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Entrevista concedida pelo Papa Francisco à Rede Globo/GloboNews – Parte 1

Posted by Cottidianos on 01:16
O Papa Francisco esteve no Brasil? Sério?! Eu não vi. Na verdade eu vi sim. Mas não foi um Papa. Esta palavra remete a um líder religioso, mas também a chefe de Estado. E, portanto, está ligada a uma palavra forte: poder. O que eu vi durante esta semana em que se desenrolou a 28ª oitava Jornada Mundial da Juventude - que teve como palco as areias de Copacabana - Rio de Janeiro, foi um pastor apascentando suas ovelhas. Não um homem distante, mas um servo próximo. Não um bispo de que se fecha numa caixa de vidro, mas um pastor que vai ao meio do povo e os acolhe, os abraça, que diz com verdade: eu amo vocês. Francisco em sua primeira viagem internacional cativou a todos: católicos, não católicos, autoridades, gente humildade. Com seu sorriso cativante, seus gestos humildes nos mostrou um novo jeito de ser Igreja. Um novo jeito de ser gente. Que na verdade não deveria ser “um novo jeito”, deveria, em verdade, ser a nossa essência. Mostrou também um vigor impressionante para um homem de 76 anos. Foi uma semana de muitos, muitos compromissos. E em nenhuma das vezes que a TV mostrou sua imagem eu vi homem cansado. Ao contrário, vi em seus gestos, além de humildade, alegria, entusiasmo. Acho que gostamos tanto de Francisco porque nos reconhecemos nele como latino-americanos que somos. Em nossa seriedade; alegres e divertidos. Daqueles que “perdem o amigo, mas não perdem a piada”. Foi o que vi ele fazer quando encontrou um bispo já de idade avançada. Francisco abriu um largo sorriso e disse: “Você, por aqui?! Pensei que já tivesse morrido”. E, as gargalhadas se abraçaram. Não é fato, a imagem da TV mostrou claramente essa cena.
Enfim, a JMJ chegou ao fim, por volta da 19h15 deste domingo o avião que levava o pastor de volta à Itália levantou voo. Logo em seguida, a TV Globo anunciou uma joia rara. O Papa Francisco havia concedido uma entrevista exclusiva mundial - a primeira depois de sua eleição no Vaticano, em março deste ano - ao repórter Gerson Camarotti, da Globo News, na verdade uma parceria entre Globo News e Rede Globo. Em uma longa entrevista o Papa falou, dentre outras coisas sobre os escândalos no Vaticano e o trabalho da igreja para conquistar novos fieis. A entrevista foi ao ar neste domingo (28/07), em primeira mão, no Programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão. A seguir  a entrevista transcrita na integra. Tomei a liberdade de dividi-la em duas partes. Sendo a primeira parte postada hoje. Ao repórter Gerson Camarotti, meu parabéns, por uma entrevista de tamanha relevância. Gerson é repórter especial do Jornal das 10, na Globo News. Para quem não viu a entrevista, no Fantástico deste domingo, segue o link para o vídeo com a entrevista no site da emissora: 


Vamos à entrevista!

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Gerson Camarotti - Papa Francisco o Sr. chega ao Brasil. Tem uma receptividade muito calorosa dos brasileiros. Há uma rivalidade histórica, Brasil e Argentina, pelo menos no futebol. Como o Sr. recebeu este gesto de afeto dos brasileiros?

Papa Francisco - Eu me senti recebido com um afeto que não conhecia, de forma muito calorosa. O povo brasileiro tem um grande coração. Quanto à rivalidade, creio eu, já está superada totalmente porque negociamos bem: o Papa é argentino, mas Deus é Brasileiro. Acho que... Me senti muito bem recebido, com muito carinho.

Gerson Camarotti - Santo Padre, o Sr. utilizou no Brasil, ao chegar, e continua utilizando um carro modelo muito simples. Há notícias de que o Sr. condenou padres que usavam carros, de luxo.  O Sr. inclusive optou por morar na Casa Santa Marta. Essa sua simplicidade é uma determinação a ser seguida por padres, por bispos e por cardeais?

Papa Francisco - O carro que estou usando aqui é muito parecido com o que uso em Roma. Simples, do tipo que qualquer um pode ter. Sobre isso penso que temos que dar testemunho de certa simplicidade. Eu diria inclusive de pobreza. Nosso povo exige a pobreza de nossos sacerdotes. Exige no bom sentido, não pede isso. O povo sente seu coração magoado quando nós,  as pessoas consagradas, estamos apegadas a dinheiro. Isso é ruim.  E realmente não é um bom exemplo que um sacerdote tenha um carro último tipo, de marca. Isso digo aos párocos, em Buenos Aires, dizia sempre: é necessário que o padre tenha um carro. É necessário. Porque na paróquia há mil coisas a fazer, deslocamentos são necessários. Mas tem que ser um carro modesto. Isso quanto ao automóvel. Quanto a decisão de viver em Santa Marta, não foi tanto por razões de simplicidade. Porque o apartamento papal é grande, mas não é luxuoso. Mas a minha decisão de ficar em Santa Marta tem a ver com meu modo de ser. Não consigo viver só. Não posso viver fechado. Preciso do contato com as pessoas. Então... costumo explicar da seguinte forma: Fiquei em Santa Marta por razões psiquiátricas. Para não ter que estar sofrendo essa solidão que não me faz bem. E também para economizar, porque caso contrário teria que gastar muito dinheiro com psiquiatras. E isso não é bom. Mas é para estar com as pessoas. Santa Marta é uma casa de hospedes em que vivem uns 40 bispos e sacerdotes que trabalham na Santa Sé. Tem uns 130 cômodos, mais ou menos. E sacerdotes, bispos, cardeais e leigos que se hospedam em Roma e ficam lá. Eu como no refeitório com todos. Café da manhã, almoço e jantar. E a gente sempre encontra gente diferente, e isso me faz bem. São essas as razões. E agora, a regra geral: Acredito que Deus está aí nos pedindo , neste momento, mais simplicidade. É algo interior que ele pede à Igreja.

Gerson Camarotti - Santo Padre, quando o Sr. chegou ao Rio de Janeiro, houve falhas na segurança, inclusive, o seu carro foi levado para o meio da multidão. O Papa Francisco ficou com medo? Qual o seu sentimento naquele momento?

Papa Francisco - Eu não sinto medo. Sou inconsciente, não sinto medo. Sei que ninguém morre de véspera. Quando for minha vez, o que Deus permitir, assim será. Mas, antes de viajar fui ver o papamóvel  que seria trazido para cá. Era cercado por vidros. Se você vai estar com alguém a quem ama, amigos e quer se comunicar, você vai fazer essa visita dentro de uma caixa de vidro? Não.  Então eu não poderia vir ver este povo que tem um coração tão grande, por trás de uma caixa de vidro. E nesse automóvel, quando ando pela rua, baixo o vidro. Para poder estender a mão, cumprimentar as pessoas. Quer dizer, ou tudo ou nada, ou a gente faz a viagem como deve ser feita, com comunicação humana, ou não se faz. Comunicação pela metade não faz bem. Eu agradeço – e nesse ponto tenho que ser muito claro – agradeço a segurança do Vaticano, pela forma como preparou esta visita. O cuidado que sempre tem. E agradeço a segurança do Brasil. Agradeço muito. Porque aqui estão tendo todo o cuidado comigo, ao evitar que haja algo desagradável. Pode acontecer, pode acontecer de alguém me dar um soco... Pode acontecer. As duas seguranças trabalharam muito bem. Mas as duas sabem que sou um indisciplinado, nesse aspecto. Mas não por agir como um menino levado, não. E sim porque vim visitar gente e quero tratá-la como gente. Tocá-la.

Nas duas últimas décadas, houve uma redução de quase 20% percentuais no número de católicos no Brasil. No mesmo período a população evangélica aumentou.

Gerson Camarotti - Papa Francisco, seu grande amigo, o cardeal Dom Cláudio Hummes, aqui do Brasil, ele falou algumas vezes já, sobre a pedra de fieis católicos aqui no continente, no Brasil, especificamente, para outras religiões, principalmente religiões evangélicas. Eu lhe pergunto: porque acontece isso? E o que pode ser feito?


Papa Francisco - Não conheço as causas, e tampouco as porcentagens. Não as conheço. Não conheço a vida do Brasil o suficiente para dar uma reposta. Acredito que o cardeal Hummes foi um dos que falaram, mas não tenho certeza. Mas se você está dizendo, sabe. Não saberia explicar esse fenômeno. Vou levantar uma hipótese. Pra mim é fundamental a proximidade da Igreja. Porque a Igreja é mãe, e nem você nem eu conhecemos uma mãe por correspondência. A mãe... dá carinho, toca, beija, ama. Quando a Igreja, ocupada com mil coisas, se descuida dessa proximidade, se descuida disso e só se comunica com documentos, é como uma mãe que se comunica com seu filho por carta. Não sei se foi isso o que aconteceu no Brasil. Não sei, mas sei que em alguns lugares da Argentina que conheço isso aconteceu. Essa falta de proximidade... a falta de sacerdotes. Faltam sacerdotes, então alguns locais ficam desassistidos. E as pessoas buscam, sentem necessidade do Evangelho. Um sacerdote me contou que foi como missionário a uma cidade do sul da Argentina onde não havia um sacerdote há quase 20 anos. Evidentemente as pessoas ouviam um pastor. Porque sentiam a necessidade de escutar a palavra de Deus. Quando ele foi até lá uma senhora, muito culta disse a ele: “Tenho raiva da igreja porque nos abandonou. Agora vou ao culto todos os domingos ouvir o pastor, que foi quem alimentou nossa fé durante todo esse tempo”. Ou seja, a falta de proximidade. Falaram sobre isso, o sacerdote a ouviu, e quando ia se despedir,  ela disse: “Padre, um momento. Venha”. E foi até um armário, abriu o armário, onde havia a imagem da virgem.  E disse a ele: “Eu a escondo aqui para que o pastor não a veja”. Essa mulher ia ao pastor, respeitava o pastor, ele falava a ela de Deus, e ela aceitava. Porque não tinha seu sacerdote. Mas as raízes da fé, ela as conservou escondidas num armário. Mas estavam lá. Esse é o fenômeno para mim mais sério. Esse episódio me mostra muitas vezes o drama da fuga, desta mudança. Falta de proximidade. Vou repetir essa imagem. A mãe faz assim com o filho (faz gesto deu quem segura uma criança nos braços): cuida, beija, acaricia e o alimenta. Não por correspondência.

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Coisa pra argentino ver

Posted by Cottidianos on 01:35
Quinta-feira, 25 de julho


Hoje, o Papa Francisco esteve na favela de Vaginha, Rio de Janeiro. A visita que fez a favela não estava nos planos. Foi um pedido dele de última hora. Sem querer, ou querendo, trouxe à tona um “truque” do qual o poder público em nosso país sabe usar com maestria: fazer coisas para inglês ver. No caso, para argentino ver, ou para o Papa ver, dá no mesmo.  A comunidade de Vaginha, estava lá, esquecida, invisível aos olhos das autoridades. De repente, o Sumo Pontífice diz: “Quero ir numa comunidade carente.” E lá estava um exército de funcionários fazendo uma limpeza nas ruas, refazendo o cabeamento da rede elétrica, recapeando asfalto. Até o campo onde o papa fez o seu discurso ganhou iluminação nova. Tudo como num passe de mágica! É assim que as coisas funcionam pó aqui, todos sabemos disso.
Assistindo a transmissão pela TV Globo, me chamou à atenção o discurso de Rangler dos Santos, ao lado da esposa Joana, ambos moradores da comunidade. No discurso, além de dar boas vindas ao Papa – a quem ele pediu licença para, carinhosamente, chamar de pai Francisco – o jovem, de modo simples, chamou a atenção para essa realidade acima descrita e, com isso, deu um puxão forte de orelhas na imprensa e no poder público. Quis trazer a vocês, leitores, a palavra desse rapaz, pois no discurso dele está uma das chaves para a compreensão do nosso momento político de manifestações e revoltas.
Em seguida, apresento o discurso do Papa Francisco que – sem ser coisa combinada – vem a ser uma resposta aos anseios daquele jovem que, na verdade, representa a grande maioria do povo brasileiro.
Foi como um filho falando ao pai. Foi como um pai respondendo aos anseios do filho.
Fiquem com trechos do discurso...  Depois eu volto falando um pouco mais desse Francisco que tem conquistado aos brasileiros e ao mundo inteiro.

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Discurso de Rangler dos Santos, morador da comunidade de Vaginha, durante visita do Papa a comunidade de Vaginha.


Santidade e demais autoridades, Senhoras e Senhores, bom dia! Em nome da comunidade Vaginha, queremos dar as boas vindas e afirmar que este é um dia muito especial por estar recebendo neste lugar tão simples tão humilde, nosso querido e amado, Papa Francisco... Gostaríamos de pedir a Vossa permissão para quebrarmos um pouco o protocolo, assim como Vossa Santidade faz em alguns momentos, e chamá-lo de pai, pai Francisco. Aquele que acolhe a todos, especialmente os mais pobres...
... Essa comunidade iniciou sua história no ano de 1940, esse lugar era um lixão aterrado que foi ocupado, em sua grande maioria, por pessoas de vários estados do nordeste brasileiro, uma das regiões mais pobres do país e do estado de Minas Gerais, movidas pelo sonho de dias melhores. Pessoas que, juntamente com seus familiares e amigos, construíram suas casas com muito suor, com muita dedicação, esforço, lágrimas, união e bênçãos de Deus, como nossos pais e avós. Estes nunca desistiram de seguir em frente mesmo com todos os confrontos armados que muitos moradores já presenciaram e, por muitas vezes, com o descaso do poder público no momento das enchentes e outras situações que ainda nos impedem de viver com dignidade, mas o descaso, nosso pai amado, ficou para trás a partir do anúncio da sua visita à nossa comunidade. Deparamos todos os dias com pessoas que iam e vinham, asfaltando e iluminando ruas, limpando as calçadas regularmente e as caçambas de lixo sendo melhor distribuídas, tudo aquilo que não fazia parte do cotidiano de nossos moradores passou a acontecer, esperamos que possa continuar dessa forma. A sua visita, pai Francisco, nos levou a nos tornar sinal internacional, pois antes nós fazíamos parte das reportagens dos jornais, não nas colunas sociais, mas nas páginas policiais, por causa dos confrontos armados que ocorriam ou pela enchente dos rios, que ocorrem em dias de chuva muito forte. Tal problema das enchentes até hoje, nem sequer foi discutido com os moradores para encontrar uma solução...

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Discurso do Papa Francisco na Comunidade de Vaginha


... Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo! Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais! Não é a cultura do egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um mundo mais habitável, mas sim a cultura da solidariedade; ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão.

Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo,incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria. Nenhum esforço de “pacificação” será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial para si mesma. Lembremo-nos sempre: somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade; tudo aquilo que se compartilha se multiplica! A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, quem não tem outra coisa senão a sua pobreza!


... Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens. Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo. A Igreja está ao lado de vocês, trazendo-lhes o bem precioso da fé, de Jesus Cristo, que veio «para que todos tenham vida, e vida em abundância» (Jo 10,10). 

Hoje a todos vocês, especialmente aos moradores dessa Comunidade de Varginha, quero dizer: Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o Papa está com vocês...

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Entrevistas

Posted by Cottidianos on 00:44
Terça-feira, 23 de julho. Como havia prometido na minha última postagem, apresento aos leitores as entrevistas que fiz  com Felipe Souza, vocalista da Banda Vida Reluz e com Luciano Umbelino, membro da JUFRA ( Juventude Franciscana) de Vinhedo/SP, no encerramento da Semana Missionária naquela cidade.



Imagem: http://www.flickr.com/photos/felipesouza/1464259426/

Entrevista: Felipe Souza


Felipe Santos de Souza, 36 anos, nasceu em Santa Branca/SP (cidade com 13.763 habitantes, segundo dados do IBGE). O chamado ao ministério da música aconteceu em 1996 quando Luiz Felipe (também vocalista do Vida Reluz) cantou em um retiro de conversão do qual Felipe participava. O artista o convidou para cantar em grupo chamado “Rainha da Paz”, na paróquia de Santa Branca. Em 1999 Luiz Felipe lhe pediu para ver uma canção que Felipe acabara de compor. O músico então apresentou a canção para a banda. Eles gostaram e a canção foi gravada no CD Deus Imenso. A felicidade do jovem cantor e compositor foi imensa. Em 2003, Felipe Souza entrou para o Vida Reluz que, na ocasião, gravava o CD Deus é Capaz. A banda vive hoje um momento especial: além de viver as emoções da JMJ (Jornada Mundial da Juventude), trabalha um novo álbum: O CD Restaurado Para Adorar – o oitavo disco lançado pelo selo COMEP (Comunicação Musical Editora e Produtora), das Paulinas. O CD traz 12 faixas inéditas e duas regravações. Com ritmos que vão do pop romântico ao rock, o álbum é um mergulho nas raízes musicais da banda de um jeito moderno e dinâmico.

José Flávio – qual a sua expectativa em relação a Jornada Mundial da Juventude?

Felipe Souza – Minha expectativa é a melhor possível.. Acho que vai ser um momento de grande alegria para nós brasileiros estarmos reunidos com pessoas do mundo inteiro... e com o Papa Francisco. Vai ser um momento em que Deus vai falar ao coração do jovem para que ele possa assumir seu papel na igreja. Acredito que essa jornada não é só um encontro apenas. É um momento no qual nós vamos ser enviados a verdadeira jornada que é a jornada da evangelização. A jornada de mostrar Jesus não só com o nosso canto, com as nossas palavras, mas com nossos atos, as nossas práticas. Essa é a vontade de Deus para nós: mostrá-lo com nossos atos, com nossa prática. As pessoas devem olhar para você, não porque você cantou, não porque você pregou, ou porque está bem vestido, nada disso, mas porque você conseguiu enxergar Jesus nos seus atos, no seu dia-a-dia. Essa jornada vai ser bastante viva nesse sentido. Vai trazer Jesus de uma maneira nova para cada jovem. A partir desse momento o jovem vai ter um caminho longo a pregar.

José Flávio – O fato de a JMJ acontecer num contexto em que os jovens saem as ruas para mostrar sua indignação  contra tudo que há de errado em nosso país é significativo?

Felipe Souza – Olha, até você se manifestar por aquilo que não concorda, por atitudes das quais você não comunga, é legal. Acho que tem mesmo que haver esse tipo de manifestação, porém, pacificamente. Já a questão da violência, essas coisas que aconteceram no Rio de Janeiro na última quarta-feira (17): destruição de patrimônio, saqueamento de lojas, isso não é certo. Eu acredito que Deus espera de nós um espírito de paz, de alegria, porque é um momento tão bonito, onde nós vamos ter pessoas do mundo inteiro. Diante das nações, quando o mundo vai estar voltado para o Rio de Janeiro, não é possível fazer vandalismo, isso não é legal e rezo para que isso não aconteça.

José Flávio – Por falar em violência, ela te preocupa?


Felipe Souza – Me preocupa! Eu moro numa cidade pequena e muito pacífica. Lá a gente dorme com as janelas abertas. A gente viaja bastante. Ás vezes ficamos em casa de alguma família, às vezes ficamos em hotel, mas logo em seguida voltamos pra casa. Dessa vez vamos ficar quase duas semanas no Rio. Então me preocupo... não sei se posso ou não sair... qual lugar é violento, qual não é...Espero que nesses dias de JMJ corra tudo em paz.
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Luciano Umbelino

Entrevista: Luciano Umbelino


Foi numa tarde agradável que conversei tanto com Luciano quanto com Felipe. Momento de alegria, de festa, de louvor e de expectativa pela JMJ, pela vinda do Papa Francisco. Ambos os entrevistados estavam de malas prontas para embarcar para o Rio de Janeiro. Falemos um pouco do Luciano. Um jovem alegre, entusiasmado, vibrante quando falava de sua ação pastoral. Junto com outros jovens foi um dos organizadores da Semana Missionária em Vinhedo/SP. É da paróquia Nossa Senhora de Lourdes daquela cidade e membro da JUFRA (Juventude Franciscana) - Movimento de juventude pelo qual tenho um carinho imenso. 

José Flávio – Como foi sua experiência na Jornada Mundial da Juventude, em 2011, em Madrid, Espanha?

Luciano – Participamos da JMJ em Madrid e ficamos maravilhados com a ideia da Semana Missionária, chamada também de pré-jornada. Tivemos, então, a ideia de organizar a Semana Missionária também em Vinhedo. Tivemos todo o apoio dos sacerdotes, da comunidade, todo o povo de Deus.  A Prefeitura Municipal de Vinhedo também deu um grande apoio pra gente. Foi um evento preparado com muito carinho por todos nós para esses jovens peregrinos que vieram das Filipinas.

José Flávio - Como foi essa experiência em Madrid?

Luciano - Nós passamos duas semanas lá. Uma semana anterior à JMJ e a semana da jornada propriamente dita. Ficamos numa comunidade sem San Tiago de Compostela. Houveram vários eventos como; tour pela cidade; shows regionais, louvores, missas... Foi um encontro maravilhoso essa chamada pré-jornada. Foi daí que surgiu a ideia: “Gente, vamos fazer também uma pré-jornada em preparação a JMJ no Brasil, em 2013”. Inclusive a ideia não era apenas fazer um evento para os estrangeiros, mas unir também o pessoal da cidade. Enfim, como nós aqui somos três paróquias; Nossa Senhora de Lourdes, Paróquia de Santana e Paróquia de São Sebastião, então a gente viu a necessidade da união. Apesar de ser uma só Igreja, as comunidades acabam se distanciando, cada qual com seus eventos. Pensamos “vamos unir as três paróquias num só evento.

José Flávio - Como receberam os jovens que vieram das Filipinas?


Luciano - Eles estão maravilhados! Acredito que esse grupo de 30 jovens que vieram das Filipinas, tenham vindo nos ensinar a nos amar, com carinho e com amor, porque eles são a felicidade em pessoa. Para eles tá tudo bem. Tudo tá ok. Eles são nota dez. estão dando um show de fé. O pessoal d cidade também ficou agradecido porque eles trouxeram um pouco mais de fé para a cidade. Foi maravilhoso.


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VIDA que RELUZ em Vinhedo

Posted by Cottidianos on 03:15
Domingo, 21 de julho


No último sábado (dia 20/07) estive na cidade de Vinhedo/SP para o encerramento da Semana Missionária. – série de eventos que ocorrem em várias cidades do país sede, uma semana antes da Jornada Mundial da Juventude (que este ano acontece no Rio de Janeiro, entre os dias 22 e 28 de Julho). Além de ser uma preparação para o evento principal, a Semana Missionária permite aos anfitriões o contato com pessoas de outras nacionalidades. Várias paróquias brasileiras estão acolhendo jovens que vieram de outros países, especialmente, para participar da JMJ.
Sou da cidade de Campinas/SP, porém preferi fazer minhas orações pelo evento que acontece na capital carioca, em Vinhedo. Por quê? Naquela cidade teve um tempero a mais: a banda católica VIDA RELUZ, de cujo trabalho sou admirador desde O ANO de 1995 quando ouvi o álbum VIDA RELUZ.
O evento aconteceu no Teatro de Arena do Memorial do Imigrante. Cheguei ao local do evento às 15hs.  O pessoal da banda ainda passava o som. Fiquei curtindo aquele momento e, aos poucos, o público foi chegando. O clima antes do show era de absoluta descontração. Todos conversavam animadamente.
Às 15h30min foi iniciado o evento com uma apresentação de teatro, encenado por um  grupo de jovens da comunidade. Durante a apresentação, que se desenvolveu sem palavras, apenas com o gestual, via-se uma jovem que se desviava do caminho da fé e trilhava as veredas tortuosas do pecado. A vida perdia o sentido e ela fazia uso de uma arma para dar fim a própria vida. Nesse momento Jesus e Maria impedem o ato e a jovem é reconduzida ao caminho da vida.
Banda Vida Reluz, no encerramento da Semana Missionáriaa em Vinhedo/SP

Imediatamente a seguir a banda VIDA RELUZ preencheu o ambiente com seu som forte e vibrante, permeado por vozes belas e harmoniosas. As canções da banda são um convite ao louvor e à adoração. E isso foi sentido durante todo o decorrer do show: uma onda de alegria, louvor e adoração. A energia que vinha do público também era intensa. Todos se irmanavam e confraternizavam sob as benções do Espírito Santo.
Um dos momentos fortes do show ocorreu quando a imagem de Maria Santíssima foi leva da ao palco e lá permanecia enquanto a banda cantava “Perfeito é quem te criou”. A emoção foi geral. Houve nesse momento, como em outros momentos do show, uma mistura de cânticos e orações que tocaram fundo o coração do público presente. Assistindo a um show do VIDA RELUZ, Santo Agostinho, certamente reafirmaria com vigor sua frase famosa: “Quem canta, reza duas vezes”. A banda estava desfalcada, o vocalista Luiz Felipe estava envolvido com os preparativos para a JMJ e não pode estar presente, o fato, porém, não tirou o brilho da banda.
Como o que é bom também acaba... o show chegou da banda chegou ao final, entretanto ficou guardado no coração de todos.
Para finalizar o evento ainda assistimos os jovens filipinos que foram acolhidos nas paróquias de Vinhedo dando um show de música e dança. E não é que os moços e moças soltaram a voz e fizeram belas coreografias?
Jovens oriundos das Filipinas durante apresentação em Vinhedo/SP

Após o show tive a oportunidade de conversar com Felipe Souza, vocalista da banda VIDA RELUZ e com Luciano Umbelino, um dos organizadores da Semana Missionária naquela cidade.
As duas entrevistas apresento aos leitores na minha próxima postagem.

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Guerra e Paz nas ruas do Rio

Posted by Cottidianos on 00:47
O texto a seguir é baseado nos fatos que ocorreram no Bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, na noite de quarta-feira, 17 de junho de 2013. Escrevi esse texto após ver as imagens das manifestações no Rio de Janeiro mostradas na TV. 


Bairro do Leblon. Rio de Janeiro. Quarta-feira, 17 de Julho. Passava das cinco horas quando o interfone de apartamento de Mário Fernandes, tocou.

_ Mário, seus amigos já estão aqui embaixo esperando. Avisou o porteiro.

_ Ok, Osvaldo, diga-lhes que já estou descendo. Só mais uns cinco minutos.

Mário desligou a TV quando a repórter ia mostrar as imagens da multidão reunida a algumas quadras dali. Estavam próximos a casa do governador do Rio, Sérgio Cabral. Ele não gostava da atitude do governador em relação aos manifestantes. Achava ele muito distante, inacessível e fechado ao diálogo. Porque o povo lá rua não fazia manifestação em frente ao apartamento do Eduardo Paes. Porque o prefeito mostrou uma atitude de diálogo. Foi ao quarto, pegou os documentos e colocou-os no bolso da bermuda. Voltou à sala. Antes de fechar as cortinas admirou a bela vista que tinha da Lagoa Rodrigo de Freitas. Era inspiradora. Na verdade esse foi um dos fatores que o influenciaram quando da compra do apartamento, que, diga-se de passagem, era um belo e bem decorado apartamento no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro.Um luxo para um jovem, solteiro, de vinte anos, empresário do ramo de têxtil.

Quando chegou ao hall de entrada, onde seus amigos estavam esperando, teve que ouvir merecidas gozações.

_ Poxa, Mário!Que demora, hein! Parece até noiva em dia de casamento! Disse Mariele, uma bela morena de dezenove anos.

_  Se demorasse mais um pouco, quando chegasse lá, a manifestação já teria terminado. Disse o amigo Breno.

_ Nossa, como vocês são exagerados! Não demorei nem dez minutinhos...  _ Os três cairiam na gargalhada. Vamos logo que acabo de ver na TV que, nem começou a manifestação, e já tem mais de cinco mil pessoas na rua.

Quando chegaram à rua viram que tinha bem mais gente do que a reportagem na TV mostrava.  Famílias inteiras estavam lá para fazer seus protestos. Nos cartazes que os manifestantes seguravam nas mãos liam-se protestos contra o fechamento do Museu do Índio, outros eram contra a privatização do Maracanã, a desmilitarização da polícia, o uso do helicóptero usado pelo governador para fins pessoais. Outro grupo mais adiante e mais exaltado queria a saída do governador. A multidão seguia por entre as ruas do Leblon cantando com todo o patriotismo Hino Nacional e gritando palavras de ordem. Gritos contra a corrupção se faziam ouvir. Entre cartazes, faixas e cantos se assistia uma verdadeira aula de democracia.

Mário, Breno e Mariele estavam bem de vida, ainda eram jovens e iam muito bem em seus ramos de atividade. Mas faziam parte do povo que sofre com as altas taxas de impostos, que carecem de segurança pública que lhes garanta o direito de ir e vir com tranquilidade e não ficar preso dentro de seus apartamentos e suas casas. De gente que quer se sentir livre na cidade onde vive. Eles não viam com bons olhos o fechamento do Museu do Índio. Eram da opinião que memória brasileira é para ser presevada, cuidada com carinho.

A manifestação seguia tranquila. Porém, Mário viu se aproximar da multidão um grupo de pessoas com a cara coberta pelas camisetas que deixavam entrever apenas os olhos. E pelo olhar frio que um deles lhe lançou, Mário pensou: “Esses vão aprontar. Quem quer realmente protestar não cobre a cara. Vai de cara limpa mesmo ou, no máximo, de cara pintada”.Ele estava com a razão. Por volta das 22h50, esse grupo entrou na Rua Aristides Espinola. Rua que é a residência do governador Sérgio Cabral e atirou fogos de artifiícios e garrafas com coquetel Molotov em direção aos policiais. Os políciais revidaram com balas de borracha e gás lacrimogenio. A confusão estava armada e o protesto que, era pacífico, terminou. Ficou apenas a arruaça. O que se viu depois foi estarrecedor. Os baderneiros se lançavam contra placas de sinalização, arrancando-as e com elas quebravam vidros de agências bancárias. Arrobavam lojas e as saqueavam. Pontos de ônibus também foram depredados. As portas dos estabelecimentos que ainda estavam abertas foram rapidamente baixadas. Ninguém queria “pagar pra ver” o tamanho do prejuízo.

Pneus e outros objetos eram lançados na rua e queimados impedindo a passagem de carros e pedestres. Também que se arriscaria a andar no meio de uma guerra? Só um louco para fazer isso.

Dezenas de carros e motos da polícia começaram a percorrer às ruas adjcentes lançando bombas de efeito moral. O pior era que as bombas atingiam também que estava ali para um protesto pacifíco. Os três amigos: Mário, Breno e Marieli, aterrorizados protegiam-se embaixo da marquise de uma loja, um pouco recuada da rua e fora da vista dos baderneiros. Não tinham coragem de sair dali, nem tinham como. O cenário era de destruição.

No meio da confusão e ainda atemorizados, acharam tempo para questionar:

_ Na verdade eram dois grupos de interesses contrários: os que qeuriam fazer um protesto pacífico e outro que queria aproveitar da situação e fazer arruaças e saques. De que forma podemos continuar protestando sem que atos de vandalismo enfraqueçam a força das manifestações? Perguntou Mário.

- Não podemos desanimar por causa disso, a causa pela qual estamos na rua é muito mais nobre. Agora que começamos os protestos não podemos parar. Disse Breno.

- O povo sabe que quem faz essas arruaças não somos e nem nos representam. Disse Mariele.

Os três só conseguiram sair de onde estavam quando a polícia consegiu dominar completamente a situação.

Na manhã, seguinte após o susto e um pouco desanimado com o desfecho da situação no dia anterior, Mário ligou a TV ao acordar e viu imagens impressionantes que o noticário matinal mostrava.

- “O governador do Rio, Sérgio Cabral, convoca reunião de emergência com a cúpula da Secretária de Segurança Pública, chefes da Políca Civil e Militar e Secretários de Estado...” dizia a apresentadora do telejornal. Enquanto eram mostradas a imagens do governador, Mário se perguntava: “E o povo quando ele vai chamar para o dialógo”. Vieo-lhe à mente a lembrança de que dali há poucos dias aconteceria na cidade maravilhosa, a Jornada Mundial da Juventude. Era melhor eles resolverem logo esse problema da segurança... Afinal é Francisco que está chegando... e junto com ele vem os olhos do mundo inteiro...


“As coisas no páis só chegaram a esse ponto devido à falta de gestão de nossas autoridades. Pacíficas ou mescladas com atos de vandalismo, quem sabe essas manifestações não sejam o despertar para uma cidadania plena... Queira Deus que sim” - Pensou Mário

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Quebra de Contrato

Posted by Cottidianos on 01:00
 Terça-feira, 16 de julho


O Contrato Social foi quebrado. Aliás, há tempos que ele vem sendo quebrado. Depois de muito tempo a parte prejudicada acordou. O fato aconteceu no mês passado.
No dia 15 de junho do ano de 2013, dentro de modernos estádios de futebol, começava a Copa das Confederações. Ás 16hs, no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, capital federal, a seleção brasileira dava o pontapé inicial da competição enfrentando o Japão. Antes do jogo a presidente do Brasil Dilma Rousseff e o presidente da FIFA (Federação Internacional de Futebol), Joseph Blatter, foram vaiados, enormemente vaiados enquanto faziam seus discursos. As imagens percorreram o mundo. A seleção brasileira venceu aquele jogo e todos os demais, vindo a se tornar campeã da competição. Modéstia à parte foi muito bom ver o Brasil jogando tão bem.
Imagem: http://veja.abril.com.br/multimidia/galeria-fotos/brasil-x-japao-a-abertura-da-copa-das-confederacoes-2013
Fora dos estádios “padrão FIFA” começava outro jogo que pegou aos próprios brasileiros e ao mundo de surpresa: as manifestações populares que se desenrolaram nas ruas. Intensas. Tensas. Quentes. Começaram com protestos contra o aumento na nas tarifas de transporte coletivo e pela melhoria dos serviços nesse setor.
Imagem: http://colunistas.ig.com.br/deolhonacopa/2013/06/15/

Na verdade, os primeiros indícios de insatisfação nessa área ocorreram em agosto de 2012 em Natal/RN. A prefeitura daquela capital anunciou um aumento nas passagens. O povo não gostou e foi às ruas. Cerca de 2 mil pessoas. Dizem que onde há fumaça há fogo... Em maio deste ano a prefeitura de Natal aumentou novamente a passagem de ônibus. Os natalenses não gostaram e novamente saíram às ruas com mais intensidade. A partir desse estopim a bomba explodiu por todo o país.
O que havia começado por causa da questão do transporte público ganhou nova dimensão. O “brado retumbante” que estava preso na garganta do povo brasileiro ecoou pelo país com uma força inimaginável. Eram tantos os motivos que nem cabiam nos cartazes e faixas carregados pelos manifestantes. Eram brados contra a corrupção, contra os desmandos na saúde, na segurança, contra a PEC 37 – medida que tirava o poder de investigação do Ministério Público, contra as altas taxas de impostos, dentre outros.
Era o jogo da democracia que se desenrolava fora dos estádios, nas ruas. Modéstia à parte – o Brasil – e aqui faço uso de metáfora – jogou muito bem.


Manifestções popular nas ruas de Campinas em junho de 2013

Permitam-me, caros leitores, sair do futebol para a patinação.
No início o governo ignorou as manifestações. Depois de sentir a força que vinha das ruas quis mostrar serviço. Resolveu agir. E foi uma derrapada atrás da outra... A equipe do governo, ao que parece, não entendeu a vontade soberana do povo.
Em primeiro lugar propôs-se uma Assembleia Constituinte para a realização de reformas políticas. Vozes fortes se levantaram e essa proposta morreu apenas vinte e quatro horas após nascer. Derrubada essa proposta, veio a do plebiscito que teria que ser feito “a toque de caixa” para valer já para as eleições do ano que vem. A Câmara dos Deputados em atitude de bom senso derrubou a proposta.
A equipe do governo, que já havia irritado os juristas, resolveu irritar também o pessoal da área médica. – Como diria o personagem Felix, em Amor à Vida “acho que eles salgaram a Santa Ceia”.
O Plano Mais Médicos é outro equívoco. Para suprir a falta de pessoal nessa área o governo quer obrigar, não estranhe é mesmo essa palavra “obrigar” – os futuros estudantes de Medicina a aumentar em mais dois anos o curso, sendo que, os últimos dois anos seriam desenvolvidos em hospitais públicos. Outra medida ainda desse plano é trazer mais médicos do exterior para trabalharem na área da saúde sem que precisem revalidar o diploma e nem comprovar conhecimentos na Língua Portuguesa.
Analisando todas as medidas propostas pelo governo até agora vemos que são todas autoritárias e inconstitucionais. Algum de nós ouviu algum político falar de corte de gastos, quebra de mordomias, redução de ministérios?
Falei na introdução da quebra de contrato. Essa idéia de Contrato Social foi desenvolvida pelo filosofo iluminista, romancista, teórico e compositor suiço, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), na obra O Contrato Social, de 1762. Na obra Rousseau defende a tese de que os homens vêm de um estado de natureza onde todos são livres e iguais. Esse estado de natureza pode ser prejudicial a sua conservação. Então os homens se agregam e formam um conjunto de forças com um único objetivo. É aí que entra o Estado. Os homens não renunciam a seus direitos naturais, porém entram em acordo e, cabe ao Estado preservar e administrar esses direitos. Vejamos o caso dos impostos: pagamosao Estado uma alta carga tributária e esperamos que nosso dinheiro retorne em serviços na saúde, educação, segurança, dentre outros. O problema é que não temos visto retorno algum. O que era para ser em proveito do bem público acaba indo para o bolso de muitos corruptos. Rousseau defende a idéia de que o poder político de uma sociedade está no povo e só dele emana. Nesse sentido o soberano seria o povo e não o governante que, no caso, seria apenas um empregado do povo.

Essa sede de democracia que tomou conta de nosso país foi uma chama que se acendeu e não deve se apagar. Depende de cada um de nós mantê-la acesa...


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Um luxo só

Posted by Cottidianos on 21:39
Sábado, 13 de julho

Luxo. Riqueza. Ostentação. Esse é o conteúdo das letras do chamado Funk Ostensivo. Artistas que cantam o gênero levam hoje uma vida de ostentação e riqueza. Alguns chegam a faturar alto, muito alto com os shows. O funk que nasceu nas periferias está ganhando o asfalto. Novidade? Claro que não, isso também aconteceu com o rock e com o samba, dentre outros. A indústria do futebol é outra que está longe de fechar no vermelho para os grandes clubes e para os atletas que se destacam. Nada contra o salário de ninguém, pelo contrário quanto mais gente sair da miséria melhor. A reflexão que se faz disso tudo é que quem deveria ganhar bem, está bem longe dos altos salários, tais como; professores, pesquisadores, cientistas, só para citar alguns.

A seguir apresento um texto de Bruno Henrique Nogueira Leodoro. Bruno tem 20 anos está cursando Direito na faculdade FAC 1, de Campinas. A reflexão do estudante é feita aplicada ao campo dos profissionais do direito. Cabe a você, caro leitor fazer suas adptações a outros campos.


Vamos ao texto:

VALE A PENA LER (por Bruno Henrique)

Site:  http://www.reveillonriodejaneiro.com.br/reveilllon-rio-de-janeiro/shows-do-reveillon-2012

Parei para pensar: hoje assisti três histórias de MC's uma diferente da outra e cheguei à seguinte conclusão:
Estudar "Direito" durante 5 anos, 5 horas por dia e estudar, em semana de prova, 5 horas por madrugada, e depois de formado lutar mais 5 anos para ter um salário base de  6.000 R$ mensais.
Agora pense e reflita junto comigo, um MC de hoje em dia, Fatura R$ 80.000 R$ por noite, ele faz 5 shows por noite e cada show tem duração máxima de 1 hora e cada 1 hora de show equivale a 16.000 R$(valor cobrado por show), agora se surpreenda com o restante da história.
Preciso trabalhar 1 mês inteiro, 12 horas por dia de segunda à sexta, juntando as horas e horas estudando sobre o caso do cliente e elaborando uma boa defesa, se isso já não bastasse, ainda como advogado tenho que enfrentar o júri e o promotor com milhares de acusações e perguntas, afetando o meu estado emocional e em alguns casos até o meu estado psíquico para que no fim do mês os meus 6.000 R$ estejam garantidos.
Conclusão:
Em 1 ano de trabalho eu como um futuro advogado terei uma renda anual em média de 80 mil (6.000,00 x 12 Meses = 72.000,00 e, se Deus quiser, ganhar uma ação trabalhista sem estar esperando e chegar aos 80.000,00 rsrsrs), e para a surpresa de todos um MC de hoje com apenas 14 anos de idade cursando a 7ª série do ensino fundamental, ganha 80.000,00 em uma só noite, agora some, se faz 5 shows por dia à 16.000,00 por show, equivale 80.000,00 por noite, por semana faz 20 shows 20x 16.000,00 = 320.000,00 por semana, sendo uma renda mensal de 320.000,00 x 4 semanas (1 mês) = 1.280.000,00 mensal e com uma renda anual de 15.360.000,00 milhões (não é brincadeira).
Não estou desmerecendo a profissão de ninguém (gosto dos Funk's), mas essa é uma tese que elaborei para que todos que se interessarem em ler, reflitam e acreditem que não é uma formação acadêmica que faz de uma pessoa melhor, e sim o DOM inexplicável que Deus deu para cada um, e deixo aqui meus votos de estima pelo trabalho de Todos MC's e a todos trabalhadores de todo o mundo, e se você tem um DOM não o desperdicem: corra atrás e não se abale com as pessoas ignorantes desse mundo, que se sentem no direito de falar mal das pessoas por causa de uma faculdade, pois a faculdade não é quem predomina e sim o DOM de Deus!


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Cantando no Inverno

Posted by Cottidianos on 01:27
Quarta-feira, 10 de Julho

Sou coralista do Coral do ClubeCampineiro de Regatas e Natação, mais conhecido como Coral do Regatas, da cidade de Campinas/SP. Em julho do ano passado estive na cidade de Vinhedo/SP, participando do III Canta Inverno – um encontro internacional de corais, promovido pela prefeitura daquela cidade. Fiquei impressionado com a qualidade e o alto nível dos corais que passaram pelo palco do Teatro Municipal Sylvia de Alencar Mateus, local onde foi realizado o evento.
 Voltei lá este ano para o IV Canta Inverno, novamente com o coral do Regatas. E verifiquei que o nível das apresentações continuava tal qual o ano passado: alto. Fiquei convencido de que a gente daquela cidade sabe mesmo organizar um festival de corais.
Quando saímos daqui de Campinas, no dia primeiro dia do festival, em direção à Vinhedo já era por volta das seis horas da tarde. A turma estava descontraída e o clima entre os presentes era de expectativa. O Maestro Jaíro Perin aproveitou o entusiasmo da turma para fazer um ensaio/aquecimento. A viagem transcorreu sem problemas e logo estávamos em Vinhedo. O local da apresentação, desta vez, foi no Teatro de Arena do Memorial do Imigrante, uma vez que o Teatro Municipal encontrava-se em reforma. O Memorial do Imigrante também é um local para a realização de eventos por ser um amplo e belo espaço.

Memorial do Imigrante de Vinhedo
Imagem: - http://www.vinhedo.sp.gov.br/interna.php?id=21

Nós do Regatas fomos o segundo coral a se apresentar. Antes assistimos a apresentação do coral anfitrião: o Coral Municipal de Vinhedo “Nota na Goela”. Após cumprimos a nossa missão ficamos nos deleitando, curtindo, a apresentação dos demais corais. Lá estavam nessa noite; os Trappistas, Sintonia, Reluz, Trilhas, Grupo Vocal Conviva Voz, Coral Instituto Roberto Bosch e fechando a noite em grande estilo ouvimos o Coral Som das Águas, de Natal/RN. Esse coral, particularmente, me deixou muito satisfeito, pelo fato de eu também ser potiguar. Ver os conterrâneos cantando tão bem me emocionou.

Coral do Regatas no IV Canta Inverno
Imagem cedida pelo Clube Campineiro de Regatas e Natação

À noite estava fria na cidade de Vinhedo... Entretanto, não há frio que resista a magia da música e ao calor humano da plateia que tão bem recebeu quem pisou naquele palco.
Parabéns a todos os corais na pessoa de seus maestros e coralistas, ao pessoal da técnica e aos organizadores do evento.

Tiro o chapéu para a prefeitura de Vinhedo, por meio da Secretária de Cultura e Turismo pela bela iniciativa que, diga-se de passagem, não é pouca coisa. Afinal organizar uma festa dessas não é pra qualquer um.

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Assassinato no show de funk

Posted by Cottidianos on 21:08
Segunda, feira, 08 de Julho

Imagem: site - http://nilsonxavier.blogosfera.uol.com.br/2013/01/09/


Terça-feira de carnaval. As ruas de Salvador estão abarrotadas de gente em clima de euforia. O Trio Elétrico desfila por elas arrastando multidões Como diz a música de Caetano Veloso: “Atrás do Trio Elétrico só não vai quem já morreu...” Em cima do Trio a talentosa e deslumbrante Sereia – uma bela jovem, musa do Axé – solta a voz vibrante e contagiante encantando a multidão e fazendo a festa dos foliões que seguem o trio. De repente a voz da cantora se cala. Ela cai morta em cima do Trio atingida por um tiro que não se sabe de onde partiu, para desespero dos fãs.


Isso é ficção que foi ao ar na minissérie O Canto da Sereia, exibida pela Rede Globo entre os dias 07 e 11 de janeiro deste ano. A minissérie foi baseada no livro homônimo do escritor Nelson Motta. Coube a Isis Valverde interpretar brilhantemente o papel de Sereia.

Sábado, 06 de julho no CDHU, bairro San Martin, em Campinas(SP). O público ansioso aguardava o show do funkeiro Daniel Pellgrine, mais conhecido como MC Daleste – um belo e atraente jovem no auge de seus 20 anos. Daleste sobe ao palco e empolga a multidão que começa a cantar junto com ele as letras das músicas. MC Daleste canta um tipo de funk chamado Funk Ostentação ou Funk Paulista– uma mistura da batida do funk carioca com letras que destacavam bens materiais; carros, motos, roupas... De repente a voz do cantor se cala e ele cai no palco em plena apresentação. A multidão acha que tudo faz parte da apresentação e só descobre que algo de errado aconteceu quando o artista se levanta ensangüentado. O desespero é geral. Daniel Pellegrine foi levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu na madrugada de domingo(7).

Imagem: site -  http://www.guardian.co.uk/music/2013/jul/09/brazil-rapper-mc-deleste-shot-dead

Quanto ao final de O Canto da Sereia o final é sabido: tendo descoberto um câncer na cabeça e que tinha apenas mais alguns dias de vida, Sereia pede a Só Love, um travesti amigo e apaixonado por ela, que efetue o disparo que a matará durante a apresentação. Só Love, em ato de amor extremo, atende ao pedido da cantora.
Quanto ao caso de MC Daleste permanece o mistério: de onde partiu o tiro que matou o cantor?
Que a vida imita a arte já é sabido de todos faz tempo... Ou será o contrário?... É um caso a se pensar...


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Apenas um alô inicial

Posted by Cottidianos on 14:46
Sábado, 06 de julho

Por que escrever um blog?

Hoje o ciberespaço é um mundo dentro de outro mundo. Arrisco ir mais além... É uma outra dimensão. E por que não aproveitar esse espaço e povoá-lo com ideias.
Já sentia vontade de fazer um blog faz tempo. O que me motivou de verdade foram essas manifestações populares contra tudo que há de errado em nossa pátria mãe gentil. Tive vontade de falar, de gritar, de expressar a indignação que grassava em meu peito e no peito da multidão que vi reunida nas ruas e à qual me juntei. Em meio aos gritos da multidão, das bombas de gás pimenta e lacrimogêneo que faziam chorar os olhos senti a necessidade de fazer uma revolução através da arma mais poderosa: a palavra.
Espero que não grite sozinho que muitas outras vozes ecoem junto com a minha. Quem disse que revolução é ruim?! Precisamos de uma revolução interior, de revolução na política, na música e em todos os campos da atividade humana. Se todos os dias somos diferentes porque as coisas ao nosso redor tem que ser iguais?
Hoje vim só dar um alô...
Depois continuamos a conversar, ok?


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