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Senado afasta Dilma por até 180 dias
Posted by Cottidianos
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07:49
Quinta-feira,
12 de maio
Após
uma longa e histórica sessão, Senado brasileiro decide instaurar processo de
impeachment contra Dilma, e com isso, ela é afastada por 180 dias, ou enquanto
durar o processo.
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Processo
de impeachment é aberto, e Dilma é afastada por até 180 dias
Senadores
aprovaram instauração de processo por 55 votos a 22.
Presidente
fica afastada por até 180 dias enquanto é julgada no Senado.
O
plenário do Senado Federal aprovou às 6h34 desta quinta-feira (12) a abertura
do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff por 55 votos a favor e
22 contra. Com a decisão, ela fica afastada do mandato por até 180 dias. O
vice-presidente Michel Temer deve assumir com o afastamento de Dilma.
O
presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) não votou – ele só votaria em caso de
empate. Dois senadores, de licença médica, se ausentaram: Jader Barbalho
(PMDB-PA) e Eduardo Braga (PMDB-AM). A sessão começou às 10h desta quarta-feira
(11) e seguiu ao longo do dia e da noite.
Dilma
Rousseff deverá ser oficialmente notificada nesta quinta (12) da decisão do
afastamento.
Segundo
Renan informou após o resultado da votação, a presidente vai manter, no período
em que estiver afastada, o direito à residência oficial do Palácio da Alvorada,
segurança pessoal, assistência saúde, remuneração, transporte áreo e terrestre
e equipe a serviço do gabinete pessoal da Presidência.
Agora,
o Senado passará a colher provas, realizar perícias, ouvir testemunhas de
acusação e defesa para instruir o processo e embasar a decisão final. O
julgamento será presidido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
Ricardo Lewandowski, que também comandará a Comissão Processante do Senado.
O impedimento definitivo da presidente depende
do voto favorável de 54 (dois terços) dos 81 senadores, em julgamento que ainda
não tem data para ocorrer.
Repercussão
Logo
após o resultado, políticos comentaram, ainda no plenário a decisão de afastar
Dilma por até 180 dias.
Para
o senador Aécio Neves (MG), líder do PSDB, o novo governo, de Temer, não
"poderá errar" e precisa fazer "grandes reformas"
"Acredito
muito na sinalização. Uma nova sinalização que poderá ser dado nesse governo.
Temer terá uma chance e não poderá errar. Terá o PSDB ao seu lado para
minimizar os danos causados pelo governo.Certamente ele não terá apoio apenas
congressual, mas da sociedade brasileira, se estiver disposto a fazer as
grandes reformas", afirmou Aécio.
Humberto
Costa (PT-PE), líder do governo, afirmou que o primeiro passo do PT vai ser
defender o programa do partido e fazer oposição ao governo Temer.
"Ontem
tivemos políticas públicas que fizeram o país avançar. Certamente esse legado
será lembrado pelo povo brasileiro. Quanto a recursos vamos avaliar se cabe
algum tipo de recurso a essa decisão. Nosso primeiro passo vai ser resgatar o
programa do PT, acompanhar esse governo ilegítimo e defender a força das nossas
propostas," disse Costa.
O
senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) afirmou que o dia não é de comemoração, mas
que o afastamento da presidente dá uma "esperaça" para a população.
"Não
é um dia de comemoração. Algumas comemorações que aconteceram foram por parte
de deputados, que vieram da outra casa, e fizeram ligeira manifestação. [...]
A expectativa é de esperança para o povo brasileiro. O Congresso tomou a
decisão sintonizada com sentimento das ruas. Não é algo que possamos comemorar,
mas algo que devemos levar como processo de renovação e esperança", disse
Eunício.
Para
o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o afastamento de Dilma é um
"absurdo". Ele voltou a argumentar, como tem feito nos últimos dias,
que a presidente não cometeu crime de responsabilidade.
"Achamos
um absurdo afastar uma presidenta sem crime de responsabilidade, é uma grande
injustiça. Não há crime de responsabilidade. Está sendo afastada porque há
maioria parlamentar contra ela [...] Agora vamos entrar em nova etapa, uma mais
técnica, e eu acredito ainda que na batalha final do julgamento temos chance,
porque eles vão precisar de 54 votos e tiveram 55", disse Lindbergh.
Impeachment no Senado
Depois
que a Câmara autorizou a abertura do processo, em 17 de março, o Senado iniciou
a análise da admissibilidade, ou seja, se o relatório aprovado pelos deputados
continha os requisitos mínimos: indícios de autoria e de existência de um crime
de responsabilidade.
Na
última sexta (6), o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que
recomendou a abertura do processo, foi aprovado por 20 votos a 5, na Comissão
Especial do Impeachment do Senado, que reuniu 21 senadores. Só não votou
Raimundo Lira (PMDB-PB), presidente da comissão.
No
plenário da Câmara, o impeachment recebeu 367 votos favoráveis e 137
contrários. Houve sete abstenções e somente dois ausentes dentre os 513
deputados.
Acusação e defesa
Conforme
denúncia assinada pelos juristas Janaina Paschoal, Hélio Bicudo e Miguel Reale
Jr., Dilma atentou contra a lei orçamentária ao autorizar despesas extras de R$
2,5 bilhões, entre julho e agosto de 2015, mesmo ciente de que o gasto era
incompatível com a meta fiscal, economia anual do governo para pagar a dívida
pública.
A
abertura dos créditos suplementares foi determinada por meio de decretos não
numerados sem prévia autorização do Congresso.
Além
disso, a denúncia aponta que a presidente usou dinheiro emprestado do Banco do
Brasil para bancar juros menores concedidos a agricultores no Plano Safra de
2015. Tratam-se das “pedaladas fiscais”, artifício para disfarçar rombo nas
contas públicas.
A
acusação é de que ela teria contraído “operação de crédito ilegal”, já que a
Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe o governo de usar dinheiro emprestado de
bancos públicos, controlados pelo próprio Executivo.
Durante
a análise das acusações nas comissões do Senado e da Câmara, a Advocacia Geral
da União (AGU) alegou que os atos não configuram crimes de responsabilidade e
que também foram praticados em governos passados, sem qualquer questionamento.
Quanto
aos decretos, a defesa argumentou que eles não comprometeram a meta fiscal, já
que no início de 2015, o governo havia bloqueado um volume maior de recursos do
Orçamento. Além disso, alegou que os decretos apenas remanejaram as despesas,
sem ampliação de gastos.
Em
relação às “pedaladas fiscais”, o governo sustenta que não se tratam de
empréstimos dos bancos públicos, mas de contrato de serviço de pagamento dos
benefícios sociais. Caso o dinheiro repassado pelo Tesouro não seja suficiente,
o banco paga a diferença e recebe juros quando o governo quita a dívida. Se
sobra dinheiro, o governo recebe juros do banco.
Próximas etapas
Saiba
quais serão os próximos passos da tramitação do processo de impeachment no
Senado:
INSTRUÇÃO
PROBATÓRIA
>>
Com a autorização do plenário para a abertura do processo, o caso volta à
Comissão Especial do Impeachment para a etapa de produção de provas, chamada de
fase de instrução.
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Será concedido à presidente um prazo de, pelo menos, 20 dias para apresentar a
sua defesa – o prazo será fixado pelo presidente da comissão especial, senador
Raimundo Lira (PMDB-PB).
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Nessa fase, acusação e defesa poderão pedir a convocação de testemunhas, a
realização de perícias e o envio de documentos que acharem adequados, como
pareceres do Tribunal de Contas da União. Não há prazo definido para essa
etapa. Por se tratar de um processo judiciário, o comparecimento das
testemunhas convocadas é obrigatório – sob pena de serem conduzidas
coercitivamente.
>>
No final dessa etapa, a presidente Dilma Rousseff poderá ser interrogada. Ainda
não está definido, mas é possível que se abra um prazo de até 15 dias para as
alegações finais da acusação e mais 15 dias para as alegações da defesa –
nenhum fato ou argumento novo poderá ser inserido.
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A partir daí, haverá um prazo mínimo de dez dias consecutivos para que o
relator apresente um parecer sobre a procedência ou a improcedência da acusação
e para que a comissão vote – dentro desse período.
>>
Para ser aprovado, esse parecer, que passa a ser chamado de parecer de
pronúncia, necessita de maioria simples. Se isso ocorrer, considera-se
procedente a acusação e começa a fase de julgamento. A decisão será lida na
sessão seguinte do plenário do Senado, e o parecer, publicado no "Diário
Oficial do Senado".
>>
Esse parecer deverá ser submetido ao plenário do Senado em até 48 horas. No
plenário, ainda não está definido se a acusação e a defesa terão 30 minutos
cada para se pronunciar. Deverá, então, ser concedido prazo, provavelmente de
15 minutos, para que cada um dos 81 senadores se manifeste, o que poderá levar
cerca de 20 horas e meia.
>>
Para a votação valer, precisam estar presentes à sessão pelo menos 41 dos 81
senadores (maioria absoluta). Para que o parecer seja aprovado, é necessária
maioria simples dos senadores presentes – metade mais um. A sessão será
presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo
Lewandowski, que passa a ter o nome oficial de presidente do Senado como órgão
judiciário. O presidente do Senado, Renan Calheiros, poderá votar como qualquer
outro senador nesta segunda votação.
>>
Uma vez aprovado o parecer, as partes serão notificadas. Deverá ser concedido
um prazo aos autores da denúncia para que apresentem em até 48 horas uma peça
chamada no jargão jurídico de libelo acusatório, que nada mais é do que uma
consolidação das acusações e provas produzidas. Eles também deverão apresentar
um rol de testemunhas.
>>
Em seguida, a defesa terá 48 horas para apresentar uma resposta, chamada no
jargão de contrariedade ao libelo, além do rol de testemunhas. Todo o processo
é encaminhado para o presidente do Supremo, a quem caberá marcar uma data para
o julgamento e intimar as partes e as testemunhas. Deverá ser respeitado um
prazo mínimo de dez dias para se marcar o julgamento. Se o parecer no plenário
do Senado for rejeitado, o processo é arquivado e a presidente reassume o
cargo.
JULGAMENTO FINAL
>>
Na data marcada, o julgamento será realizado no plenário do Senado, presidido
pelo presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski, novamente na condição de
presidente do Senado como órgão judiciário.
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As partes podem comparecer pessoalmente ao julgamento ou serem representadas
por procuradores. Poderão ser convocadas testemunhas, que serão interrogadas
pela acusação, defesa e pelos senadores, que assumem o papel de juízes. No
entanto, as perguntas dos parlamentares não serão feitas diretamente por eles.
Elas terão que ser encaminhadas para Lewandowski para que ele faça as
indagações.
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O número de testemunhas e o tempo dos depoimentos ainda precisarão ser
definidos. Ainda há previsão, segundo a Secretaria-Geral da Mesa do Senado, de
realização de debates orais, embora não esteja definido quem exatamente poderia
falar.
>>
Depois disso, as partes se retiram da sessão para discussão entre senadores –
não está definido quanto tempo cada um terá para se manifestar. O presidente
Ricardo Lewandowski elaborará um
relatório, que é diferente de um parecer, pois não haverá juízo de valor.
>>
Em seguida, acontece a votação nominal. Os senadores serão chamados ao
microfone para responder “sim”, “não” ou “abstenção” à seguinte pergunta:
“Cometeu a acusada Dilma Vana Rousseff os crimes que lhe são imputados, e deve
ser ela condenada à perda de seu cargo e à inabilitação temporária, por oito
anos, para o desempenho de qualquer função pública, eletiva ou de nomeação?”
>>
Não há definição de como será a ordem de chamada – caberá ao presidente
Lewandowski decidir essa questão. Para ser aprovado o impeachment, são
necessários os votos de pelo menos dois terços dos senadores (54 votos).
>>
Caso o impeachment seja aprovado, Lewandowski lavra a sentença, que é publicada
no "Diário Oficial". Dilma é então notificada, perde o mandato e fica
inelegível por oito anos. O processo é, então, encerrado. Se rejeitado o
impeachment, o processo é arquivado e a presidente da República reassume.
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