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Considerações sobre a morte de Santiago Andrade e a repercussão negativa do fato na comunidade internacional
Posted by Cottidianos
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00:31
Quarta-feira, 12 de fevereiro
Já foi identificado o homem que acendeu o explosivo que atingiu, na cabeça, o
cinegrafista da TV Bandeirantes. O nome dele é Caio Silva de Souza e tem 22
anos. Segundo a Secretaria de Saúde do Rio, ele trabalha como auxiliar de
serviços gerais em uma empresa que presta serviço para o Hospital Rocha Faria,
localizado na Zona Oeste do Rio. A polícia decretou sua prisão, mas ainda está
a sua procura. O acusado tem quatro registros na polícia do Rio. Várias
organizações internacionais se manifestaram contra a morte do jornalista. A ONU
se disse preocupada com a violência nas manifestações e protestos realizados no
Brasil e fez um apelo aos que participam de protestos sociais para que não se
utilizem da violência. A ONU também aponta o dialogo construtivo como caminho
possível para a paz. É preciso que fique claro que, o que se condena é a
violência, e não o direito legítimo das pessoas de expressarem seu descontentamento
contra uma determinada situação, que lhes parece adversa.
A morte de Santiago Andrade levanta algumas
questões fundamentais:
1ª)
O movimento Black Block, é um movimento
que caminha na contramão da democracia, não fossem eles, as manifestações,
talvez tivessem alcançado resultados bem mais positivos, e mobilizado, de forma
mais intensa, a sociedade brasileira. Nesse sentido, essas pessoas que cobrem o
rosto e partem para uma anarquia sem fundamentos representam um retrocesso
democrático. Percebi isso, desde que participei, aqui em Campinas, das
manifestações ocorridas em junho do ano passado. E, tendo participado de dois
de manifestação, sou categórico em afirmar: esse grupo, realmente, enfraqueceu
um belo movimento. Além do caráter antidemocrático
dos Black Blocks, ressalte-se também, seu caráter criminoso, uma vez que eles
atentam contra o patrimônio público e contra a vida humana. Onde está o sentido
de manifestar-se por uma sociedade mais justa e democrática quando se escolhe o
caminho da criminalidade e da violência para atingir esse nobre objetivo?
2ª)
Eles ferem a liberdade de imprensa. Em
nota de repúdio contra à violência à
jornalistas, divulgada, na segunda-feira (10), o Conselho de Comunicação Social
do Congresso Nacional, destaca que durante as manifestações do ano passado
foram mais de cem agressões contra profissionais da imprensa. Este ano já
ocorreram três casos de agressões contra
jornalistas que faziam a cobertura de manifestações, incluindo o que vitimou o
cinegrafista da Band.
3ª) A péssima imagem do Brasil que essa tragédia
projeta em nível internacional. Diante dessa violência descontrolada que ocorre durante essas manifestações e há
apenas quatro meses da Copa do Mundo, que imagem passamos ao exterior?
A
seguir, apresento o texto publicado no MSN Esportes, que trata dessa questão da
repercussão internacional da morte de Santiago Andrade e põe em xeque, em
dúvida, a realização do Mundial no Brasil.
***
Após morte de cinegrafista, imprensa internacional coloca Copa em xeque
Imagem: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/os-anjos-ganharam-um-pai-escreve-filha-de-cinegrafista |
A
morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade, que foi atingido na
cabeça por um rojão enquanto registrava confronto entre manifestantes e
policiais durante protesto contra o aumento da passagem de ônibus no Rio, deve
respingar na Copa do Mundo. Esta, ao menos, é a visão de grandes veículos da
imprensa internacional, que voltaram a colocar o Mundial em xeque após mais um
episódio de violência no Brasil.
A
matéria do Wall Street Journal, por exemplo, é contundente logo em seu primeiro
parágrafo: "Um cameraman brasileiro morreu após se ferir enquanto cobria
um protesto no Rio de Janeiro na semana passada, destacando a natureza violenta
das manifestações de rua que ameaçam se intensificar à medida que o país se
prepara para sediar a Copa do Mundo", escreveu o veículo de Nova York.
Na
Inglaterra, a BBC também ressaltou a violência dos protestos populares nas ruas
brasileiras e lembrou das manifestações do meio do ano passado: "Protestos
similares aos do Rio de Janeiro acabaram crescendo em um movimento nacional
contra a corrupção e gastança excessiva às vésperas da Copa do Mundo, que será
sediada no Brasil em junho e julho", postou a emissora, em seu site.
O
francês Le Parisien deixou diversas dúvidas no ar sobre a segurança durante o
campeonato de futebol da FIFA: "Mortes como a de Santiago Andrade nos
levam a questionar a capacidade de aplicação da lei no Brasil para conter os
estouros que vêm ocorrendo a apenas quatro meses da Copa do Mundo", opinou
o jornal.
Na
América do Sul, o El País, do Uruguai, citou o pedido do "Rei do
Futebol" para que os protestos sejam adiados: "O temor de que as
manifestações possam atrapalhar o Mundial fez com que grandes figuras do
futebol, como Pelé, pedissem para que os protestos sejam adiados para depois da
Copa".
A
morte de Santiago Andrade rodou o mundo, repercutindo até mesmo em veículos que
pouco falam do Brasil, como a SBS, da Austrália, país que terá seleção no
Mundial: "A morte do câmera aumenta ainda mais a preocupação com segurança
a apenas quatro meses do Mundial", dispararam os australianos.
Na
China, a agência Xinhua News destacou as tuitadas de Dilma Rousseff sobre a
morte do profissional de imprensa: "Não é admissível que os protestos
democráticos sejam desvirtuados por quem não tem respeito por vidas humanas. A
liberdade de manifestação é um princípio fundamental da democracia e jamais
pode ser usada para matar, ferir, agredir e ameaçar vidas humanas, nem depredar
patrimônio público ou privado", escreveu a presidente, em uma de suas
postagens na rede de microblogs.
O
enterro do cameraman, que trabalhou 10 anos para a TV Bandeirantes e ganhou
diversos prêmios, será nesta terça-feira, no Rio de Janeiro. A Copa do Mundo
começa em 12 de junho.
(Fonte:
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