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Roberto Jefferson já está preso, agora só falta Henrique Pizzolato
Posted by Cottidianos
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00:10
Quarta-feira,
26 de fevereiro
Imagem: http://clkmon.com/static/rdr.html?pid=tutu&cid=Source2 |
Quando
em 2005, o político e advogado Roberto Jefferson Monteiro Francisco, denunciou o criminoso esquema do mensalão,
ninguém, nem ele mesmo, imaginava o desfecho daquela atitude. Até porque,
naquele tempo, políticos influentes não iam parar na cadeia. Quando a imprensa brasileira
começou a noticiar, em profusão, os fatos, quem imaginaria o, então ministro
chefe da Casa Civil, José Dirceu, atrás das grades, junto com outros políticos
e empresários do mais alto gabarito? Em seus anos primeiros, o Partido dos
Trabalhadores (PT) representava uma luz no fim do túnel da corrupção e dos desmandos
que se via nas gestões da máquina estatal.
Mas
os tempos mudaram, e o PT conseguiu o que tanto queria e pelo qual tanto lutou:
depois de anos de luta, chegou à sede do poder, ao Palácio do Planalto, em
Brasília, com sede de poder. Foi então
que as mascaras cairiam e aquele que parecia ser o redentor da moralidade
nacional, não correspondeu às expectativas nele depositadas. Os dirigentes do
partido adotaram as mesmas práticas criminosas que antes combatiam... É como
disse o poeta Cazuza: “Meus heróis morreram de overdose...” No caso, em
questão, meus heróis morreram de over dose de poder.
Voltando
ao Roberto Jefferson, o homem em questão começou a ganhar projeção nacional em
tempos de grandes mudanças, ocasião em que o país fazia, como fez atualmente a
Ucrânia: depôs um presidente. Os brasileiros depuseram o Fernando Collor de
Melo. A diferença é que tudo
foi feito sem que sangue inocente fosse derramado na praça. Vivia-se àquela época sonhos de um Brasil
melhor, afinal, tínhamos tirado do comando do país, um presidente corrupto. Os jovens
pintaram o rosto em sinal de protesto. Era bonito demais ver os “caras
pintadas” nas ruas, exercendo seu direito à cidadania sem depredar patrimônio
público, sem jogar pedras e bombas em policiais... E sem matar jornalistas. Claro
que, nessas ocasiões polêmicas e de grandes mudanças, há, pelo menos, três
grupos de pessoas: os prós, os contra e os indiferentes. Roberto Jefferson
atuou na ocasião como defensor do presidente Fernando Collo, junto com outros
deputados, que formavam uma espécie de tropa de elite na defesa do presidente.
Em
1993, o deputado aparecia novamente na cena política, envolvido em escândalo. Dessa
vez, seu nome aparecia como envolvido no esquema de propina, no caso CPI do
Orçamento. A quadrilha dos “anões do orçamento, como ficou conhecida, realizava
fraudes em recursos do Orçamento da União. Dessa acusação, Jefferson saiu
ileso, apesar da Subcomissão de Patrimônio ter apurado que o deputado possuía bens
que não foram declarados à Receita Federal.
Vieram
as eleições para a presidência da República, em 2002, e o apoio de Jeferson foi
para o candidato do PPS, Ciro Gomes. Ciro não teve um bom desempenho na
campanha e, portanto, não conseguiu passar para o segundo turno das eleições. Os
candidatos que passaram a segunda fase foram Luís Inácio Lula da Silva, candidato
pelo PT e José Serra, candidato pelo PSDB.
Roberto Jefferson resolve então apoiar Lula. É interessante que diante
de interesses pessoais, posições extremadas são rapidamente esquecidas. Digo isso,
porque até aquele momento, Jefferson era inimigo ferrenho dos petistas. Após
mudar de posição e apoiar Lula, era natural que, sendo presidente do PTB e, conseqüentemente,
líder do partido, ordenasse às bases, que fizesse aliança com o Partido dos
Trabalhadores.Lula,
finalmente, 22 anos pós a fundação do PT, foi o grande vencedor daquelas
eleições presidenciais. Uma grande vitória, conseguida após três derrotas em
campanhas anteriores.Como tudo na vida tem um preço, e na vida política,
principalmente, Jefferson foi cobrar o seu preço. Ele queria que o PT ajudasse
financeiramente seu partido, o PTB. Após revelar o esquema do mensalão,
Jefferson admitiu que havia recebido uma ajuda de R$ 4 milhões e admitiu
também, que esse valor não tinha sido declarado á Justiça Eleitoral.
O
escândalo do mensalão estourou mesmo, depois que a revista Veja, trouxe a explosiva reportagem que denunciava um esquema de corrupção
nos correios, que envolvia desvio de dinheiro dos cofres públicos, além de fraudes
em licitações. O nome de Roberto Jefferson e de seu partido o PTB, aparecia
como envolvidos no escândalo. O deputado, inicialmente, negou sua participação,
porém, diante das evidências, não havia
mais como esconder os fatos. Jefferson, então, decidiu: Vou para a forca, mas
não vou sozinho. No dia 06 de junho de 2005, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, ele revelava que
havia um grande e bem montado esquema de corrupção no governo federal. Através desse
esquema, deputados eram pagos para que votassem de acordo com a vontade do Palácio
do Planalto. Jefferson apontou o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, como
responsável pela compra dos votos dos parlamentares. O deputado denunciava o
ministro e o Brasil ficava conhecendo um dos maiores esquemas de corrupção do
país. O denunciador do esquema do mensalão teve seu mandato cassado ainda no
ano de 2005, perdendo seus direitos políticos por oito anos.
No
julgamento do mensalão, Roberto Jefferson foi condenado pelo Supremo Tribunal
Federal a 7 anos de prisão.
A
prisão de Roberto Jefferson aconteceu na tarde da última segunda-feira (24). Jefferson
estava em casa, em Levy Gasparian, Rio de Janeiro. O cumprimento da pena foi
determinado pelo ministro do Supremo, Joaquim Barbosa, na sexta-feira (21).
Joaquim Barbosa negou o pedido de prisão domiciliar. O pedido havia sido feito
em vista de um tratamento que Roberto Jefferson faz contra um câncer no pâncreas.
Diante da negativa, o condenado deve cumprir presa no regime prisional
semi-aberto. Claro que essas decisões sérias, não podem ser tomadas por um
homem sério como Barbosa, de forma aleatória. O presidente do Supremo procurou,
primeiro, se informar, perante o Tribunal de Justiça do Rio, se os presídios
cariocas teriam condições de receber um preso na condição de Jefferson, que faz
tratamento de saúde devido a um câncer. Diante da resposta positiva do
Tribunal, Joaquim Barbosa negou o pedido feito por Jefferson.
A
cadeia brasileira espera agora por Henrique Pizzolato, que havia fugido para a
Itália e que lá está preso, desde o dia 05 desse mês. O Brasil deve pedir a
extradição dele na semana que vem. Espera-se que as autoridades italianas digam
sim ao pedido do governo brasileiro.
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