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Com bela imagem de imigrantes africanos, John Stanmeyer vence o Word Press Photo

Posted by Cottidianos on 00:13
Sábado, 15 de fevereiro




Peço ao leitor que observe mais detalhadamente a foto acima.


Que a fotografia é uma arte, já se sabe desde que o francês, Joseph Nicéphore Niépice, fez o primeiro registro de imagens, em 1826. E o fotógrafo, quem é? Ora, o fotógrafo é aquele que desenha com luz. Sim, porque toda fotografia é resultado de uma exposição luminosa. O homem por trás de uma câmera fotográfica sabe, perfeitamente, aliar sensibilidade dos filmes à sensibilidade do olhar... Do olhar com o coração. O profissional do ramo fotográfico é um caçador. Sim, um caçador! Em que sentido o ato de fotografar se assemelha ao ato de caçar? O caçador sai pelas matas, pelas savanas, pelas florestas caçando animais. O fotógrafo sai pelos desertos, pelas ruas das cidades, por regiões em guerra, em momentos de felicidades.  Em todos esses lugares, ele caça os momentos, instantes fugazes de vida. O campo de trabalho dele é o mundo. Com uma câmera na mão e uma idéia na cabeça, ele sai por aí capturando instantes, pedaços de vida, para depois eternizá-los em forma de imagens.

O bom fotógrafo, o melhor deles, quem é? O excelente fotógrafo é aquele que, não contente em capturar instantes, busca fazer passar pelas lentes de sua câmera fotográfica, a alma das circunstâncias. Momentos há muitos por aí. Aliás, a vida é toda feita deles. Momentos alegres, momentos felizes, tristes, tensos, de tragédias e dramas. Há instantes banais, triviais, coisas que, existindo ou não, o mundo continuará tal e qual. Há, entretanto, ocasiões especiais, plenas de significado, que encerram em si mesmos, um discurso inteiro. Flagrantes que traduzem aos nossos olhos, todo um tecido social construído pelos sonhos de liberdade, liberdade que muitas vezes se alcança fugindo, se arriscando na travessia pelas fronteiras da vida. Não fossem esses breves segundos registrados através das lentes de uma câmera fotográfica, cairiam logo no esquecimento. Quem consegue recortar essa fatia de uma realidade, imprescindível para a compreensão do mundo que nos cerca, ás vezes prazerosa, às vezes cruel, esse sim, é, por excelência, o caçador de instantes.

Fiz todo esse preâmbulo para falar do trabalho do fotografo americano Jonh Stanmeyer e da foto que ele fez para a National Geographic e que lhe rendeu honroso prêmio. Ele foi enquadrado na categoria dos fotógrafos por excelência, ao vencer o mais importante concurso mundial de fotojornalismo: o World Press Photo. Stanmyer é nascido no estado de Ilinois, localizado na Região Centro-Oeste dos Estados Unidos, e trabalha na Agência Foto VII. Em Ilinois, fica a cidade de Chicago, um dos maiores centros financeiros e industriais do mundo. O americano de quem falo, conhece bem os continentes Asiático e Africano, pois trabalhou lá por muitos anos, fazendo a cobertura da devastação causada pelos tsunamis e também cobrindo a guerra civil no Sudão.

Em uma noite escura de fevereiro de 2013, há um ano, ele estava na Praia de Djibouti, na República do Djibouti – um pequeno país ao nordeste da África.  O Golfo de Adén, o Mar Vermelho e o Canal de Suez facilitam o acesso ao oceano Índico e ao mar Mediterrâneo, esses acidentes geográficos também são facilitadores da entrada no país, de imigrantes vindos da Somália, Etiópia e Eritreia. Observando o movimento dos imigrantes iluminados apenas pela luz da lua e pelas telas dos celulares que elevavam ao alto, na tentativa de conseguir um último sinal e, assim, poder dizer às pessoas amadas que havia corrido tudo bem durante a travessia, John percebeu que estava diante de um instante sublime. Afinal de contas em todas as fotos de imigrantes que já vira havia algo que tirava a dignidade daqueles que apenas buscavam um lugar ao sol. Ali não, havia naqueles homens e mulheres um ar de dignidade que transmitia grandiosidade ao momento. Diante daquela cena, desenhou-se na mente de John todo um resumo da sociedade atual e das questões fundamentais e ela inerentes, estavam ali, diante de seus olhos, e na mesma cena; tecnologia, globalização, pobreza, miséria, esperança, imigração, oração, humanidade, injustiça social e Direitos Humanos.


Foi apenas um clik, feito com sensibilidade de quem sabe ver o essencial, e, a imagem registrada pela câmera de John Stanmeyer, venceu 100 mil imagens que foram submetidas a um júri, formado por 5.754 fotógrafos de 132 países. O júri premiou também 53 fotógrafos de 25 nacionalidades, em nove categorias. O resultado final do 57º Concurso  anual World Press Photo foi anunciado na sede da World Press Photo, na cidade de Amsterdã, no dia 14 de fevereiro.   

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