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Assassinos do Jornalista da TV Band estão presos no Rio e, um deles, faz denúncia grave

Posted by Cottidianos on 00:05
Quinta-feira, 13 de Janeiro


“Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...
(trecho da música, Como os nossos pais, de Belchior).




Eram 8h54, da manhã de hoje quando o vôo comercial, 06211, pousou no Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro.  A aeronave havia partido do Aeroporto Internacional de Salvador, na cidade de Salvador, no estado da Bahia, Região Nordeste do Brasil, por volta das 5h da manhã. A previsão de chegada ao Rio era às 8h45, mas devido a alguns imprevistos, acabou chegando alguns minutos mais tarde. O avião parou no pátio do aeroporto e, um a um, os passageiros começaram a desembarcar. O segundo dentre eles, a descer da aeronave, tinha algemas nas mãos, era escoltado por vários agentes das policias civil e federal e, logo após o desembarque, foi conduzido a uma das viaturas da polícia, que o aguardavam, ali mesmo, no aeroporto. O jovem prisioneiro, de 22 anos de idade, foi levado imediatamente à Cidade da Polícia, no Bairro do Jacarezinho, Zona Norte do Rio, aonde chegou por volta das 9h30. O homem de quem falo, é Caio Silva de Souza, acusado de ter acendido o pavio do explosivo que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes, durante uma manifestação popular, no centro do Rio, na quinta-feira (06). 

A prisão do jovem, que mora no Bairro de Nilópolis, na Baixada Fluminense, e trabalha como auxiliar de limpeza no Hospital Estadual Rocha Faria, havia sido decretada pela polícia, no final da noite de segunda-feira (10), pelo plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Após a decretação da prisão, como o acusado não se apresentou à polícia, esta mobilizou dezesseis policiais, agentes do serviço de inteligência e o Disque-Denúncia, em sua captura. As buscas começaram às 4h, da tarde de terça-feira (11). Primeiro em sua residência, em Nilópolis, onde mora com o pai, depois, no hospital onde ele trabalhava e ainda, em um endereço que costumava frequentar, na região dos Lagos. Enquanto isso, o rapaz tratava de fugir para a cidade de Ipu, no estado do Ceará, onde moram alguns de seus familiares. Ele já estava no avião que o levaria ao Ceará, quando recebeu uma ligação de Jonas Tadeu Nunes, advogado que está cuidando de sua defesa. Jonas e a namorada de Caio, o convenceram a se entregar. O fugitivo resolveu então descer, na cidade de Feira de Santana, a 110 km da capital, Salvador.

O jovem chegou à cidade na tarde do dia 12, e hospedou-se em uma pousada, no centro, próximo à rodoviária, sob o nome de Vinícius Marcos de Castro. Segundo o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, a viagem do acusado ao Nordeste estava sendo monitorada. Em uma operação complexa que envolveu a polícia do Rio e da Bahia, Veloso enviou o policial Maurício Luciano de Almeida, delegado designado para o caso, e mais alguns agentes, ao estado da Bahia, a fim de efetuar a prisão de Caio. Por volta das duas horas da manhã os policiais chegaram à pousada onde ele estava hospedado e lhe deram voz de prisão. No momento da detenção, estavam presentes a namorada de Caio e o advogado que o defende. Os dois chegaram ao local junto com os policiais. Depois, só foi preciso realizar os procedimentos de praxe, e esperar o dia amanhecer para embarcarem de volta ao Rio.

Em entrevista a repórter Bette Lucchese da TV Globo, Caio disse não saber que o objeto, ao qual acendeu o pavio, era um rojão. Segundo ele, pensou que fosse um “cabeção de nego”, um artefato que só provoca barulho e fumaça:

***
Repórter: Você acendeu o rojão?
Caio: Se eu acendi? Acendi sim.
Repórter: Junto com o Fábio?
Caio: (balança a cabeça positivamente)
Repórter: Você tinha um alvo específico?
Caio: Não. Nem sabia que aquilo era um rojão.
Repórter: Pensou que fosse o que?
Caio: Um cabeção de nego.
...
***

Entretanto, à polícia, Caio não afirmou nem negou o que lhe foi perguntado. Certamente, deve estar aguardando orientações do advogado, que também defende Fábio Raposo, co-autor do crime. Durante a entrevista Caio Silva de Souza, acende o pavio de outro explosivo, ao revelar um fato assustador, que pegou a todos de surpresa: o de que esses grupos que transformam as manifestações em atos terroristas são pagos, e, pasmem o caro leitor, que há políticos por trás dessas barbáries. E são esses políticos que financiam esses movimentos. Vejamos o que diz o jovem, que durante todo o momento em que são mostradas imagens suas, desde a saída do aeroporto em Salvador, na chegada ao Rio e também, durante a entrevista, parecia bastante abatido:

***
 ...

Neste momento da entrevista, o advogado pergunta.

Advogado: Quem te convoca, quem te alicia?

Caio: É!

Repórter: Tem gente aliciando esses jovens? Convocando os jovens para participar das manifestações?

Caio: Alguns são convocados sim, outros não.

Repórter: Convocados por quem?

Caio: Isso dai eu não sei dizer à senhora. A polícia tem que investigar.

Repórter: Mas tem político envolvido?

Caio: Deve ter. Não sei dizer, tem que investigar. Agora eu só quero minha integridade, que ninguém vai me matar. Eu corri por causa disso, que eu fiquei com medo.

Repórter: Mas medo de quem te matar?

Caio: De me matarem.

Eu nunca tive medo da polícia, mas medo de alguém fazer alguma covardia comigo. Eu ia me entregar sim, tava pensando em encontrar uma igreja, alguém de confiança pra me levar até a polícia, mas eu me senti com medo. A realidade é essa.

Repórter: Você tinha medo, então, que as pessoas que participam dessas manifestações, que elas fizessem algo contra você?

Caio: Não... Algumas pessoas... Mas quem está por trás disso tudo.

Repórter: E quem esta por trás disso tudo?

Caio: Não sei, alguém deve saber (não dá pra entender)

Repórter: Você tem medo de falar?

Caio: Não, não tenho medo de falar, a polícia tem que investigar.

 ...

***

Na parte final da entrevista, Caio volta, novamente a confessar que foi ele mesmo que acendeu o explosivo e o advogado dele reforça a tese de que, os jovens que iam as manifestações promoverem a baderna e a desordem, recebiam dinheiro por isso:

***
...

Durante essa entrevista, ele confessou mais uma vez ter acendido e lançado o rojão.

Repórter: Por que vc acendeu aquele rojão?

Caio: Vou falar com o delegado.

Repórter: Só queria entender por quê.

Caio: Pra fazer barulho.

Advogado: Ele foi convocado, foi convidado a participar de manifestações, mediante uma mesada, mediante uma remuneração. Aí o que leva a concluir que tem um engendramento, uma determinada engenharia por trás da convocação desses jovens. Há políticos envolvidos, há interesse políticos envolvidos, claro que há.

Repórter: Que políticos são esses?

Advogado: Não há um determinado político, essa parte pertence a vocês, pertence à policia, à PF. Eu falo com veemência, não há nomes a indicar, mas há conclusões que esse jovens são aliciados, são manipulados, são convocados e que há sim o fomento financeiro por trás de tudo isso.

***
 É isso, caros leitores: Se tiver fundamentos o que disseram Caio e o advogado dele, acho que a polícia brasileira ainda vai ter muito trabalho de investigação pela frente. O que nós esperamos é que os responsáveis por essas barbáries sejam punidos, começando por esses dois jovens inconseqüentes que mataram Santiago Andrade. Na verdade, o alvo, não era o cinegrafista, eram os policiais que ali estavam, igualmente, fazendo o trabalho deles. Santiago Ilídio Andrade, cinegrafista da TV Band, só deu azar de estar no caminho, no meio do fogo cruzado. Mas fosse quem fosse que o rojão tivesse acertado, o resultado seria o mesmo: perplexidade e indignação diante de tanta violência. Caio Silva de Souza e Silva está detido na Cadeia Pública José Frederico Marques, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, e permanecerá detido na unidade. Fábio Raposo, co-autor do crime, também está preso no Complexo de Gericinó, mas em outro local. Desde segunda-feira (10), Fábio Raposo encontra-se na Penitenciária Bandeira Stampa.

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