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Mais de 30 mil clientes podem ter sido enganados por advogado no Rio Grande do Sul
Posted by Cottidianos
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09:20
Sábado,
22 de fevereiro
Imagem: http://ceiagiongo.blogspot.com.br/2012_10_01_archive.html |
(Na foto acima, o advogado Maurício Dal Agnol e sua esposa, Márcia)
Maurício
Dal Agnol é advogado e mora em Passo Fundo, maior cidade do norte do estado do
Rio Grande do Sul. Havia se decidido pela carreira jurídica na década de 80,
por influência da mãe, uma serventuária do Poder Judiciário. Quando começou o
curso de Direito, seu intuito era seguir a carreira pública em áreas
burocráticas, mas durante os estudos, decidiu-se, enfim, pela advocacia. Trabalhou
em alguns escritórios de advocacia e, finalmente, em 1997, inaugurou o próprio
escritório: a Dal Agnol Advocacia. Na época o patrimônio do advogado era muito
modesto. Desenvolvendo um bom trabalho, ele logo conseguiu uma boa clientela e,
em ascensão meteórica, tornou-se um dos advogados mais ricos da Região Sul do
país. Caros luxuosos, aeronaves caríssimas, mansões, jóias e viagens, eram coisas corriqueiras em sua vida.
O advogado negociava cifras
milionárias, como quem negocia centavos. A imagem que passava à sociedade era a
de um profissional de conduta ilibada. Imagem que se desfez ante aos olhos da
sociedade na manhã de ontem, sexta-feira, (21). Para a polícia, entretanto, essa imagem de bom moço, já vinha se desfazendo faz dois anos,
tempo em que começaram as investigações. Nesse período, a Polícia Federal
conseguiu reunir provas e desmantelou uma quadrilha que enganou milhares de
pessoas, muitas delas, gente simples e humilde, que precisava do dinheiro das
ações ganhas na justiça para necessidades básicas, como saúde e alimentação.
Foi
um choque para os funcionários, quando a polícia chegou com um dos mandados de
prisão, ao luxuoso prédio onde funciona a sede da Dal Agnol Advocacia. No local,
os policiais apreenderam documentos e computadores em busca de mais provas dos
crimes cometidos pela quadrilha chefiada por Maurício.
Em
fins da década de 90, o bando, chefiado por Maurício, começou a articular o
golpe, que funcionava da seguinte forma: advogados e contadores procuravam
clientes em todo o estado. Todos os clientes procurados por eles tinham
reclamações contra a empresa de Telefonia, Brasil Telecom. Empresa essa, que
era a antiga Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), que por sua vez, havia sido criada em
fevereiro de 1962, quando o Rio Grande do Sul era governado por Leonel Brizola.
Maurício
Dal Agnol fez um bom trabalho nessa área, que logo se tornou uma de suas principais
áreas de atuação profissional. Os processos movidos por seus escritórios tinham
o objetivo de reembolsar clientes que haviam sido prejudicados pela companhia
telefônica. Tudo era feito conforme o figurino: petição inicial, apresentação
de documentos, audiências e demais fases do processo, enfim, um trabalho
impecável. O “pulo do gato” se dava quando o processo já havia sido concluído e
a justiça condenava as empresas a pagar as indenizações. O advogado se
apropriava do dinheiro das indenizações que os clientes deveriam receber. Dois,
eram o “modus operandi”: ou ele ficava com todo o dinheiro, ou quando pagava a
alguém, o fazia com valor bem menor que a quantia determinada pela justiça. Segundo
a Polícia Federal, a quadrilha pode ter enganado cerca de 30 mil clientes e faturado
mais de R$ 100 milhões com esse golpe.
Na manhã de ontem, ao realizar os mandados de busca
e apreensão, a polícia chamou um chaveiro para abrir as portas da mansão do advogado, porém,
não o encontrou em casa: ele está de férias nos Estados Unidos. A Policia
Federal o incluiu na lista de procurados pela Interpool.
A operação que desmantelou a quadrilha,
recebeu da policia o nome de “Operação Carmelina”. A ação, que resultou na
apreensão de computadores, documentos, no bloqueio de bens do acusado, e na
decretação de sua prisão, foi empreendida pela Polícia Federal, pelo Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), e pela Promotoria de
Justiça de Passo Fundo.
Segundo
relatou uma vítima da quadrilha, chefiada por Maurício Dal Agnol, o dinheiro que
receberia pela indenização, serviria para pagar o tratamento da esposa que
estava com câncer e que veio a falecer posteriormente.
“O líder da organização criminosa, que há 15
anos possuía patrimônio modesto, hoje é proprietário de centenas de imóveis,
avião a jato, automóveis de luxo e milhões de reais em contas bancárias. O
modelo do avião do advogado é um Phenom 300, fabricado pela Embraer. Ele é
considerado um dos melhores do mundo em sua categoria. O avião é avaliado em 8
milhões de dólares. “Carmelina” é o nome de uma senhora, lesada pelo grupo, que
faleceu em decorrência de um câncer. Ela poderia ter um tratamento mais
adequado se tivesse recebido a quantia aproximada de cem mil reais a que teria
direito, valor que os criminosos nunca lhe repassaram”, afirma uma
reportagem publicada pelo jornal O
Nacional, da cidade de Passo Fundo.
Diante
das graves acusações contra Dal Agnol, a Ordem dos Advogados do Brasil, decidiu
suspender o registro profissional do advogado. À noite, os advogados de
Maurício Dal Agnol, que se encontra foragido e é procurado pela Polícia Federal
e pela Interpool, pediram à Justiça, uma reconsideração do valor da fiança
estipulada no momento da decretação da prisão preventiva. A defesa também
ofereceu um imóvel como garantia de pagamento aos clientes. O juiz negou o
pedido e o valor da fiança ficou como determinado antes. Além de Maurício Dal
Agnol, foram denunciados, a esposa dele, Márcia Fátima da Silva Dal Agnol, e
mais três pessoas; Pablo Geovani Cervi, Vilson Belle e Celi Acemira Lemos, pelo
crime de apropriação indébita.
A
Rádio Uirapuru AM/FM, da cidade de Passo Fundo, explica em artigo, em sua
pagina na Internet, como funcionava o esquema criminoso: “Conforme o MP, Maurício Dal Agnol, com escritório de advocacia em Passo
Fundo, captou antigos clientes da Brasil Telecom e recebeu deles procuração a
fim de propor ações contra a empresa. Esses processos judiciais foram julgados
procedentes e o indiciado acabou por se apropriar de parte ou da totalidade dos
créditos dos clientes, adotando tal conduta como prática corriqueira no
exercício da profissão.
A
denunciada Márcia Fátima da Silva Dal Agnol, esposa do advogado Maurício,
coordenava em conjunto a administração do escritório de advocacia e dos valores
havidos das apropriações indébitas.
Pablo
Geovani Cervi, também advogado, atuava na captação dos clientes e na
apropriação dos créditos.
Vilson
Belle e Celi Acemira Lemos eram os responsáveis por aliciarem clientes para
outorgarem procurações aos advogados da associação criminosa. Segundo a
denúncia, eles induziram em erro clientes interessados no ajuizamento das ações
contra a Brasil Telecom, apresentando a esses, para assinatura, contratos de
cessão de crédito como se fossem a segunda via do contrato de honorários
advocatícios. Celi Acemira Lemos, ainda, realizava o pagamento de créditos a
clientes, em valores inferiores aos devidos, apropriando-se de parte da quantia
em favor dos integrantes da associação criminosa, com a ciência e a
determinação de Maurício Dal Agnol, Márcia Fátima da Silva Dal Agnol e Pablo
Geovani Cervi”.
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