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Maioria no STF absolve mensaleiros do crime de formação de quadrilha
Posted by Cottidianos
on
22:52
Quinta-feira,
27 de fevereiro
Imagem: http://picadinhoderoteiro.wordpress.com/2011/04/24/tropa-de-elite-2/ |
Começo esse texto com uma frase do
Capitão Nascimento, personagem vivido pelo brilhante Wagner Moura, no filme
Tropa de Elite 2...
“Eu
fui pra CPI do Fraga pra detonar o sistema. Eu fui lá pra falar a verdade, pra
dizer o que eu estava sentindo. Contei tudo que eu sabia, reconheci meus erros
e falei por mais de três horas. E dei porrada em muita gente. Botei muito
político na cadeia. Por causa do meu discurso, teve filho da puta que foi pra
vala muito antes do que esperava. Foi a maior queima de arquivos da história do
Rio de Janeiro. E mesmo assim o sistema continuava de pé. O sistema entrega a
mão pra salvar o braço. O sistema se reorganiza, articula novos interesses,
cria novas lideranças. Enquanto as condições de existência do sistema estiverem
aí, ele vai resistir. Agora me responda uma coisa, quem você acha que sustenta
tudo isso? É… E custa caro. Muito caro. O sistema é muito maior do que eu
pensava. Não é à toa que os traficantes, os policiais e os milicianos matam
tanta gente nas favelas. Não é à toa que existem as favelas. Não é à toa que
acontece tanto escândalo em Brasília e que entra Governo, sai Governo, a
corrupção continua. Pra mudar as coisas vai demorar muito tempo. O sistema é
foda”.
Imagem: http://www.atual7.com/noticias/politica/2014/01/joaquim-barbosa-diz-que-condenados-no-mensalao-merecem-ostracismo/ |
... E continuo com uma frase proferida
pelo brilhante Ministro Joaquim Barbosa, proferida no dia de hoje...
“Esta
é uma tarde triste para o Supremo Tribunal Federal, porque, com argumentos
pífios, foi reformada, foi jogada por terra, extirpada do mundo jurídico, uma
decisão plenária sólida, extermamente bem fundamentada, que foi aquela tomada
por este plenário no segundo semestre de 2012".
Com essa frase, O presidente do
Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, expressou seu profundo desapontamento, ao final da sessão de hoje, naquele Tribunal, que absolveu oitos dos condenados
no processo do mensalão pelo crime de formação de quadrilha. Pela absolvição
votaram os ministros; Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski,
Cármen Lúcia e Rosa Weber. A favor da condenação, votaram; Luiz Fux, Gilmar
Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e Joaquim Barbosa.
A
decisão coloca José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares entre aqueles que
deixarão de responder pelo crime de formação de quadrilha e passarão a
responder, apenas, pelo crime de corrupção ativa.
A nova decisão do Supremo tem um valor altamente simbólico, pois o foi, justamente, o
crime de formação de quadrilha que motivou a denúncia do Ministério Público. Talvez
por isso, Barbosa tenha alertado a nação de que esse é apenas o primeiro passo.
Amigos,
o sistema é foda...
Deixo
com vocês uma matéria sobre o tema, publicada no site do Yahoo notícias.
***
Imagem: http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2014/02/27/maioria-no-stf-nao-ve-formacao-de-quadrilha-e-livra-dirceu-do-regime-fechado.htm |
Alerto o Brasil que este é só o 1º passo, diz Barbosa após absolvição no STF
Fernanda
Calgaro e Guilherme Balza
Do
UOL, em Brasília e em São Paulo 27/02/201412h48
Após
o STF (Supremo Tribunal Federal) absolver nesta quinta-feira (27) oito réus do
mensalão da acusação por formação de quadrilha, o ministro Joaquim Barbosa fez
um desabafo antes do intervalo da sessão. O presidente da Suprema Corte
criticou os pares e, indiretamente, a presidente Dilma Rousseff, ao afirmar que
se formou no tribunal uma "maioria de circunstância".
BARBOSA FAZ DESABAFO APÓS ABSOLVIÇÃO
"Sinto-me
autorizado a alertar a nação brasileira de que este é apenas o primeiro passo.
Esta maioria de circunstância tem todo tempo a seu favor para continuar nessa
sua sanha reformadora", disse. "Essa maioria de circunstância [foi]
formada sob medida para lançar por terra todo um trabalho primoroso, levado a
cabo por esta corte no segundo semestre de 2012", disse o ministro.
Quando
fala em maioria circunstancial, Barbosa refere-se à nomeação dos ministros Luís
Roberto Barroso e Teori Zavascki, indicados por Dilma para os lugares de Ayres
Britto e Cezar Peluso, que em 2012 votaram pela condenação dos réus por
formação de quadrilha. Barroso e Zavascki tiveram entendimento diferente dos
antecessores e foram decisivos para absolver os réus.
Apesar
de negar publicamente que irá se candidatar a algum cargo nas eleições de 2014,
Barbosa teria recebido o convite do PSB para disputar uma vaga no Senado. Nos
bastidores, comenta-se que o presidente do STF está cansado e pode deixar a
Corte. Pela lei, Barbosa pode deixar o cargo até seis meses antes das eleições
(abril) caso queira disputar algum cargo.
Por
6 votos a 5, o STF (Supremo Tribunal Federal) absolveu, em sessão nesta
quinta-feira (27), oito réus do mensalão do crime de formação de quadrilha. Com
isso, a pena do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares
serão diminuídas e ambos vão deixar o regime fechado e ir ao semiaberto.
Hoje,
apresentaram seus votos os ministros Teori Zavascki e Rosa Weber, que
inocentaram os réus desta acusação, e Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de
Mello e Joaquim Barbosa, que votaram pela manutenção da condenação. Ontem (26),
Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski já
haviam votado pela absolvição.
Além
de Dirceu e Delúbio, o ex-presidente do PT José Genoino, os publicitários
Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz e os ex-dirigentes do Banco
Rural Kátia Rabello e José Roberto Salgado estão sendo julgados novamente pela
acusação de formação de quadrilha e terão as penas diminuídas.
Crítica a Barroso e Zavascki
Em
seu discurso, Barbosa criticou Barroso e Zavascki, os mais novos integrantes da
Corte, por apresentarem cálculos em seus votos para demonstrar que a pena dos
oito réus foi exagerada. "Ouvi argumentos tão espantosos como aqueles se
basearam simplesmente em cálculos aritméticos e em estatísticas totalmente
divorciadas da prova dos autos, da gravidade dos crimes praticados e
documentados nos autos dessa ação penal", criticou, referindo-se aos votos
dos novatos.
"Ouvi
até mesmo a seguinte alegação: 'Eu não acredito que esses réus tenham se
reunido para a prática de crimes'. Há duvidas de que eles se reuniram? De que
se associaram? E de que essa associação perdurou por mais três anos? E o que
dizer dos crimes que eles praticaram e pelos quais cumprem pena?",
questionou o presidente da Corte.
Em
seguida, Barbosa afirmou que era claro o papel que cada um desempenhava no
esquema. Para o magistrado, o ex-ministro José Dirceu "se manteve na
posição de líder e organizador da quadrilha até que o ex-deputado Roberto
Jefferson (PTB-RJ) veio a público denunciar a quadrilha."
"Conforme
se demonstrou fartamente", foi Dirceu "que encaminhou os deputados
interessados para que recebessem a propina mediante agendamento com os réus
Delúbio Soares e Marcos Valério", disse. "Não havia dúvida ainda do
papel exercido por José Genoino como 'preposto' de José Dirceu no Partido dos
Trabalhadores", acrescentou o presidente da Corte.
Ele
disse ainda que Delúbio foi a "referência" dos parlamentares para saber
"quanto receberiam, a data e o local" e que Valério foi a "fonte
de todo o dinheiro ilícito", o "canal por onde circulou o dinheiro
ilícito usado para distribuir aos deputados"
Ao
encerrar sua sustentação, Barbosa disse que "esta é uma tarde triste para
o STF". "Com argumentos pífios foi reformada, jogada por terra,
extirpada, do mundo jurídico, uma decisão plenária sólida, extremamente bem
fundamentada, que foi aquela tomada por este plenário no segundo semestre de
2012."
"Maior farsa da política"
Celso
de Mello, o decano da Corte, também fez uma sustentação em tom de desabafo. O
ministro disse que "quadrilha poderosa", "visceralmente
criminosa", "se apoderou do governo".
Segundo
o magistrado, que votou pela condenação de todos os réus por formação de
quadrilha, houve "plena configuração do crime de quadrilha". "Os
integrantes desta quadrilha agiram com dolo de planejamento, divisão de
trabalho e organicidade."
O
ministro ironizou declarações das defesas e apoiadores dos condenados, que
acusam o julgamento do mensalão de ser "a maior farsa da história" da
Justiça.
"A
'maior farsa da historia política brasileira' residiu, isso sim, nos
comportamentos moralmente desprezíveis, cinicamente transgressores da ética
republicana de delinquentes travestidos então da condição de altos dirigentes
governamentais políticos e partidários, que fraudaram despudoradamente os
cidadãos dignos de nosso país", declarou.
O
decano encerrou sua fala dizendo que os réus do mensalão "nada mais são
que meros e ordinários criminosos comuns".
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