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Há 50 anos, os meninos de Liverpool desembarcavam nos Estados Unidos e revolucionavam o mundo da música
Posted by Cottidianos
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18:41
Domingo,
09 de fevereiro
Em,
uma sexta-feira, 07 de fevereiro de 1964, os Beatles desembarcavam nos Estados
Unidos e revolucionavam o mundo da música. Dois dias depois, em um dia como
hoje, domingo, 09 de fevereiro, os rapazes de Liverpool, se apresentavam num
dos programas de maior audiência da TV americana: o The Ed Sullivan Show... E
fariam os americanos se apaixonarem pelo rock britânico: uma versão de sua própria
criação. Em homenagem a essa data especial, apresento um texto escrito por Luiz
Antonio Mello, para o portal do BOL Notícias.
***
Imagem: http://marinasanches2005.wordpress.com/ |
Há cinqüenta anos, Beatles comandavam a invasão britânica na América
Americano
genuíno, o rock engoliu o mundo com poucos anos de vida. Registros como as
gravações de "That's All Right (Mama)", de 1954 (Elvis Presley) e
"Rock Around the Clock", de 1955 (Bill Haley) colocaram os Estados
Unidos de cabeça para baixo, deixando os moralistas desesperados com o que
classificavam de libertinagem ampla, geral e irrestrita.
O
que ninguém imaginava é que do outro lado do Atlântico, no Reino Unido, usando
tábuas de passar roupa como instrumentos, muitos grupos de skiffle --gênero
musical com forte influência do blues, jazz e country-- ganhavam as ruas no
final dos anos 1950. Uma dessas bandas foi o The Quarrymen, formada por John
Lennon em 1957 e que tinha como contrabaixo um cabo de vassoura preso a uma
caixa de chá. Outro ás do skiffle era Jimmy Page, pai do Led Zeppelin que, em
1961, com 17 anos de idade, já trabalhava como músico de estúdio e tocava numa
banda do estilo.
Inspirados
em seus ídolos norte-americanos, a febre de bandas de rock começava a tomar o
Reino Unido. Nomes como The Shadows e Cliff Richards alucinavam a garotada e,
em outra ponta, The Beatles e Rolling Stones começavam a fabricar o navio que
iria servir de cabeça de ponte para a tão cultuada Invasão Britânica na
América.
Livros,
filmes, discos, muito se produziu sobre a Invasão que começou com a explosiva
ida dos Beatles aos Estados Unidos em 1964. O grupo se apresentou no lendário
"Ed Sullivan Show" em 9 de fevereiro daquele ano que, afirmam todas
as biografias, registrou a maior audiência de televisão da história. A América,
boquiaberta, começou a assistir cenas de garotas se atirando no chão para
lamber as calçadas por onde os Beatles passavam. Se existe um marco zero para a
Invasão Britânica é o dia 9 de fevereiro de 1964.
Os
Beatles logo dominariam todas as paradas de sucesso, e no dia 4 de abril
daquele mesmo ano eles ocuparam as cinco primeiras colocações na lista de
"100 Melhores lançamentos" da revista "Billboard", um feito
sem precedentes até hoje. A Invasão se consumaria com o desembarque de outros
nomes como Rolling Stones, The Who, The Animals e The Kinks, entre tantos
outros.
Há
quem afirme que a primeira onda da Invasão Britânica teve como co-responsável o
norte-americano Elvis Presley, que, ao se alistar no exército, num gesto até
hoje mal explicado (ele serviu na Alemanha de outubro de 1958 até março de
1960), teria dado um tiro na asa no rock libertário e anárquico que começava a
querer colocar as guitarras de fora nos Estados Unidos.
O
público beijou a boca da Invasão Britânica porque ela chegava pregando paz,
amor e liberdade em alto e bom som numa terra cansada de pólvora e morte no
campo de batalha. Mas uma outra corrente de biógrafos afasta qualquer
interferência de Elvis na Invasão Britânica. Para esses, o rock americano
começou a patinar e os ingleses, famintos, entraram nos Estados Unidos matando.
E não saíram mais de lá.
A chegada dos Beatles
O
quarteto de Liverpool aterrissou em Nova York às 13h20 de 7 de fevereiro de
1964 no voo 101 da Pam Am. Segundo a agência EFE, cerca de 4.000 fãs os
esperavam, além de 200 jornalistas e mais de cem policiais. O escritor Tom
Wolf, que estava cobrindo a chegada para o jornal "New York Herald
Tribune", relatou então como "algumas das meninas tentaram saltar por
cima de um muro de contenção".
Dois
dias mais tarde, em 9 de fevereiro, o quarteto apareceu no "The Ed
Sullivan Show", da rede de televisão CBS, onde interpretou cinco canções
ao vivo, entre elas "I Want To Hold Your Hand" e "She Loves
You". Foi um momento histórico com mais de 73 milhões de telespectadores,
qualificado pela empresa de medição de audiência Nielsen como o programa de
televisão mais visto da história.
E
em 11 de fevereiro chegaram de trem à capital americana, onde realizaram seu
primeiro show nos Estados Unidos, que segundo alguns foi um ensaio para a
estreia no Carnegie Hall de Nova York um dia depois. John Lennon, Paul
McCartney, George Harrison e Ringo Starr se deslocaram de limusine da estação de
trem de Washington até a Uline Arena, um local de esportes e espetáculos.
Enquanto isso, no Brasil...
A
Invasão Britânica rompeu as fronteiras da América. Bandas do Reino Unido como
Led Zeppelin e Pink Floyd fizeram sucesso mundial. Chegaram aos primeiros
lugares nas paradas do Canadá, Japão, Alemanha e Holanda, nos chamados grandes
mercados. Para os brasileiros, a beatlemania entrou devastando, seguida do
sucesso dos Rolling Stones.
No
Brasil, no dia 1º de abril de 1964, a ditadura militar arrancava o presidente
João Goulart do poder e instaurava a ditadura. O rock brasileiro, naquele ano,
era basicamente feito de versões de clichês norte-americanos, como já vinha
acontecendo desde meados dos anos 1950. Era um modismo turbinado pelo mercado
de discos que via ali uma mina de dinheiro fácil. Até Cauby Peixoto, em 1957,
gravou rock, uma acelerada canção chamada "Rock 'N' Rolll em
Copacabana", cheia de gingas vocais, metais e contrabaixo.
A
Jovem Guarda foi o jeito brasileiro de interpretar clássicos do rock americano
e britânico através das versões produzidas por Rossini Pinto (1937-1985). De
acordo com o "Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira" e
o "Almanaque da Jovem Guarda", de Ricardo Pugialli, o movimento
nasceu em 1965, a partir de um programa da TV Record, de São Paulo, comandado
por Roberto Carlos, acompanhado de Erasmo Carlos e Wanderléa. O som era
totalmente inspirado no rock do início dos anos 60 de bandas britânicas e
norte-americanas, mas as letras eram açucaradas, adolescentes e politicamente
alienadas.
Se
lá fora a Invasão Britânica celebrava a liberdade, no Brasil os artistas
ignoravam o cenário político cor de chumbo e partiam para a dança, lambretas,
algodão doce e Cuba Libre. Também chamada de iê-iê-iê, a Jovem Guarda revelou
nomes como Ronnie Von, Jerry Adriani, Evinha, Martinha, Lafayette, Vanusa, além
de bandas como Golden Boys, Renato e Seus Blue Caps, Leno e Lílian, Deny e
Dino, Trio Esperança, Os Incríveis, Os Vips e The Fevers.
Com
o fim do programa de Roberto Carlos, em 1968, a Jovem Guarda foi perdendo força
até sucumbir no final dos anos 1960, quando a Tropicália já era uma realidade
musical, roqueira e política que incomodou os militares --que, reagindo
brutalmente, prendiam músicos, censuravam canções e baniam aqueles que não
concordassem com o slogan "Brasil: ame-o ou deixe-o". Foi o caso de
Caetano Veloso e Gilberto Gil, que foram viver em Londres, epicentro do rock
mundial no final dos 60.
Autor do texto – Luiz Antonio
Mello
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