, ou Álvaro Dias.
Domingo (07), o Brasil vai novamente às urnas. À exceção de Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, os demais candidatos estão bem abaixo nas pesquisas. Não conseguiram convencer o eleitor e fazer frente aos líderes nas intenções de votos.
O cenário eleitoral nesta reta final de eleições é um livro aberto. Tudo pode acontecer, mas, a julgar pelas manifestações de apoio ao candidato do PSC, Jair Bolsonaro, é muito provável que as eleições sejam definidas já neste domingo. Vamos esperar até lá para ver o que acontece.
Seja para que lado penda a balança no domingo, o negócio é respirar fundo, prender a respiração... E apelar para os céus.
O ideal seria que o eleitor brasileiro, pelo menos dessa vez, agisse baseado na razão e não entregues às paixões. Isso já aconteceu em passado bem recente da história de nosso país, e mais de uma vez. Em todas as vezes que a ação se deu baseada e tendo como argumento os arroubos da paixão, o resultado foram apenas lágrimas e decepções. Isso porque, diante do mar revoltoso da vida, a paixão é como um frágil barquinho que se agita pra lá e pra cá, correndo, muitas vezes, o risco de naufragar. A paixão cega, impede que vejamos as imperfeições do outro, e nos faz ver somente um futuro de ilusões e promessas, escondendo as imperfeições que saltam aos olhos, e estão frente à frente conosco e fingimos não ver.
Mas o que temos visto é, justamente, o contrário, o vento das paixões está soprando forte novamente, cegando os brasileiros como o canto das sereias cega os marinheiros... E os marinheiros encantados com tão bonito canto se vão docemente afogar nas ondas do mar profundo.


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