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Policiais de Limeira dizem que jovem cometeu suicídio, mesmo estando com mãos para trás e preso por algemas
Posted by Cottidianos
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00:05
Sexta-feira, 21 de
fevereiro
Uma das artimanhas
usadas pela polícia, durante o período da ditadura militar no Brasil, eram as
simulações de suicídio. Levava-se o preso para algum lugar afastado, armava-se
um teatro e o filme tinha o final que os policiais desejavam. No dia seguinte, as manchetes de jornais estampavam
em letras garrafais, manchete anunciando que o prisioneiro havia se suicidado. Policiais
militares da cidade de Limeira, interior do estado de São Paulo, resolveram
reviver esses tenebrosos dias, ao afirmar que um jovem, preso por suspeita de
envolvimento em assalto, havia cometido suicídio, mesmo estando algemado, com
as mãos para trás e dentro de uma viatura policial. A desculpa dada pelo perito
chega a ser hilária, coisas de filme de comédia, de uma tragicomédia. Não
importa se os tempos eram outros, se havia luta por um ideal, se havia a
resistência contra uma vontade política que queria se impor a qualquer custo,
mesmo que fosse sob o preço de sangue inocente. Tanto no caso do jovem de
limeira, quanto no caso dos presos políticos da ditadura, uma necessidade se
fazia e se faz preeminente: o direito de defesa e a realização de um justo
julgamento.
A matéria abaixo foi
publicada no portal MSN, pelo repórter do jornal O Estado de São Paulo, Bruno
Paes Manso.
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14/02/2014 10:30 | Por
Bruno Paes Manso, estadao.com.br
Jovem algemado com mão
para trás deu tiro na própria cabeça, diz PM
Família busca ajuda para comprovar que jovem foi executado dentro de camburão da PM de Limeira, no interior de São Paulo, em setembro de 2013
O
jovem José Guilherme Silva, de 20 anos, que aparece na foto (acima), morreu no
dia 14 de setembro do ano passado dentro de um camburão da Força Tática da PM
de Limeira, no interior de São Paulo. Antes de entrar no carro, sob a acusação
de ter participado de um assalto, ele tinha sido revistado pelos policiais “nos
pés, tornozelos, cintura e genitália”, conforme eles próprios admitem. Os
policiais não encontraram armas com ele. José Guilherme foi algemado com as
mãos para trás. O pai do menino, José Alves, conseguiu chegar ao local a tempo
de ver seu filho apanhando da polícia. Diante de mais ou menos 30 pessoas, ele
entrou imobilizado e desarmado no camburão.
Segundo
a versão dos policiais, poucos minutos depois, quando a viatura se dirigia à
delegacia com o jovem dentro, José Guilherme teria sacado um revólver 38 de
cano longo e atirado contra a própria cabeça. A bala, segundo os exames
criminalísticos, percorreu uma trajetória de cima para baixo. O tiro foi dado a
uma distância de cerca de 50 centímetros da cabeça.
No
laudo, o perito escreveu provavelmente uma das maiores pérolas da história do
instituto de criminalística, digna de entrar no roteiro de um CSI brasileiro –
que certamente seria uma comédia. Depois de examinar o disparo na cabeça e ver
que o preso estava algemados para trás, o perito justifica a possibilidade do
suicídio nos seguintes termos:
"Isso envolve um estudo personalíssimo da habilidade do agente que
encontra-se algemado. E é sabido nos meios policiais tanto sobre a habilidade
de movimento de alguns detidos, bem como sua condição pessoal de burlar a
revista".
Passados
cinco meses, apesar dos fortes indícios contra os policiais que participaram da
ação, pais e irmãos do garoto ainda lutam para provar que seu filho foi
executado dentro da viatura e para verem punidos os responsáveis pelo crime.
Como os policiais permanecem na rua, o resultado da luta da família, por
enquanto, foi apenas um: expor pai, mãe e cinco filhos (um deles gêmeo de
Guilherme) ao risco de represálias. Quando foram conversar com um dos que
participaram da detenção de José Guilherme, Maria de Lourdes Jesus Fagundes, e
a mãe Claudia Regina, tiveram que ouvir: “antes um bandido morto do que um
policial morto”.
Sem
desanimar da luta fadada a inúmeras frustrações, as duas foram buscar ajuda da
comissão municipal de direitos humanos de Limeira e da comissão estadual da
Assembleia Legislativa, onde também funciona a Comissão da Verdade. É
desanimador, passados mais de 40 anos da fase mais violenta da Ditadura
Militar, sabermos que ainda se vive sob fortes suspeitas de que simulações de
suicídios ainda são usadas para simular execuções.
A
reportagem já pediu informações para a PM a respeito do caso. Mas ainda não
obteve retorno.
(Fonte:
http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/jovem-algemado-com-mao-para-tras-deu-tiro-na-propria-cabe%C3%A7a-diz-pm)
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