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Quando o repórter vira notícia
Posted by Cottidianos
on
23:53
Sábado,
08 de fevereiro
_ Meu nome é Fábio. Eu ‘tava ontem na
manifestação contra o aumento das passagens, sim. Nas fotos que são
apresentadas nas mídias, era eu, sim, de camisa bermuda e tênis, com as
tatuagens, era eu, sim. Era eu passando o artefato para o outro indivíduo, mas
o artefato não era meu. Eu quero deixar isso bem claro: o artefato não era meu.
Logo que eu cheguei, houve um corre-corre, eu fui até lá para ver o que tinha
acontecido. Estava tendo um confronte entre manifestantes e alguns policiais
militares. Daí, jogaram uma bomba de gás lacrimogêneo próximo a mim. Daí, eu coloquei minha mascara de gás, que
era para minha proteção mesmo, porque machuca o peito, arde o rosto bastante, e
tal. Então, daí, eu cheguei fui até lá, vi que tava tendo um confronto entre a
polícia e manifestantes e, nesse corre-corre, eu vi um rapaz correndo e ele
deixou cair uma bomba, não era bomba, era um negócio assim, preto, eu não sei o
que era. Eu peguei e fiquei com ela na mão, e esse outro cara ele veio e falou
comigo: “Meu, passa aí pra mim que eu vou e jogo”. Daí, eu peguei e passei pra
ele. Em momento algum eu vou pras manifestações pra quebrar as coisas e bater
em policial, jogar pedra... É isso. Não fui eu. Não tive a intenção de machucar
ninguém, nem o repórter, lá, como é o caso. Eu só estou vindo aqui hoje porque
eu estou assustado demais. A minha foto foi divulgada em mídias internacionais,
inclusive, eu já recebi ligações de pessoas desconhecidas pedindo para eu falar
que fui eu, tentando me incriminar. Não fui eu mesmo. Eu quero bem do repórter
que ‘tá em coma. Pra família dele, eu não sei direito o que falar, mas é isso.
_ E o rapaz que te entregou, tu lembra o
nome dele, quem era, tu conhece ele ou coisa assim?
_ Não lembro cara, ele tava no meio da
manifestação, ali, eu até tinha o visto por ali, porque ele era um cara bem
alto, assim, então ele chamava bastante atenção, porque ele tava com uma camisa
preta na cara, e ele é alto, mas eu não tenho idéia de quem seja, e fui sozinho
na manifestação. Cheguei lá no centro, por volta de seis e pouco, fui sozinho,
não fui com ele. Passei, sim para ele, ali sou eu, mas foi um acaso mesmo, de
ver um negócio no chão, pegar, pra tentar, tipo assim, devolver, achando que
era algum pertence de alguém, mas então, infelizmente, era uma bomba e ele fez...
Ele acendeu de uma forma que foi em cima do repórter... Foi algo surreal que
não deve acontecer nunca. Isso não pode acontecer mais. Os repórteres, eles tem
que ser respeitados. Ele tem o direito de estar ali como os manifestantes
também tem e, acho que ele vai sair dessa, sim cara. Eu torço pra ele sair
dessa.”
Este
é Fábio Raposo, 23 anos. Profissão: tatuador. Estudante do Curso de
Contabilidade, falando em uma entrevista exclusiva a Rede Globo de Televisão. Que
fatos levaram a esse desenlace? Vejamos:
Era
um fim de tarde de quinta-feira (06). Mais uma manifestação ocorria próxima da
Igreja da Candelária, centro do Rio. Mais de 1.000 pessoas se reunia no local.
O motivo de tal encontro, era protestar contra o aumento nas passagens de
ônibus. A manifestação, como sempre, começou pacífica. Integrantes de partidos
políticos, estudantes, demais setores da sociedade... E eles: os Black blocks
caminhavam em direção à Central do Brasil. Chegando à estação de trem, começou
o tumulto, confusão e quebra-quebra. Mascarados subiram nas catracas que
liberam a entrada dos passageiros e quebraram algumas delas. A polícia entrou
na confusão com a finalidade de reprimir os protestos. Diante do inesperado da
situação, passagens que aguardavam os trens começaram a passar. Outros fugiam
da confusão, em pânico.
Do
lado de fora, a situação não era diferente. Grupos armados de paus e pedras
entravam em confronto com a polícia, que revidava com bombas de efeito moral. Os
vândalos arrancavam placas de metal e as transformavam em escudos. Um grupo de
baderneiros apedrejou uma delegacia e, em seguida, fez uma fogueira no meio da
rua, dificultando a circulação de veículos. Outro grupo aproveitou para
derrubar os portões da Central do Brasil.
Imagens: http://noticias.uol.com.br/album/2014/02/07/cinegrafista-da-band-e-ferido-em-protesto-no-rio.htm |
Os
jornalistas faziam o seu trabalho de cobertura do fato, para que a sociedade
pudesse, de fato, ter noção do que realmente acontecia. Entre eles estava o cinegrafista
da TV Band, Santiago Andrade. Santiago está em pé, na praça com sua câmera ao
ombro fazendo as imagens da confusão quando é atingido na cabeça, por um
explosivo. Após ser atingido pelo impacto da explosão o cinegrafista cai no
chão, ainda envolto pela fumaça da explosão. Levado ao hospital, os médicos
constataram que ele havia tido um afundamento de crânio. O cinegrafista passou
por uma cirurgia, porém, seu estado de saúde ainda é grave. Além dele, outras
seis pessoas deram entrada no hospital com ferimentos provocados pela explosão,
mas nenhuma em estado tão grave quanto o de Santiago.
Voltando
a Fábio Raposo e sua entrevista exclusiva à Rede Globo. Não precisa ser nenhum
perito para perceber certas incongruências na fala do tatuador. Além disso, fotos
tiradas no momento em que o artefato atingiu o jornalista e imagens de vídeo
feitas pela TV Brasil, mostram que Fábio está entre os participantes da baderna
e do acidente em deixou gravemente ferido o câmera da TV Band. Ele, inclusive é
quem passa o explosivo para o outro homem, também de camisa cinza, que acende o
artefato. Sendo também que, no momento em que pavio é aceso, Fábio ainda está
próximo ao homem que acende o pavio. O caso começa a ser esclarecido devido à
análise dessas imagens. Apesar de Fábio dizer, na entrevista, que não tinha
envolvimento com o caso, os peritos, depois de muitas horas de análise de
imagens, concluíram que ele estava presente em toda ação e também que ele e o
outro suspeito pareciam ter certa intimidade.
O
delegado responsável pela investigação do caso, Maurício Luciano de Almeida,
não se convenceu com as declarações de Fabio. Ele indiciou o rapaz por
tentativa de homicídio qualificado com uso de artefato explosivo e crime de
explosão, e o considera co-autor do crime.
Na
entrevista, Fábio diz que não vai a manifestações para fazer baderna. Grande
mentira! Ele já tem três passagens pela polícia por causa de envolvimento em
confusões durante manifestações. Numa dessas passagens, ele foi fichado por
dano ao patrimônio público e associação criminosa. O delegado afirmou também
que ainda não é possível dizer, se Fábio é, efetivamente, do movimento Black blook.
Isso vai depender de investigação em redes sociais e em depoimentos de outras
pessoas. A polícia também está tentando localizar o outro suspeito que estava na
companhia de Fábio Raposo.
Enquanto
isso, Santiago Andrade, que estava trabalhando no momento da confusão, ainda
está em estado grave no leito de um hospital, em coma induzido e respirando com
ajuda de aparelhos. Hoje, ele foi submetido a uma tomografia, através da qual,
foi possível saber que a hemorragia do cérebro está controlada.
Em
minha opinião, esse pessoal que vai para a rua e, aproveitando-se do direito
democrático que são as manifestações populares, para promover a baderna,
quebra-quebra e confusão, pondo em risco à vida de quem está ali trabalhando
ou, verdadeiramente exercendo seus direitos de cidadãos, não merecem o nome de
manifestantes, mas sim de bandidos.
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